sábado, 29 de dezembro de 2012

Gremistas erguem taça


Tarso Genro critica “má fé” em reportagem de Zero Hora sobre conselheiros de estatais

O governador Tarso Genro enviou nota ao RS Urgente criticando e qualificando como “equivocada” a abordagem feita pelo jornal Zero Hora sobre a remuneração e indicação de conselheiros das estatais. Tarso afirma:
A reportagem parte do pressuposto que as pessoas indicadas para a composição dos conselhos não possuem qualificação para exercer as funções. Além disso, e mais grave, deixa em segundo plano a informação que estes colegiados e a remuneração aos seus integrantes estão previstos em lei e sequer são obra do atual governo. Portanto, não existe nem imoralidade nem ilegalidade, como a matéria deixa a entender. A mera exposição de pessoas e de suas respectivas remunerações, somada à repercussão de formadores de opinião e potencializada nas redes sociais, levou o cidadão a uma leitura parcial sobre o tema.
Cito dois exemplos que sustentam o entendimento de que houve “má fé”, como afirmei em entrevista ao Conversas Cruzadas, na forma de publicação da reportagem: no Facebook de ZH a matéria recebeu a chamada “Conselheiros de Bolsos Cheios”, já a jornalista Letícia Duarte, na premissa que antecedeu sua pergunta sobre o tema no Conversas Cruzadas, disse que o pagamento das remunerações aos conselheiros “soava como escândalo”. Ressalto que a expressão “má fé” foi dirigida à forma de apresentação da reportagem. Os exemplos referidos, como no caso da manifestação da jornalista, são apenas conseqüência.
Este tipo de matéria está muito em voga num certo jornalismo “pós-moderno”, nos dias de hoje: usar uma verdade factual disposta de forma milimétrica para despertar preconceitos e produzir “escândalos”; é uma espécie de “pegadinha” política. Esta reportagem foi excepcionalmente feliz neste objetivo, pois o preconceito foi despertado na voz da própria colega de trabalho do autor da matéria, que já iniciaria tratar a questão como um escândalo de governo.
Na nota, Tarso Genro também explicita quais são os critérios de indicação do governo para a composição destes conselhos no setor público:
São critérios políticos e técnicos. Todas as pessoas indicadas possuem experiência no setor público e estão acostumadas a compor colegiados dentro das estruturas partidárias, sindicais, administrativas, etc. Elas representam o governo dentro dos conselhos e, por isso, possuem a confiança do governador para gerir e fiscalizar, principalmente no que se refere ao vínculo sadio que as empresas estatais devem ter com as políticas públicas. Pessoas com experiências diversificadas são essenciais para o processo de formulação e discussão de idéias. É importante salientar que estas pessoas não substituem os conselheiros técnicos nem os órgãos de controle destas empresas.

Folha de São Paulo e o casamento de Cachoeira: jornalismo ou canalhismo?

Jornalismo à moda de Al Capone 

Leandro Fortes, no Facebook

O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter “enviada especial” a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.
Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira.
Dava ordens na redação da Veja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.
Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.
Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.
Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?
O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.
No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.
Assim, nos informa a Folha:
“Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: ‘Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação dos meus advogados’.”
É um gentleman, esse Cachoeira.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Aborto na visão de Carl Sagan

Em tempos de discussão sobre aborto, cabe ler o que pensava o cientista Carl Sagan.
No encerramento de artigo sobre o tema, o cientista afirma:
"E por que razão, exatamente, deve a respiração (ou a função renal, ou a resistência à doença) justificar protecção legal? Se um feto demonstra que pensa e sente, mas não consegue respirar, será legítimo matá-lo? Damos mais valor à capacidade de respirar do que à de pensar e sentir? Os argumentos de viabilidade não podem, a nosso ver, determinar com coerência quando é que é permissível abortar. É preciso outro critério. Mais uma vez pomos à consideração a proposta de que esse critério seja o do primeiro sinal de pensamento humano."
Leia o artigo completo clicando AQUI.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

15 sites para baixar livros gratuitamente

reprodução
Páginas oferecem títulos para leitura em diferentes plataformas de graça
Publicado em Catraca Livre

