quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Governo responde editorial do Financial Times sobre economia brasileira



Paulo Victor Chagas - Repórter da Agência Brasil Edição: Carolina Pimentel
O ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Thomas Traumann, respondeu ao editorial do jornal britânico Financial Times que afirmou que a economia brasileira está “mais ou menos”, termo usado inclusive no título do editorial. O ministro da Secom enviou uma carta ao editor do periódico.
Na carta, Traumann se disse intrigado com os critérios que o jornal utilizou para classificar os países. Segundo o ministro, novas categorias de análise sobre o mercado requerem critérios sólidos e comprovados, sob o risco de haver “análises mais ou menos”.
Para o ministro, se os critérios do jornal fossem levados em conta, a maioria das economias mundiais poderia ser rebaixada para “mais ou menos” e o jornal "se sentiria eticamente inclinado a sugerir a economias amigáveis mudanças em suas equipes de administração, a fim de reduzir tanto as suas vulnerabilidades e aumentar a sua credibilidade".
Apesar de reconhecer que o jornal contextualizou corretamente o “agravamento do ambiente global”, o ministro disse que o Brasil tem aliado, ao longo dos últimos dez anos, "crescimento da inclusão social e estabilidade econômica dentro da conjuntura de pluralismo democrático e liberdade empreendedora", acrescentando que não há características de país vulnerável.
Traumann cita ainda os números da economia nacional em 2013, ano que fechou comcrescimento de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB), inflação abaixo de 6%, taxa de desemprego de 5,4% e reservas internacionais de US$ 376 bilhões.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Sobre os imóveis de Pizzolato na Espanha

 
por Paulo Nogueira   
 
Má fé cínica ou obtusidade córnea.
 
A célebre sentença de Eça de Queirós me ocorreu ao refletir sobre a informação da Folha de S. Paulo a respeito das compras de imóveis de Pizzolato na Espanha.
 
Mas há na verdade uma terceira hipótese, uma combinação de ambas as coisas, má fé e obtusidade.
 
Não há contexto no que a Folha trouxe. Pizzolato simplesmente, por força das circunstâncias, aparece aos olhos do leitor como um gatuno.
 
O site O Cafezinho fez o que a Folha não fez: pesquisou. Encontrou uma reportagem do Correio Braziliense de alguns meses atrás sobre o mesmo Pizzolato.
 
Nela, Pizzolato, aparece se desfazendo dos imóveis que tinha no Brasil. Importante: todos os imóveis estavam em sua declaração de renda, esmiuçada pela Receita Federal.
 
Pizzolato tinha vendido seus imóveis já há alguns anos por razões estritamente lógicas. Ele ao ver a fúria assassina do STF temia que o patrimônio de uma vida inteira fosse ficar indisponível exatamente na hora em mais precisava dele.
 
Na mesma linha da lógica da sobrevivência ele se separou legalmente da mulher Andrea, mas não de fato. Assim, ele poderia pôr seus bens no nome dela.
 
A reportagem do Correio Braziliense conta que ele chegou a morar na Espanha, com intenções de se fixar lá.
 
Tudo isso que estou colocando aqui estava ao alcance da Folha com um simples clique no Google. Por que o jornal não fez nada?
 
Voltamos então à frase de Eça de Queirós.
 
A “revelação” da Folha foi suficiente para provar teses de colunistas arquiconservadores. Reinaldo Azevedo por exemplo, disse que as compras de Pizzolato tornavam ridículas as vaquinhas dos condenados do mensalão.
 
Azevedo – que tem uma comovente fixação por mim desde que critiquei seu amigo Diogo Mainardi alguns anos atrás – é o mesmo que disse que Margareth Thatcher morreu pobre. Thatcher, como todo mundo sabia exceto Azevedo, deixou uma casa em Mayfair, o bairro mais nobre de Londres, no valor calculado de 15 milhões de reais. A casa era apenas um dos bens de Thatcher.
 
A mesma disposição que a Folha sente em investigar Pizzolato não se manifesta, infelizmente, quando se trata de alguém poderoso. A Folha abandonou abjetamente a investigação da sonegação bilionária da Globo depois de ter dado uma única nota. Recebeu um pito da Globo, provavelmente.
 
No planeta Folha a sonegação – documentada – simplesmente deixou de existir. Este é o jornal que durante anos nos atormentou com o slogan publicitário em que dizia que não tinha rabo preso com ninguém.
 
