sábado, 2 de julho de 2011

O que vem após Itamar

Quem gosta de reclamar da (falta de ) honestidade dos políticos e dos dirigentes de futebol, prepare-se:
o subtituto de Itamar Franco no Senado é Zezé Perrela, o controvertido presidente do Cruzeiro.
Quer saber mais sobre o mais novo senador da República?

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Strauss-Kahn e o julgamento prévio de quem está "do lado de lá"

Ou se trata de uma grande armação do capitalismo internacional para libertar seu representante, ou Dominique Strauss-Kahn (DSK) foi vítima de um golpe. Que a grande mídia tenha corrido para dar manchetes sensacionalistas não é de se admirar. O problema é quando muitos críticos ao modo como a mídia trata figuras públicas (antecipando julgamentos) agiram. bastou dizer que era o chefe do FMI para o cara ser culpado. É verdade que o sujeito tinha antecedentes, mas não se estava discutindo o que ele fez antes, mas se ele havia realmente abusado sexualmente da camareira do hotel novaiorquino.
Contardo Caligaris, em artigo que postei no meu blog (leia aqui) faz toda uma análise do simbolismo que envolveria os atos de Strauss-Kahn.
No fim, parece que não foi exatamente como o noticiado. Porém, atribuir culpa a uma pessoa em função do que ela representa e não do que ela fez é prática comum. Inocentmaos os que estão do nosso lado e culpamos previamente os que estão "do lado de lá".
DSK pode ser culpado de muitas práticas moralmente condenáveis. Pode ser responsável pela série de acordos perversos que os países são obrigados a fazer com o FMI. Porém, saber se ele abusou ou não da camareira depende da investigação do caso concreto.
Espero que esse episódio nos faça pensar melhor antes de julgarmos previamente outras pessoas. Esteja ela do  nosso lado, ou "do lado de lá".

Brasil reduz dependência de recursos externos

O Brasil tem mantido um ritmo acelerado na captação de recursos externos, mas mesmo assim é um dos emergentes que mais reduziram sua dependência em relação ao capital estrangeiro para financiar o setor privado, segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF). Entre 2002 e 2010, a dependência dos recursos internacionais caiu 63% no país. O mesmo fenômeno se deu, em escala mais modesta, em outros países emergentes, como a China.
Essa alteração ocorreu à medida que os empréstimos dos bancos nacionais superaram o fluxo do funding estrangeiro. Em 2010, o saldo líquido de dívidas contraídas no exterior alcançou US$ 323 bilhões, comparado a um crescimento da ordem de US$ 1,9 trilhão nos financiamentos domésticos. Segundo o IIF, a mudança nas fontes de financiamento do setor privado das economias emergentes e “notável".

Fluxo: Brasil é um dos emergentes em que setor privado mais reduziu dependência do exterior

