sábado, 16 de março de 2013

Elis Regina, 68 anos

Neste domingo, Elis Regina completaria 68 anos. Entre no link abaixo e veja a entrevista dessa que foi a maior cantora do Brasil.

Entrevista com Elis Regina

A lição que a Noruega deu ao mundo no caso Breivik

Por Paulo Nogueira - de Londres

A civilização pode triunfar sobre a barbárie, como os noruegueses mostraram admiravelmente num episódio histórico.
andersbreivikUm dos grandes acontecimentos de 2012 foi o julgamento do assassino de massa Anders Behring Breivik, terrorista norueguês.
Recapitulemos, pelo didatismo do caso. Vamos ao twitter, naqueles dias.
1) “Anders Behring Breivik recebe pena de 21 anos de prisão. Isso dá três meses por cada morto.”
2) “Ele matou pessoas inocentes. Pegou uma pena ridiculamente leve. Noruega dá um mau exemplo.”
3) “21 anos para Breivik? São 100 dias por morto.”
Foram amostras representativas das reações das pessoas no twitter ao veredito da justiça norueguesa no caso do extremista de direita Breivik, que em dois atentados no mesmo dia matou 77 pessoas no intuito de salvar a Europa do avanço muçulmano, além de ferir centenas de outras.
O tom geral, em relação à Noruega, foi de recriminação e raiva.
Mas isso se deveu a uma coisa chamada ignorância. Na verdade, a Noruega deve ser aplaudida pela maneira como tem tratado o caso.
Clap, clap, clap. De pé.
O mundo teve uma chance de assistir a um espetáculo admirável de civilização de um país socialmente desenvolvidíssimo, a exemplo de seus vizinhos de Escandinávia.
Primeiro, e acima de tudo: 21 anos é a pena máxima na Noruega, onde não existe condenação à morte. Segundo, a sentença deixa claro que Breivik – declarado são — continuará preso enquanto for considerado um risco para o público.
Isso quer dizer que ele jamais será libertado, na prática.
O que uma sociedade avançada faz com um preso? Trata com civilidade. É algo a que todos deveríamos aspirar para todos, uma vez que sempre correremos o risco de cairmos numa prisão. A Noruega faz isso.
Quem não se lembra das palavras soturnas de Dirceu, ditas à jornalista Mônica Bergamo há alguns dias, sobre as prisões brasileiras, e o quanto sucessivas administrações brasileiras, incluídas as petistas, nada fazem por elas?
A cela de Breivik não é um quarto de luxo. Mas é como que um pequeno apartamento decente de três cômodos. Tem uma sala, com uma mesa na qual ele pode usar um laptop (sem internet, por motivos óbvios), um quarto e um terceiro cômodo com dois aparelhos de ginástica.
O presídio divulgou fotos, como a que você vê abaixo. Ele, num primeiro momento, não terá contato com outros presos, mas a ideia é gradativamente integrá-lo à comunidade. “Isolamento é tortura”, disse uma autoridade da prisão. “Ele é um ser humano. Tem direitos humanos.”
Estive em Oslo durante o julgamento, e já falei disso no Diário. Fiquei surpreendido com a maturidade com que o crime foi tratado. Uma sociedade aberta responde assim a quem a agride. Inspira pelo exemplo. A mídia não estava histérica, ao estilo da brasileira e da de tantos outros países. Portanto, não contribuía para espalhar pânico, raiva e outros sentimentos negativos.
Breivik pôde falar o que queria. Também testemunhas de seus atos de terror depuseram. Amigos dele, Breivik, igualmente, bem como familiares dos mortos e quem mais cuja voz fosse relevante para compreender o caso.
Fui a uma sessão do julgamento na corte principal de Oslo. Mesmo sem ter entendido uma palavra do norueguês falado lá, jamais esquecerei o ambiente civilizado, superior, inspirador que presenciei.
Breivik não vai estragar uma sociedade aberta e inspiradora como a da Noruega: este é o principal resultado.
A civilização triunfou sobre a barbárie.
Compare, agora, isso com o tratamento dispensado pelos Estados Unidos ao recruta Bradley Manning, acusado de ter passado documentos confidenciais ao Wikileaks.
Manning foi posto em regime de prisão solitária, com requintes de perversidade como deixá-lo sem roupa nenhuma na hora de dormir. Isso só mudou quando ativistas americanos denunciaram um tratamento que poderia ser classificado como tortura.
Há várias maneiras de medir o desenvolvimento social de um país.
Um dos mais eficazes é verificar o estado de suas cadeias e o tratamento dado aos presos.
O Brasil, sabemos, está na idade da pedra. Os Estados Unidos, depois dos atentados de 11 de Setembro, regrediram à mesma idade da pedra.
A Noruega oferece ao mundo uma lição – pelo exemplo, sem dar sermão nenhum, sem se declarar a terra dos livres ou coisa que o valha.
Paulo Nogueira, jornalista baseado em Londres, é fundador e diretor editorial do site de notícias e análises Diário do Centro do Mundo.

