sábado, 20 de julho de 2013

PIG ganha reforço com peemedebismo de vento em popa

Antônio Lassance, em Correio do Brasil
Uma das consequências das manifestações de rua que tomaram conta do país, por incrível que pareça, foi o alastramento do peemedebismo no Congresso. Contra tudo e contra todos, o peemedebismo se aproveita da queda na popularidade de Dilma para saborear o prato que se come frio.
Câmara dos Deputados
Cândido Vaccarezza (foto), “líder do PMDB no PT”
Até agora, a sigla PIG, cunhada pelo deputado Fernando Ferro (PT-PE), era conhecida como a abreviatura de Partido da Imprensa Golpista. Ultimamente, o PIG ganhou um reforço: o dos Políticos Insatisfeitos com o Governo.
Os PIGs são hoje a maior coalizão da Câmara, pois reúnem, além da oposição, a maior parte do PMDB, sob a liderança de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e também a parte insatisfeita do PT. O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) tem se afirmado como um expoente dos insatisfeitos e do fenômeno conhecido como peemedebismo.
Em março de 2012, Vaccarezza foi destituído por Dilma da condição de líder do governo na Câmara, varrido na mesma onda que levou embora o senador Romero Jucá (PMDB-RR) da liderança do governo no Senado. Desde então, o fracasso lhe subiu à cabeça. Faltou alguém ler Lord Byron aos seus ouvidos para dizer que a mágoa é instrutora dos sábios e que a tristeza pode ser fonte de conhecimento.
Ao contrário, o que ocorreu? O parlamentar petista foi picado pelo peemedebismo. A expressão peemedebismo ganhou um interessante referencial explicativo dado pelo filósofo Marcos Nobre. Criada em 2009, a expressão está atualizada ao cenário pós-protestos de rua no e-book Choque de democracia: razões da revolta (São Paulo: Companhia das Letras, 2013). O peemedebismo, explica Nobre, é uma cultura política adepta de negociações e barganhas fechadas em si mesmas e avessas ao debate público.
Ao invés de “cultura”, me parece mais apropriado dizer que o peemedebismo é uma receita política. Surgiu e foi cozinhada em fogo brando nos caldeirões do PMDB, há mais de 30 anos. Ela se tornou uma receita de sucesso, a ponto de ser copiada por muitos outros partidos. É difícil encontrar quem resista a dar uma provada e copiar a mesma fórmula.
A receita é a seguinte: é preciso um vasilhame bem grande, para que se forme maioria no Congresso e possa ter o máximo de ingredientes, por mais díspares que sejam, como alhos e bugalhos. O importante de se ter maioria é a força que os líderes de bancadas ou de facções ganham na negociação com o Executivo e na ampliação de seu poder de barganha.
A discussão de fundo das políticas é posta de cabeça para baixo e caminha ao ritmo da tramitação e das manobras do processo legislativo. Os operadores do peemedebismo têm pleno domínio das táticas regimentais e usam habilmente os prazos de decisão a seu favor. A grande ameaça aos governos é a de ser surpreendido por decisões desagradáveis, que dão carona a votos também da oposição.
Uma das consequências das manifestações de rua que tomaram conta do país, por incrível que pareça, foi o alastramento do peemedebismo no Congresso. Contra tudo e contra todos, o peemedebismo se aproveita da queda na popularidade de Dilma para saborear o prato que se come frio.
É a hora da vingança contra aquela que trata parlamentares a contragosto. Aquela que recebeu um bambolê de presente do então líder do PMDB (hoje, presidente da Câmara) como um recado de que ela precisava aprender a ter jogo de cintura. Aquela que não presta as devidas cerimônias e, ao contrário, quando em vez, os xinga e bate o telefone em suas caras. Aquela que não costuma lhes dar carona em jatinhos. A mesma que defenestrou justo aqueles que melhor representavam o peemedebismo. É agora ou nunca o momento para cobrar todas as faturas atrasadas e vender caro a vaga no palanque para 2014.
Quando as faturas não são pagas regiamente, vem o troco. Medidas provisórias podem caducar, vetos correm o risco de serem derrubados, emendas que limitarão o poder de qualquer presidente podem ser aprovadas e a agenda do Executivo corre o risco de ser tratada como um Judas em sábado de Aleluia. Exemplo disso foi o desprezo absoluto à proposta de plebiscito sobre reforma do sistema eleitoral.
Ao invés de plebiscito, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, montou uma comissão de partidos. Sua coordenação está a cabo do petista mais peemedebista do planeta, Cândido Vaccarezza. Na prática, Alves criou uma nova instância na Casa: a Liderança do PMDB no PT. Graças ao PMDB, Vaccarezza foi agraciado com seu primeiro cargo desde que perdeu a liderança do governo na Câmara.
Para o PT, ficar à testa dos trabalhos da comissão que enterrou o plebiscito é um estrago sem tamanho. Pior ainda é que ela tenha a cara de Vaccarezza, que é o avesso do avesso do avesso de tudo o que seu partido defende sobre reforma do sistema eleitoral. O PT defende com unhas e dentes a lista pré-ordenada (ou lista fechada, com queiram) e o fim do financiamento de empresas às campanhas eleitorais.
Vaccarezza é um defensor do “status quo” das atuais regras que elegem os políticos. Sua visão está exposta no projeto de lei 1.210, de 2007 (confira). Em 2007, estava em curso mais uma das inúmeras tentativas de reforma. Contraditando os argumentos em prol das mudanças, Vaccarezza dizia que “o processo de lista fechada pode ser um instrumento portentoso de barganha no universo de algumas legendas”. Concluímos então que, hoje, graças ao fato de não termos lista fechada, estamos livres da barganha. Assim sendo, por que mudar o que está dando tão certo?
Sobre financiamento de campanha, o argumento é que “deve-se simplesmente fazer cumprir as normas existentes e demandar uma fiscalização mais acirrada no processo eleitoral”. Ironia das ironias, Vaccarezza é também o relator da proposta de minirreforma eleitoral que tem dado a ele (e ao PT, por osmose) a pecha de querer “afrouxar” as regras da prestação de contas de campanhas e diminuir o rigor da Lei da Ficha Limpa.
A leitura da justificativa do PL 1.210/2007 vale a pena ser feita até o fim para que se veja o coveiro-mor da proposta de plebiscito declarar, em 2007, que “devíamos nesta reforma política, conforme diversos países desenvolvidos, fortalecer a democracia representativa através de plebiscitos, referendos e de leis de iniciativas populares”.
Talvez tenha mudado de ideia e chegado à conclusão de que mais vale ser cabeça de PMDB do que rabo de PT.
Antonio Lassance é cientista político e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). As opiniões expressas neste artigo não refletem necessariamente opiniões do Instituto.