Embora o Brasil venha sendo inundado pelos dólares das captações externas nos últimos anos, é um dos emergentes em que o setor privado mais reduziu sua dependência do capital estrangeiro para se financiar, segundo levantamento do Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês). Entre os países citados pela entidade em relatório, o país merece o maior destaque. De 2002 a 2010, a dependência do recurso internacional do Brasil caiu 63%, muito mais que outros emergentes que também observaram avanços nesse campo. Tal dinâmica se explica pelo fato de o crédito doméstico provido pelos bancos ter crescido numa velocidade maior que a entrada de funding externo. As instituições financeiras também passaram a absorver o fluxo estrangeiro, reforçando sua estrutura de capital e destinando-o ao crédito a empresas e famílias.
Em 2010, o fluxo líquido de dívida feita no exterior alcançou US$ 323 bilhões, comparado a um crescimento da ordem de US$ 1,9 trilhão nos financiamentos domésticos. O IIF classifica a mudança nas fontes de financiamento do setor privado de economias emergentes como "notável".
Em relação ao estoque de crédito doméstico dos bancos, o estoque de dívida externa de propriedade de credores privados caiu 38% entre 1999 e 2010, e, 26% nos últimos três anos, considerando-se amostra com dez emergentes.Para o IIF, a presença de bancos locais capitalizados e com balanços saudáveis contribui para dar robustez ao crescimento do PIB, uma vez que pequenas e médias empresas e famílias são capazes de acessar recursos bancários baratos para se financiar - no caso brasileiro, porém, os custos para o tomador não são exatamente uma barganha, pelo tamanho da taxa básica de juros. De qualquer forma, no Brasil, os bancos locais, com seus balanços bilionários, tiveram papel fundamental no ciclo atual de crescimento do crédito, tendo sido favorecidos pela farta liquidez internacional.
Para se ter uma ideia, o estoque brasileiro de crédito com recursos livres (aqueles sem subsídio público) aumentou quase sete vezes de junho de 2000 a maio de 2011, passando de R$ 169,2 bilhões a R$ 1,18 trilhão. Nesse mesmo intervalo, os saldos de recursos direcionados (com subsídio) se multiplicaram por cinco, a R$ 624,9 bilhão. O crédito total chegou a R$ 1,8 trilhão, e, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), passou de 25,6% para 46,9%. De outro lado, em março, a dívida externa bruta do setor privado brasileiro chegava a US$ 399,9 bilhões, incluindo bancos e empréstimos intercompanhias, em comparação aos US$ 185,3 bilhões de junho de 2003.
O peso relativo dos bancos locais cresceu bastante também na China, segundo o IIF, mas em ritmo mais lento que no Brasil. Já no México, só mais recentemente a importância dos estrangeiros começou a diminuir. Na Polônia, a fatia do capital estrangeiro continua aumentando.
Bancos de países emergentes aumentaram as emissões de títulos no exterior, aproveitando as oportunidades do dinheiro barato. Ainda assim, as novas emissões externas representam menos de 40% do total das emissões de bônus feitas pelos emergentes. No começo de 2007, essa proporção era de 60%, evolução consistente com a ideia de que o "funding" internacional tornou-se menos importante no recente ciclo econômico.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Bolívia reduz pobreza extrema, diz FMI

Renata Giraldi Repórter da Agência Brasil

Brasília - Mais de 1 milhão de bolivianos deixaram a faixa de pobreza extrema no período de 2007 a 2009, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI). A informação foi divulgada ontem (29) pelo chefe da missão do FMI em La Paz, Gabriel Lopetegui. Segundo ele, 37% da população na Bolívia viviam com menos de US$ 1 dólar por dia até 2007 e, em 2009, esses números caíram para 26%.
De acordo com o chefe do FMI, os esforços devem ser mantidos. "O desafio é continuar nesse caminho e essa é a tendência para consolidar ainda mais o combate à pobreza no país”, disse ele. “A implementação de políticas sociais é fundamental para atender às necessidades básicas, a saúde e a educação”, acrescentou. Ele alertou, porém, que apesar dos progressos, 26 de cada 100 bolivianos ainda sobrevivem com menos de US$ 1 dólar por dia.
Lopetegui disse ainda que 11% da população da Bolívia, cerca 1,1 milhão dos 10 milhões de habitantes, saíram da linha de extrema pobreza de 2007 a 2009. Segundo ele, uma das razões dessa mudança foi a adoção de um programa de transferência de renda que beneficia os bolivianos com mais de 60 anos – cerca de 800 mil adultos.
O chefe do FMI na Bolívia disse ainda que houve melhora também nos números referentes às crianças e aos adolescentes em idade escolar. Um dos principais problemas no país era a elevada taxa de abandono. Segundo ele, a ajuda financeira para as famílias que têm estudantes conseguiu reverter a tendência.
Porém, as taxas de analfabetismo no país, conforme dados de 2006, mostram que 27 dos 100 bolivianos e um em cada dois alunos do ensino médio devem ser apontados como analfabetos funcionais, pois não compreendem o que leem. Em 1996, houve registros de que vários alunos repetiram até 13 vezes as primeiras séries primárias.
De acordo com dados do FMI e das agências multilaterais de financiamento, o número de pessoas no mundo que vivem com menos de US$ 1 dólar por dia deve chegar a 880 milhões em 2015. As informações são da agência estatal de notícias da Bolívia, a ABI.