Tango para quem não tem par

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O papo do Leonardo Boff me cansa um pouco

Leonardo Boff segue na sua missão de tentar nos convencer que a Igreja Católica tem jeito

Francisco: um Papa que presidirá na caridade


Importa que o Papa Francisco seja um João XXIII dos novos tempos, um “Papa buono”, como já o mostrou. Só assim poderá  resgatar a credibilidade perdida  e ser um luzeiro de espiritualidade e de esperança para todos
16/03/2013

Leonardo Boff em Brasil de Fato

A grave crise moral que atravessa todo o corpo institucional da Igreja fez com que  o Conclave elegesse alguém que tenha autoridade e coragem para fazer profundas reformas na Cúria romana e presidir a Igreja na caridade e menos na autoridade jurídica, enfraquecendo as igrejas locais. Foi o que acenou o novo Papa Francisco em sua primeira fala. Se isso ocorrer ele será o Papa do terceiro milênio e abrirá uma nova “dinastia” de Papas vindos das periferias da cristandade.
A figura do Papa é talvez o maior símbolo do Sagrado  no mundo Ocidental. As sociedades que pela secularização exilaram o Sagrado, a falta de líderes referenciais e a nostalgia  da figura do pai como aquele que orienta, cria confiança e mostra caminhos, concentraram na figura do Papa  estes ancestrais anseios que podiam ser lidos nos rostos dos fiéis na praça de São Pedro. Nesse espírito quebrou os protocolos, se sentiu gente do povo, pagando sua conta no lugar onde se hospedou, indo de simples carro para a Basílica Santa Maria Maior e conservando sua cruz de ferro.
Para os cristãos é irrenunciável o ministério de Pedro como aquele deve “confirmar os irmãos e as irmãs na fé” segundo o mandato do Mestre. Roma onde estão sepultado Pedro e Paulo, foi desde os primórdios, referência de unidade, de ortodoxia e de zelo pelas demais as igrejas. Esta perspectiva é acolhida também pelas demais igrejas não-católicas. A questão toda é a forma como se exerce tal função. O Papa Leão Magno (440-461), no vazio do poder imperial, teve que assumir a governança de Roma para enfrentar os hunos de Átila. Tomou o título de Papa e de Sumo Pontífice que eram do Imperador, incorporou o estilo imperial de poder, monárquico e centralizado com seus símbolos, as vestimentas e o estilo palaciano. Os textos atinentes a Pedro que em Jesus tinham um sentido de serviço e de amor, foram interpretados, no estilo romano, como  estrito poder jurídico. Tudo culminou com Gregório VII que com o seu “Dictatus Papae”(a Ditadura do Papa) arrogou para si os dois poderes, o religioso e o secular. Surgiu a grande Instituição Total, obstáculo à liberdade dos cristãos e ao diálogo com o mundo moderno globalizado.
Esse exercício absolutista foi sempre questionado, especialmente, pelos Reformadores. Mas nunca foi amenizado. Como reconhecia João Paulo II, no seu documento sobre o ecumenismo: este estilo de exercer a função de Pedro é o maior obstáculo à unidade das Igreja e à aceitação por parte dos cristãos vindos do mundo democrático. Não basta a espetacularização da fé com grandes eventos para suprir tal deficiência.
A atual forma monárquica  deverá ser repensada à luz daquela intenção de Jesus. Será um Papado pastoral e não professoral. O Concílio Vaticano II estabeleceu os instrumentos para esta forma: o sínodo dos bispos, feito até agora apenas consultivo, quando fora pensado, deliberativo. Criar-se-ia um órgão executivo que com o Papa governaria a Igreja. Criou-se pelo Concílio acolegialidade dos bispos, quer dizer, as conferências continentais e nacionais ganhariam mais autonomia para permitir um enraizamento da fé nas culturais locais, sempre em comunhão com Roma. Não é impensável que representantes do Povo de Deus desde cardeais, até mulheres ajudariam a eleger um Papa para toda a cristandade. Faz-se urgente uma reforma da Cúria na linha da descentralização. Certamente o que fará o Papa Francisco. Por que o Secretariado para as religiões não cristãs não pode funcionar na Ásia? O Dicastério da unidade dos cristãos em Genebra, perto do Conselho Mundial de Igrejas?  O das missões, em alguma cidade da África? O dos direitos humanos e justiça, na América Latina?
A Igreja Católica poderia se transformar numa instância não autoritária de valores universais dos direitos humanos, os da Mãe Terra e da natureza,  contra a cultura do consumo, em favor de uma sobriedade  condividida. A questão central não é mais a Igreja mas a Humanidade e a civilização que podem desparecer. Como a Igreja ajuda em sua preservação?  Tudo isso é possível e realizável, sem renunciar em nada à substância da fé cristã. Importa que o Papa Francisco seja um João XXIII dos novos tempos, um “Papa buono”, como já o mostrou. Só assim poderá  resgatar a credibilidade perdida  e ser um luzeiro de espiritualidade e de esperança para todos.
Leonardo Boff é teólogo, filósofo e escritor