Lila Downs con Jesús Navarro (Reik) - Tu Carcel

sexta-feira, 19 de julho de 2013

McDonald’s será a rede oficial do Papa Francisco no Brasil



O McDonald’s fechou um acordo com a Igreja Católica para ser o restaurante oficial da Jornada Mundial da Juventude, que espera reunir 2 milhões de pessoas no Rio, no próximo mês, para acompanhar a visita do Papa Francisco ao país.A informação é da coluna Radar Online, de Veja. Segundo a coluna, os participantes do evento ganharão um cartão especial com o qual poderão comprar lanches no restaurante. A rede teria desenvolvido, até, um “combo do peregrino”, composto por sanduíche mais acompanhamentos.
A parceria de redes de fast food com grandes eventos é bastante comum. O próprio McDonald’s, no ano passado, chamou a atenção ao
construir a maior loja da rede no mundo, para receber os turistas dos Jogos Olímpicos de Londres, capaz de receber 1.500 pessoas sentadas.
Para os críticos, o projeto era inadequado por associar lanches calóricos aos esportes. No caso da Jornada Mundial da Juventude, o jornalista Lauro Jardim, que assina a coluna de Veja, brinca dizendo que “no contrato assinado com a igreja, faltam apenas a absolvição do pecado da gula e a criação de uma McHóstia.” Resta saber se o Papa Francisco vai comungar com os fieis em uma mesa qualquer do restaurante.
De: Jornalisticamente Falando

quinta-feira, 18 de julho de 2013

Carta de Lula em homenagem aos 95 anos de Nelson Mandela


Em 2008, o então presidente Lula se encontrou com Nelson Mandela em Moçambique
Em 2008, o então presidente Lula se encontrou com Nelson Mandela em MoçambiqueFoto: Ricardo Stuckert/PR
São Paulo, 18 de julho de 2013

Querido irmão Madiba,


É com enorme alegria e muita emoção que escrevo esta cartinha para cumprimentá-lo por seus 95 anos. Estou seguro de que não o faço apenas em meu nome, mas também dos milhões e milhões de brasileiros que tanto o admiram.


