sábado, 13 de abril de 2013

Pastor Adelio entrevista Rafinha Bastos

Show da Fé permanece na Band por 10 milhões anuais, diz jornal

Show da Fé permanece na Band por 10 milhões anuais, diz jornal
O missionário R.R. Soares aceitou pagar R$2 milhões a mais para não perder a programação
por Leiliane Roberta Lopes

Contrariando todas as previsões de que o programa Show da Fé sairia do horário nobre da Band, a emissora deu sequência às negociações e irá renovar o contrato com o missionário R.R. Soares, segundo informa a Folha de São Paulo.
Para conseguir continuar exibindo o programa religioso com uma hora de duração diária, o líder da Igreja Internacional da Graça de Deus teria aceitado o reajuste de R$2 milhões, passando a pagar R$10 milhões para a Band (valor anual).
O aumento de 30% no faturamento da emissora em 2012 chegou a ser comemorado por alguns diretores que estariam dispostos a dispensar R.R. Soares para ocupar a faixa nobre com uma programação própria.
Porém a Band não poderia perder um valor tão alto, já que o aluguel do Show da Fé é o mais caro da TV aberta. Para se ter uma ideia, o que o missionário paga se refere a dez ações de merchandising especiais, que são as mais caras, no programa Pânico, que é a atração de maior audiência da emissora.

Hey Jude

Donos de Cori, Emme e Luigi Bertolli terão que explicar escravidão na Assembléia Legislativa de SP

Diretores do grupo GEP, que também representa a marca GAP no Brasil, terão que prestar esclarecimentos à Comissão de Direitos Humanos por flagrante de escravidão
Por Guilherme Zocchio Repórter Brasil
Os diretores da empresa GEP, que detém as marcas Cori, Emme, Luigi Bertolli e que representa a grife internacional GAP no Brasil, terão que prestar esclarecimentos, na próxima quarta-feira (17), à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), devido ao flagrante de trabalho escravo na confecção de roupas que comercializam. A audiência, prevista para as 14h30 no Plenário José Bonifácio, foi convocada pelo deputado estadual Carlos Bezerra Jr. (PSDB), vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos e propositor da lei paulista contra a escravidão.
Fiscalização do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e do Ministério Público do Trabalho (MPT) resgatou, em 22 de março, 28 imigrantes bolivianos costurando peças para o grupo GEP em condições análogas às de escravo, numa oficina têxtil clandestina na zona leste de São Paulo. Os resgatados cumpriam jornadas exaustivas, acumulavam dívidas e estavam sujeitos a condições degradantes, por problemas de segurança e higiene no interior do estabelecimento.
As vítimas trabalhavam das 7h às 18h, de segunda-feira à sexta-feira. Aos sábados, cuidavam da limpeza e manutenção da oficina. “Quanto mais peças costurarmos, mais dinheiro ganhamos, então preferimos não parar”, afirmou um dos trabalhadores na ocasião. Aliciados na Bolívia, alguns dos imigrantes já começavam a trabalhar endividados, porque eram obrigados a pagar os custos de transporte e entrada no Brasil. Mesmo os que administravam a oficina tinham dívidas com empréstimos para a compra de novas máquinas e contratação de mais costureiros.
Ao todo, 28 trabalhadores foram resgatados em condições consideradas degradantes pela fiscalização
Interior da oficina onde foram encontrados os trabalhadores escravizados (Foto: Anali Dupré)

Entre os problemas detectados na oficina clandestina estavam desde questões de segurança, incluindo extintores de incêndio vencidos, fiação exposta e botijões de gás em locais inapropriados, com risco agravado pela concentração materiais inflamáveis, até problemas relativos às condições de alojamento. Os resgatados viviam em quartos adaptados. Além disso, alimentos foram encontrados armazenados junto com produtos de limpeza e ração de cachorros.
Contato
Desde que o flagrante aconteceu, a Repórter Brasil  vem tentando obter um posicionamento da GAP internacional sobre o flagrante de trabalho escravo na empresa escolhida para representar o grupo no país. Após contato com os escritórios da multinacional em Londres, no Reino Unido, e em São Francisco, nos EUA, a reportagem recebeu a orientação de contatar os representantes da própria GEP, que, por sua vez, já haviam se posicionado anteriormente no sentido de negar a redução de trabalhadores à escravidão. A GEP responsabilizou seus fornecedores e alegou que “repudia com veemência toda prática de trabalho irregular”. A grife internacional GAP não se posicionou sobre o caso até o momento.
Esta é a quarta convocação da Comissão de Direitos Humanos para esclarecer crimes da exploração de mão de obra escrava. A grife espanhola Zara, a Racional Construtora, responsabilizada pelo caso de escravidão em obras do Hospital Oswaldo Cruz na região da Avenida Paulista, em São Paulo, e representantes do programa “Minha Casa, Minha Vida”, do governo federal, já foram chamadas à Alesp em outras ocasiões. O estado de São Paulo recentemente promulgou a lei 14.946/2013, conhecida como “lei paulista contra a escravidão”, norma que cassa o ICMS de empresas envolvidas com trabalho escravo, e proposta pelo parlamentar Carlos Bezerra Jr.

Pastor Adelio e o Ativismo Gay

Ministro Luiz Fux cancela jantar bancado por advogado

Ministro Luiz Fux e advogado Sergio Bermudes
Ministro Luiz Fux e advogado Sergio Bermudes
MÔNICA BERGAMO COLUNISTA DA FOLHA MARCO ANTÔNIO MARTINS  DO RIO
O ministro Luiz Fux, do STF (Supremo Tribunal Federal), pediu ontem ao advogado Sergio Bermudes que ele cancelasse o jantar que estava preparando para o magistrado.
O organizador da festa, marcada para o dia 26, queria reunir políticos e a cúpula do judiciário nacional e do Rio de Janeiro em seu apartamento de 800 metros quadrados, na zona sul do Rio. O evento celebraria os 60 anos de Fux.

"Estamos cancelando a pedido do ministro", disse Bermudes na noite de ontem.
Segundo relato do advogado, Fux informou que sua mãe, Lucy, de 78 anos, teve uma crise de hipertensão com a repercussão negativa da celebração, o que teria preocupado o ministro.
A divulgação do jantar pela Folha causou constrangimento no Supremo. Nos bastidores, ministros criticaram a festa, para a qual foram disparados 300 convites.
Além de ser bancada pelo advogado, ela ocorreria pouco depois de o presidente da Corte, Joaquim Barbosa, ter criticado o que considera "conluio" entre juízes e advogados no Brasil.
Coincidiria também com o julgamento dos recursos apresentados pelos réus do mensalão, que tentam reduzir suas penas.
Além de todos os ministros do Supremo, Bermudes chamou para o evento todos os integrantes do Superior Tribunal de Justiça, os 180 desembargadores do Tribunal de Justiça do Rio, o prefeito da cidade, Eduardo Paes, e o governador Sérgio Cabral.
O mal-estar foi agravado pela informação de que a filha do ministro, Marianna Fux, é candidata a desembargadora do TJ do Rio.
Na festa, ela teria a oportunidade de circular entre potenciais eleitores, já que cabe aos desembargadores do TJ, convidados para a celebração, escolher, a partir de uma lista sextupla da OAB-RJ, os três nomes que serão apresentados ao governador Cabral. O governador então escolhe o novo desembargador.
Cabral negou ontem ter recebido o convite para o jantar. Ele também disse não ter conhecimento de articulação em prol da escolha da filha do ministro. "Nunca ouvi falar disso. A mim nunca chegou esse assunto. Agora, que ela é uma advogada brilhante e respeitada, ela é."
Antes da desistência de Fux, Bermudes havia defendido a realização do evento sob o argumento de que Fux nunca julgou ação em que atua como advogado, informação reiterada pelo gabinete do ministro.
"Sempre fomos muito amigos. É uma amizade de 40 anos que começou quando ambos éramos professores. Fui orientador dele e o ministro Fux sempre se julga impedido de atuar nas ações assinadas por mim ou por sua filha". Marianna Fux, 32, trabalha no escritório do advogado.
Colaboraram CRISTINA GRILLO e ITALO NOGUEIRA, do Rio, e FELIPE SELIGMAN, de Brasília