Família de Herzog recebe nova certidão de óbito

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil
 
São Paulo – A família de Vladimir Herzog recebeu hoje (15), durante ato público da 68 ª Caravana da Anistia, organizada pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, o novo atestado de óbito do jornalista, torturado e morto nas dependências do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (:DOI-Codi), em 1975, durante a ditadura militar. O novo atestado aponta como causa da morte lesões e maus-tratos sofridos por Herzog durante interrogatório no DOI-Codi, órgão ligado ao Exército. Na versão anterior, sustentada pelo Exército na época, a causa apontada foi asfixia mecânica por enforcamento, indicando que o jornalista teria cometido suicídio.
O filho do jornalista, Ivo Herzog, disse que a primeira verdade oficial sobre a morte de seu pai foi o enterro, porque, de acordo com a tradição judaica, quando a pessoa se suicida, deve ser enterrada junto ao muro do cemitério, o que não aconteceu devido à coragem do rabino Henry Sobel, que foi contra a versão de suicídio. “Hoje, tendo um documento oficial do Estado que relata como meu pai morreu, mostrando que ele foi assassinado, desmontamos a versão criada na ditadura e temos um documento expedido por um juiz, dizendo que aquilo é mentira."
No entanto, ressaltou Ivo Herzog, "há mais coisas que precisam aparecer, como quem foram os mandantes, os agentes". É preciso investigar o crime em si, destacou.
Durante a cerimônia, no Instituto de Geociências da Universidade de São Paulo (USP), foi dada a declaração de anistia política post mortem ao estudante Alexandre Vannucchi Leme. Além de estudar na USP, Vannucchi militava na Ação Libertadora Nacional (ALN). Ele foi morto em 17 de março de 1973, aos 22 anos, após ser preso na cidade universitária. O estudante também foi torturado e assassinado nas dependências do DOI-Codi e teve o corpo enterrado na Vala de Perus, em um buraco forrado de cal para acelerar a decomposição.
O coordenador da Comissão Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, destacou a importância de os diretos de Vannucchi serem reconhecidos na própria universidade onde ele estudou e foi capturado. Pinheiro também considerou decisiva a mudança da causa da morte de Herzog em um documento oficial. “É a restauração da verdade. Não é possível que, em plena consolidação da democracia, continuemos a viver com atestados absolutamente falsos.”
Para o presidente da Comissão Nacional da Anistia, Paulo Abrão, declarando a anistia de Vannucchi, o Estado pede desculpas oficiais à família e reconhece o legítimo direito de resistência à opressão. O Estado admite também seus erros, para que eles não se repitam mais e para que país possa exercer de fato sua democracia, disse ele. “O Estado já reconheceu sua responsabilidade em torno da morte de Vannucchi. Hoje vamos reconhecer a responsabilidade com relação às perseguições políticas que ele sofreu e que levaram a esse desfecho trágico, que foi sua morte.”
A secretária de Direitos Humanos da Presidência da República, ministra Maria do Rosário, destacou que reconhecimentos como a nova certidão de óbito de Herzog e a anistia de Vannucchi refletem a luta de cada membro da família dos torturados e mortos na ditadura, que nunca permitiram que essas pessoas fossem esquecidas. “Eles trouxeram até os nossos dias de democracia, o brilho dos olhos dessas pessoas que foram roubadas do nosso convívio. Vladimir Herzog e Alexandre Vannucchi poderiam estar conosco, contribuindo ainda muito mais do que já contribuíram com o Brasil”, disse Maria do Rosário.
Edição: Nádia Franco
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Abuso de álcool por jovens faz médicos mirarem publicidade