Edição: Graça Adjuto

Ronaldinho Gaúcho: o futebol melhorou, o caráter ainda é o mesmo


Ronaldinho se prepara para mais uma apresentação
 Já publiquei um post sobre a decadência de Ronaldinho Gaúcho. Comentei que, como jogador, já não era o mesmo, mas o principal era a decadência moral do sujeito. Aquele vai e vem com o time da Azenha para, depois, acertar com o Flamengo, foi uma prova de que palavra empenhada não é o forte do rapaz.
Agora, na 6ª rodada do Brasileirão, R10 se destaca por boas atuações e por ser o goleador. Mais magro, Ronaldinho, que é um jogador virtuoso e não desaprendeu a jogar, é superior à média dos jogadores brasileiros. Isso prova que treinamento e ritmo de jogo recuperam um atleta. Já o caráter... esse não se recupera em academias.
Celebridade é isso, apronta um monte, mas bastam algumas boas atuações para que o sujeito se torne exemplo de vida.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Começou o 12º Forum Internacional Software Livre


As centenas de atrações do 12º Fórum Internacional Software Livre começaram oficialmente nesta manhã, a partir das 9h. Até o final da tarde deste sábado, o Centro de Eventos da PUCRS, e, por quê não, Porto Alegre mesmo, é palco de um fluxo de informações e debates sobre neutralidade da rede (o tema deste ano) cultura livre, software livre, tecnologia, e tudo o que estiver relacionado.
Mesmo na primeira hora do Fórum, a movimentação é intensa. O público enfrentou o frio de 8 ºC e lotou as palestras iniciais, além de diversos estandes. Em um dos estandes, um software inusitado dá boas vindas a quem entra no evento. O programador e artista plástico Alexandre Rangel, de Brasília, demonstra um programa de edição de vídeo ao vivo. Com o aplicativo, é possível musicar peças de teatro e apresentações com facilidade e diversos recursos, enquanto elas acontecem.
A distância não é um obstáculo pros amantes e usuários do software livre marcarem presença no fisl. O estudante de Ciências da Computação Felipe Luciani veio direto de Maceió, e esta não é a primeira vez: “É o meu terceiro Fórum. Vim também em 2008 e 2009”. Interessado pela área de desenvolvimento Web e especializado na ferramenta Moodle, ele faz parte da organização do 1º Encontro Alagoano de Software Livre. “Encontrei muitos contatos aqui de encontros nordestinos anteriores de software livre, é muito legal. Ainda não consegui ver tudo, é muita coisa acontecendo ao mesmo tempo”, completa.
Da mesma forma, a presença feminina no Fórum já deixou de ser incomum há muito tempo. Fernanda Diverio, de São Gabriel, é estudante de Sistemas da Informação na Urcamp e participa pela segunda vez do evento. “Me interesso por software livre, acho legal a ideia. Tá massa esse ano, melhor do que no ano passado!”, comemora.
Para quem ainda não fez a incrição, elas podem ser feitas no local, de acordo com a disponibilidade de vagas. Acompanhe a programação para os destaques do dia de hoje e dos próximos.

Bolsonaro se livra de processo no Conselho de Ética da Câmara

São Paulo - O processo disciplinar contra o deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) na Comissão de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Federal foi arquivado nesta quarta-feira (29). Apesar de o relatório prévio do deputado Sérgio Brito (PSC-BA) ser favorável à admissão do caso, dez dos 17 membros presentes votaram contra. Cinco integrantes da comissão estavam ausentes.
A rejeição do relatório teve, como principal argumento, o direito de livre expressão. O deputado Vilson Covatti (PP-RS), colega de partido de Bolsonaro, defendeu que se pode "concordar ou não com as ideias de um parlamentar", mas que é preciso respeitar a posição, porque são defendidas as ideias que o levaram a ser eleito para o mandato. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) sustentou que a Constituição prevê deputados e senadores são "invioláveis, civil e penalmente, por opiniões, palavras e votos".
"Há indícios de que Bolsonaro faz do direito de opinião, sagrado, o direito de agressão e estímulo ao ódio, à discriminação e ao preconceito, o que não tem nada a ver com manifestação de opinião", criticou o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ). Ele considera que Bolsonaro ganhou "aval da Câmara" para ofender minorias.
A representação foi movida pelo PSOL em maio, que acusa Bolsonaro de propagandear posições racistas e preconceituosas contra negros e homossexuais. O bate-boca entre ele e a senadora Marinor Brito (PSOL-PA) também era citada no requerimento.
Ferrenho opositor do Projeto de Lei Complementar (PLC) 122/06, que criminaliza a homofobia, o deputado fez declarações polêmicas em um programa de TV associando pessoas negras à ideia de promiscuidade. Ele alega ter havido um mal entendido. Em relação à discussão, enquanto o PSOL sustenta que a senadora foi ofendida, Bolsonaro alega ter sido ele o ofendido.

