sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Começando por onde as outras terminaram


Rompeu-se o nó górdio da instalação da CPI da Yeda. Agora, até a base governista resolveu assinar para não deixar o comando exclusivamente nas mãos do PT. A diferença dessa para outras CPI's é que as outras terminavam com a entrega do relatório ao Ministério Público, esta, começa com a decisão do Ministério Público de pedir o indiciamento daquele monte de gente. A famosa CPI da Segurança, que investigou desde o jogo do bicho até a aquisição da sede do PT, terminou encaminhando seu relatório, considerado fabuloso pelo desaparecido Lasier Martins, ao MP. No fim das contas, o MP mandou arquivar a denúncia por improcedente.

Somos onde estamos

A posição que as pessoas ocupam na sociedade condiciona suas opiniões . Em política, o que mais acontece é mudança de opinião, o que menos se espera é que os que mudam de opinião façam autocrítica. Não sou neutro, nem hipócrita e minhas opiniões estão registradas. Porém, ficaria grato se alguém, com mais competência do que eu, fizesse uma pesquisa para analisar as posições dos agentes políticos sobre CPI's, Ministério Público, indiciamentos e coisas do tipo. Não falo da posição sobre o mérito de acusações ou investigações, mas sim sobre como cada um expressou seu julgamento sobre as pessoas ou instituições que faziam as investigações ou acusavam. Intuitivamente, acho que encontraremos uma simetria de posicionamentos muito grande.
Escrevi que é difícil encontrar autocrítica, também é difícil encontrar coerência. Enfim, o reino da política é humano, demasiadamente humano.

Marcos Rolim e o aniversário da governadora


Meu conterrâneo Marcos Rolim fez uma postagem sobre a passagem do aniversário da governadora, que reproduzo a seguir:
“A governadora recebeu hoje à tarde - com direito à foto no site do governo e tudo - uma placa de bronze em homenagem ao seu aniversário. Quem lhe ofereceu a placa? Algum parente? A velhinha de Taubaté? Não. A homenagem lhe foi prestada pelo Tribunal de Justiça Militar. Se faltava algum argumento para a extinção do TJM, agora não há mais desculpa. Tem cabimento um Tribunal mandar confeccionar uma placa de bronze para o aniversário de alguém? Onde estamos? No Maranhão?”
Não estamos no Maranhão, mas estamos no Brasil, planeta Terra. O mito da superioridade política e ética do Rio Grande do Sul é um dos mais difundidos. É como um dos componentes do “gauchismo” que vai se desfazendo diante da visibilidade de tantos escândalos. Para alguns, que só acreditam no que veem, a política riograndense era limpa porque não viam nada, ou não queriam ver.
Aspectos da formação do estado, uma realidade social menos desigual que em outros estados (do nordeste, por exemplo) e componentes culturais (como os princípios do positivismo) funcionaram como um certo freio a práticas políticas comuns do patrimonialismo brasileiro. Porém, parece que o que temos de melhor em relação a outros estados são os ideólogos que conseguiram vender a idéia de uma superioridade étnica dos gaúchos e de seus políticos; ao menos para nós mesmos. Perguntem aos paulistas, aos mineiros, aos baianos quem são os políticos mais qualificados do Brasil, ou quais os movimentos nacionalistas, patrióticos mais significativos. Cada um desses estados terá os seus próprios. O Maranhão, provavelmente, tenha dificuldade de assumir-se como espelho da pátria, dado um certo complexo de inferioridade, mas até o Maranhão deverá ter seus próprios mitos, capazes de fundar uma teoria da “superioridade maranhense”, em relação aos demais estados da federação.
Decididamente, não estamos no Maranhão, mas o desnudamento das patranhas locais podem prestar o serviço de colocar o Rio Grande diante da sua realidade. Ou não.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ministério Público Federal pede afastamento e bloqueio de bens de Yeda Crusius


Nem vou falar nada, vão direto para o RS URGENTE.
A pergunta é: o que dirá o impoluto Pedro Simon. Larga o pé do Sarney e vem tratar dos problemas do estado que te elege a décadas.