Estudo no Hospital Universitário da USP aponta que 35% dos casos de intoxicação grave envolvem pacientes de 13 a 22 anos
Pediatras iniciam hoje em SP campanha para exigir mais restrições à veiculação de anúncios de bebidas alcoólicas
JAIRO MARQUES
DE SÃO PAULO, Folha de S.Paulo, 16/3/2013

A publicitária Cyntia Schiavon, 39, ficou em desespero quando recebeu um telefonema informando que a filha de 16 anos estava passando "muito mal" em uma festa, regada a bebida alcoólica.
"Ela tinha 13 anos na época e jamais havia bebido vodca nem tinha recebido incentivo em casa para beber. Quando cheguei ao local, ela estava desmaiada e tive de carregá-la no colo até o carro. Minha filha ficou horas no hospital para se reabilitar."
Casos como o da jovem estão colocando médicos em alerta. Levantamento feito no HU (Hospital Universitário) da USP indica que, de 2002 a 2012, adolescentes e jovens de 13 a 22 anos compuseram a faixa etária que mais procuraram atendimento em decorrência de intoxicação aguda por ingestão de álcool: foram 35% dos 1.370 atendimentos.
O estudo, divulgado nesta semana, revela ainda que o pico da procura de auxílio médico por causa de bebedeira se dá entre os 19 e 20 anos e que, após os 25 anos, os índices começam a cair.
"O contato com bebidas alcoólicas tem sido cada vez mais precoce. Há pesquisas indicando que a cada cinco anos aumenta-se a dosagem que eles ingerem e diminui a idade do uso", afirma o médico pediatra João Paulo Becker Lotufo, coordenador do levantamento no HU.
PROPAGANDA
Hoje, durante o 13º Congresso Paulista de Pediatria, em São Paulo, a SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) vai aderir a uma campanha, que envolve uma petição pública, que defende mais restrições nas campanhas publicitárias de bebidas alcoólicas.
"No Brasil, ainda não temos estudos claros sobre a relação entre a publicidade e o consumo de bebidas. Mas artigo recente da [revista] 'Pediatrics ', dos EUA, divulgou pesquisa que acompanhou a rotina de estudantes adolescentes. Os dados mostraram relação íntima entre o que eles consumiam e o que viam em propagandas, sobretudo de cerveja", afirma Eduardo Vaz, presidente da SBP.
Segundo os médicos, o cérebro dos adolescentes ainda está em formação e o efeito do álcool neles pode ser pior do que em adultos.
"Cada pileque representa lesão em neurônios em grandes quantidades. Isso vai ocasionar problemas de memória e dificuldade no aprendizado. Quanto mais jovem se bebe, maior o risco de dependência", declara Lotufo.
A menina de 16 anos do início do texto não foi reprimida por ter ficado bêbada, mas não quis mais ter contato com álcool. "O diálogo sobre bebida entre nós aumentou naturalmente, não a envergonhei pela bebedeira. Não dá para afastar os filhos do debate. As famílias têm de ter responsabilidade", diz a mãe.
Atualmente, a lei proíbe a comercialização de bebida alcoólica para menores de 18 anos e obriga que haja alerta dos riscos de beber e dirigir.
Hoje, há restrição à veiculação de propaganda de bebidas na TV. Publicidade de cachaça e uísque (mais de 13 graus GL, unidade que mede volume de álcool) não pode ser veiculada das 6h às 21h.
Médicos e entidades civis, encabeçados pelo Ministério Público, querem restrição também para a cerveja.