Desde que nos conhecemos em Cuba, mais de vinte anos atrás, cada reencontro com você foi uma nova lição de humildade e de comprometimento com a sorte dos famintos, dos desfavorecidos, dos perseguidos, dos silenciados.

 Festejar seu aniversário é uma forma de relembrar os exemplos que você deixou para todos e de celebrar a firmeza e a coragem com que você sepultou para sempre o regime racista da África do Sul, uma nódoa que a Humanidade arrastou por quase meio século.


Aqui no Brasil estamos todos torcendo para que o destino nos permita comemorar seus aniversários ainda por muitos e muitos anos.


O melhor presente que posso lhe oferecer neste dia, querido Madiba, é reafirmar meus compromissos com a nossa África e com a luta para que cada dia mais ela seja um continente rico, democrático, soberano e livre da fome.

 Receba o abraço saudoso do



Luiz Inácio Lula da Silva

Mandela Day

Hoje é o Mandela Day. Não vou escrever muito sobre Nelson Mandela. O site da Fundação Nelson Mandela é muito útil para quem quiser saber mais.
A única coisa que tenho a dizer sobre Mandela é que ele é um herói de verdade.
 

Mandela Day

It was 25 years they take that man away
Now the freedom moves in closer every day
Wipe the tears down from your saddened eyes
They say Mandela's free so step outside
Oh oh oh oh Mandela day
Oh oh oh oh Mandela's free

It was 25 years ago this very day
Held behind four walls all through night and day
Still the children know the story of that man
And I know what's going on right through your land

25 years ago
Na na na na Mandela day
Oh oh oh Mandela's free

If the tears are flowing wipe them from your face
I can feel his heartbeat moving deep inside
It was 25 years they took that man away
And now the world come down say Nelson Mandela's free

Oh oh oh oh Mandela's free

The rising suns sets Mandela on his way
Its been 25 years around this very day
From the one outside to the ones inside we say
Oh oh oh oh Mandela's free
Oh oh oh set Mandela free

Na na na na Mandela day
Na na na na Mandela's free

25 years ago
What's going on
And we know what's going on
Cos we know what's going on

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Chomsky desanca Žižek e Lacan: "falsários intelectuais, carentes de todo conteúdo”.

Chomsky, sobre Žižek e Lacan: “Não me interessam estes falsários intelectuais, carentes de todo conteúdo”.
Entrevista
 
     
Noam Chomsky. Artigo tirado de Sin Permiso (aqui) e traduzido por  revolta entre a mocidade. Avram Noam Chomsky é professor emérito de linguística e filosofia no Instituto Tecnológico de Massachusetts em Cambridge, Mass.
Faz em umas poucas semanas penduraram-se em youtube umas declarações de Chomsky sobre Žižek e Lacan. Julie Wark, membro do Conselho Editorial de SinPermiso e amiga pessoal de Chomsky, tem-as transcrito e traduzido para SP. Não é nova a hostilidade do grande cientista e veterano ativista político estadounidense para todas as variantes do obscurantismo pós-modernista em general, e designadamente,  da French Theory e os seus múltiplos derivados. Já faz duas décadas, por exemplo, escrevia:

"Os intelectuais de esquerda participaram ativamente na vida animada da cultura operária. Alguns procuraram compensar o carácter de classe das instituições culturais com programas de educação operários ou mediante obras de divulgação -que conheceram um sucesso muito grande- sobre matemáticas, ciências e outros temas. É ferinte constatar que hoje em dia os seus pretendidos herdeiros com frequência privam aos trabalhadores destes instrumentos de emancipação, nos informando, de passagem, de que o -projeto dos Enciclopedistas- está finado, que há que abandonar as "ilusões" da ciência e da racionalidade. Será uma mensagem que fará felizes aos poderosos, satisfeitos de monopolizar esses instrumentos para o seu próprio uso."