O caso Pizzollato tem sim que vir à luz. Mas não do jeito que a Folha está fazendo.
 
Mais uma vez: é má fé ou inépcia – ou ambas as coisas.

Morreu guitarrista Paco de Lucía

O guitarrista de flamenco Paco de Lucía faleceu, esta quarta-feira, aos 66 anos, informaram fontes da autarquia de Algeciras, na região espanhola de Cádiz, a sua cidade natal.


As mesmas fontes explicaram que o guitarrista morreu vítima de um ataque cardíaco quando se encontrava em Cancún, no México, tendo chegado já sem vida a um hospital da cidade.
Um amigo, Victoriano Mera, explicou que Paco de Lucía estava a brincar com os filhos numa praia de Cancún, cidade onde tinha uma casa, quando se começou a sentir indisposto.
José Ignacio Landaluce, alcaide de Algeciras, declarou que a morte de Paco de Lucía é "uma perda irreparável para o mundo da cultura e para a Andaluzia". A autarquia deverá decretar o luto oficial.
A família do artista está a organizar o translado dos restos mortais do guitarrista para a sua terra natal.
Nascido em dezembro de 1947 em Algeciras e considerado um dos maiores guitarristas da história contemporânea, Paco de Lucía foi galardoado com o Prémio Príncipe das Astúrias 2004.
De: JN.pt

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

A direita saindo do Armário. Quem vai encarar? por Wilson Gomes


Como venho anotando por aqui, há meses, há uma nova direita na roda de capoeira do debate público. E tão animadinha e confiante que passa boa parte do tempo chamando a esquerda ao pé do berimbau. Pois é bem isso que faz, por exemplo, este Manifesto, do qual transcrevo abaixo uns segmentos.

"Ninguém precisa da esquerda para fazer uma sociedade ser menos terrível, basta que os políticos sejam menos corruptos (os da esquerda quase sempre foram e são), que técnicos competentes cuidem da gestão pública e que a economia seja deixada em paz, porque nós somos a economia, cada vez que saímos de casa para gerar nosso sustento.

Ela, a esquerda, constrói para si a imagem de 'humanista', de superioridade moral, e de que quem discorda dela o faz porque é mau. Ela está em pânico porque estava acostumada a dominar o debate público tido como 'inteligente' e agora está sendo obrigada a conviver com gente tão preparada quanto ela (ou mais), que leu tanto quanto ela, que escreve tanto quanto ela, que conhece os seus cacoetes intelectuais, e sua história assassina e autoritária. (...)

Mas a esquerda não detém mais o monopólio do pensamento público no Brasil. Não temos mais medo dela." (Luiz Felipe PONDÉ, na Folha de hoje).

Se você é de esquerda e sentiu fogo na venta com a provocação, pense duas vezes no que vai dizer, porque certamente há algumas verdades nos trechos acima. Sim, já houve um tempo em que ser um intelectual de esquerda (aliás, houve um tempo em que "intelectual" era um adjetivo reservado à esquerda) era bem trabalhoso: precisava-se argumentar, explicar pressupostos, fazer distinções, considerar objeções, estudar muito. O ambiente social estava longe de ser amigável e nem os valores nem os princípios de esquerda eram evidentes. A redemocratização brasileira, depois da ditadura militar promovida por um mutirão liderado pela direita fascista, significou o apagão intelectual da direita: ninguém queria assumir o legado de sangue e fracasso da ditadura, ninguém queria se apresentar como herdeiro do falido fascismo à brasileira e mesmo a direita republicana teria que explicar demais para dizer que direita e fascismo não são necessariamente a mesma coisa, isso se achasse alguém disposto a ouvi-la. A direita enrustiu e a esquerda se espalhou no novo ambiente democrático, sem predadores ou concorrentes. Hoje a esquerda (ou as esquerdas, melhor dizendo) tornou-se um bicho gordo e lento, sem reflexo, vivendo da condescendência ambiental, da autocomplacência gerada pelas igrejinhas, dogmática, intelectualmente preguiçosa e intolerante à menor contrariedade. 

Demorou trinta anos para que a direita saísse do armário e juntasse número o suficiente para chamar a atenção na arena intelectual. Por enquanto, só estão ciscando e batendo as asas em esforços de autoafirmação. Mas eu só vejo a esquerda atacando os sujeitos, não os argumentos, o que é um péssimo sinal - quem grita e ofende é porque não tem razão. E aí, vão encarar?