quinta-feira, 14 de março de 2013

Neandertal desapareceu devido a olhos grandes, diz estudo

Foto: Natural History Museum, Londres
O crânio do Neandertal (esq.) apresenta olhos maiores do que os do crânio de um humano moderno


Um estudo da Universidade de Oxford, na Grã-Bretanha, sugere que os Neandertais foram extintos pois tinham olhos maiores do que o da nossa espécie, o Homo Sapiens.
A equipe de pesquisadores britânicos explorou a ideia de que os ancestrais dos Neandertais saíram da África e tiveram que se adaptar às noites mais longas e escuras da Europa. Como resultado, os Neandertais desenvolveram olhos maiores e a área do cérebro para processar a visão teve que aumentar.
Devido a este fato, a capacidade de processamento de informações e pensamentos ficou prejudicada entre os Neandertais.
Os homens de Neandertal viveram na Europa há cerca de 250 mil anos. Eles coexistiram e interagiram por um curto período de tempo com o Homo sapiens.
Os humanos que permaneceram na África, por sua vez, continuaram a aproveitar um clima melhor e, por isso, não precisaram deste tipo de adaptação. Ao invés disso, nossos ancestrais tiveram uma evolução no lobo frontal do cérebro, associado com pensamentos mais complexos, antes de se espalharem pelo mundo.
Eiluned Pearce, da Universidade de Oxford, checou esta teoria comparando os crânios de 32 Homo sapiens e 13 crânios de Neandertais.
A cientista descobriu que os Neandertais tinham as órbitas, em média, seis milímetros maiores.
Apesar de parecer pouco, a cientista afirma que foi o bastante para que os Neandertais precisassem usar uma parte significativamente maior de seus cérebros para processar a informação visual.
"Desde que os Neandertais evoluíram em latitudes mais altas, uma parte maior do cérebro Neandertal teria sido dedicada à visão e controle corporal, deixando uma área menor do cérebro para lidar com outras funções como interações sociais", afirmou a cientista à BBC.
Chris Stringer, especialista em origens dos homens do Museu de História Natural de Londres e que também participou da pesquisa, concorda com a conclusão de Pearce.
"Deduzimos que os Neandertais tinha uma parte cognitiva do cérebro menor e isto os teria limitado, inclusive na habilidade de formar grupos maiores. Se você vive em um grupo maior, precisa de um cérebro maior para processar todos aqueles relacionamentos extras", afirmou.
Esta característica dos Neandertais também pode ter afetado sua capacidade de inovar e se adaptar à era do gelo que teria contribuído para sua extinção.
A pesquisa foi publicada na revista especializada Proceedings of the Royal Society B.