Para ampliar a sua experiência de leitura, o Catraca Livre fez uma lista com 15 sites nacionais e internacionais em que é possível baixar  livros e ler online de maneira legal, sem complicações e, o melhor, de graça.
Ler para aprender, ler para expandir a mente, ler para estimular a memória.  Não importa o porquê você dedica tempo para essa atividade, o que vale é aproveitar todos os seus benefícios, seja no papel ou nos modernos leitores digitais.
Confira as opções de leitura gratuita.
1. Universia – Reúne mais de 1000 arquivos, incluindo biografias de cineastas, textos científicos sobre comunicação e clássicos da literatura universal.
2. Open Library – Projeto que pretende catalogar todos os livros publicados no mundo, já tem 1 milhão de títulos disponíveis para download. Podem ser encontrados livros em cerca idiomas.
3. Brasiliana – O site da Universidade de São Paulo (USP) disponibiliza cerca de 3000 mil livros para download de forma legal. Há livros raros e documentos históricos, manuscritos e imagens.
3. Blog Midia8 – Página reúne mais de 200 links de livros sobre comunicação em português, inglês e espanhol para ler online e fazer download.
4. Casa de José de Alencar – A Biblioteca Virtual do site do pai do romance brasileiro disponibiliza para download gratuito 14 de suas obras, incluindo romances e peças de teatro.
5. Read Print – Essa espécie de livraria virtual oferece mais de 8 mil títulos em inglês para estudantes, professores e entusiastas de clássicos.
6. Biblioteca Digital de Obras Raras – O site idealizado pela Universidade de São Paulo (USP) é direcionado a pesquisadores. Oferece mais de 30 obras completas em diferentes idiomas.
7. Portal Domínio Público - Biblioteca virtual criada para divulgar clássicos da literatura mundial, oferece download gratuito de mais de 350 obras. É possível baixar 21 livros de Fernando Pessoa.
8. Saraiva – A rede de livrarias disponibilizou recentemente 148 livros para download em PDF gratuito. O leitor precisa apenas fazer um cadastro e baixar o aplicativo de leitura para ter acesso ás obras.
9. Biblioteca Nacional de Portugal – Entre os destaques do portal está um site dedicado do escritor José Saramago. Nele, estão disponíveis manuscritos do autor.
10. Machado de Assis – Criado pelo MEC, o site do escritor oferece sua obra completa – em pdf ou html – para leitura online. Estão lá crônicas, romances, contos, poesias, peças de teatro, críticas e traduções.
11. Biblioteca Mundial Digital – Oferece milhares documentos históricos de diferentes partes do mundo. Multilingue, o material está disponível para leitura online.
12. Dear Reader – Esse é um clube virtual que envia por e-mail trechos de livros. Após o cadastro, o usuário passa a receber  diariamente um trecho, cerca de dois a três capítulos de livros.
13. eBooks Brasil – Oferece livros eletrônicos gratuitamente em diversos formatos.
14. Projeto Gutenberg – Tem mais de 100 mil livros digitais que podem ser baixados e lidos em diferentes plataformas eletrônicas.
 15.Unesp Aberta - Criado pela reitoria da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita”, o site disponibiliza material pedagógico gratuitamente. Desenvolvidos para os cursos da universidade, o material está aberto s para consulta em diversos formatos.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Walt Disney e Salvador Dalí: "Destino" uma viagem fantástica e surreal

por em 23 de dez de 2012 às 20:35
"Escondido nos Arquivos dos Estúdios Disney, estava um projeto de um curta com a arte de Walter Elias Disney com Salvador Dalí. Em meados dos anos 40, Disney esquematizou com Dalì para promoverem um curta baseado em suas artes surrealistas. Porém Disney não tinha dinheiro o suficiente para continuar, então só foram produzidos 17 segundos do curta original.
Agora, seu sobrinho, Roy Edward Disney, encontrou esse projeto esquecido e o finalizou com a equipe de animação dos Estúdios Disney."
disney dali.jpg
A música "Destino" do compositor Armando Dominguez serviu como base para a criação do curta-metragem animado que uniu duas figuras emblemáticas dos anos 40: o pintor surrealista Salvador Dalí e o animador americano Walt Disney.
Convidado por Disney, Dalí iniciou o projeto que durou nove meses com o animador John Hench. A produção do desenho animado começou em 1945, mas só foi finalizada 58 anos depois, em 2003, devido a uma crise sofrida pelos Estúdios Disney e desencadeada pela Segunda Guerra Mundial. O projeto foi interrompido com apenas 17 segundo finalizados e ficou a cargo de Roy Disney, sobrinho de Walt Disney, a finalização do curta em 2003.
A canção-tema interpretada por Dora Luz, os rascunhos deixados no início do projeto e 15 famosas telas de Dalí foram utilizadas para a finalização da animação. A obra é de tamanha intensidade que podemos ver os traços orgânicos de Dalí se unirem às técnicas de animação de Disney. O resultado é um belíssimo curta-metragem de animação mostrando a história de amor entre Chronos e uma mortal.
Veja abaixo a perceptível a presença dos olhares fantasiosos de Disney e surrealistas de Dalí.