E faz pouco mais de 8 anos, Chomsky explicava que quando abre uma revista especializada de matemáticas, normalmente não entende grande coisa, mas se tem interesse em compreender algum tema em especial, "sei que tenho que fazer". Dirige-se a um amigo ou colega com conhecimentos sobre o tema do que procura uma explicação, e lhe pede que lho clarifique. O objetivo cumpre-se de forma habitual. Mas, em notabilíssimo contraste, quando trata de ler algo escrito pelos pós-modernos que não entende, e se dirige a um especializado em pós-modernismo para que lho explique, não serve de nada. "Os que praticam estas artes não parecem capazes de me explicar o conteúdo do que se diz". E acrescenta a seguir: "é o contrário do que ocorre habitualmente nas ciências, as matemáticas, a composição musical ou em outros domínios."
 
A pequena entrevista que a seguir transcrevemos e traduzimos segue esta mesma linha, que expressa com simpática contundência a indignação do homem de ciência e do homem de ação contra o não tão inócuo charlatão de salão. [SP]

ENTREVISTA

George Hegel: Em uma das nossas conversas no passado, você disse que não lhe interessa muito a teoria, nem pensa que seja útil ou que tenha aplicações práticas à hora de combater e mudar estes sistemas de poder. Não obstante, nos nossos tempos um dos intelectuais esquerdistas mais polifacéticos, Slavoj Žižek, tem uma perspectiva quase diametralmente oposta no seu trabalho. Ele se baseia no trabalho de Derrida e Lacan e outros para explicar a sua crítica do capitalismo global, a ideologia do império, e assim sucessivamente. Explica-me por que você não escreveu mais livros sobre a teoria política, económica ou social e daí pensa do trabalho de Slavoj Žižek, na medida em que você o tenha lido ou conheça, o seu uso do trabalho do psicanalista francês Lacan e, por suposto, de Derrida, o deconstrucionismo e todo o seu legado?

Noam Chomsky: Você se refere à "Teoria" e quando disse que não me interessa a teoria, o que queria dizer é que não me interessa esta adoção de posturas mediante o uso de termos extravagantes compostos de arquissílabos, nem, menos, a fantasiada ficção de dispor de uma "teoria",  quando não há nenhuma teoria em absoluto. Não há nada de teoria em todo este rolho, não, desde depois, no sentido de "teoria" de quem esteja minimamente familiarizado com as ciências, ou com qualquer outro campo sério. Tente você procurar em todo o trabalho que mencionou alguns princípios desde os quais seria possível deduzir conclusões ou proposições empiricamente verificáveis e a um nível algo mais alto do que se possa explicar a um menino de doze anos em cinco minutos. A ver se você pode encontrar algo assim, uma vez decodificados todos a verba extravagante. Eu, não posso. Carece, pois, de interesse para mim este tipo de pavoneio presuntuoso. Žižek representa um exemplo extremo do mesmo. Não vejo o menor contido no que diz. Com respeito a Jacques Lacan, o certo é que cheguei ao tratar pessoalmente. E nesse plano, gostava bastante. Reuníamo-nos de vez em quando em Paris. Mas, a dizer verdade, sempre pensei que era um charlatão integral. Não fazia senão coqueteios ante as câmaras de televisão, à maneira típica de tantos intelectuais de Paris. Não tenho a menor ideia de por que tudo isto lhe parece a você tão influente. Eu não vejo nada que mereça ter essa influência. Quiçá você me pode explicar por que pensa que é influente; se há algo importante, eu, sou incapaz do ver. Não me interessam os falsários intelectuais carentes de todo o conteúdo.

George Hegel: Acho que interessa-lhe a muita gente..., sobretudo porque este trabalho é a cada vez mais popular em ambientes contestatários... lembrança que ouvi o nome de Žižek faz poucos anos, e agora quando vou a diferentes círculos organizadores de acontecimentos, protestos, encontros ou assembleias, ouço com frequência o seu nome ou comentários sobre o seu trabalho... e parece-me que você, faz pouco, teve uma reunião com Angela Davis, uma conversa em Boston moderada por Vijay Prashad. Gostaria de ver mais conversas deste tipo, até entre gente com diferentes perspectivas, por exemplo você mesmo com Slavoj Žižek, o trabalho do qual é a cada vez mais influente... Pensa você que seria útil fazer esse tipo de debates, no mínimo conversas com outras pessoas da esquerda que oferecem trabalhos a gente que sim que os encontram interessantes? Acha que temos que pensar nisto?

