domingo, 5 de agosto de 2012

Santo Sudário - A Mortalha da Credulidade

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De: Sociedade Racionalista
Em 1898, o fotógrafo italiano Secundo Pia teve uma surpresa ao fotografar a mais famosa e importante relíquia católica, o Sudário de Turim: no negativo da fotografia se formava nítida a imagem de uma figura que, para ele, só poderia ser Jesus Cristo. De lá para cá, o fascínio pela peça cresceu, e vários testes de autenticidade já foram realizados. Até a NASA já esteve envolvida em pesquisas com o que parece ser a mais enigmática relíquia cristã. Em 1978 se deu o primeiro teste, com a equipe STURP, que consistiu em análises microscópicas. Em 1988, o teste do carbono 14 foi realizado por três equipes distintas: a do Instituto Politécnico de Zurique, na Suíça; a da Universidade Oxford, na Inglaterra; e a da Universidade do Arizona. Os testes concluíram que a peça data entre os séculos 13 e 14 da Era Comum.
Seria o Sudário de Turim o autêntico pano mortuário de Jesus ou apenas uma genial farsa da Idade Média? Haveria um gênio na época com os conhecimentos necessários para forjá-la? Provar que o tecido é do século I EC também provará que é autêntico?
Depois da restauração realizada no sudário em 2002, muitos dos possíveis testes ficaram obsoletos. A questão do sudário esfriou, e a Igreja se recusa a emitir opinião a respeito. Por ora, o sudário pende entre um tecido mortuário do século I EC e uma grande piada medieval. De todo modo, a relação dele com Jesus Cristo persiste praticamente impossível de ser provada.
AS PROVAS E CONTRAPROVAS
1. A imagem é fiel nos mínimos detalhes. As chagas das mãos estão na altura dos pulsos, num ponto bem específico entre oito ossos: um detalhe anatômico aparentemente desconhecido no século XIII. As marcas das 39 chicotadas podem ser vistas nas costas, e os olhos estão cobertos com moedas romanas.
Nada que não pudesse ter sido forjado. Além do mais, as distorções na imagem jamais foram refutadas à luz da Antropologia Forense. A figura deveria ter os braços anomalicamente compridos para conseguir encostar os cotovelos ao lado de corpo e, ao mesmo tempo, cobrir os genitais tão perfeitamente – e rigor mortis não explica isso. O rosto tem aparência plana, junto aos cabelos, pés e panturrilhas, coisa impossível para uma imagem formada por envolvimento com tecido. A figura tem aspecto gótico, o que é típico do século 14, e a história das moedas é inconsistente: é preciso forçar para vê-las, e faziam parte de um costume greco-romano que não seria aplicado a um judeu, por estar ligado à mitologia clássica. Por fim, as distorções na imagem talvez configurem o maior desafio à comprovação de sua suposta autenticidade.
2. O químico americano Dr. Alan David Adler, especialista em porfirinas e química sanguínea que trabalhou no STURP, provou que o tecido contém moléculas que o organismo despeja depois de passar por um grande estresse, além de líquido pleural e substâncias secretadas nos coágulos dos ferimentos que só vieram a ser descobertas no século XX. Foi encontrado no tecido, ainda, sangue AB+, um tipo raro, aparecendo justamente nos locais esperados para uma figura autêntica do Gólgota: pulsos, testa, costas etc.
A possível presença de líquidos orgânicos nada tem de assombrosa, dado que a farsa poderia ter sido produzida com o uso de um corpo humano autêntico, ainda que não o do Gólgota. Além do mais, o que dizem ser sangue no tecido não o pode ser, porque sangue coagulado toma coloração marrom, e os pigmentos no tecido são vividamente vermelhos. Walter McCrone, um dos maiores peritos em microscopia do mundo (o único cientista agnóstico da equipe avaliadora), descobriu, com aumentos microscópicos de 400X a 2.500X – bastante superiores aos aumentos de 20X a 50X, usados pelo resto da equipe – que a pigmentação vermelha vem de ocre e cinábrio, não sangue. Além disso, o sangue tenderia a empapar o tecido, por sua capilaridade, o que não ocorre: as manchas são nitidamente artificiais. As porfirinas, interpretadas como sangue, estão presentes em vários materiais de origem animal, e até mesmo na clorofila de todas as plantas verdes.