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mochila a prova de bala vira moda

Quando a gente pensa que já viu tudo...
Publicado em O Dia

Depois do massacre na escola dos EUA, vendas do produto crescem até 500%

Estados Unidos -  Depois do massacre na escola primária Sandy Hook, em Connecticut, EUA, dia 14, quando 20 crianças foram mortas, o mercado de mochilas com coletes a prova de balas cresceu drasticamente. As vendas do produto tiveram alta de até 500%, segundo divulgaram empresas ontem.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
O porta-voz da BulletBlocker, Elmar Uy, afirmou que a firma passou a vender 60 unidades por dia. Antes, comercializava 10 por semana.
As mochilas especiais pesam entre 500 e 800 gramas a mais que uma normal. Um colete antibalas, feito de fibra de carbono, fica na parte de trás do produto.
Elas resistem a balas de pistolas de grosso calibre, como Magnum e SIG (usada no massacre).
Para convencer o consumidor a comprar a mochila, a descrição detalhada do produto promete tranquilidade aos pais e dá dicas de como de usá-la apropriadamente.
“Você pode ter certeza de que seu filho estará protegido caso aconteça algo inesperado. A mochila pode ser rapidamente deslocada para a parte da frente do corpo, funcionando como um escudo, enquanto a criança foge do tiroteio”, diz a descrição.

Marisa Monte monta videoclipe com videoclipes dos fãs

Adeus dona Canô, o ventre mais criativo da MPB

Há 35 anos, falecia Charles Chaplin

Charles Chaplin foi um dos maiores artistas que a humanidade já produziu; um gênio como não há outros nos dias de hoje. Reproduzo, abaixo, matéria publicada na FSP, por ocasião dos 30 anos da morte de Chaplin.
"A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe", dizia Charles Chaplin, e 30 anos após sua morte, ainda não há distância suficiente para explicar a dramática trajetória de vida de um dos maiores gênios do humor.
"Este é um momento muito emocionante para mim e as palavras parecem fúteis. Só posso dizer 'obrigado' pela honra de ter sido convidado. Vocês são maravilhosos", disse Chaplin, em lágrimas, quando Hollywood o homenageou em 1972 com um Oscar honorário.
Charles Chaplin morreu há 30 anos, no dia 25 de dezembro de 1977 Chaplin não fez nem ao menos uma crítica ao mundo que o vetou politicamente durante a "caça às bruxas"; era seu retorno após 20 anos de exílio na Europa, e só agradeceu o reconhecimento e o afeto, embora tenha voltado a desprezar a palavra, cuja chegada ao cinema nunca encarou de maneira muito confortável.
"As palavras são poucas. A maior coisa que se pode dizer com elas é 'elefante'", ironizava, tanto que não recorreu a elas até 1935, com "Tempos Modernos" --embora todos falassem no filme, menos ele.
Nascido em Londres no ano de 1889, o pequeno Charles Spencer Chaplin decidiu ser comediante quando, durante uma doença que o manteve de cama por semanas, sua mãe representava o que acontecia na rua para entretê-lo.
De origem muito pobre, a infância britânica de Chaplin foi digna dos mais desesperançados relatos de Charles Dickens e retratada por ele mesmo de maneira indireta no magistral "O Garoto" (1921).
E o que fez Chaplin ser mestre da comédia foi, provavelmente, seu profundo conhecimento do drama e das emoções de sua própria vida, que ficaram registradas em uma filmografia marcada por crianças, por uma cega em "Luzes da Cidade" (1931) e, claro, pelo desamparo de seu imortal vagabundo Carlitos.
Em 1912, o ator se mudou para os Estados Unidos; em 1918, fundou seu próprio estúdio, e sua crescente popularidade --foi o primeiro ator a ser capa da revista "Time", em 1925-- o tornou o maior ícone do cinema mudo.
Mas sua mente atormentada e sua complexa personalidade encontraram inimigos em pouco tempo: os britânicos, por o considerarem traidor, e a crítica, principalmente anos mais tarde, por ofuscar outros fenômenos cômicos da época como Harold Lloyd e Buster Keaton.
Bertrand Tavernier e Jean-Pierre Coursodon escreveram em sua enciclopédia crítica "50 Ans de Cinéma Américain" ("50 Anos de Cinema Americano") que "o lacrimoso humanismo, o tom de choramingação e às vezes de masoquismo (de Chaplin) costumam aliar-se a um simplismo mais que irritante".
A tudo isso, os autores acrescentaram a fama de intratável de Chaplin: "Como todos os megalômanos, desprezava tudo o que não tivesse sido criado por ele mesmo (fotografia, cenografia). Em vez de se servir desses elementos, os considerava como outros tantos obstáculos que estavam entre ele e sua criação".
Por isso, suas obras mais amargas parecem mais distantes do encantamento do chapéu, do bigode e dos sapatos grandes de filmes como "Em Busca do Ouro" (1925). Nelas, captou o comediante obscuro e a incompreensão pessoal e ideológica à qual a opinião pública americana o submeteu.
Assim, "Monsieur Verdoux'"(1947) --a última aparição de Charlot-- e "Luzes da Ribalta" (1952) retomaram a sua filmografia enquanto se revelavam os segredos polêmicos e trágicos do gênio que, ao promover esta última produção no Reino Unido, não pôde voltar aos EUA.
Suas inclinações políticas se chocaram contra o Comitê de Atividades Antiamericanas --que enxergou conteúdos comunistas em "Tempos Modernos" e "O Grande Ditador" (1940)-- e seus casamentos, sempre com mulheres bem mais novas do que ele, o tornaram persona non grata para a moral da época.
A biografia "Tramp: The Life of Charlie Chaplin" ("Vagabundo: A Vida de Charlie Chaplin"), de Joyce Milton, garante que o escritor Vladimir Nabokov se inspirou nele para criar sua obra-prima "Lolita".
Chaplin rodou na Inglaterra "Um Rei em Nova York" (1957) e "A Condessa de Hong Kong" (1967), fracasso de crítica e público.
Hollywood reparou seu erro na década de setenta e, além da citada homenagem honorária, deu a Chaplin um novo prêmio pela música que ele compôs para "Luzes da Ribalta", que nunca havia estreado em Los Angeles até então.
Chaplin morreu enquanto dormia aos 88 anos na madrugada de 25 de dezembro de 1977, na localidade suíça de Vevey, mas seu corpo ainda sofreu um último revés tragicômico: foi roubado do cemitério local em março de 1978 e só foi encontrado pela Polícia mais de dois meses depois.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Tio Patinhas do Paraná (Álvaro Dias) há anos esconde sua fortuna