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Nunca houve uma mulher como Gilda

RUY CASTRO – ESPECIAL De 1946 pra cá, todas as vezes em que Gilda foi exibido em cinema ou TV, legiões de mulheres, ao fim do filme, juraram não descansar enquanto não se parecessem com Gilda. Legiões de rapazes também. Note bem: os representantes de uma e de outra categoria não queriam parecer-se com Rita Hayworth – mas com a Gilda de Rita Hayworth. E não se tratava apenas de imitar o seu jeito quase imoral de jogar o cabelo, de transformar inocentes saboneteiras numa tentação erótica ou de fumar como se cada lenta baforada quisesse dizer alguma coisa. Era algo mais profundo e complexo: tentar apossar-se do seu fogo gelado, só se pode chamá-lo assim – a capacidade de inflamar uma paixão e, ao mesmo tempo, esnobar o ser inflamado a ponto de reduzi-lo à servidão total, ao nada. Não devia ser fácil. Tanto que, em nenhum outro filme, antes ou depois, e muito menos na vida real, nem a própria atriz conseguiu. Nem é preciso repetir a sua triste e batida frase, de que os homens dormiam com Gilda e acordavam com ela, Rita. Mas não se deixe desanimar. Gilda, o filme, está agora disponível no Brasil, num cintilante vídeo lançado pela Columbia, apto a ser consultado e estudado por quem quiser incorporar traços do personagem à sua personalidade. É um filme sem preconceitos, um dos poucos a dar motivo para a alta estima em que é tido nos dois continentes sexuais: hetero e homo. É provável que, ao produzir Gilda, isso não estivesse nos planos da Columbia. Pelo menos, não explicitamente. Era para ser apenas um bom drama romântico, com ação e tensão contínuas e um baita personagem feminino. E a história, banal, não antecipava nenhuma possibilidade de malícia. Um aventureiro americano perdido na Argentina durante a II Guerra, Johnny Farrell (interpretado por Glenn Ford), torna-se o homem de confiança do dono de um cassino, Ballin Mundson (vivido com o ar sinistro de manequim de vitrine por George Macready). Mundson viaja e volta casado com Gilda, mulher cujo passado faz pensar que ela terá um grande futuro. O que Mundson não sabe é que Farrell faz parte do passado de Gilda – e como! Os dois foram amantes (talvez em Nova York), separaram-se (por razões nunca explicadas), mas seu ódio é tão grande que, agora, em Buenos Aires, Gilda fará de tudo para destruir a amizade entre os dois homens. Aparentemente, nada demais nisso. Em Casablanca, por exemplo, Humphrey Bogart deixava Ingrid Bergman tomar aquele avião para que ele pudesse dedicar-se à sua amizade com o chefe de polícia Claude Rains. Isso, sim, é que era comprometedor. Mas, de fato, em Gilda, há alguma coisa de suspeito na relação entre Farrell e Mundson: a insistência com que ambos terminam cada frase dirigindo-se carinhosamente um ao outro pelo primeiro nome. Mundson, mais velho, “adota” o boa-pinta Farrell depressa demais, revelando-lhe até a combinação de seu cofre. Outro exemplo: a frieza com que Mundson não se incomoda de ser traído por Gilda, desde que seja com Farrell – mas Farrell jamais o trairá com Gilda e não se importa que ela dê suas voltinhas com estranhos, desde que Mundson não fique sabendo e se magoe. É claro que, no fim, o triângulo se resolve a favor dos dois astros. Mas que fica no ar um travo de bandalheira, ah, isso fica. E pode ser a razão do status de cult que o filme goza com o público gay. A Hollywood dos anos 40 era medrosa demais para se permitir qualquer ambigüidade moral, mas alguns fatos dão base à idéia de que pode haver um – como é mesmo a palavra? – “subtexto” maroto em Gilda. O roteiro foi obra de duas mulheres: Jo Eisinger, que fez o rascunho, e Marion Parsonnet, que lhe deu forma final. Foram elas que criaram Gilda como uma grande mulher e, de quebra, podem ter-se divertido inoculando dubiedades nos dois personagens masculinos. Você dirá que o diretor era um homem, Charles Vidor. Mas, na política dos antigos estúdios, o verdadeiro autor de um filme era quase sempre o produtor executivo, com o diretor não passando de um funcionário subalterno. E o produtor de Gilda era a poderosa Virginia van Upp, protegida do patrão, Harry Cohn, e com carta branca na Columbia. Cohn era famoso pela burrice, e, se Virginia quisesse contrabandear qualquer ideologia exótica para dentro do seu filme, ela o faria. A Cohn só interessava que Rita Hayworth, já com 28 anos, tivesse finalmente um papel que deixasse todo mundo de quatro. Pois ela deixou. Por causa de Rita, criou-se toda uma mitologia em torno de Gilda. As platéias do pós-guerra acreditaram no slogan de lançamento do filme – “Nunca houve uma mulher como Gilda”. E com certa razão: desde 1934, quando se instituíra a autocensura no cinema americano, os filmes não mostravam uma mulher tão sensual e dadivosa quanto ela. Seu impacto em 1946 pôde ser medido até em megatons: pouco depois da estréia do filme, a bomba que os americanos explodiram no Atol de Bikini, no Pacífico, na primeira experiência nuclear em tempo de paz, foi batizada de Gilda, pela equipe que a construiu e trazia um desenho de Rita na carapaça. Era uma publicidade espontânea e sem preço. Para definir Rita (que era então mulher de Orson Welles, embora o casamento estivesse afundando), o crítico do New York Times Bosley Crowther cunhou a expressão “superstar” – a primeira vez que uma estrela foi chamada de super. No Brasil, Gilda tornou-se fantasia de Carnaval, apelido de travesti e foi usada pelas torcidas adversárias para ofender o ilibado mas exuberante craque do Botafogo e da seleção brasileira Heleno de Freitas. Com tudo isso, Gilda nem precisava ser tão divertido. É o lixo de luxo, como só os americanos sabiam fazer, com uma chocante fotografia de filme noir, deslumbrante cenários art déco e Rita usando um guarda-roupa que deve ter inspirado várias coleções. Mas o melhor são as falas, algumas infernais e que, depois, o cinema se cansou de copiar. Gilda finge esquecer o primeiro nome de Farrell e comenta: “Johnny – nome difícil de lembrar e fácil de esquecer”. Em outro momento, Farrell resume o seu desprezo por ela, dizendo: “Há mais mulheres do que qualquer outra coisa no mundo – exceto insetos”. A própria Gilda, numa avaliação ousada, se define: “Se eu fosse uma fazenda, não teria cercas”. Pena que nem sempre as legendas em português ajudem: Mundson bate à porta do quarto de Gilda e pergunta: “Gilda, você está vestida”? Em inglês, Mundson pergunta: “Gilda, are you decent?” Muito mais a propósito. O filme se passa em Buenos Aires, mas há tanto Buenos Aires em cena quanto Zanzibar ou Timbuktu, ou seja, nenhum. Nem mesmo um plano geral da Plaza de Mayo ou uma mísera vista aérea. Bem diferente de Interlúdio, que Hitchcock rodou naquele mesmo ano e em que a história transcorre no Rio, com Cary Grant e Ingrid Bergman namorando o tempo todo diante de “back projections” da Cinelândia e de Copacabana. Gilda é claustrofóbico: toda a ação se passa em interiores e não há uma única seqüencia à luz do dia. É um pequeno mundo, dominado por uma grande mulher. Se bem que, fosse o herói argentino, daqueles violentos, de tango, Gilda entraria na linha com uns tapas assim que começasse a aprontar. Strip-tease ao som de Put the Blame on Mame, então, nem pensar.