3. O legista suíço Max Frei achou o pólen de 56 plantas no linho, sendo 47 delas típicas da Palestina, o que comprova que o pano adviria do Oriente Médio, tendo sido usado em um funeral da região.
Max Frei foi um falsificador que morreu em 1983 com a reputação destruída após autenticar os famosos – e falsos – “Diários de Hitler”. O pólen pode muito bem ter sido introduzido no pano por ele, como tentativa de criar falsa prova. Além do mais, a presença de pólen nada prova, já que esse tecido viajou bastante no século XVI (Chambéry – Turim – Vercelli – Milano – Nice – Vercelli – Turim).
4. Nenhuma técnica da Idade Média poderia gerar tal tipo de imagem. O autor teria de ter conhecimentos anatômicos incomuns à época. Além do mais, a imagem só tem uma camada: um artista medieval não teria meios para produzi-la.
Não existe sequer uma menção evangélica a um pano mortuário miraculosamente estampado com a figura do Cristo Jesus, coisa que seria exaltada como evidência da divindade do ungido messias.
Existiram muitos sudários na Idade Média, junto com uma série de outras falsas relíquias, como lascas da cruz, palha da manjedoura, etc. Não existe nenhuma prova documental da existência desse tecido anterior a 1350 (o que bate com os testes de carbono 14). Henrique de Poitiers, arcebispo de Troyes, apoiado por Carlos VI da França, proibiu a veneração do sudário, por saber que era falso, em 1355; e, em uma carta de 1389, o bispo francês Pierre d’Arcis disse ao papa de Avignon, Clemente VII, ter conhecido o artista que produziu a imagem e saber como foi feito (“As pessoas insistem que se trata do sudário. Mas sei que o linho foi pintado a pena”). Clemente VII não deu atenção ao bispo d’Arcis, e persistiu concedendo indulgências aos peregrinos que veneravam o sudário.
Curiosamente, a relíquia parece ter sumido por 50 anos, depois que, em 1453, o duque Ludovico Savoia comprou de Margarita de Charny o tal sudário. Quando o sudário reapareceu, em 1502, estava muito mais convincente. A família Savoia certamente teve tempo de forjar uma réplica mais convincente.
A intrigante superficialidade da imagem, aliás, pode resultar da têmpera usada para fixar os pigmentos ou mesmo de um método fotográfico primitivo, baseado em sulfato de prata – material fácil de achar na Itália renascentista.
5. Os testes com carbono 14 não poderiam dar certo, pois o tecido fora exposto a fogo e água num incêndio em 1532. Além do mais, uma invisível crosta formada por micróbios poderia atrapalhar o teste, e o pano de fundo, sabidamente medieval, também confundiria os resultados. O carbono 14, decididamente, não pode conceber dados confiáveis sobre a idade da peça.
Água e fogo não poderiam alterar os testes, e bactéria nenhuma poderia confundir os resultados em 13 séculos, dado que a carga carbônica teria que ser vertiginosamente aumentada, fazendo o tecido ganhar uma camada com o dobro de sua espessura – sem falar que as amostras foram limpas antes do teste. Esses elementos, portanto, não poderiam fazer retiradas nem introduções de isótopos em tal escala. Ademais, o pano de fundo foi separado do linho original quando fora realizado o teste, e a parte retirada estava afastada de remendos e queimaduras.
6. A imagem tem natureza negativa, verificando-se o positivo na fotografia.
Na verdade, ou a imagem é positiva ou não é autêntica (o mais provável). Um negativo apresentaria as manchas de sangue em coloração escura, o que não acontece. Ademais, cabelo e barba deveriam aparecer negros, mas se veem brancos. Era Jesus um idoso quando morreu?
7. O dedão aparece contraído, o que se esperaria de quem sofreu o encravamento dos pregos nos pulsos, tendo o nervo mediano afetado.
Na verdade o dedão não existe. Essa foi uma desculpa inventada para solapar o fato de que uma das mãos só tem quatro dedos. Aliás, o braço direito da figura é mais comprido que o esquerdo.
8. A falta do sangue empapando o tecido dá-se pelo fato de que o corpo fora anteriormente limpo e embalsamado, banhado em óleos e unguentos.
Segundo a história evangélica, as mulheres só foram embalsamar e limpar o corpo quando Jesus Cristo já havia ressuscitado, sendo que não o encontraram no túmulo. Aloés e mirra, que teriam untado o corpo do Cristo, aliás, nunca foram encontrados minimamente na peça.

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