Noam Chomsky: Diz que o seu trabalho é a cada vez mais influente? Permita-me que o duvide. Acho que os seus poses e posturinhas são a cada vez mais influentes. Pode-me você dizer a que trabalho se refere? Porque o que é eu, não o encontro. É um bom ator. Faz postas em cena e que as coisas pareçam apaixonantes, mas encontra você algum conteúdo? Eu, não. Não tenho o menor interesse em ter uma conversa com ele, e suponho que ele também não quereria c charlaromigo. Em mudança, a conversa com Angela Davis foi boa. É uma pessoa intelectualmente estimável, pensa seriamente e tem coisas que dizer, e algumas, interessantes.   

terça-feira, 16 de julho de 2013

Exclusivo! Barbosa recebeu R$ 700 mil da UERJ sem trabalhar

Enviado por ,  de O Cafezinho                    
Primeiro ele pagou, com dinheiro público, as passagens de avião da repórter da Globo que foi à Costa Rica cobrir a sua palestra. Depois pagou, de novo com verba pública, passagens para vir ao Rio assistir o jogo entre Brasil e Inglaterra. Não precisou pagar ingresso porque ficou no camarote do Luciano Huck. Logo em seguida descobriu-se que seu filho arrumou um emprego na Globo, no programa de… Luciano Huck.
Henrique Alves e Renan Calheiros, apanhados usando jatinho da FAB pra ver jogo de futebol, devolveram o dinheiro usado. No caso de Barbosa, a imprensa continua quieta. Ninguém quer decepcionar o “gigante” que, segundo o Datafolha, idolatra o Barbosão.
Ninguém quer arranhar a imagem do “menino que mudou o Brasil”, criada pela grande mídia para endeusar o homem que se vendeu ao sistema, que rasgou a Constituição para acusar e condenar, mesmo sem provas, os réus da Ação Penal 470.
A coisa não pára por aí. O laudo 2424, que investiga a relação entre o fundo Visanet, funcionários do Banco do Brasil e as empresas de Marcos Valério, traz uma denúncia séria: o filho de Barbosa teria trabalhado numa empresa que recebeu milhões da DNA Propaganda. Barbosa manteve o laudo em sigilo absoluto, apesar do mesmo trazer documentos que poderiam provar a inocência de Pizzolato – e prejudicar toda a denúncia do mensalão.
E agora, uma outra novidade: desde 2008, Barbosa usufrui de uma bela sinecura da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ): ganha sem trabalhar. O Estado do Rio já gastou mais de R$ 700 mil em salários para um cidadão que ganha muito bem no Supremo Tribunal Federal.
O Cafezinho, como de praxe, mata a cobra e mostra o pau. Estão aí os documentos que comprovam a situação de Barbosa. Ele deu aula na Uerj normalmente de 1998 a 2002. Em 2003, pede licença-prêmio e permanece até 2008 em licença não-remunerada. A partir desta data, porém, a vida sorri para Joaquim. Além do empregão no STF, da paixão súbita da mídia por sua pessoa, o reitor da UERJ lhe oferece uma invejável situação: passar a receber salários e benefícios mesmo sem dar aulas ou fazer pesquisas.
Consta ainda que Barbosa estaria brigando para receber reatroativamente pelos anos que permaneceu de licença não remunerada, de 2003 a 2008. Para quem acabou de receber R$ 580 mil em benefícios atrasados, não seria nada surpreendente se também conseguisse isso.
Ah, que vida boa!
Os meninos do Movimento Passe Livre estão certos: definitivamente, não são apenas 20 centavos!
Os documentos que comprovam a situação de Joaquim Barbosa:
 
 
 

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Uma dose de Drummond - Lá se foi a metade do ano...

Ler Carlos Drummond de Andrade é um excesso obrigatório para confortar todos os ruídos da vida – e para atiçar também, claro. No texto "Como se fosse balanço" o autor faz uma pausa com o leitor para analisar a vida como ela é (ou como está).
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Drummond - 1972