A BBC não sabe o que fazer com a música mais vendida da Inglaterra

Ativistas anti-Thatcher levaram ‘A Bruxa Morreu’ ao número 1, e a BBC sofre pressão para não tocá-la na tradicional parada de domingo.
Alegria, alegria
Alegria, alegria
Liberdade de expressão é uma coisa realmente complicada: é mais fácil falar dela do que praticá-la.
Um episódio mostra isso exatamente neste momento, no país que supostamente é o berço da liberdade de expressão.
No meio de uma controvérsia que se espalhou toda a mídia britânica, está a venerada BBC.
O que aconteceu: ativistas deflagraram uma campanha para comprar uma música anti-Thatcher para levá-la ao topo das paradas.
A música é do Mágico de Oz, e se chama “Ding Dong The Witch is Dead!”. (Dim Dom A Bruxa Morreu!”
Objetivo alcançado.
Neste momento em que escrevo, é a número 1 na Inglaterra.  E é aí que entra a BBC com seu excruciante dilema.
Tradicionalmente, aos domingos, a principal rádio da BBC, a 1, toca as músicas mais vendidas, a conhecida parada de sucessos.
A questão que se ergueu barulhentamente: a BBC deveria tocar o hino anti-Thatcher, a três dias de seu funeral?
Os comentaristas conservadores da mídia saíram gritando que não. Que isso seria desrespeito com uma pessoa que sequer foi enterrada.
Mas um momento: isso é censura, ou não?
É o entendimento da chamada voz rouca das ruas. Numa enquete no Guardian, quase 90% das pessoas disseram que sim, a rádio tinha que tocar a canção.
E a BBC, que fez?
Encontrou uma solução que foi a seguinte: subiu no muro. Não vai censurar a música, ao contrário do clamor conservador.
Mas tampouco vai tocá-la inteira: decidiu dar, na parada de domingo,  um fragmento de 4 ou 5 segundos.
O que parece claro, passados alguns dias da morte de Thatcher, é que a elite política e jornalística inglesa não tinha a menor ideia de quanto a Dama de Ferro era detestada.
É uma demonstração espetacular de miopia e de desconexão com as pessoas.
A Inglaterra vive hoje não apenas uma crise econômica que não cede há anos, mas uma situação dramática de desigualdade que levou aos célebres riots – quebra-quebras — de Londres há pouco mais de um ano.
Qual a origem da crise e da desigualdade?
Thatcher, é claro.
O real legado de um governante se vê depois que ele se foi. As desregulamentações, as privatizações e os cortes em gastos sociais de Thatcher, passados 30 anos, resultaram num país em que as pessoas têm um padrão de vida inferior ao que tiveram.
Como imaginar que as pessoas ficariam tristes com sua morte?

Ouça a música que estourou nas paradas britânicas

Documentos revelam ligação entre Marin e a ala radical da ditadura

Documentos revelam que Marin se aliou a militares para obter vantagens políticas durante a ditadura e tinha conexões com órgãos repressores, como o Dops. Foto: José Cruz/ABr
Documentos revelam que Marin se aliou a militares para obter vantagens políticas durante a ditadura e
 tinha conexões com órgãos repressores, como o Dops. Foto: José Cruz/ABr
Abertos para a consulta pública desde 1º de abril, os arquivos do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) começam a trazer à tona as primeiras revelações inconvenientes que relacionam personalidades públicas e políticas à ditadura. A primeira vítima dos documentos militares é o atual presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e do COL (Comitê Organizador Local), José Maria Marin, conforme levantamento dos repórteres Aiuri Rebello e Rodrigo Mattos, do portal UOL.

Segundo a reportagem, os documentos analisados comprovam que Marin teve ligação com a ala mais radical do governo militar, além de possuir conexões com órgãos de vigilância e de repressão e de ter feito elogios ao regime. A fonte das informações são os arquivos do  Dops, do SNI (Sistema Nacional de Informação) – ambos órgãos que reuniam as investigações do regime – e da Assembleia Legislativa.
Carreira política
A reportagem lembra que Marin estreou no mundo político com 31 anos, sob o cargo de vereador da cidade de São Paulo, em 1964, pouco antes do golpe militar. Meses depois, o cartola abandonou o partido ao qual era filiado, o PRP (Partido de Representação Popular), para unir-se em 1966 à Arena (Aliança Renovadora Nacional), partido da ditadura.
Este foi o início de sua ascensão sob a tutela e apoio da ala radical da ditadura. Do lado do regime, Marin foi alçado à presidência da Câmara de Vereadores graças a manobras nos bastidores do Ministério da Justiça, cujo titular era Gama e Silva, e de militares, segundo os documentos do SNI. Gama e Silva foi o jurista responsável por redigir o AI-5 (Ato Institucional-nº 5), medida que cassou direitos políticos e instituiu o período mais negro da ditadura no fim de 1968.
Sempre segundo o UOL, a análise dos documentos do SNI descreve os caminhos de Marin na Câmara e o que seus companheiros parlamentares pensavam da atuação do atual dirigente esportivo: “[Marin] É considerado fraco por seus pares. Consta que sua candidatura tem apoio de círculos militares e de elementos ligados ao ministro da Justiça.” E, depois, o organismo analisou seu trabalho à frente da Câmara: “todos os atos de Marin (…) são “sugeridos” pelo esquema que o elegeu presidente da Casa”.
Aliado fiel
Os documentos, tanto no SNI quando no Dops, também mostram que não houve registro de atitude “subversiva” da parte de Marin. O comportamento regrado do político era visto como fidelidade ao regime e, com isso, não demorou para Marin ascender na política durante a ditadura.
Outro movimento político chave para Marin, segundo apurou o UOL, foi a troca de correntes entre os governistas. De acordo com os registros, o presidente da CBF traiu Luis Roberto Alves da Costa, que o levara à presidência da Câmara dos Vereadores, para se aliar ao prefeito biônico Paulo Maluf. Irritado com a traição, Alves da Costa tentou trabalhar contra Marin, sugerindo até a cassação de seu mandato, o que nunca ocorreu.
Os arquivos também mostram que Marin seguiu próximo ao regime nos anos seguintes, tendo participado da posse do general Emilio Garrastazu Médici, que depois virou presidente, no comando do III Exército. 
Morte de Herzog
Já em 1975, o político fez dois discursos pedindo providências sobre a TV Cultura. Ele dizia que algumas reportagens não retratavam corretamente o governo e causavam “intranquilidade” nos lares paulistas. Pouco depois, o jornalista da emissora Vladimir Herzog foi preso e assassinado pelo DOI-Codi, organismo de repressão.
Um ano depois, na Assembleia, Marin elogiou o delegado Sergio Paranhos Fleury, um dos líderes do instrumento de repressão do Dops, onde Herzog morreu. “Não só honra à polícia de São Paulo, como também há muito é motivo de orgulho inclusive à população de São Paulo”, discursou.
Para Marin, os benefícios do golpe eram “indiscutíveis”, não podendo restar dúvida sobre isso.
Com esse discurso, ele se tornou vice-governador pela Arena, em 1978, na chapa encabeçada por seu antigo aliado Paulo Maluf.
Os indícios de sua ligação com aspectos mais truculentos do regime não cessaram como mostra um relatório do CISA (Inteligência da Aeronáutica), de 1980, sobre assalto ao jurista Dalmo Dallari Gama.
Reconhecido defensor da democracia, Dallari foi espancado e acusou um grupo paramilitar de direita como responsável pela ação. Segundo ele, o então vice-governado tinha ligações com a agressão. O político negou e prometeu que o Dops, o órgão acusado de repressão na década de 1970, iria apurar o caso.
Já como governador, após a renúncia de Maluf, Marin passou a ser protegidos por policiais do Dops. O departamento de polícia registrou cada viagem ou participação do político em eventos públicos, como revelam os boletins do órgão. O objetivo era identificar se havia protestos contra o governador e contra o regime.
Questionado pelo UOL Esporte sobre os fatos relatados nos arquivos da ditadura, Marin se negou a falar sobre o assunto. Em texto à Folha de S. Paulo, publicado na quarta-feira 10, afirmou que era do partido do governo, mas que era “sabido por todos (…) que os deputados não tinham o menor poder sobre os órgãos do Estado”. E completou: ”Ninguém deve negar a própria biografia. E a minha vida pública sempre foi (…) pautada pelos princípios republicanos que até hoje me guiam”, disse, afirmando ter aprendido que “liberdade e justiça” devem andar juntas.
O atual presidente da CBF ainda ressaltou que, como governador, extinguiu o Dops de São Paulo.
De: CC