Senador tucano Álvaro Dias acumulou e escondeu um patrimônio milionário, agindo como o personagem das histórias em quadrinhos; valor decorrente da suposta venda de uma fazenda não foi declarado à Justiça Eleitoral; eram mais de R$ 6 milhões e com esses recursos ele construiu cinco mansões em Brasília, avaliadas em R$ 16 milhões; hoje, é este o valor demandado pela filha que ele não quis reconhecer

Tio Patinhas, o personagem das histórias em quadrinhos criado por Walt Disney, era milionário, mas detestava ostentar sinais exteriores de riqueza. Pegava mal. Por isso mesmo, todas as suas moedinhas eram escondidas nos cofres de suas residências. Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, é também uma espécie de Tio Patinhas do parlamento brasileiro. Sua fortuna, questionável para alguém que vive há décadas da atividade política, vem sendo escondida há muito tempo.

O motivo para a omissão remonta à campanha eleitoral de 1994, quando Dias concorreu ao governo do Paraná e foi derrotado por Jaime Lerner. Naquele ano, o último programa eleitoral foi tomado pela denúncia de que Dias não pagava pensão à filha decorrente do relacionamento com Mônica Magdalena Alves – um tiro mortal em sua candidatura.

Dias perdeu aquela eleição, mas, em 2006, elegeu-se para o Senado, declarando à Justiça eleitoral possuir um patrimônio de R$ 1,9 milhão. Era mentira. Em 2009, a revista Época, da editora Globo, descobriu que Dias possuía, desde 2002, aplicações financeiras de R$ 6 milhões, supostamente decorrentes da venda de uma fazenda no Paraná. Confira abaixo:

 
Omissão milionária


O senador Álvaro Dias, um dos que mais cobram transparência, não declarou R$ 6 milhões à Justiça - MATHEUS LEITÃO.


R) é um dos que mais usam o palanque para exigir transparência do governo e de seus adversários. Mas, quando o assunto são suas próprias contas, ele não demonstra ter os cuidados que tanto cobra. Em 2006, Dias informou à Justiça Eleitoral que tinha um patrimônio de R$ 1,9 milhão dividido em 15 imóveis: apartamentos, fazendas e lotes em Brasília e no Paraná. O patrimônio de Dias, no entanto, era pelo menos quatro vezes maior. Ele tinha outros R$ 6 milhões em aplicações financeiras.

O saldo das contas não declaradas de Álvaro Dias foi mostrado a ÉPOCA pelo próprio senador, inadvertidamente, quando a revista perguntou sobre quatro bens em nome da empresa ADTrade, de sua propriedade, que não apareciam em sua declaração à Justiça Eleitoral. Para explicar, ele abriu seu sigilo fiscal. Ali, constavam os valores das aplicações.

A omissão desses dados à Justiça Eleitoral é questionável, mas não pode ser considerada ilegal. A lei determina apenas que o candidato declare “bens”. Na interpretação conveniente, a lei não exige que o candidato declare “direitos”, como contas bancárias e aplicações em fundos de investimento.
No Congresso, vários parlamentares listam suas contas e aplicações aos tribunais eleitorais, inclusive o irmão de Álvaro, o também senador Osmar Dias (PDT-PR). Osmar declarou mais de R$ 500 mil em aplicações e poupanças. Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) listou quase R$ 150 mil depositados.
Francisco Dornelles (PP-RJ) informou R$ 1,5 milhão em fundos de investimento. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), atual alvo de uma série de denúncias, declarou quase R$ 3 milhões da mesma forma. Há poucos dias, Sarney foi denunciado por não ter informado à Justiça Eleitoral a respeito da casa que mora em Brasília.
Na interpretação de dois dos maiores especialistas de Direito eleitoral, Fernando Neves e Eduardo Alckmin, o espírito da lei é de transparência: “É conveniente que o político declare contas bancárias e aplicações financeiras para que o eleitor possa comparar o patrimônio no início e no fim do mandato”, diz Neves. “Não há irregularidade, mas é importante para evitar confusões no caso de um acréscimo patrimonial durante o mandato”, afirma Alckmin.