A crônica Como se fosse balanço publicada no livro Os dias lindos de Carlos Drummond de Andrade é mais um exemplo da genialidade do autor e da facilidade que ele tem até hoje de sentar ao seu lado e conversar com você sobre o cotidiano. Nesta crônica ele aproveita para jogar a real ao leitor. É impossível não sentir qualquer mudança interna após a leitura e o momento é um tanto quanto adequado, não acha?
"Lá se foi a primeira metade do ano, e já estamos folgados na segunda metade. Agosto continua o quê? Julho deu para balanço? Você fez alguma coisa do que planejava fazer neste ano? Claro que não. Fez, no máximo, aquilo que deixaram ou quiseram que você fizesse. Sempre assim, e você já devia estar habituado. Como, aliás, está. Ou não? Por favor, não me venha com essa cara de inconformado de nascença. Já é do seu conhecimento, há muitas centenas de meses, que lhe cabe assistir a um espetáculo de que você, ao mesmo tempo, é comparsa mínimo. Espectador dos outros e de si mesmo: curiosa situação, né? A de tanta gente. Nem exceção você é. Não se envaideça. Não se melancolize.
É isso aí: dão-lhe o direito de fazer planos. Reservam-lhe, até quadra especial para isso. Não assumem, porém, o compromisso de deixar que você os execute. Mas podia ser de outro modo? Pense na barafunda que resultaria da realização simultânea (e conflitante) de todos os planos individuais. Cada um com seu esquema, sua quimera: a explosão disso tudo, hem? Se preferir, bote a culpa nas estruturas e infra-estruturas, nos sistemas, no acaso, na sorte, em Deus. Poderes que impedem você de poder. Que podem por você.
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Drummond - 1951 (mais fotos aqui
)

Aí está uma confortadora transferência de responsabilidade. Deixassem você solto, agindo, era aquela beleza. Vertigem boa: pensar em possíveis e impossíveis. No fundo, meu prezado, você tem é vocação para Deus. Mas o lugar está preenchido. À vista da frustração, só lhe resta ser um de seus (in)fiéis. Mas assim como é dificílimo ser Deus, não é nada maneiro submeter-se à sua jurisdição. O código de proibições e obediências estica-se por mil volumes. A vida inteira não dá para a leitura. E a letra é tão miudinha!
Em casa, na rua, no hospital, no espaço, em pensamento, você está sempre obedecendo a um parágrafo visível ou implícito. Ou o transgredindo. O sinal luminoso do cruzamento é muito mais do que sinal luminoso: é sentença de morte, caso você não lhe dê a atenção exigida. Ou mesmo dando. O menor carimbo pressupõe regras invioláveis de conduta.
O jogo da vida consiste, em parte, no estudo de como violá-las, simulando reverência.
Você esperneia, revolta-se - adianta? Mesmo sua revolta foi protocolada. O caso da maçã estava previsto. A serpente estava prevista. Prevista, a expulsão do Paraíso. A lição de alguns autores é que o Paraíso foi criado exatamente para o homem experimentar-lhe a privação. Da qual resultariam invenções, técnicas de compensação, poemas, sinfonias. Mas há também quem ache isso fábula de amor cinzento, descambando para o negro.
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Drummond - 1932

Acomodar-se, então, seria a receita? A razão estará com a minoria selecionada dos quietistas? Ou o caminho que eles encontraram é demasiado simplório para ser um caminho, e, em vez de conduzir à solução, gira em redor do problema, acentuando a insolubilidade?
Devaneios. Como você devaneia, irmão! Quer ser e não ser, sendo. Imagina o vazio, com a sua pessoinha lá dentro, escondida, resguardada, a se divertir com a imperícia dos outros, que vão aos trambolhões, expostos a chuva, granizo, fogo.
Como se você também não participasse desse existir precário, de que só algumas ressonâncias chegam à publicidade, em situações-limite. Existir que, por ser universal, tem força de regra, torna-se normalidade. Escusa de dar balanço, ou antes, balancete, nesta parte carcomida do ano. Os erros são justificáveis, de uma forma ou de outra. É, não deu.
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Os acertos, porque involuntários, o são menos. Não dependeram de você, confesse. De certo, que foi que dependeu de você: as marés, o câmbio, o desencontro das nações,a briga dos namorados, o amor revelado, a distensão, a enchente, a
qualidade da vida?
Pense em outra coisa. Não impede que você reelabore planos para o restante do ano e até para o ano que vem. Esporte como outro qualquer.
Experimente agosto. Voltam as aulas, os horários. Experimente (sempre) viver."
O livro Os dias lindos foi publicado pela primeira vez em 1977 e reúne crônicas, contos e causos que Drummond escrevia no Jornal do Brasil. É mais um livro-amigo que todo mundo deve ler!

