sábado, 22 de outubro de 2011

Ocupai Wall Street receberá Batman

O movimento Ocupai Wall Street tornou-se uma atração turística. Agências de notícias informam que "agora é comum ver turistas no Parque Zuccotti tirando fotos de si mesmos com manifestantes de fundo". Simples admiração, curiosidade ou já começou, em uma sociedade que transforma tudo em objeto de consumo, a banalização da frustração americana? Ao mesmo tempo, o "Los Angeles Times' acaba de publicar que no novo filme do Batman, The Dark Knight Rises, o diretor Christopher Nolan, apresentará cenas de protesto do movimento de Ocupai Wall Street, que há mais de um mês acontece em várias cidades dos Estados Unidos o fracasso do sistema capitalista made in USA. A equipe de filmagem vai chegar em Nova York em 29 de outubro e passará duas semanas lá para filmar nas regiões ocupadas pelos manifestantes. Já sabe que The Dark Knight Rises será estrelado por Christian Bale, Michael Caine, Gary Oldman e Morgan Freeman, entre outros, mas nada foi dito sobre qual o papel desempenhado no filme pelos indignados.Os manifestantes do Ocupai Wall Street, dizem os produtores, não serão relevantes no roteiro, apenas serão um cenário para a trama principal. No final, é provável que o que hoje é um autêntico movimento social contra a crise capitalista torne-se para muitos, incluindo até mesmo os EUA - onde é incômodo para a imprensa falar sobre o tema, como se pode imaginar, - em coadjuvantes de uma história de Hollywood, onde um super-herói extarído dos quadrinhos porá os criminosos em seu devido lugar. Mais uma vez, a máquina esquizofrênica da mass media apagrá as fronteiras entre ficção e realidade? Ninguém sabe. O que é certo é que neste último capítulo da saga Batman, o eterno inimigo do Batman, o Coringa, não será interpretado por Barack Obama.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Engolido pela cólera de seu povo


Em Trípoli, povo comemora a queda de Sirta e a morte de Gaddafi. (Keystone)

“Engolido pela cólera de seu povo”, “A Líbia escreve uma nova página da história”, “Morte sem processo” são alguns dos comentários feitos na Suíça.
O Ministério das Relações Exteriores (DFAE) faz um “apelo ao respeito dos direitos humanos e ao direito humanitário na Líbia. Exalta os diferentes atores à prudência e a não exercer represálias. Esse desaparecimento permitirá ao Conselho Nacional de Transição (CNT) de prosseguir seu trabalho para uma transição democrática”. Resumidamente, foi essa a posição oficial do governo suíço.
“Para a justiça, seria melhor um processo, mas a morte de Gaddafi evita de lhe dar uma tribuna. Ela também é do interesse dos Estados Unidos e da Europa que não gostaria que Gaddafi relatasse as relações duvidosas que tiveram com a Líbia durante anos”.

A guerra ainda não acabou

 É o que afirma do jornal Le Temps o diretor do Centro de Estudos do Mundo Árabe e Mediterrâneo, em Genebra, Hasni Abidi. Ele adverte ainda que “a guerra ainda não acabou” porque ainda não foram capturados todos os filhos de Gaddafi e de fiéis ao regime. “A prolongação de três meses do mandato da Otan “mostra que a guerra ainda não acabou.”
Essa revolução “não constava do livro verde do livro verde do coronel Gaddafi, que cai após 42 anos de poder absoluto”, escreve o jornal Le Temps na resenha de dois livros sobre a história recente  da Líbia.
 O escritor suíço Jean Ziegler,vice-presidente do comitê consultivo do Conselho de Direitos Humanos da Onu, foi próximo do coronel Gaddafi anos atrás: “Sua recusa até o fim de negociar prova sua loucura. Ela tinha perdido o senso da realidade e acreditava até o fim que o povo iria mudar de opinião. Pelo menos um perigo foi descartado, o de criar, com os fanáticos tuaregues, o Estado do Saara para resistir e impedir a reconstrução da Líbia.”  