Olha só a patrola da Dilma!


Furo: Dilma (Bolada) fala sobre trabalho!

EXTRA! Entrevistamos a presidenta! Quer dizer, quase isso: entrevistamos a Dilma Bolada
 Texto: Nina Lemos, | Ilustração: Carolina Bertier, revista TPM

EXTRA! Entrevistamos a presidenta! Quer dizer, quase isso: entrevistamos a Dilma Bolada, personagem criada pelo carioca Jeferson Monteiro. Um dos perfis fakes mais acessados das redes sociais, Dilma Bolada tinha até o fechamento desta edição 242 mil seguidores no Facebook e 96 mil no Twitter. Nosso assunto: a condição da mulher trabalhadora no Brasil


Tpm. As mulheres no Brasil ainda ganham menos que os homens. O que a senhora acha disso?
Dilma Bolada. Olha, infelizmente ainda temos hoje algumas organizações com ideais e ideias limitados. Fico boladíssima quando fico sabendo que existe empresa onde há diferenciação de salários entre homens e mulheres. A sociedade tem que se conscientizar e dizer não a esse tipo de postura. Esse tipo de coisa, EU VETO!
Que conselho a senhora dá para que a gente faça com que nossos namorados ajudem em casa? Primeiramente gostaria de falar que acho isso uma palhaçada. Se você tem um homem que se recusa a te ajudar, ele não é homem pra você. Uma relação a dois tem que ser baseada sobretudo na parceria. Quando eu era casada e chegava em casa exausta (porque ser linda cansa), muitas vezes dizia: “Paulinho, hoje estou cansadíssima...”. Ele já levantava e ia preparar o jantar. Nunca chiava porque, se chiasse, era rua. Acabou que não adiantou muito porque terminei o casamento por outros motivos... Mas meu conselho é: se seu companheiro não te ajuda, procure outro porque isso não é parceiro, é encosto!
As mulheres trabalham mais que os homens? Filha, desde quando homem gosta de trabalhar? Até parece... Eles gostam é de tirar onda e se escorar nas nossas costas. É que antes as mulheres ficavam em casa escondidas. Hoje, que estamos no mercado de trabalho, eles ficam cada vez mais bolados porque, além de multifuncionais, fazemos tudo tão bem-feito que parece que fazemos mais. Sambamos!
Como é um dia de trabalho na sua vida? Geralmente acordo às 5h30 porque gosto de dar uma corridinha com minhas emas à beira do lago Paranoá, tomo café e vou direto pro Planalto, chego lá por volta das 7 horas. Normalmente vou pra casa às 18 horas, mas depende muito, já teve dia que saí do trampo dez da noite. Fico cansadíssima, mas gosto de conferir as coisas de perto. País rico é país com presidenta que chega junto.

Wanderley Cardoso em Porto Alegre! Aproveita, pessoal


No aniversário do golpe militar, vereador propõe mudar nome do Elevado Costa e Silva

Projeto de lei de Nabil Bonduki quer trocar nome do segundo presidente da ditadura que governou o País entre 1964 e 1985 por Minhocão


Iuri Pitta - O Estado de S. Paulo
 
SÃO PAULO - A extinção do Elevado Costa e Silva pode começar pelo nome. Aproveitando a efeméride dos 49 anos do golpe militar que derrubou o presidente João Goulart, o vereador paulistano Nabil Bonduki (PT) apresenta nesta segunda-feira, 1, projeto de lei para renomear como Minhocão o viaduto construído pelo então prefeito Paulo Maluf cuja demolição foi proposta pela gestão Gilberto Kassab (2006-2011).
Arthur da Costa e Silva foi o segundo presidente militar do regime que governou o País entre 1964 e 1985. Era da chamada linha-dura do Exército e foi quem editou o Ato Institucional 5 (AI-5) em dezembro de 1968, desencadeando a onda de repressão política mais violenta dos chamados anos de chumbo. No ano seguinte, sofreu um derrame e morreu meses depois, em dezembro. Maluf inaugurou o elevado em 1971 e, desde então, uma série de governantes da capital cogitam a demolição do viaduto.
Para Nabil, que é professor de arquitetura e urbanismo da USP, mudar o nome do elevado também seria um primeiro passo para discutir o papel do Minhocão para a cidade. "É preciso rediscutir o uso do elevado, que é ruim durante o dia, mas importante como área de lazer à noite e aos domingos", disse o vereador. "Não necessariamente seria preciso demolir o Minhocão. Tirar esse estigma, esse vínculo com o regime autoritário é um passo para repensar e olhar o elevado de outra forma."
Nas últimas duas legislaturas, outros dois projetos tentaram alterar o nome do elevado, mas não chegaram a ser aprovados. Em 2008, a então vereadora do PT Soninha Francine fez proposta idêntica à de Nabil. Dois anos depois, o hoje secretário municipal Eliseu Gabriel (PSB) quis trocar o nome de Costa e Silva pelo do presidente argentino Néstor Kirchner, morto em 2010.
Outras vias. O parlamentar também vai propor alterações na legislação municipal para facilitar a mudança de denominação de outras vias públicas que façam menção a pessoas ligadas à violação de direitos humanos. Hoje, é proibido trocar o nome de uma rua ou avenida, exceto em casos específicos, como termos que exponham a comunidade ao ridículo ou se duas localidades tiverem a mesma denominação. A assessoria do vereador está levantando a quantidade de vias públicas que hoje fazem menção a nomes envolvidos na repressão política.
A última ponte da Marginal do Tietê, hoje identificada como Ponte Imigrante Nordestino, até o ano passado levava o nome do general Milton Tavares de Souza, que foi diretor do Centro de Inteligência do Exército (CIE) no governo Emílio Garrastazu Médici, outro oficial da linha-dura, e era suspeito de envolvimento direto com ações de tortura. A mudança foi proposta em 2006 pelo então prefeito José Serra (PSDB) - que era presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE) em 1964 e teve de se exilar após o golpe - e aprovada com apoio da base de Kassab na Câmara. Uma praça na Vila Maria, zona norte, no entanto, ainda mantém o nome do oficial - essa repetição do nome é que permitiu a mudança do nome da ponte.
Na Vila Leopoldina, uma travessa sem saída da avenida que identifica ao bairro leva o nome do delegado Sérgio Paranhos Fleury. O policial chefiou o Departamento de Ordem Política e Social (Dops) nos anos mais agudos da repressão política e foi acusado de atuar no Esquadrão da Morte, grupo que praticava execuções à revelia da Justiça.
Um trecho da Marginal do Tietê, sentido Ayrton Senna, é oficialmente chamada de Presidente Castelo Branco, marechal que assumiu a vaga de Goulart em 1964 e editou os primeiros atos institucionais da ditadura. O general Golbery do Couto e Silva, um dos ideólogos do regime, é homenageado em uma avenida no Grajaú, zona sul. Uma praça no Itaim-Bibi, também na zona sul, leva o nome do almirante Augusto Rademaker, um dos oficiais da junta militar que governo o País após o derrame de Costa e Silva, em 1969.