domingo, 14 de julho de 2013

Consumidor compra carne de boi com vermes no Entorno do DF

Do R7
Produto estava dentro do prazo de validade
 
 
O consumidor Ricardo Fernandes Castro Costa comprou no dia 16 de abril uma carne da Friboi em um supermercado de Valparaíso de Goiás, região do Entorno do DF, cidade onde mora com a família. Ele disse que quando foi preparar o alimento para o almoço, dois dias depois, encontrou vários vermes "como recheio".  
Costa explicou que é bastante criterioso nas compras e sempre olha a cor, o estado e a validade das carnes antes de comprá-las, mas garante que dessa vez foi "enganado".  
— Na embalagem constava a informação de que a validade do produto era até o dia 25 de maio. A carne estava bem embalada a vácuo, no freezer, com uma cor ótima e sem cheiro, mas quando a preparei, no dia 18 de abril, veio a surpresa desagradável: vários vermes dentro dela.  
A filha e a mulher do consumidor também viram os parasitas e passaram mal.   
— Fiquei constrangido na frente da minha filha, que teve ânsia. Minha mulher chegou a vomitar e eu fiquei com muito nojo. Fui enganado por aquela propaganda de que as carnes dessa marca passam por um rigoroso controle de qualidade. Eles não vendem carnes próprias para consumo.  
O consumidor explicou que comprou por duas vezes as carnes da Friboi, mas que em ambas as situações passou por momentos desagradáveis. Na primeira vez, ele teria levado uma carne podre para casa.  
Depois de identificar os vermes no produto, Costa entrou em contato com a Friboi por meio do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), mas sem sucesso. Insatisfeito, ele decidiu usar o perfil da empresa no Facebook para fazer a denúncia, enviando uma mensagem privada com a foto dos parasitas.  
No dia seguinte, recebeu a resposta informando que a carne poderia ser trocada por um kit.  
— Eles entraram em contato e disseram que me dariam bolsa térmica com um kit de feijoada. Não aceitei, porque na minha casa não entra mais nada da Friboi. Eu já fiz a denúncia no Ministério da Agricultura, na Anvisa e na Vigilância Sanitária.   
Costa disse que também ficou surpreso com a quantidade de reclamações de outros consumidores feitas contra a marca em sites especializados na internet. Ele relatou que ao denunciar no Reclame Aqui!, notou que outras pessoas também encontraram "coisas estranhas" nas carnes fornecidas pela empresa.  
— Já encontraram cabelos humanos, moscas varejeiras, tumores e até pus nas carnes embaladas a vácuo. Tais fatos jamais poderiam acontecer, porque é a saúde do consumidor que está em jogo. Se eu não tivesse visto, teria comido aqueles vermes e poderia ter causado danos sérios à minha saúde e à da minha família.  
A empresa chegou a fazer outros contatos por telefone com o consumidor e admitiu em uma das conversas que o o parasita na verdade tratava-se de "cisticercose", um verme que geralmente é provocado durante a vacinação do gado e que pode ser letal à saúde humana.  
Em outra conversa, a atendente da empresa disse ao consumidor que precisaria recolher a carne da casa dele para analisar o que de fato havia acontecido, mas teve a proposta negada.  
— Como vou provar se eles pegarem a carne? Eles vão dizer que está tudo em ordem e dar um sumiço nela. O produto está na minha casa, congelado, e se o Ministério da Agricultura, Anvisa ou Vigilância Sanitária quiser, poderá pegar, mas a Friboi não.  
Em nota, a JBS Friboi disse que recebeu a manifestação do consumidor no dia 23 de abril e que com as informações repassadas o caso foi enviado aos setores responsáveis para analisar e investigar a procedência dos fatos.  
A empresa também garantiu que especialistas internos analisaram o suposto corpo estranho por foto e não evidenciaram contaminação do produto durante o processo produtivo, uma vez que apenas pelas imagens não é possível fazer as análises laboratoriais necessárias para identificação do que realmente se trata, mas que chegou a oferecer a devolução do valor pago pelo produto para não deixar o consumidor com prejuízo, mas sem sucesso também.  
A nota é concluída com a JBS Friboi afirmando que fez tudo o que estava ao alcance, inclusive cumprindo todas as exigências do Código de Defesa do Consumidor para tentar resolver o problema e não deixá-lo sem informações ou prejuízo financeiro.  