Zero Hora terá que restabelecer plano de saúde de empregado portador do vírus HIV

A 5ª Turma do TST não conheceu de recurso em que a empresa Zero Hora Editora Jornalística S. A. contestava decisão que determinou o restabelecimento de plano de saúde a um empregado, após a suspensão do seu contrato de trabalho.
Atuando num dos veículos de mídia impressa da RBS em Santa Catarina - por ser portador de HIV e sofrer de trombose - ele estava afastado do trabalho, por auxílio-doença, desde 12 de maio de 2005. Em 14 de fevereiro de 2007, a empresa cancelou seu nome no plano de saúde empresarial.
Em face da necessidade de realizar consultas e exames, o empregado pleiteou o imediato restabelecimento da assistência médica.
Entre outros argumentos, a empregadora destacou, que pelas regras informadas ao próprio empregado, “a liberalidade em fornecer um plano de saúde aos seus empregados com mais de um ano de empresa cessa após também um ano de concessão”.
Ressaltou que a pretensão deduzida em juízo não tinha previsão legal ou contratual e que o seu acolhimento implicaria afronta constitucional. Argumentou, ainda, que o autor, em gozo do benefício previdenciário, estava assistido pelo sistema público de saúde.
Para o TRT da 12.ª Região (SC), na hipótese de suspensão do contrato de trabalho, as obrigações principais ficam temporariamente suspensas, ou seja, "o empregado fica desobrigado da prestação de serviço e o empregador não paga os salários". Entretanto, ressaltou o TRT-12, a sustação, embora ampla, não pode atingir todos os efeitos do contrato de trabalho.
Conforme o julgado do TRT catarinense, "permanecem incólumes as obrigações acessórias, que têm fundamento no vínculo de emprego, mas não decorrem diretamente da prestação de serviços, como o plano de saúde eventualmente assegurado pelo empregador". O acórdão também afirmou que "o direito do trabalhador de obter assistência médico-hospitalar digna se sobrepõe ao direito do empregador de cancelar unilateralmente o plano de saúde, justamente porque o faz no momento em que o empregado mais necessita do convênio".
A ministra Kátia Magalhães Arruda acresceu, ainda, que a alegada violação do artigo 60 da Lei nº 8.213/91, que dispõe sobre os planos de benefício da Previdência Social, não se configurou, visto que o Regional não decidiu sob o enfoque da mencionada lei – “e nem poderia”, frisou, porque o dispositivo não trata da possibilidade de cancelamento do benefício do convênio de saúde no caso de suspensão do contrato de trabalho.
O advogado Sérgio Gallotti Matias Carlin atua em nome do trabalhador. (RR nº 404800-93.2007.5.12.0036 - com informações do TST e da redação do Espaço Vital).

O notório segredo de FHC

Por Luciano Martins Costa em 28/06/2011 na edição 648, no Observatório da Imprensa

“Filho de repórter da Globo não é de FHC, diz DNA” – o estranho título do texto publicado pela Folha de S.Paulo no domingo (26/6) escancara, sem maiores explicações, um dos mas conhecidos segredos da política e do jornalismo brasileiros.
A história de um filho fora do casamento era uma sombra que caminhava desligada do corpo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, sob cuidadosa proteção da imprensa. O assunto só vinha a público, eventualmente, em comentários veiculados pela internet, em tom de fofoca alimentada por seus desafetos.
Publicada inicialmente na coluna “Radar”, da revista Veja, a história de um exame de paternidade providenciado pelos três filhos de Fernando Henrique com a falecida socióloga Ruth Cardoso traz a público um aspecto da vida do ex-presidente que a imprensa sempre fez questão de manter na privacidade.
A estranheza não está no fato de a imprensa preservar a intimidade da família, mas na diferença com que são tratadas as figuras públicas. Outros episódios envolvendo relações extraconjugais, com ou sem filhos, nunca mereceram dos jornalistas tamanho cuidado.