Se aumentar a Selic, o BC perderá o bonde


Implantado no início dos anos 2000 , o sistema de metas inflacionárias – adotado pelo Banco Central – fez parte do aparato institucional global destinado a colocar a política econômica sob controle estrito do mercado.
O modelo funciona assim:
  1. BC e mercado trabalham em torno de um mesmo modelo econômico de previsão da inflação.
  2. Nesse modelo, o fator expectativa é dominante. Define-se uma meta de inflação. Se o mercado acha que a inflação futura pode subir, a resposta do BC é aumentar a taxa básica de juros da economia. Com isso, interfere em todo o sistema de taxas, derrubando a demanda agregada e o emprego, até que as expectativas convirjam para a meta.
***
O sistema despertou críticas em muitos países, por subordinar a política monetária exclusivamente às metas de inflação, deixando de lado outras preocupações, com emprego, crescimento etc. E deixando de lado ferramentas clássicas de controle da demanda, como compulsório (percentual dos depósitos bancários em poder do BC) e atuações diretas sobre o crédito.
No caso brasileiro, as distorções foram muito piores. Tem-se um mercado de opiniões cartelizado – dominado por poucas consultorias e departamentos econômicos atuando em dobradinha com a imprensa financeira – que passaram a deter um controle absurdo sobre as expectativas..
Durante anos de juros, a inflação poderia aumentar, não pelo efeito inócuo da Selic, mas devido ao terrorismo exarado por essa aliança. Criou-se uma resistência enorme a qualquer queda de juros.
***
A partir de 2011, o BC e o Ministério da Fazenda resolveram encarar o desafio de desarmar a armadilha dos juros altos.
Esse desafio deu-se em algumas frentes. A primeira foi o fim do mito da elevação automática da Selic a qualquer soluço da inflação. Em agosto de 2011, contra a opinião maciça do mercado o BC reduziu a Selic. Mesmo assim, a inflação caiu nos meses seguintes.
A segunda foi o uso dos bancos públicos para derrubar os spreads bancários e instituir a competição.
Até agora, o jogo foi vitorioso. As taxas cederam, criou-se uma competição efetiva no mercado de crédito ao consumidor e, a queda nas taxas chegou até o mercado de longo prazo dos financiamentos habitacionais, graças ao recurso da portabilidade – a possibilidade do cliente trocar de banco levando seu financiamento.
***
Ao lado de Sérgio Werlang, o atual presidente do BC Alexandre Tombini foi um dos pais da implantação do sistema de “metas inflacionarias” – um trabalho de fôlego na época, antes de se entender as contraindicações.
Talvez tenha sido esse sentimento que enfrentasse o mercado em 2011, mas sem ter tido a coragem de desarmar a armadilha das metas inflacionárias.
Teve uma vitória retumbante mas não desarmou a armadilha das metas inflacionárias.
Agora tem-se a inflação sendo pressionado por um conjunto de fatores com pouca relação com excesso de demanda. Mas o terrorismo do mercado, as seguidas insinuações sobre a suposta falta de independência do BC e falta de vontade de enfrentar as pressões inflacionarias aparentemente balançaram Tombini.
***
Se elevar a Selic o BC terá piscado. Haverá uma sinalização geral para o sistema bancário deixar de lado a disputa pela baixa dos juros e spread.
Nem em dois mandatos o governo Dilma conseguirá repetir a articulação que garantiu queda de juros e spread.

quinta-feira, 11 de abril de 2013

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Acervo Antonio Carlos Jobim

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Lista de filmes pornô baixados no Vaticano é divulgada

Foto: www.ecclesia.pt

Além de filmes comuns e seriados de TV, a lista conta com alguns títulos pornô de temática sadomasoquista |

O programa para compartilhamento de arquivos TorrentFreak, usando informações levantadas pelo site de pesquisas Scaneye, divulgou lista dos arquivos de torrent baixados por endereços de IP localizados no Vaticano.
Além de filmes comuns e seriados de TV, a lista conta com alguns títulos pornô de temática sadomasoquista, como WA-27788 Lea Lexis and Krissy Lynn e TPH-26967 Tiffany Starr and Sheena Shaw. 
Outros títulos identificados como pornográficos que aparecem na lista são Russian Slaves 77 e BDSM Sklavin Züchtigung im dunklen Hobbykeller teen fesselspiele, que, traduzido do alemão, quer dizer aproximadamente algo como “adolescente brinca com braceletes punindo escravas na oficina escura”…
O restante da lista é composto por filmes Simplesmente Amor e os recentes O Último Desafio e O Acordo, além de enlatados de TV norte-americanos como Chicago Fire, Lightfields, Touch e The Americans.
O programa para compartilhamento de arquivos TorrentFreak divulgou lista dos arquivos de torrent baixados por endereços de IP localizados no Vaticano | Foto: Divulgação
De:  Sul21Com informações do UOL

Explicação criacionista da formação dos órgãos genitais. Brilhante!