Álvaro Dias diz que o dinheiro não consta em sua declaração porque queria se preservar. “Não houve má intenção”, afirma. Em conversas reservadas, ele tem dito que o objetivo da omissão era manter a segurança de familiares.
O dinheiro não declarado de Álvaro Dias, segundo ele, é fruto da venda de uma fazenda de 36 hectares em Maringá, Paraná, por R$ 5,3 milhões. As terras, presente de seu pai, foram vendidas em 2002. O dinheiro rendeu em aplicações, até que, em 2007, Álvaro Dias comprou um terreno no Setor de Mansões Dom Bosco, em Brasília, uma das áreas mais valorizadas da capital. No local, estão sendo construídas cinco casas, cada uma avaliada em cerca de R$ 3 milhões.
Quando as casas forem vendidas, o patrimônio de Álvaro Dias crescerá ainda mais. Nada ilegal. Mas, a bem da transparência, não custa declarar.
Naquela reportagem, Álvaro Dias dizia que não houve "má intenção" na sua omissão. E antecipou até seus futuros investimentos. Disse que construiria cinco casas no Setor de Mansões Dom Bosco, uma área nobre do Distrito Federal. Hoje, estas cinco casas valem R$ 16 milhões. Foram vendidas e a sua filha não reconhecida reivindica seu quinhão na transação. O líder tucano, por sua vez, afirma ser vítima de "chantagem".

São Francisco de Assis, o homem que criou o presépio

Entre tanta porcaria que a Globo exibe, achei essa matéria sobre a cidade de Assis, na Itália e seu patrimônio cultural. Muito interessante.

Conheça a cidade onde foi montado primeiro presépio do mundo

Assis é a terra de São Francisco. Para comemorar o Natal, os 50 frades lançaram o primeiro filme em 3D da história da Igreja.

Ilze Scamparini Assis,Itália,publicado no G1

Poucos lugares no mundo possuem uma combinação de beleza, arte e um santo nativo da popularidade de São Francisco (santo que inventou o presépio), como Assis, cidade medieval da Umbria, no centro da Itália.
Entre colinas e bosques, uma arquitetura íntegra ajuda a divulgar a existência do homem que tantos artistas prestaram homenagens. “Temos dez mil metros quadrados de afrescos”, conta o Frei Egídio Canil.
No santuário de fachada simples, em pedra branca, duas igrejas estão superpostas. Da entrada da basílica inferior é possível subir as escadarias para chegar ao mais essencial templo franciscano, que ficou pronto em 1253. Um dos primeiros edifícios góticos da Itália, onde a pintura genial, da segunda metade do século 13 deixou um patrimônio extraordinário.

Na basílica superior, a história do santo que renunciou à riqueza, foi contada pelo pintor Giotto e os seus discípulos. Nas duas paredes laterais, cada um dos afrescos narra uma passagem importante da vida de Francisco de Assis, como sua escolha pela pobreza, quando ele se despiu das suas vestes e decidiu deixar para trás as festas e a família de comerciantes prósperos.
A aprovação do papa Inocêncio III para a fundação da ordem Franciscana, também está na basílica. Tudo é contado em 28 afrescos. A viagem de Francisco ao Egito, a doação do seu manto a um homem pobre.
As figuras humanas são colocadas em paisagens reais. Em uma passagem definitiva na arte figurativa do estilo românico bizantino para o renascimento que Giotto antecipou. Ele revolucionou a pintura. Trouxe cor e principalmente a perspectiva. Com ele o homem vem representado não mais estático e sem fundo, mas posto no ambiente em que vive. Isso deu origem também ao humanismo.
Sobre o túmulo de Francisco são 2.200 metros quadrados só de Giotto, nenhum museu do mundo possui isso. Sobre a tumba do santo foram erguidas as duas igrejas decoradas por vários artistas.
Para comemorar o natal franciscano, e valorizar aquele que foi o maior pintor do seu tempo, os 50 frades do Santuário de Assis lançaram o primeiro filme em terceira dimensão da história da Igreja. A pintura de Giotto aparece ainda mais forte, com mais espaço e volume. Os rostos estão mais realistas.
Em uma pequena capela, Frei Marcelo Daga monta o presépio franciscano com peças feitas por ele em papel machê e pena de galinha. O cenário mistura o Oriente Médio à paisagem italiana. Entre Maria, José e o menino Jesus, estão São Francisco e um lobo, símbolo do amor fraterno que o santo, que inventou o presépio, dedicou aos animais.
São Francisco morreu em 1226, aos 44 anos. Dois anos depois foi proclamado santo pelo Vaticano, num dos processos de canonização mais rápidos da história da Igreja. Assis, há oito séculos, tornou-se uma das metas mais importantes da peregrinação dos cristãos.

