Completaram-se 30 anos da abertura do processo contra Adelmo Genro Filho, por "ofensas" ao ex-presidente General Figueiredo. Adelmo foi processado pela então Lei de Segurança Nacional, por ter afirmado que Figueiredo não tinha condições mentais de dirigir o país, após dizer a uma menina que "daria um tiro no coco", caso recebesse o salário mínimo. Ou será que foi porque Figueiredo quis sair no braço contra uma multidão que o vaiou em Florianópolis? Não lembro. Sei que o cara não tinha condições mentais mesmo de dirigir o país e o Adelmo foi processado por dizer isso. Infelizmente, Adelmo morreu cedo de mais. Aos 36 anos, calou-se uma grande força intelecutal da esquerda brasileira.
Hoje, alguns talvez saibam, que Adelmo foi "irmão do Tarso". A verdade é que Adelmo Genro tinha uma estatura intelectual e política própria e independente do irmão. Tivesse tido êxito e se elegido deputado estadual em 1982, pelo PMDB...bem, não cabem conjecturas.
Escrevo para registrar o respeito e admiração por uma das inteligências mais agudas que já conheci, ainda que eu fosse muito garoto e não tivesse a oportunidade de acompanhar com proximidade as aventuras do seu pensamento crítico. Ainda hoje, leio os escritos dele, de vinte ou trinta anos atrás e me admiro com o raciocínio que ele fazia, mesmo no seu período mais "ortodoxo". Mesmo quando ainda se dizia um marxista leninista, Adelmo nunca foi um fundamentalista. Tinha um pensamento corajoso e, embora um tanto prolixo, criativo.
Gente como ele faz falta no Brasil de hoje.