Aécio e Serra se encontram nesta quinta-feira em conferência do PPS

Maria Lima, em O GLOBO
BRASÍLIA — No meio de um processo delicado de negociação para manter espaço de destaque no seu partido, o PSDB, e promover reaproximação com os tucanos mineiros, o ex-ministro José Serra terá oportunidade de mostrar nesta quinta-feira, de público, se a relação com o senador Aécio Neves (PSDB-MG) realmente está se distensionando ou se permanece o mal-estar em relação ao provável candidato do partido a presidente. No momento em que circulam notícias sobre a possível saída do ex-governador paulista do PSDB, Serra e Aécio vão comparecer, juntos, à abertura da conferência “A Esquerda Democrática pensa o Brasil”, promovido pelo PPS. O PPS é justamente o partido que articula a ida de Serra para uma nova legenda, se vingar a fusão com o PMN.
Gabeira está confirmado
Foram convidados para o encontro de hoje outros pré-candidatos à sucessão da presidente Dilma Rousseff, como Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva. Mas só Fernando Gabeira (PV) e Aécio confirmaram presença. Campos viajou para os Estados Unidos para uma reunião no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, convidado, também não comparecerá.
Inicialmente, Aécio e Fernando Henrique participariam nesta quinta-feira, e Serra só discursaria sexta-feira, com Marina Silva. Como os demais convidados não confirmaram presença, Serra acabou sendo convidado a participar da solenidade de abertura do seminário, junto com Aécio. O presidente do PPS, deputado Roberto Freire (SP), conversou com Aécio e Serra para averiguar se haveria algum constrangimento.
— Conversei com o Serra e ele me garantiu que está tudo bem. Não vai haver nenhuma saia-justa. São civilizados — disse Freire.
Campos será representado
Serra, Aécio e Gabeira devem discursar. Todos com críticas ao governo e à presidente Dilma Rousseff. O líder do PSB, senador Rodrigo Rollemberg (DF), representará Eduardo Campos.
— Vai dar tudo certo. Eu e o Serra somos mais próximos do que vocês imaginam — disse Aécio, ontem.
A conferência do PPS vai até sábado e será realizada no plenário Nereu Ramos da Câmara dos Deputados. O tema do debate de abertura será “Desafios do Brasil: Desenvolvimento, Sustentabilidade e Equidade”. No encerramento, o PPS deverá reunir seu Diretório Nacional para discutir a possibilidade de fusão com o PMN, o que abriria uma janela para a adesão dos descontentes, inclusive Serra, se for o caso.
— Se avançarem as articulações sobre a fusão do PPS com o PMN, o Diretório Nacional precisa convocar um congresso nacional do partido para deliberar. Então, vamos começar a discutir essa possibilidade com a direção do partido, para não ficar só eu falando sobre isso — disse Freire.
Também hoje em Brasília, o PSD, partido criado pelo ex-prefeito de SP Gilberto Kassab, fará nova rodada de reunião com diretórios estaduais para discutir a posição do partido nas eleições presidenciais do ano que vem. Prevalece a ideia de apoiar a reeleição de Dilma, mas sem comprometimento com o governo (Maria Lima).

Leia mais sobre esse assunto em o e Participações S.A. Este material não pode ser publicado, transmitido por broadcast, reescrito ou redistribuído sem autorização.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

'Fux disse que ia me absolver', diz Dirceu sobre julgamento do mensalão

FERNANDO RODRIGUES EM SÃO PAULO  MÔNICA BERGAMO COLUNISTA DA FOLHA
O ex-deputado federal e ex-ministro José Dirceu de Oliveira e Silva, 67 anos, contou ontem sua versão a respeito de uma promessa que teria recebido de absolvição no processo do mensalão.
Em entrevista ao Poder e Política, programa da Folha e do UOL, Dirceu disse ter sido "assediado moralmente" durante seis meses por Luiz Fux, que era ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) e desejava ir para o STF (Supremo Tribunal Federal).

