Hoje, 24 de agosto, lembramos a morte de
Getúlio Vargas, em 1954. O suicídio de Getúlio provocou comoção nunca vista e teve como efeito imediato, adiar o golpe que se tramava contra o nacionalismo getulista. O golpe veio dez anos mais tarde, mas o outro efeito do suicídio do Presidente foi torná-lo uma figura imortal na história e no imaginário político brasileiro.
Falei sobre a primeira morte de Getúlio porque FHC, quando presidente, decretou o "fim da Era Vargas". Ou seja, o tucano abandonou qualquer verniz nacionalista, classificado como atrasado e jogou o Brasil na aventura neoliberal. O país quase quebrou, junto com os inspiradores do mito do estado mínimo. O que acabou rapidamente, como uma tragicomédia, foi a era FHC.
O fato é que há ideias que não morrem totalmente. Não sou getulista, mas é inegável o alcance histórico de seus governos. Em sua primeira longa gestão (1930/45), autoritária e com inclinações fascistizantes, estabeleceram-se as bases de um estado brasileiro unificado, o Estado Novo, contraponto à visão das elites paulistas. Em sua segunda gestão, aí sob a égide da democracia, ainda que com limites, a força do nacionalismo getulista contrastou com os apelos pró-americanos de seus adversários, principalmente os entreguistas e falso-moralistas da UDN.
É incrível como, passado tanto tempo, certos debates se mantém e certas posturas políticas se reciclam para permanecerem iguais. O udenismo tucano-pefelista,(DEM) que comemorou prematuramente o fim da Era Vargas, continua atacando. Porém, a resposta que tem encontrado não é o suicídio de um estadista, mas o sisolamento diante da opinião pública.
Devagarinho e, às vezes, imperceptivelmente a olho nu, algumas coisas têm mudado no Brasil.
Espero que a mudança prossiga.