Caso antigo

A notícia publicada na Folha no domingo afirma que, segundo o exame de DNA, o filho que se supunha ser de Fernando Henrique Cardoso com a jornalista Miriam Dutra, da TV Globo, não é dele. A notícia informa ainda que o ex-presidente reconhecera como seu filho o jovem Tomás Dutra Schmidt, há dois anos, em um cartório da Espanha.
Com o desmentido da paternidade, diz o jornal que ele vai manter o reconhecimento, mas seus herdeiros poderão, no futuro, contestar a decisão e retirar Tomás, que hoje tem 18 anos, da partilha de bens.
A sequência de notas fica ainda mais bizarra na terça-feira (28), com dois registros na coluna “Painel”, ainda na Folha. Diz o texto que no círculo próximo de FHC há quem sempre tenha desconfiado de que Tomás não era filho do ex-presidente. O jornal não explica o que quer dizer o “círculo próximo de FHC” nem esclarece a propósito de que essa informação precisa ser repetida. Aparentemente, a nota foi “plantada” apenas para acrescentar que Fernando Henrique “tem ótimo relacionamento com Tomás”.
Para os observadores mais curiosos, fica a impressão de que o jornal combinou com o personagem os detalhes da notícia, trazendo a público uma história pessoal que era, até então, quase um mito urbano.
Histórias sobre relacionamentos extraconjugais do ex-presidente o acompanham desde sua primeira candidatura ao Senado. A suspeita de que fosse dele o filho da jornalista da Globo deixa agora a categoria de segredo notório para se transformar na fofoca mais sigilosa da República.

Moralidade, entre a imprensa e a política *

A questão da moralidade pública pode afetar o funcionamento das instituições? O comportamento pessoal de governantes e outras autoridades pode influenciar a sociedade?
Em uma reportagem publicada no começo de junho, o jornal O Globo registrava que, nos quase 20 anos de existência da Lei do Colarinho Branco, houve apenas quatro condenações no estado do Rio de Janeiro. Isso é o equivalente a 1% das ações judiciais envolvendo acusações por corrupção.
A apuração feita pelos repórteres Carla Rocha e Fábio Vasconcellos é um caso exemplar do papel que a imprensa pode assumir para cobrar moralidade na vida pública brasileira. E, assim, ajudar a combater os numerosos casos de improbidade administrativa que povoam o país.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Lançamento do Comitê à Memória, à Verdade e à Justiça e entrevista com a ministra Maria do Rosário

O Comitê à Memória, à Verdade e à Justiça do Rio Grande do Sul, lançado nesta segunda-feira (27), na Assembleia Legislativa do RS, tem entre seus objetivos, conforme o Eixo Orientador VI o Direito à Memória e à Verdade do III Plano Nacional de Direitos Humanos, promover a apuração e o esclarecimento público das violações de direitos humanos praticadas no contexto da repressão política ocorrida no país. E também incentivar a formulação de políticas públicas com o objetivo de proporcionar aos jovens e às futuras gerações o pleno conhecimento de nossa história recente.
Estavam presentes a ministra da Secretaria Nacional dos Direitos Humanos, Maria do Rosário; o presidente da ALERGS, deputado Adão Villaverde; o secretário estadual adjunto de Justiça e Direitos Humanos, Miguel Velasquez; a presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, deputada Manuela D’ávila; também prestigiaram o evento ex-presos políticos, familiares de militantes e integrantes de movimentos sociais.
Villaverde destacou a importância desse projeto para a recuperação da memória e como parte de um projeto para a sociedade em que políticas de direitos humanos são fundamentais para que a democracia seja plena. A ministra Maria do Rosário enfatizou a importância dos comitês estaduais não só para que haja sustentação nos movimentos sociais, mas também para que possam apoiar a Comissão Nacional da Verdade que terá um prazo de dois anos para analisar documentos e arquivos para apurar fatos a respeito desse período.
Após o lançamento do comitê e encerramento das atividades, a ministra Maria do Rosário concedeu uma rápida entrevista, respondendo a três perguntas:

Sobre o desafio de avaliar uma grande quantidade de documentos e arquivos em apenas 2 anos.
É um tempo curto. Mas com o apoio da sociedade civil buscando informações poderemos responder ao desafio da sociedade brasileira de fortalecer a democracia, e por isso estamos fomentando a criação dos comitês em todo país.

Como o comitê pode contribuir com políticas públicas para que os jovens tenham conhecimento pleno do que aconteceu na ditadura?
No período anterior, ainda com o presidente Lula e o ministro Paulo Vanucchi foi lançado um cd-rom com material didático sobre o período da ditadura militar. Nosso objetivo é fomentar e ampliar esse material, e assegurar que os educadores de modo geral possam ter uma boa formação relacionada a esse tema não apenas na história, mas várias áreas, para conseguirmos que junto aos alunos isso possa ser veiculado.