Num outro trecho da entrevista, segundo Dirceu, "ele [Fux], de livre e espontânea vontade, se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção".
O ex-ministro afirma ainda que Fux "já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento [do mensalão]".
No início de 2011, Fux foi nomeado pela presidente Dilma Rousseff para o STF. Durante o julgamento do mensalão, votou pela condenação de Dirceu -que acabou sentenciado a de dez anos e dez meses de reclusão mais multa.
Em entrevista à Folha em dezembro do ano passado, Fux admitiu ter se encontrado com Dirceu, mas negou ter dado qualquer garantia de absolvição. "Se isso o que você está dizendo [que é inocente] tem procedência, você vai um dia se erguer", teria sido a frase que o então candidato ao STF ofereceu ao petista.
Agora, Dirceu contesta em público essa versão de Fux. Foi a sua primeira entrevista formal depois de ter sido condenado. O ex-ministro da Casa Civil de 2003 a 2005, durante o governo Luiz Inácio Lula da Silva, acha "tragicômico" que Fux declare ter tomado conhecimento mais a fundo do processo do mensalão apenas ao assumir no STF: "É que soa ridículo, no mínimo (...) É um comportamento quase que inacreditável".
O fato de Fux ter prometido absolver Dirceu ajudou na nomeação para o STF? A presidente Dilma levou isso em consideração? Dirceu: "Não acredito que tenha pesado, não acredito que tenha pesado. Eu não participei da discussão da nomeação dele porque sempre fiz questão de não participar".
A seguir, trechos da entrevista:
Folha/UOL - Como foi o encontro do sr. com o ministro, que depois foi muito rigoroso no julgamento, Luiz Fux [do STF]?
José Dirceu - Com relação à minha reunião com o então ministro do STJ Luiz Fux, que eu não conhecia, eu fui assediado moralmente por ele durante mais de seis meses para recebê-lo.
Como foi esse assédio?
Através de terceiros, que eu não vou nominar. Eu não queria [recebê-lo].
Quem são esses terceiros? São advogados? Lobistas?
São advogados, não são lobistas. Eu o recebi, e, sem eu perguntar nada, ele não apenas disse que conhecia o processo... Porque ele dizer para sociedade brasileira que não sabia que eu era réu do processo do mensalão é tragicômico. Soa...
Ele mentiu?
Não. É que soa ridículo, no mínimo, né?
Mas por quê? Ele sabia?
Como o ministro do STJ não sabe que eu sou réu no processo?
Mas, então, o sr. está dizendo que ele mentiu [depois ao dizer que não conhecia bem o processo]?
Não. Eu não estou dizendo que ele mentiu. Eu estou dizendo que soa ridículo. É só isso que eu vou dizer. E ele tomou a iniciativa de dizer que ia me absolver. Eu...
Ele disse para o sr.: "Eu vou te absolver"?
...Disse textualmente...
E qual foi a frase?
Que ia me absolver.
Foi assim: "Eu vou absolver o sr."?
Eu disse assim: eu não quero que o sr. me absolva. Eu quero que o sr. vote nos autos, porque eu sou inocente. Não é porque não tem prova não. Eu fiz contraprova, porque eu sou inocente.
Mas como que ele falava? "Eu o conheço e vou absolvê-lo"?
Não vou entrar em detalhes porque não é o caso. Eu quero dizer o seguinte: para retratar, para fazer uma síntese, uma fotografia do encontro, é isso.
Onde foi o encontro?
Num escritório de advocacia.
Existia uma história de que ele falava: "Eu mato no peito". E ele disse que falou para o José Eduardo Cardozo [ministro da Justiça], mas em outras circunstâncias. Essa frase foi dita?
Para mim, não.
Esse encontro foi num escritório de advocacia, agendado por terceiras pessoas?
Sim.
Que eram amigos comuns?
Não eram amigos comuns. Podem ter sido amigos dele. Tinham referências de terceiros, que eram pessoas sérias, responsáveis, de boa fé. Como até hoje eu acredito que estavam de boa fé.
E o sr. acreditava que ele ia inocentá-lo? Isso pesou na nomeação dele [de Luiz Fux para o STF]? A presidente Dilma levou isso em consideração?
Não acredito que tenha pesado, não acredito que tenha pesado.
Na hora de discutir a nomeação dele...
Eu não participei. Eu não participei da discussão da nomeação dele porque sempre fiz questão de não participar. Porque, evidente, eu como réu do Supremo tinha que tomar todos os cuidados para evitar que minha situação se agravasse, como o resultado final mostrou.
Como é que o sr. se sentiu quando ficou claro que o ministro Luiz Fux iria votar pela sua condenação?
Depois dos 50 anos que eu tenho de experiência política, infelizmente eu já não consigo me surpreender...
Mas o sr. sentiu alguma coisa?
A única coisa que eu senti é a única coisa que me tira o sono. Nem a condenação de dez anos e dez meses me tira o sono porque eu tenho certeza que eu vou revertê-la.
O que foi?
O comportamento do ministro Luiz Fux. Porque é um comportamento que... Ele, de livre e espontânea vontade se comprometeu com terceiros, por ter conhecimento do processo, por ter convicção, certo? Essa que era a questão, que ele tinha convicção e conhecimento do processo. Acho que isso aí diz tudo. É um comportamento quase que inacreditável.
O sr. acha que cabe alguma medida no caso, sobre esse episódio?
Eu acho que ele já deveria ter se declarado impedido de participar desse julgamento, não é?
A sua defesa vai apresentar recursos. O sr. está com alguma esperança de ter sucesso?
Vai apresentar os recursos. Embargos declaratórios e infringentes. Depois do transitado em julgado, nós vamos para a revisão criminal. E vou bater à porta da Comissão Internacional de Direitos Humanos para ir ao Tribunal Penal Internacional de San José.
Não é que eu fui condenado sem provas, como disse o ministro do Supremo, que os réus queriam que as provas aparecessem, como se não fosse o óbvio, que cabe à acusação apresentar as provas e comprovar o crime. Não houve crime, eu sou inocente. Me considero um condenado político. Foi um julgamento de exceção, foi um julgamento político. A cada dia eu me convenço mais disso porque os fatos comprovam isso.
Mas era um tribunal cuja maioria foi nomeada pelo ex-presidente Lula e pela presidente Dilma...
Uma coisa não tem nada a ver com a outra. O que caracterizou esse julgamento como político é evidência pública. Um julgamento que foi deliberadamente marcado junto com as eleições. Eu fui julgado e condenado na véspera do primeiro turno e na véspera do segundo. E não tiveram o pudor de antecipar o meu julgamento para um ministro participar porque ia, pela expulsória, se aposentar e não ia participar do meu julgamento. A transmissão de um julgamento como esse pela televisão, a exposição de um julgamento como esse na televisão é algo inacreditável. Porque, se há uma disputa política durante sete anos que existiu o mensalão, que havia o dinheiro público, que foram comprados parlamentares, o mínimo que, na medida em que se devia adotar, é que o julgamento obedecesse a norma de todos os julgamentos. Nenhum julgamento teve a exposição que esse julgamento teve.
O sr. acha que os ministros ficaram com medo da TV?
Desde o oferecimento da denúncia, é evidente que houve pressão externa sobre o Supremo para que esse julgamento tivesse caráter. Porque, segundo os autos e as provas, e o julgamento do julgamento vai ser feito. Eu, pelo menos, enquanto eu suspirar, eu vou lutar para provar a minha inocência. Porque eu sempre tive que provar a minha inocência. Porque eu nunca tive a presunção da inocência.
Veja bem: Eu fui processado pela Câmara porque o Supremo mudou a jurisprudência para eu ser processado. Todo mundo já esqueceu isso. Por 7 a 4. Eu não era deputado, eu estava licenciado. Eu não tinha imunidade. Como é que eu ia quebrar o decoro parlamentar? Por 7 a 4, mudou. A Comissão de Ética da Câmara... Toda vez que um partido retirava a representação, ela arquivava. No meu caso, o PTB retirou a representação contra mim. Foi retirada. Ninguém se lembra disso também. [A Comissão de Ética] continuou a investigação. Eu fui cassado sem provas pela Comissão e pelo Congresso. A denúncia era inepta no meu caso. Ela foi aceita. Eu fui julgado e fui condenado.
O procurador-geral da República disse que as provas eram tênues. E o Supremo, para me condenar, deixou de lado a exigência do ato de ofício contrariamente a todos os antecedentes do Supremo e usou, indevidamente, a teoria do domínio do fato. Então, como é que o meu julgamento não é político? Eu não consigo entender porque eu fui condenado. Por que eu era ministro? Por que eu era chefe da Casa Civil? Por que eu era líder do PT? Mas aonde estão as provas?
Mas o Supremo considerou provas materiais os pagamentos feitos pela Visanet.
Primeiro, não é dinheiro público. A Visanet é uma empresa privada.
Mas o Supremo não o considerou [o dinheiro] como público?
Mas o Supremo cometeu um erro jurídico gravíssimo que nós vamos levar isso à revisão criminal. Primeiro, o dinheiro não é público. É privado. Alguém que deve para a Visanet está inscrito na dívida ativa da União? Isso é ridículo. Segundo: Há provas, e elas são apresentadas agora já nos recursos e na revisão criminal, que todos os serviços foram prestados, há provas, à campanha do Ourocard. Primeiro que, é preciso ficar claro, os recursos da Visanet vêm de 0,1% de cada movimento de cartão. Cria-se um fundo de incentivo à Visanet. Esse fundo é privado. O fundo deposita na conta da agência de publicidade no Banco do Brasil ou não banco em que a agencia estiver. No caso, a DNA tinha no Banco do Brasil. Não é dinheiro do Banco do Brasil para a Visanet, para a DNA. É dinheiro do proprietário de cartão Visanet que o usa para um fundo privado de incentivo que pagou a DNA e, [em] todas as campanhas, está comprovada que ela foi feita e os valores. Foi feito uma auditoria pela Visanet, há auditorias do Banco do Brasil e está se fazendo, agora, uma auditoria independente. Vai ser apresentado o campeonato de vôlei de praia, o campeonato de tênis, a campanha com relação ao Círio de Nazaré, a réveillon do Rio [de Janeiro] de 2013, se eu não me engano, os shows, as campanhas culturais, o Círio de Nazaré. Tudo isso vai ser apresentado.
