sexta-feira, 1 de julho de 2011

Brasil reduz dependência de recursos externos

O Brasil tem mantido um ritmo acelerado na captação de recursos externos, mas mesmo assim é um dos emergentes que mais reduziram sua dependência em relação ao capital estrangeiro para financiar o setor privado, segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF). Entre 2002 e 2010, a dependência dos recursos internacionais caiu 63% no país. O mesmo fenômeno se deu, em escala mais modesta, em outros países emergentes, como a China.
Essa alteração ocorreu à medida que os empréstimos dos bancos nacionais superaram o fluxo do funding estrangeiro. Em 2010, o saldo líquido de dívidas contraídas no exterior alcançou US$ 323 bilhões, comparado a um crescimento da ordem de US$ 1,9 trilhão nos financiamentos domésticos. Segundo o IIF, a mudança nas fontes de financiamento do setor privado das economias emergentes e “notável".

Fluxo: Brasil é um dos emergentes em que setor privado mais reduziu dependência do exterior

Embora o Brasil venha sendo inundado pelos dólares das captações externas nos últimos anos, é um dos emergentes em que o setor privado mais reduziu sua dependência do capital estrangeiro para se financiar, segundo levantamento do Instituto Internacional de Finanças (IIF, na sigla em inglês). Entre os países citados pela entidade em relatório, o país merece o maior destaque. De 2002 a 2010, a dependência do recurso internacional do Brasil caiu 63%, muito mais que outros emergentes que também observaram avanços nesse campo. Tal dinâmica se explica pelo fato de o crédito doméstico provido pelos bancos ter crescido numa velocidade maior que a entrada de funding externo. As instituições financeiras também passaram a absorver o fluxo estrangeiro, reforçando sua estrutura de capital e destinando-o ao crédito a empresas e famílias.
Em 2010, o fluxo líquido de dívida feita no exterior alcançou US$ 323 bilhões, comparado a um crescimento da ordem de US$ 1,9 trilhão nos financiamentos domésticos. O IIF classifica a mudança nas fontes de financiamento do setor privado de economias emergentes como "notável".
Em relação ao estoque de crédito doméstico dos bancos, o estoque de dívida externa de propriedade de credores privados caiu 38% entre 1999 e 2010, e, 26% nos últimos três anos, considerando-se amostra com dez emergentes.Para o IIF, a presença de bancos locais capitalizados e com balanços saudáveis contribui para dar robustez ao crescimento do PIB, uma vez que pequenas e médias empresas e famílias são capazes de acessar recursos bancários baratos para se financiar - no caso brasileiro, porém, os custos para o tomador não são exatamente uma barganha, pelo tamanho da taxa básica de juros. De qualquer forma, no Brasil, os bancos locais, com seus balanços bilionários, tiveram papel fundamental no ciclo atual de crescimento do crédito, tendo sido favorecidos pela farta liquidez internacional.
Para se ter uma ideia, o estoque brasileiro de crédito com recursos livres (aqueles sem subsídio público) aumentou quase sete vezes de junho de 2000 a maio de 2011, passando de R$ 169,2 bilhões a R$ 1,18 trilhão. Nesse mesmo intervalo, os saldos de recursos direcionados (com subsídio) se multiplicaram por cinco, a R$ 624,9 bilhão. O crédito total chegou a R$ 1,8 trilhão, e, em relação ao Produto Interno Bruto (PIB), passou de 25,6% para 46,9%. De outro lado, em março, a dívida externa bruta do setor privado brasileiro chegava a US$ 399,9 bilhões, incluindo bancos e empréstimos intercompanhias, em comparação aos US$ 185,3 bilhões de junho de 2003.
O peso relativo dos bancos locais cresceu bastante também na China, segundo o IIF, mas em ritmo mais lento que no Brasil. Já no México, só mais recentemente a importância dos estrangeiros começou a diminuir. Na Polônia, a fatia do capital estrangeiro continua aumentando.
Bancos de países emergentes aumentaram as emissões de títulos no exterior, aproveitando as oportunidades do dinheiro barato. Ainda assim, as novas emissões externas representam menos de 40% do total das emissões de bônus feitas pelos emergentes. No começo de 2007, essa proporção era de 60%, evolução consistente com a ideia de que o "funding" internacional tornou-se menos importante no recente ciclo econômico.

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