FHC: as portas do Brasil abertas à CIA

fhc herança
Jornalista desmente ex-presidente e rememora escalada de fatos que
deram a Washington vasto poder sobre a Polícia Federal 

Por Bob Fernandes*, em seu blog
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz que “nunca soube de espionagem da CIA” no Brasil. O governo atual cobra explicações dos Estados Unidos, e a presidente Dilma trata do assunto com a cúpula do Mercosul, no Uruguai, nesta quinta-feira (11). O Congresso Nacional envia protesto formal ao governo de Barack Obama.
Vamos aos fatos. Entre março de 1999 e abril de 2004, publiquei 15 longas e detalhadas reportagens na revista CartaCapital. Documentos, nomes, endereços, histórias provavam como os Estados Unidos espionavam o Brasil.Documentos bancários mostravam como, no governo FHC, a DEA, agência norte-americana de combate ao tráfico de drogas, pagava operações da Polícia Federal. Chegava inclusive a depositar na conta de delegados. Porque aquele era um tempo em que a PF não tinha orçamento para bancar todas operações e a DEA bancava as de maiores dimensão e urgência.

A CIA, via Departamento de Estado, pagou uma base eletrônica da PF em Brasília, até os tijolos.  Nos idos do governo Sarney. Para trabalhar nessa base, até o inicio da gestão do delegado Paulo Lacerda, em 2002, agentes e delegados da PF eram submetidos ao detector de mentiras nos EUA. Não em Langley, sede da CIA, mas em hotéis de Washington.
Dentre as perguntas, que alguns dos agentes e delegados se recusaram a responder:  já haviam participado de atos de corrupção? Eram homossexuais?
Isso até que viessem a gestão do ministro Márcio Thomaz Bastos e do delegado Paulo Lacerda e um orçamento adequado. Essa base na PF chamava-se CDO, Centro de Dados Operacionais. Publicadas as reportagens, tornou-se SOIP, depois COE. Hoje é a DAT, Divisão Anti-terrorismo.
Carlos Costa chefiou o FBI no Brasil por 4 anos. Em entrevista de 17 páginas, em março de 2004, revelou: serviços de inteligência dos EUA haviam grampeado o Itamaraty. Empresas eram espionadas. Nem o Palácio da Alvorada escapou.
Pelo menos 16 serviços secretos dos EUA operavam no Brasil. Às segundas-feiras, essas agências realizavam a “Reunião da Nação”, na embaixada, em Brasília.
Tudo isso foi revelado com riqueza de detalhes: datas, nomes, endereços, documentos, fatos. Em abril de 2004, com a reportagem de capa, publicamos os nomes daqueles que, disfarçados de diplomatas, como é habitual, chefiavam CIA, DEA, NSA e demais agências no Brasil.
Vicente Chellotti, diretor da PF, caiu depois da reportagem de capa “Os Porões do Brasil”,  de 3 de março de 1999. Isso no governo de FHC, que agora, na sua página no Facerbook, disse desconhecer ações da CIA no país.
Renan Calheiros, quando ministro da Justiça no governo FHC, foi convocado pelo Congresso na sequência de uma das reportagens sobre atividades de agências secretas dos EUA. Em público, esquivou-se, negaceou. A mim, numa cerimônia no Supremo Tribuinal Federal, diria na tarde do mesmo dia: “Isso é assim mesmo, é do jogo”.
Carlos Costa, que chefiara o FBI no Brasil, foi ouvido em sessão secreta do Congresso, já em 2004.
Antes de o Congresso decidir como seria a sessão, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) foi à embaixada dos EUA ouvir Donna Hrinak, a embaixadora. Segundo testemunho do senador à época, a embaixadora dos EUA informou:
- Se a sessão não for secreta ele (Carlos Costa) será processado pelo governo dos Estados Unidos.
Essa disposição falava por si mesma. E na sessão, que terminaria sendo secreta, Carlos Costa  confirmou tudo o que dissera na entrevista; sobre as ações do seu FBI, da CIA, DEA, NSA, e sobre a espionagem em geral, no Brasil, mas não apenas.
Tudo isso sob quase absoluto e estrondoso silêncio. Um silêncio assustador à época. Tão assustador quanto a suposta perplexidade ao “descobrir”, só agora, que os Estados Unidos, e não apenas eles, espionam o Brasil e o mundo.
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*Foi redator-chefe de CartaCapital. Trabalhou em IstoÉ (BSB e EUA) e Veja. Repórter da Folha de S.Paulo e JB, fez “São Paulo, Brasil” no GNT/TV Cultura. Comentarista da TVGazeta e Rádio Metrópole (BA)