Acompanhei os comentários sobre o suposto estupro do suposto filho de uma suposta figura da suposta mídia do sul. Pensei sobre o que escrever e acabei socorrido pelo meu velho amigo de Santa Maria, Ivan Boere.
Segue a opinião dele, com a minha concordância:
Algumas perguntas sobre o suposto crime de estupro em Florianópolis:
Deram-se os fatos como anunciam na internet?
Qual versão nos velela a verdade: a amplamente anunciada, a da escola, a do inquérito policial, ou a d os acusados?Justifica-se a repercussão por envolver gente da "alta sociedade"?
Se o aludido crime foi cometido e sofrido por menores, como lidar com a situação, tendo em conta a
proteção especial de que devem ser alvo?E se estiver havendo um pré-julgamento?
São algumas poucas - pois muitas mais certamente estão em jogo - perguntas sobre as quais entendo haver necessidade de reflexão. Lembram do caso da escola em São Paulo, em suposto caso de abuso sexual? Esclarecidos os fatos, concluiu-se pela inocência dos acusado s. Mas, somente depois de arruinados moralmente.
E, ainda que comprovados os fatos ora divulgados, por que razão aí focar? Por acaso, violências de toda ordem não estão chegando a nós a todo momento?
Ainda que muitos tracem um pré-julgamento coletivo, animados talvez pelo desejo de retirar o manto de manipulações da grande mídia, o linchamento não é algo desejável.
Tomei a liberdade de enviar - para um círculo muito reduzido de pessoas amigas e, tenho certeza, bastante "pensantes" - as mensagens anteriores e esta, a respeito dos fatos comentados, preocupado justame nte com a necessidade do debate sobre os parâmetros de convivência (in)civilizada em que estamos metidos.
Além das diversas versões a que teremos acesso, o caso divulgado tomará os seus próprios rumos nos âmbitos policial e judiciário. Mas, e nos âmbitos sociológico, político, econômico, da psicologia social, psicanalítico, com que providências efetivamente a sociedade se importará?Há poucos dias atrás, terminei um livro interessantíssimo a tratar do tema: "A Arte de Rezudir as Cabeças", autoria de Dany Robert Dufour. O cara aborda o declínio do homem "moderno", kantiano e freudiano - crítico e neurótico - na pós-modernidade, com o endeusamento da mercadoria e incentivo à desconsideração aos limites que devemos nos impor nas nossa relações com os outros. Na minha singelíssima opinião, uma boa base para a discussão sobre o tema da violência na atualidade.