Suíça pode ajudar na recontrução

O custo da reconstrução do país é estimado entre 500 e 700 bilhões de dólares. Segundo o atual embaixador da Líbia em Berna, Sliman Bouchuiguir, a Suíça já poderia ajudar a Líbia na área de avaliação e planificação da reconstrução. (Leia mais em matérias relativas).
Bouchuiguir acha que os suíços podem contribuir em vários setores, dada sua competência em matéria de desenvolvimento e de tecnologias em desenvolvimento sustentável, tecnologias de ponta, construção de infraestruturas, inclusive estradas, eletricidade e comunicações.
 760 milhões de dólares pertencente ao Estado líbio estão bloqueados na Suíça. Durante uma conferência organizada pela França em 1° de setembro, a chanceler Micheline Calmy-Rey anunciou que Berna estava pronta a liberar 380 milhões de dólares.

Relações conturbadas

A Suíça foi um dos primeiros países a reconhecer a Líbia depois da declaração de independência, em 1951.
Com a chegada das companhias de petróleo, muitos geólogos, técnicos e especialistas suíços foram para a Líbia. Em 1965, a Suíça abriu um consulado em Trípoli e uma embaixada em 1968.
A  breve detenção de um dos filhos do coronel Gaddafi, Hannibal Gaddafi,  em 28 de julho de 2008, em Genebra, provocou tensões políticas entre a Líbia e a Suíça. Hannibal e sua esposa estavam hospedados em um hotel em Genebra e foram denunciados por maltratar dois empregados domésticos que os acompanhavam.  Daí a detenção de ambos e o início de um período tenso nas relações dos dois países.
As autoridades líbias tomaram medidas coercitivas contra pessoas de nacionalidade suíça e empresas suíças estabelecidas na Líbia. Houve inclusive  intervenção da União Europeia, proibindo a entrada de pessoas do clã Gaddafi devido acordos de Schengen que incluem a Suíça. Empresas suíças foram proibidas na Líbia.
Houve muitas negociações e certa confusão dentro do próprio governo suíço, principalmente em torno da liberação de dois cidadãos suíços retidos em Trípoli.
Em 23 de fevereiro de 2010, um dos suíços retidos na Líbia, Rachid Hamdani, voltou ao país e o outro, Max Göldi, em 13 de junho de 2010.
Com a guerra que se instalou na Líbia, a Suíça fechou sua embaixada e bloqueou 650 milhões de francos suíços depositados por dignitários do regime. Com a mudança de regime, as relações entre a Suíça a Líbia tendem a se normalizar.

swissinfo.ch com agências

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Karl Marx, o edifício mais longo do mundo

Situado em pleno coração de Viena, na Áustria, o Karl Marx Hof, estende-se ao longo de mais de um quilómetro de comprimento e quatro paragens de ónibus. Não é impunemente que é considerado o edifício residencial mais comprido do mundo e um símbolo do poder dos trabalhadores nos anos de ouro do socialismo europeu.

 Karl Marx, o edifício mais comprido do mundo
Quando foi inaugurado, em 1930, o Karl Marx Hof não se distinguia apenas pelo seu enorme comprimento, superior a 1100 metros, nem pela sua altura ou pelos tons fortes de amarelo e vermelho das suas fachadas que contrastavam vivamente com as tímidas vivendas em seu redor. Era também um símbolo de uma política socialista e de uma arquitectura ao seu serviço. O Karl Marx Hof erguia-se insolentemente no meio de uma zona chique da cidade e atrevia-se a oferecer mais de 1300 apartamentos para trabalhadores com instalações sanitárias, água canalizada e varandas! - um luxo a que nenhum operário da época tinha acesso.
Os hof eram edifícios de habitação social construídos pelo governo socialista austríaco durante os anos 20'. Embora se assemelhassem a um quarteirão, não se enquadravam nos processos de loteamento tradicionais, pois eram projectados e edificados de uma assentada, e o seu "miolo" era composto por espaços livres comunitários, geralmente ajardinados. Este tipo de edificações conheceu grande popularidade nos anos que se seguiram e deixou influências profundas no urbanismo moderno.
 Karl Marx, o edifício mais comprido do mundo
O Karl Marx Hof tornou-se o arquétipo deste tipo de edifícios. Foi projectado em 1927 por Karl Ehn para uma área de 15 hectares. Todavia, apenas 18% desta área era destinada a habitação (cerca de 1380 apartamentos para 5000 pessoas), uma vez que o resto consistia em jardins e equipamentos comunitários: uma escola, recreios, lavandarias, serviços médicos, estabelecimentos comerciais e instalações sanitárias. Mesmo assim, a dimensão do conjunto é impressionante, como se pode ver numa fotografia aérea.
Longe dos anos de ouro do socialismo europeu e do poder dos trabalhadores, o enorme edifício sucumbiu com o passar do tempo a diversos problemas sociais e arquitecturais. Alguns dos primeiros locatários que ocuparam com orgulho os modernos apartamentos de 1930 ainda ali residem. O sentido comunitário e o bom relacionamento entre os habitantes perdeu-se. Também os apartamentos se tornaram obsoletos, com as suas áreas reduzidas e infraestruturas degradadas. O Karl Marx hof tornou-se um gueto.
Nos anos 90' foi instaurado um plano de intervenção que incluía obras de reparação da estrutura, substituição de pavimentos, janelas e outros elementos, de modo a ajustar o edifício aos padrões de vida actuais. As habitações restauradas têm vindo a ser ocupadas por jovens em início de vida que não podem pagar alojamentos mais caros noutras zonas da cidade. Alguns tentam organizar actividades colectivas nos espaços livres. A pouco e pouco a vida e o espírito comunitário vão voltando ao maior edifício do mundo...
 Karl Marx, o edifício mais comprido do mundo
 Karl Marx, o edifício mais comprido do mundo
 Karl Marx, o edifício mais comprido do mundo
 Karl Marx, o edifício mais comprido do mundo