Memória: Como os 'Arquivos do Terror' revelaram detalhes da Operação Condor


Vinte anos atrás, o advogado paraguaio Martín Almada recebeu informações que mudaram a sua vida e ajudaram a lançar luz sobre a Operação Condor, ação coordenada entre exércitos das antigas ditaduras sul-americanas.
Almada vinha há anos buscando documentos que o ajudassem a provar que ele próprio havia sido torturado pela ditadura do general Alfredo Stroessner, nos anos 1970, e que sua mulher havia sido forçada a escutar a tortura.
Mas só três anos depois da queda de Stroessner é que, em uma conversa telefônica, uma mulher lhe informou onde encontrar esses arquivos.
"Ela me desenhou um mapa e disse que confiava que eu agiria", lembra Almada.
Em questão de dias, Almada e seu colega José Agustín Fernández viajaram ao local indicado: uma delegacia de polícia nos arredores de Assunção.
"Era uma delegacia completamente normal", conta o advogado. "(Mas) nos fundos havia um edifício com uma enorme montanha de papéis."

'Arquivos do Terror'

Eram cerca de 700 mil documentos sobre as atividades da polícia secreta paraguaia ao longo de mais de três décadas. Os papéis descobertos em 1992 ficaram conhecidos como os "Arquivos do Terror".
Para Almada, os papéis serviriam para comprovar suas experiências como prisioneiro no Paraguai entre 1974 e 1977.
"Foi como uma explosão de memória", afirma. "Senti que cada pasta que abríamos nos ajudaria a voltar ao passado e a entender o regime de terror em que vivemos. Cada documento revelava terror e tragédia."
Stroessner governou o Paraguai por 35 anos, com a ajuda do Exército e de uma polícia secreta, após tomar o poder em 1954.
Usando uma rede de informantes, as autoridades sob seu mando perseguiam qualquer paraguaio considerado subversivo.

Calcanhar de Aquiles

A polícia secreta era liderada pelo temido Pastor Coronel, que, segundo relatos, teria agido como torturador em alguns casos. Mas ele tinha um calcanhar de Aquiles: sua obsessão por documentos em ordem.
Seus subordinados cuidadosamente registravam cada prisão, interrogatório e movimento de suspeitos. Também faziam centenas de gravações e fotos de encontros de ativistas da oposição.
Os Arquivos do Terror, que foram liberados ao público em 2009, no governo de Fernando Lugo, contém fotos até de funerais e casamentos.
Foto de arquivo de Alfredo Stroessner; general governou Paraguai por três décadas


Almada entrou na mira da polícia secreta no início dos anos 1970, quando ele e sua mulher, Celestina, trabalhavam como professores em uma escola perto de Assunção. Esquerdistas, eles protestavam por aumentos salariais e mudanças no currículo escolar.
Uma noite, ele foi preso. Após 30 dias de interrogatórios, Almada foi oficialmente classificado como "intelectual terrorista" e enviado à prisão de Emboscada, onde ficou durante três anos.
Celestina morreu pouco depois, em aparente suicídio. Almada acredita que ela morreu depois de ter sido forçada a escutar as sessões de tortura a que ele foi submetido. Acha que ela foi levada a crer que ele tinha morrido.
Ele procurou as gravações nos Arquivos do Terror, na expectativa de encontrar provas de que a polícia contactou sua mulher. Mas não achou nada que explicasse a morte de Celestina.

Operação Condor

Mas encontrou respostas para outras questões importantes.
Na prisão, ele conhecera prisioneiros de outros países sul-americanos, que conversavam sobre uma operação secreta envolvendo ditaduras da região, inteligência conjunta e devolução de prisioneiros políticos a seus países. O codinome parecia ser Condor.
Nos arquivos, Almada e Fernández encontraram um documento vital. Marcado "top secret", tratava-se de um convite do chefe da polícia secreta chilena a seu par paraguaio, para a reunião de fundação da Operação Condor, em Santiago, em 25 de novembro de 1975.
"É um documento crucial", opina Andrew Nickson, acadêmico britânico que trabalhou para a Anistia Internacional no Paraguai.
Graças ao convite e a outros papéis do arquivo, pode-se saber que Paraguai, Chile, Argentina e Uruguai foram os membros-fundadores da Operação Condor. Brasil e Bolívia se uniram ao projeto em seguida.
A operação tinha um sistema secreto de comunicação, através de bases militares americanas no canal do Panamá, que lhes permitiu criar um banco de dados de suspeitos para encontrá-los com rapidez.
Para John Dinges, autor do livro "Os Anos do Condor", os Arquivos do Terror - junto com documentos que os EUA liberaram a respeito de Chile e Argentina, disponíveis no National Security Archive em Washington - lançaram luz sobre o modus operandi das forças de segurança sul-americanas da época.
"Sem eles, as investigações em todos os países teriam tido que se basear praticamente só em relatos de vítimas e em poucas fontes militares que vieram a público", diz.