Em relação ao conservadorismo e a atos violentos de jovens contra minorias, como isso pode ser modificado para que os jovens usem sua força e energia em causas boas para a sociedade brasileira?
A juventude tem uma grande responsabilidade de promover uma sociedade com justiça e paz, de não se deixar levar exclusivamente pelo consumo de nenhum tipo, inclusive enfrentando o consumo da sua prória condição humana como jovem. Nesse sentido, nós acreditamos que devemos estar sempre fomentando em meio a juventude valores de solidariedade, de ativismo, de compromisso social. Esse é o desafio da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República numa grande rede nacional. Não é simples trabalhar esses aspectos, está no plano da cultura e dos valores. Mas não é possível desistirmos, porque afinal esse é o nosso compromisso com o Brasil.

Tarso e a Previdência Pública


É preciso pensar no Brasil

Excelente o texto do Governador Tarso Genro sobre as mudanças propostas para a previdência pública no RS (leia aqui).
Na conclusão, o governador afirma "A agenda do atual governo remete principalmente para o destino dos direitos conquistados pelos servidores - mantê-los com sustentabilidade - e para uma 'utopia concreta', como diria Ernst Bloch. A utopia de viabilizar os direitos de todos 'aqui e agora': para as próximas décadas. Sem assistir passivamente, como fizeram os socialistas gregos e portugueses, à decadência do Estado capturado por corporativismos subsidiados por toda a sociedade, pelos servidores de salários mais modestos, ou capturado pela tutela do capital financeiro, que transforma o Estado endividado - no momento em que a crise estoura - num ajoelhado devoto das receitas de cortar políticas sociais, salários, aposentadorias e investimentos. "
É esperado da oposiçãoque oponha às propostas do governo. Os fundos fictícios criados por Britto e Yeda não se destinavam à sustentar à previdência. Eram uma invenção para, no futuro, viabilizar o processo de privatização da previdência, através da constituição da previdência complementar. O problema está em as direções sindicais - corporativas, é bom que se diga - taxarem de neoliberal uma proposta que busca garantir a sustentabilidade do regime público de previdência.
Essa incapacidade em diferenciar o que é visão neoliberal de uma visão do papel e das condições do Estado em um mundo em transformação, deixou a esquerda europeia (mesmo que seja uma esquerda meia-boca) amarrada e incapaz de apresentar-se como alternativa consistente, como escreveu Tarso Genro. É bom que se diga que na Europa existem partidos de esquerda radicalizados. Alguns com visões muito semelhantes aos que taxam de neoliberal qualquer proposta diferente do catecismo de uma visão ultrapassada no tempo. Não é essa esquerda que está se aproveitando da crise gerenciada pela social-democracia europeia, mas a direita.
O Brasil vem construindo a ascenção de uma nova classe média. As classes C e B aumentam, baseados no emprego formal. O corporativismo do servidor público expressa-se quando as demandas da categoria sufocam as demandas da sociedade. Não é à toa que a sociedade em geral costuma ser crítica aos servidores e ao que considera privilégios (carga horária e estabilidade, por exemplo). Essa nova classe média, mas não só ela, vai se tornar cada vez mais exigente em relação aos serviços públicos. Enquanto isso, os servidores permanecem olhando para trás. Baseiam-se em discursos doutrinários e encaram o governante como um patrão (caso da presidenta do Cpers). Agindos assim, vão de encontro à sociedade e cavam um fosso cada vez maior entre esta e o servidor público.
Se a esquerda não fizer as reformas do Estado a partir dos seus pressupostos, a direita os fará, ou as mudanças acontecerão de modo incontrolável e contra a maioria.

Os fotógrafos de Picasso


Ainda há bem pouco tempo se falou aqui de Picasso. Durante a pesquisa que fiz para escrever o artigo deparei-me, para além das incontáveis reproduções de obras suas, com diversas fotografias do artista. Se era fotogénico ou se os fotógrafos o procuravam quais paparazzi apenas pela sua celebridade não saberemos nunca, provavelmente. Todavia o que me impressionou foi descobrir entre eles os grandes nomes da fotografia do século XX. Só talvez Cartier-Bresson não o fotografou e, mesmo assim, não tenho a certeza...
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