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domingo, 16 de outubro de 2011

Indignados desgrenhados x faxineiros arrumadinhos

Aonde vai esse ajuntamento?
Por razões que não vêm ao caso, não pude dar uma olhadinha na(s) caminhada(s) do 15 de outubro. Por conta disso, fico com os depoimentos e imagens de segunda mão. O Sul 21 fez uma matéria interessante sobre o(s) acontecimento(s) - de onde tirei as fotos, que são de Ramiro Furquim. Munido deste relato e de minha fabulosa intuição, vou arriscar minha singela opinião.
Prefiro aquele pessoal meio desgrenhado e gritão, falando mal da esquerda e da direita, do que aquela gente arrumadinha, vestida de preto, reclamando da decadência moral dos outros.
Todos são idiotas, menos o dono do cartaz
Precupam-me os movimentos que repudiam a presença de partidos políticos. Não que nossos partidos sejam grande coisa, mas não são piores que a sociedade em que estão inseridos. Os "indignados" ao menos são, mais tolerantes com a presença dos partidos. Já o pessoal das vassourinhas (que, felizmente, não foram utilizadas na caminhada) adoram dizer que têm nojo da política.
poderia tecer muitos comentários estritamente políticos sobre o 15/10 que, em Porto Alegre, combinou a turma da OAB (representante da categoria mais ética do Brasil) com os herdeiros do maio de 68. Mas prefiro arriscar um chute mais longo. Esses movimentos avessos a partidos e à política do modo como a conhecemos hoje, têm um potencial inovador no discurso e na prática política. São moviemntos que precisam ser acomapanhados e entendidos por quem deseja algum tipo de tranformação nas relações sociais. Todavia, o "autonomismo" de sem pátria, sem patrão, sem partido e tudo o mais que o prenda a algum tipo de institucionalidade, gera um movimento sem efetividade e que, com o tempo, acaba absorvido pelo sistema que eles tanto combatem. Mais ou menos como os yuppies que usam calça jeans, ou outras apropriações da rebeldia da década de 60. Visitem o Democracia Real e conheçam umpouco mais do que esse pessoal tá pensando.
Tenho simpatia pelos indignados. Eles nos ajudam a refletir sobre a coerência entre o que vivemos e o que pregamos e sobre a nossa moralidade. Ao seu modo eles ajudama empurrar o mundo pra frente. Se houver uma outra caminhada dessas prometo que vou assistir.
O que me preocupa são os arrumadinhos vestidos de preto, com nariz de palhaço e de vassoura na mão. Esses se consideram os guardiões da moral. Esses são perigosos. Se houver outra marcha deles, me avisem; vou passar bem longe.

Como entrar em desacordo e argumentar de maneira intelectualmente honesta

Editor: Francisco Boni Autor: Paul Graham* Em: Bule Voador

Como entrar em desacordo