Roupas

Existem provas arqueológicas, por exemplo, de que o Homo sapiens que coexistiu com os Neandertais tinha agulhas que usava para fazer roupas. Isto os teria mantido mais aquecidos do que as mantas sem costura que os Neandertais teriam usado.
Stringer afirma que todos estes fatores juntos podem ter dado à nossa espécie uma vantagem crucial para a sobrevivência.
"Mesmo se você tivesse uma capacidade um pouco maior de reagir rapidamente, de contar com a ajuda de seus vizinhos para sobreviver e de passar informações, todas estas coisas juntas deram a vantagem ao Homo sapiens em relação aos Neandertais, e isto fez a diferença para a sobrevivência."
Esta última descoberta está em contradição com uma outra pesquisa que afirma que os Neandertais não eram as criaturas estúpidas ou grosseiras mostradas em filmes de Hollywood, mas podem ter sido inteligentes.
Robin Dunbar, que supervisionou esta pesquisa também na Universidade de Oxford, afirmou que sua equipe queria evitar os estereótipos ligados aos Neandertais.
"Eles eram muito, muito espertos, mas não no mesmo nível que o Homo sapiens. Aquela diferença pode ter sido o bastante para mudar o equilíbrio quando as coisas começaram a ficar difíceis no final da última era do gelo", afirmou.
Até o momento, o conhecimento dos pesquisadores em relação ao cérebro do Neandertal era baseado em moldes de gesso dos crânios. Isto deu aos cientistas uma indicação do tamanho e estrutura do cérebro, mas não deu nenhuma indicação real de como o cérebro do Neandertal era diferente do cérebro humano.
O último estudo é uma abordagem mais imaginativa para tentar desvendar a questão.
As pesquisas anteriores de Eiluned Pearce mostraram que os humanos modernos que viviam em latitudes mais altas desenvolveram maiores áreas de visão no cérebro para lidar com níveis de luz mais baixos. Mas não há indicação de que as habilidades cognitivas superiores tenham sido afetadas.
Estudos realizados em primatas mostraram que o tamanho dos olhos é proporcional à quantidade de espaço no cérebro voltada para os processos visuais, então os pesquisadores presumiram que isto também se aplicaria aos Neandertais.

Deputado do PT homenageia o “maior grileiro do mundo”


Para o jornalista Igor Felippe, a homenagem de André Vargas (PT-PR) a Dom Cicillo deixa lição: “A grilagem terras será recompensada”.
por Igor Felippe Santos, especial para o Viomundo
O deputado federal André Vargas (PT-PR) apresentou em 2009 um projeto de lei (PL 6.167/09) para nomear o trecho da BR-277 entre as cidades de Paranaguá e Curitiba (PR) de Rodovia Cecílio do Rego Almeida.
Nesta quarta-feira, a homenagem foi aprovada, depois de parecer favorável de outro deputado do PT na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania, José Mentor.
Por que uma homenagem dessas para um nome pouco conhecido?
Cecilio do Rego Almeida, que morreu aos 78 anos em 2008, foi presidente do Conselho de Administração do Grupo CR Almeida.
Almeida é paraense, mas mudou para o Paraná com 7 anos de idade.
O grande feito dele foi conquistar o título de “maior grileiro do mundo”, por concentrar fazendas que somadas são maiores que o estado da Paraíba.
Um homem só concentrou 6 milhões de hectares. Não, não é 6 MIL hectares, que já seria um baita latifúndio.
Em 2012, a subseção da justiça federal de Altamira, no Pará, recebeu os autos do processo sobre a grilagem.
O documento com 1.500 páginas, distribuídos em seis volumes, demonstra as irregularidades – ou melhor, crimes – de Cecilio do Rego Almeida para chegar ao topo do ranking dos grileiros.
A homenagem de André Vargas deixa uma lição: a grilagem terras será recompensada.

Anvisa acompanha recall de Ades envazado com produto de limpeza

Caixa de suco Ades (moldovanhome/Creative Commons)