Pinochet

As provas coletadas por Almada colaboraram para as tentativas de indiciar o general chileno Augusto Pinochet entre 1998 e 2006. Os arquivos também foram usados em diversos casos de direitos humanos na Argentina e no Chile.
No Paraguai, após o retorno da democracia, alguns acusados foram a julgamento por tortura, mas a maioria dos comandantes associados ao regime militar permaneceu livre.
Ainda assim, Almada acredita ter tido a última palavra.
"Quando eu estava algemado, costumava dizer a eles que o mundo estava mudando lentamente e que cedo ou tarde a democracia viria, e eu teria um papel importante. Claro que eu estava inventando, e duvido que tenham acreditado. Mas, de certa forma, virou realidade."
Martín Almada foi entrevistado pelo programa Witness, do Serviço Mundial da BBC, que conta a história através dos olhos de quem a viveu

domingo, 23 de dezembro de 2012

Filha condena Álvaro Dias em caso de R$ 16 milhões

247 - A imagem que ilustra este texto é o retrato do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), um parlamentar que se especializou em apontar o dedo para os outros. Até recentemente, esse papel era exercido pelo ex-senador Demóstenes Torres, que caiu quando foram descobertas suas relações promíscuas com o bicheiro Carlos Cachoeira. Com Demóstenes fora do jogo, o papel foi assumido por Álvaro Dias.
Recentemente, o senador tucano pediu a abertura de uma CPI para investigar o chamado Rosegate, sobre a secretária Rosemary Noronha. "É um escândalo de baixo nível, que expõe a postura descabida de quem preside o país, antes e agora", disse ele, que chegou a propor a coleta de assinaturas para a instalação de uma comissão sobre o caso.
Agora, no entanto, é Álvaro Dias quem está na defensiva. Ele foi condenado pela Justiça por não ter pago pensão a uma filha fruto de relacionamento extraconjugal com funcionária pública. A ação judicial pede ainda a anulação da venda de cinco casas em Brasília avaliadas em R$ 16 milhões – patrimônio relativamente alto para alguém que vive apenas da atividade política.
Ouvido pelo jornalista Claudio Humberto, Dias disse estar sendo alvo de "chantagem". Leia, abaixo, as notas na coluna de CH: 
Senador é réu por pensão e  abandono afetivo
Habituado ao ataque, o senador Álvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado, agora está na defensiva: foi condenado na Justiça pelo não pagamento de pensão a uma filha – ainda menor de idade – fruto de seu relacionamento com a funcionária pública Monica Magdalena Alves. O tucano responde a processos, em segredo de justiça, por abandono afetivo e corre risco de ter o seu patrimônio bloqueado.
Pensão paga
Álvaro Dias ficou indignado com a ação judicial contra ele. Conta inclusive que só de pensão paga dez salários mínimos por mês.
Nulidade
Em um dos processos, a filha do senador Álvaro Dias pede anulação da venda de cinco casas dele, no valor de R$ 16 milhões, em Brasília.
Chantagem
Álvaro Dias considera que tem cumprido seu dever de pai “rigorosamente”, o que o leva a concluir: “Isso é chantagem”

Augusto Nunes desce cada vez mais na escala do jornalismo de esgoto

Quando a gente pensa que o Reinaldo Azevedo já garantiu o posto de energúmeno-mor do jornalismo de esgoto, eis que chega Augusto Nunes e nos surpreende com mais baixaria. A foto abaixo, ilustrando o título de sua coluna (o original pode ser visto AQUI), é um exemplo da baixa qualidade jornalística e de caráter desse senhor. Lamentável, enojante, repulsivo.


Comida no lixo: "O grande desperdício"

Enquanto alguns passam fome no globo, os países ricos desperdiçam alimentos. (Thomas Kern)
Por Gaby Ochsenbein, swissinfo.ch

Cerca de um terço de todos os alimentos produzidos se perdem entre os campos de plantação e o consumo.Também na Suíça toneladas de comida terminam no lixo. O cientista ambiental Claudio Beretta considera essa situação um problema e pede que as autoridades tomem providências.
Na Suíça existem apenas estimativas de quanto se perde de comida, pois números exatos não existem. Claudio Beretta, assistente de pesquisa na Escola Politécnica de Zurique (ETH, na sigla em alemão), entrevistou 43 empresas do setor alimentício e também utilizou bancos de dados internacionais.

Conclusão: como em outros países industrializados, aproximadamente 30% das mercadorias disponíveis se perdem em toda a cadeia alimentar. Quase a metade disso é jogada fora pelo próprio consumidor.

swissinfo.ch: Cem anos atrás os lares suíços gastavam entre 40 e 50% da renda para se alimentar. Hoje essa proporção caiu para 6 a 8%. Será que os alimentos não se tornaram baratos demais ou perderam o seu valor intrínseco? 

Claudio Beretta: Essa é certamente uma razão importante. Porém nos países em desenvolvimento as pessoas não podem se dar ao luxo de comprar mais do que elas precisam concretamente.