O sr. acha que, nessa fase do processo, o Supremo vai estar propenso a rever essa interpretação que eles tiveram sobre ser ou não ser dinheiro público?
A perícia pode ser contestada. A perícia da Polícia Federal é infundada, certo? Os peritos nunca disseram que havia pagamentos, veja bem, do Banco do Brasil para a DNA. Nunca disseram isso. Basta ler os autos. Outra coisa que os peritos jamais disseram: Os peritos nunca disseram que havia dinheiro público. Nunca disseram isso. Há peritagem e há peritagem. Vamos ver a perícia, agora, como vai ficar na discussão jurídica.
Mas o sr. é uma pessoa experiente. O sr. tem expectativa que, nessa fase, o sr. possa vir a ser inocentado no processo?
A expectativa que eu tenho é que se faça justiça. A formação de quadrilha foi 6 a 4. Eu tenho direito a um embargo infringente e vou apresentar. Não é possível que se caracterize como formação de quadrilha os fatos que estão descritos na ação penal. Por isso que quatro ministros discordaram veementemente. Há duas teses para serem rediscutidas porque é um direito que nós temos. Nos embargos declaratórios, eu vou procurar mostrar que a pena que eu recebi na corrupção ativa... Porque é isso que está em discussão, e não o mérito, porque eu não tive quatro votos para o embargo infringente. Ela [a acusação de corrupção ativa] é completamente fora da jurisprudência do próprio Código Penal e de Processo Penal. Essa é a discussão que se faz agora. Mas, na revisão criminal, se há um erro jurídico grave, que há dinheiro público e que esse dinheiro foi desviado, não houve desvio de dinheiro público. Os recursos que eram para o PT tiveram origem em empréstimos que as empresas do Marcos Valério fizeram em um banco e esses empréstimos foram repassados para a tesouraria do PT. Essa é a origem do dinheiro, não é a Visanet e nem houve desvio de dinheiro na Câmara. O contrato foi cumprido, o serviço foi prestado. O Tribunal de Contas declarou lícito e, também, a Comissão de Sindicância Interna da Câmara. O controle interno da Câmara nomeado pelo Severino Cavalcante. Aliás, não há nomeação legal no Diário Oficial. [O controle interno da Câmara] é que disse que o contrato não cumpriu os seus objetivos, que houve desvio de recursos. Toma como desvio de recursos o volume, o bônus de volume, que é uma prática legal de mercado. Inclusive, foi legalizada no Congresso Nacional depois. Isso não pode ser confundido com desvio de recursos para campanha eleitoral, para qualquer outro fim.
O que é o caixa dois?
Pode ser dinheiro de origem legal que não é declarado que está indo para o partido.
Por que precisava do Marcos Valério para fazer isso? Se fosse uma simples operação de caixa dois, não seria uma empresa pegando dinheiro e dando para o Delúbio [Soares], que era o tesoureiro? Onde é que surge essa figura tão peculiar que é o Marcos Valério e tão íntima, aí, do principal partido político do país?
Essa pergunta eu não posso te responder porque eu nunca tive nenhuma relação com o Marcos Valério. Ele nunca falou comigo. Ele nunca telefonou para mim. Eu nunca telefonei para ele. Eu nunca me encontrei com ele pessoalmente. Ele foi à Casa Civil acompanhando dois bancos. Na primeira vez, eu nem sabia quem era ele, que ele existia. Porque, no primeiro mês de governo, que foram me convidar. Porque o presidente não podia. Eu fui. Eu fui... Está no jornais do dia. [Eu fui] à uma fábrica do grupo que detém o controle do BMG em Goiás. E, na segunda vez, ele acompanhava o diretor, o presidente do Banco Espírito Santo aqui no Brasil, Ricardo Espírito Santo.
Mas o sr. não procurou entender como que surgiu o Marcos Valério nisso? Se era um simples caixa dois, como é que surgiu o Marcos Valério?
Pelo que consta, o Marcos Valério surgiu a partir de Minas Gerias do PSDB, em 1998, que ele fez essa mesma operação de empréstimos bancários.
E por que o PT incorporou esse tipo de [prática]?
Não cabe a mim responder isso. Porque, como consta dos autos e é público e notório, eu estava na Casa Civil, não estava na direção do PT. Não respondia pelas finanças do PT, nem pelas decisões executivas do PT do diretório do PT. Porque, senão, eu sou parte. Por isso mesmo que não podia estar nessa denúncia. Como outros foram retirados e inocentados, como o Luiz Gushiken, o Sílvio Pereira, a rigor, eu teria que ser inocentado.
Mas o sr. reconhece que, formalmente, o sr. não estava nessa funções mas o sr. tinha uma grande ascendência sobre todas essas pessoas?
Não. São coisas completamente diferentes. Eu tinha ascendência, e tenho... Tinha mais, tenho, [ascendência] política sobre o PT porque eu sou um dos líderes do PT. Eu faço parte da história do PT. Eu construí o PT. Eu sou amigos das pessoas. Tenho relações com as pessoas e elas me ouvem, mas eu não exercia cargo e função e não participei dessas decisões, da tomada dessas decisões. Aliás, todos dizem isso. Ninguém diz o contrário. Ninguém. Não há uma testemunha de que eu participei. Não há uma testemunha que diga que houve compra de votos. Não há uma no processo. Não há uma testemunha que me envolva. E eu fiz contraprova das acusações que me foram feitas. Porque o Roberto Jefferson faz uma acusação de que foi para comprar deputados. Mas os R$ 4 milhões que o PTB e ele receberam não foram para comprar deputados, foram para campanha eleitoral. Ah, a coisa é ridícula. Como é que se aceitou isso na sociedade brasileira? Ele é surpreendido e envolvido numa denúncia que tem um inquérito hoje. Não há nenhum petista nem como testemunha sobre os Correios. Não há um petista envolvido naquele ato de corrupção dos correios. Ele, partir daí, faz uma denúncia de que existe um mensalão e que eu sou o responsável sem nenhuma prova. E acaba como acabou: numa condenação no Supremo Tribunal Federal.
Se o Marcos Valério não tem nada, não sabe nada, se o Lula também não tem envolvimento nenhum nesse assunto, por que o Marcos Valério é tratado com algumas deferências. Por exemplo, ele é recebido pelo Paulo Okamotto, que é presidente do Instituto Lula e que é, talvez, o assessor mais próximo do ex-presidente. Por que o Paulo Okamotto recebe o Marcos Valério?
Boa pergunta para ser dirigida ao Paulo Okamotto. Eu nunca recebi o Marcos Valério. E nunca tive nenhum contato com ele. Nem antes nem depois. Até hoje eu não tenho.
Mas por quê... O sr. conversa sempre com o Lula, não conversa?
O Lula não tem nenhuma preocupação em relação a essa questão, nenhuma. E não deve ter.
Mas por que Paulo Okamotto, que é um interlocutor privilegiado dele [de Lula] recebe...
A não ser que se queira, agora, dar um golpe que não conseguiram dar antes. Quer dizer, conseguir transformar o Lula em réu na Justiça brasileira. A não ser que se vá fazer esse tipo de provocação ao PT e ao país, à nação brasileira.
Mas as pessoas têm que fingir que não estão vendo que o Marcos Valério vai lá falar com o Paulo Okamotto?
O Paulo Okamotto tem que responder por isso. Os que conversam com o Marcos Valério, sejam os advogados, que têm toda razão para conversar...
Os advogados são outra questão. O Paulo Okamotto é um interlocutor do ex-presidente.
Faça essa pergunta ao Paulo Okamotto.
Mas o sr. nunca teve curiosidade de perguntar ao ex-presidente Lula por que isso acontece?
Não. A curiosidade eu não tenho nenhuma. Porque eu conheço os fatos e sei que o Lula não tem absolutamente nada a ver com isso. Absolutamente.
A acusação que o Marcos Valério fez, o Ministério Público e a Polícia Federal vão investigar. Não há por que fazê-lo, porque o Supremo Tribunal, mais de uma vez rejeitou o pedido de incluir o presidente Lula no processo. Não há fatos novos nas declarações do Marcos Valério. Basta ir à CPI e à Polícia Federal, e ao inquérito, para ver que o Marcos Valério já havia declarado. Esses fatos já eram conhecidos. Ele já declarou. Na verdade, eu não vejo por que o Ministério Público pediu essas investigações. Isso era para ser arquivado, mas já que pediu, vamos ver agora as consequências.
Por que o sr. acha que voltou essa onda exatamente agora. Porque o sr. mesmo disse que não há provas materiais construídas contra o sr., contra vários do processo, como não havia contra o ex-presidente Lula. Não obstante alguns ficaram de fora e outros ficaram dentro, condenados como o sr. O presidente Lula, na época, ficou de fora. Agora, vai ser investigado. Por que voltou isso?
Boa pergunta.
Qual é a sua intuição?
Razões políticas para tentar desgastar a imagem do presidente Lula. Manter a agenda do mensalão. Manter o PT e essa agenda do mensalão no noticiário. Essa é a razão. A razão é política, não tem outra razão. Porque do ponto de vista jurídico, do conteúdo da denúncia, da delação premiada do Marcos Valério, não há o que investigar nela. Porque tudo isso foi investigado. Aliás, há outras ações na Justiça, porque muitos foram condenados, é importante que se diga para a sociedade saber, por caixa dois.
Se faz um escândalo quando, por um lado, é correto, porque tem que ser condenado o caixa dois. Mas, por outro lado, se você não cometeu um crime, você tem que se defender. Os réus estavam se defendendo porque não cometeram o crime de corrupção e formação de quadrilha. Estavam dizendo que cometeram o crime de caixa dois. Condenável, que a Justiça tem que apurar e cada um tem que responder pelo crime, mas que não é a mesma coisa, certo? A verdade é que essa era uma questão de caixa dois.