Aline Leal - Agência Brasil 
Brasília - A Agência Nacional de Vigilância Sanitária disse hoje (14) que está acompanhando o recall  de um lote da bebida Ades Maçã 1,5 litro que foi envasado com solução de limpeza. De acordo com a fabricante Unilever Brasil, cerca de 96 embalagens foram distribuídas em São Paulo, no Rio de Janeiro e Paraná com o produto impróprio para consumo.
A empresa informou que houve falha no processo de higienização das máquinas, o que resultou no envasamento de embalagens com a solução de limpeza. O lote em questão tem iniciais AGB, foi fabricado em 25 de fevereiro de 2013 e é válido até 22 de dezembro de 2013.
De acordo com a Anvisa, o consumo do produto nessas condições pode causar queimaduras na boca. A agência solicitou à Vigilância Sanitária de Minas Gerais, onde o produto foi fabricado, que faça uma inspeção sanitária no estabelecimento.
Segundo a Unilever, o serviço de atendimento ao consumidor (SAC) da empresa fez 14 atendimentos relacionados ao lote, dos quais 12 consumidores receberam atenção médica e dois não aceitaram.
A empresa pede que os consumidores verifiquem o produto já adquirido e, caso se trate do lote mencionado, não o consumam e entrem em contato gratuitamente com o SAC pelo número 0800 707 0044. Os produtos que ainda estavam em pontos de venda, de acordo com o fabricante, já foram recolhidos.
Edição: Davi Oliveira

quarta-feira, 13 de março de 2013

Novo papa é associado a sequestros de jesuítas e bebê durante ditadura argentina

Novo papa é associado a sequestros de jesuítas e bebê durante ditadura argentina
Agora papa, Bergoglio terá de lidar com um passado incômodo a bater-lhe a porta (Foto: Telam)
Cardeal se orgulha de amizade com um dos comandantes da Junta Militar que em sete anos deixou 30 mil mortos, e foi chamado a depor em vários processos


São Paulo – Anunciado hoje (13) como novo papa em uma votação tida como surpreendente, o cardeal argentino Jorge Mario Bergoglio é investigado dentro de seu país pela colaboração com a ditadura. Nos dois processos mais famosos, responde pela ajuda que teria dado ao sequestro e à tortura de dois jesuítas e à apropriação de bebês, prática comum do último regime militar (1976-83).
A participação de Bergoglio no governo responsável pela morte de 30 mil pessoas é antiga e famosa, mas os sinais mais claros surgiram ao longo da última década, quando, após a derrubada de leis que protegiam os repressores do passado, foi possível dar início a julgamentos. O próprio cardeal se orgulhava das boas relações com o comandante da Marinha Emilio Massera, integrante da primeira Junta Militar e responsável, em 1955, por derrubar Juan Perón durante a autodenominada Revolução Gloriosa – um golpe de Estado, na realidade.
Foi na Marinha que se formou o principal campo de concentração do regime iniciado em 1976. A Escola de Mecânica (Esma, na sigla em castelhano) recebeu 5 mil prisioneiros, e menos de 200 deles saíram com vida. A causa Esma é uma das principais iniciadas nos últimos anos, e tem resultado em desdobramentos que alcançaram Bergoglio.
Bergoglio (Francisco I) e Videla
Ciente disso, e ansioso pela possibilidade de assumir o papado em caso de renúncia de Joseph Ratzigner, Bento XVI, Bergoglio encomendou em 2010 uma operação de "limpeza" de seu nome. Segundo reportagem do jornal argentino Página12, o livro El Jesuíta foi escrito com a intenção de desfazer as más impressões criadas em torno do religioso pelo período em que comandou a Companhia de Jesus, entre 1973 e 1979.
Em 2010, juízes do Tribunal Oral Federal número 5 foram até a sede do arcebispado de Buenos Aires tomar o depoimento do cardeal, acusado de trabalhar pelo sequestro e pela tortura de dois jesuítas em 1976. Naquele momento, Bergoglio comandava a Companhia de Jesus em San Miguel, e uma série de testemunhos o conectam ao crime. 
Francisco Jalics e Orlando Yorio, as próprias vítimas do sequestro, acusam Bergoglio de havê-los denunciado, em uma operação policial na qual desapareceram Mónica Candelaria Mignone,María Marta Vázquez Ocampo e Martha Ocampo de Vázquez. Em 2011, o jornalista Horacio Verbistky descobriu um documento do Ministério das Relações Exteriores e Culto da Argentina que corrobora a suspeita. Naquele momento, Jalics, húngaro, havia feito um pedido de renovação de seu passaporte. O informe da chancelaria aponta que Bergoglio apontou que havia “suspeitas de contato com guerrilheiros” e “conflitos de obediência”. A solicitação do jesuíta foi negada.
Em 2010, o médico Lorenzo Riquelme, então com 58 anos, declarou que o grupo que o sequestrou e torturou saiu da sede da Companhia de Jesus. Militante da Juventude Peronista e do movimento cristão, Riquelme deu a declaração com base no que foi dito a sua mulher, também raptada. Ela trabalhava no Observatório de Física Cósmica de San Miguel, que passou de um reduto peronista a um lugar de atuação de homens infiltrados da Marinha e sob controle de Bergoglio. 
Mom Debussy, um jesuíta que tinha a confiança de Bergoglio, afirmou que algumas vezes o cardeal lhe contou sobre os projetos de Massera, sempre demonstrando simpatia pelo regime, e que pretendia vender à Marinha o Observatório de Física. Debussy disse ainda que os trabalhadores do Observatório eram demitidos pelo religioso depois de voltar das sessões de tortura.
Outro documento oficial, datado de 1976, narra o que o líder religioso defendeu a comandantes militares. Advogou esclarecer a posição da Igreja Católica, de suporte ao regime, afirmando que “de nenhuma maneira pretendemos formular uma posição de crítica ao governo”, dado que um fracasso “levaria, com muita probabilidade, ao marxismo”. 
Em 2011, veio à tona a possível participação de Bergoglio em um caso de sequestro de bebês, uma prática adotada pelo regime, que executou várias mulheres grávidas ou com filhos pequenos. O Tribunal Oral Federal número 6 convocou o cardeal a depor no processo de Estela de la Cuadra, uma das fundadoras das Avós da Praça de Maio. Segundo Estela, o agora papa tem relevantes informações sobre o desaparecimento de sua sobrinha, Ana, roubada dos braços da mãe em uma delegacia de La Plata, cidade vizinha a Buenos Aires. 
No mesmo ano, a Justiça francesa determinou que o Judiciário argentino tomasse o depoimento de Bergoglio pela suspeita de participação no desaparecimento de um padre francês que morou na Companhia de Jesus. O testemunho de uma monja em 1984 já indicava a relação do então chefe da congregação com o sequestro que resultou nas mortes de Gabriel Longueville e do sacerdote Carlos de Dios Murias.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Desoneração da cesta básica levará duas semanas para ser integralmente repassada ao consumidor