Porém existem diferentes abordagens, quando se discute se os alimentos estão baratos ou não. Seguramente temos um problema, pois os custos ambientais não estão incluídos nos preços da produção de alimentos,  senão eles seriam muito mais caros.

Quando você considera quanto de recurso e trabalho é consumido para levar os alimentos ao prato, é lamentável ver o quanto se desperdiça nos lares.

swissinfo.ch: Não apenas alimentos estragados são jogados fora, mas também aqueles que ainda poderiam ser utilizados. Por que isso acontece? 

C.B.: O fato é que muitos consumidores não são capazes de julgar se os alimentos ainda são consumíveis ou não. Eles se atêm somente à data de validade dos produtos. Isso é problemático, pois muitos alimentos continuam bons mesmo após a passagem do prazo de validade.

Muitos consumidores confundem a data de validade e a data de consumo: a data de validade trata-se apenas de um prazo em que o produtor garante a melhor qualidade do produto, mas não tem nada a ver com o fato de saber se o seu consumo após essa data seria problemático para a saúde humana. As pessoas deveriam reaprender a confiar mais nos seus próprios sentidos.

swissinfo.ch: Não apenas o comércio e consumidores provocam lixo, mas também o próprio agricultor. Ele seleciona os seus produtos segundo o tamanho, forma, peso e cor, retirando aqueles que não correspondem à qualidade desejada. Porém será que isso corresponde às necessidades do consumidor? 

C.B.: Essa questão não é fácil de responder. Será que a mercadoria foi retirada do sortimento e, dessa forma, o consumidor não tem a escolha de poder comprar uma cenoura torta? Ou esse consumidor deixa a cenoura torta na prateleira, o que faz com que não valha a pena para o supermercado disponibilizar aos clientes esse produto?

Em todo caso, essas exigências estéticas são um resultado do nosso elevado nível de prosperidade. Infelizmente muitos consumidores se esqueceram de avaliar a verdadeira qualidade dos alimentos.

Avaliações incorretas dos alimentos são uma preocupação, especialmente em termos de eficiência de toda a cadeia alimentar e os prejuízos decorrentes, assim como o fato de que muitos alimentos saudáveis acabam não sendo consumidos.

As exigências de qualidade são certamente exageradas, quando você leva em conta que um sétimo da população mundial está permanentemente subnutrida.

swissinfo.ch: Como você vê a relação entre o desperdício nos países industrializados e a pobreza no sul do globo? 

C.B.: Eu vejo duas importantes ligações: entre 40 e 50% dos alimentos, consumimos por nós na Suíça, são importados em parte de países que vivem a fome. Quanto maior a procura, mais faltam alimentos nesses locais onde eles são escassos.

A segunda ligação vejo nos preços no mercado mundial: quanto maior a procura por alimentos nos países industrializados, mais aumentam os preços. A consequência é que muitas pessoas já não se podem se dar o luxo de absorver o suficiente de calorias e nutrientes.

swissinfo.ch: O que precisa acontecer para que os alimentos produzidos sejam mais bem distribuídos? 

C.B.: Eu vejo o problema original na distribuição totalmente desigual do poder de compra. Ricos utilizam alimentos como combustível para veículos, enquanto pobres não têm suficiente dinheiro para atender às suas necessidades mais básicas.

Enquanto existir esse desiquilíbrio dos recursos financeiros, alimentos básicos deveriam ser vendidos no mercado mundial a preços reduzidos. Não deve haver concorrência entre alimentos que são utilizados para a produção de energia e os que são comidos.

swissinfo.ch: Na luta contra o desperdício de alimentos, a ONU e a União Europeia reivindicam a criação de uma plataforma única de comércio. Que medidas podem ser tomadas contra o desperdício? 

C.B.: A principal lição que aprendi é que os atores na cadeia alimentar desempenham um papel e o maior desperdício é a soma de muitos pequenos problemas. São necessárias muitas e diversas medidas. É preciso alcançar cada ator e para isso é necessário meios individuais de comunicação e muito tempo.

Importante também é a educação: é preciso combinar as lições de administração de orçamento caseiro com questões ambientais. Assim cresce a consciência de que as pequenas decisões do cotidiano funcionam como uma alavanca.

swissinfo.ch: O que você espera da classe política? 

C.B.: Que ela crie boas condições, especialmente no setor de educação. Ela determina a reutilização dos alimentos que não são consumidos pelos seres humanos.

O importante é que essas diretrizes sejam trabalhadas com critérios científicos. Isso vale também para as datas de validade e consumo. Elas devem ser regulamentadas de forma padronizada, não colocando em risco a segurança dos alimentos mem provocar desperdício através de cuidados desproporcionais.

Um ponto central é a sensibilização dos consumidores e que, ao final, são os atores que têm a decisão de comprar algo ou não.
Gaby Ochsenbein, swissinfo.ch
Adaptação: Alexander Thoele