A síndrome da SMED


Como disse o Ricardo, a SMED de Porto Alegre reuniu as direções de escola no domingo de manhã para comunicar que havia desdecidido o que havia sido decidido na sexta-feira, ou seja, o recesso seria prorrogado para 17 de agosto. Há motivos para prorrogar e não prorrogar o recesso, defendidos por pessoas reconhecidamente competentes. Eu, sou um simples opinador, porém, pelo princípio da precaução..., é melhor prevenir. O problema é que a PMPA, e a SMED por consequência, realiza uma trajetória errante. Demora para decidir e, quando decide, o faz em cima da hora. Essa é a governança: abusa da imprevidência e se sustenta no discursinho de pacificação e ausência de conflitos.
No caso da SMED, o problema se agrava pela falta de uma linha pedagógica. Aí, a síndrome do vazio é pior que a síndrome gripal. Podemos fazer reparos às gestões anterIores e suas perspectivas teóricas. Porém, havia algo a ser discutido, seguido e criticado. O vazio pedagógico da SMED, iniciado pela pós-moderna Marilu, permanece. O diretivismo administrativo, ao estilo Neuza Canabarro, é o disfarce da ausência de proposta pedagógica. Cada um faz o que bem entende, desde que cumpra seu horário e alimente os relatórios. Sou avorável à existÊncia de estruturas burocráticas e administrativas. Mas não suporto o burocratismo e o administrativismo. As estruturas meio devem estar a serviço de uma proposta política. Do contrário, degeneram para o formalismo e, não raro, para o autoritarismo administrativo, disfarçado de "boa gestão".

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Professor Vanazzi


Li que o prefeito de São Leopoldo conseguiu concluir seu curso de história. Há um tmepo atrás, Valdeci Oliveira, ex-prefeito de Santa Maria concluiu o curso de direito. Muito legal isso. Mesmo depois da idade padrão, continuaram perseguindo um objetivo. Aproveito a notícia para emitir minha singela opinião sobre o quanto a burocratização e o apego às funções políticias têm auxiliado a degradar o nível da política brasileira.


Pessoas vão-se criando à sombra de cargos políticos (eletivos ou não), construindo um padrão de consumo médio/alto e desvinculando-se da vida concreta. Não estudam, não se aperfeiçoam, não vivem nada além de seus cargos e das "missões" que se consideram portadores. Vai daí que se tornam cada vez mais dependentes da máquina pública e dos partidos que ocupam os governos. Transferem aos partidos e governos a responsabilidadde de cuidar da sua vida. Engalfinham-se por cargos e entram em pânico quando estão na iminênica de os perderem.


São pessoas que não conseguiram organizar suas vidas e tornam-se clientes dos cargos públicos nos quais tem que organizar a vida de muitas pessoas.


Não avalio o caráter ou competência de ninguém. O que preocupa é que ao se colocarem na condição de reféns de cargos em comissão, acabam omando o meio por fim e a si próprios como referência. Essa praga é muito presente na política brasileira (não sei o resto mundo como está). Os estragos que ela tem feito às instituições e à ética pública são enormes.


Vanazzi e Valdeci são pessoas íntegras e capazes. São bons gestores públicos (ambos foram reeleitos, se isso é parâmetro). Se, no futuro, não ocuparem funções públicas, espero que sejam, respectivamente, um bom professor e um bom advogado. Se cada governante governasse pensando que, amanhã, será uma pessoa comum, acredito que os governos seriam melhores.

O ENEM



Marcos Rolim escreveu um artigo com opiniões que me parecem adequadas sobre mudar em educação. Sobre um item, me permito comentar alguma coisa. O ENEM não resolve o problema da educação, que vem de longe e está na base do sistema de ensino. Porém, traz para a discussão algo importante, que é o ensino de conceitos e habilidades para produzir respostas. Compreender uma pergunta é fundamental para encontrar sua reposta. Porém, em algum momento da educação brasileira, nos perdemos. Nossos alunos nem possuem um estoque de informações, nem habilidades para buscar as informações que não possuem, em regra. Resta, recorrer aos "experts em macetes". Estuda-se não para conhecer mais, mas para passar em alguma prova e, por fim, no vestibular. Daí a revolta de alguns desses experts contra o ENEM. Para eles, o ENEM é um conjunto de pegadinhas ou charadas. O certo seria que nossos estudantes desenvovlessem técnicas de memorização e participassem dos shows em que se tornaram certas aulas preparatórias ao vestibular. Desenvolver a habilidade de raciocinar e buscar a resposta na própria pergunta, para alguns, não é necessário. Um advogado dificilmente precisará saber algo sobre cálculos diferenciais em matemática. Porém, caso seja necessário ter alguma informação sobre isso, ele deve estar habilitado a saber como encontrar, sem precisar fazer um curso de matemática, ou sem recorrer à sua prodigiosa memória. O mesmo vale para outras áreas de conhecimento. Não preciso saber onde fica cada uma das ruas da cidade, mas preciso saber olhar um mapa.

Não sei se o ENEM resolve, mas ajuda. Ao ver a indignação da categoria que passou a ser denominada de "professor de cursinho", representada por profissionais que acham bonito serem chamados de "tios", ou serem conhecidos por perfomances cênicas, desconfio que, ainda que modestamente, o governo brasileiro pode estar indo no caminho certo.