Wellton Máximo*
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A redução a zero de tributos federais para produtos da cesta básica levará duas semanas para ser totalmente repassada ao consumidor, disse hoje (11) o presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras), Fernando Yamada. De acordo com ele, é o tempo de que o comércio precisará para receber os produtos mais baratos das indústrias e recalcular os preços finais.
No entanto, alguns preços cairão imediatamente, antes de a desoneração ser integralmente repassada ao consumidor. Segundo o presidente da Abras, os preços das carnes e dos produtos de limpeza estarão 6% mais baixos a partir de amanhã (12). Para os demais produtos da cesta básica, a redução totalizará 3%.
O presidente da Abras apresentou os cálculos depois de se reunir por uma hora e meia com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O encontro também teve a participação do presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alimentos (Abia) e representantes de grandes redes de supermercados.
De acordo com Mantega, que falou com jornalistas depois do encontro, a desoneração da cesta básica deverá fazer a inflação cair entre 0,2 e 0,6 ponto percentual. Ele disse que o governo está interessado em que a população sinta os benefícios da medida o mais rápido possível.
“É importante que a medida chegue às prateleiras para beneficiar população. A desoneração da cesta básica beneficia principalmente a população de menor renda, que gasta uma parcela da renda maior em alimentos”, disse.
Para o ministro, além de ajudar no combate à inflação, a redução de impostos para a cesta básica estimula o consumo. “Cada vez mais, o governo está liberando recursos para que o consumidor possa ter mais opções. Ele terá mais recursos para comprar outros produtos, como produtos alimentares que não façam parte da cesta básica e até bens duráveis”, disse.
*Colaborou Mariana Branco
Edição: Fábio Massalli
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