em Arquitetura por Flávia Pimenta Palmeiraem obvious
A arquitetura contemporânea surgiu a partir do movimento
desconstrutivista, no fim dos anos 1980, caracterizado pela fragmentação
e pelo processo de desenho não linear, que distorce e desloca alguns
dos princípios elementares da arquitetura como a estrutura e o
envoltório do edifício. A escola desconstrutivista contrapõe-se à
racionalidade ordenada do Modernismo, e tem por base o movimento
literário chamado desconstrução, e também sofreu influências pelas
experimentações formais e desequilíbrios geométricos do construtivismo
russo, que existiu na década de 1920.
Alguns dos arquitetos conhecidos como desconstrutivistas foram
influenciados pelas idéias do filósofo francês Jacques Derrida. O
redimensionamento desses conceitos iniciou-se por volta da década de
1960, e resultou em um abalo na hegemonia dos discursos de toda ordem,
já que qualquer discurso que visasse à verdade era posto em dúvida. No
entanto, "desconstrução" não pode ser tomada como sinônimo de
destruição, e sim, de um procedimento de questionamento, de rastro e
apagamento, de decomposição e de reorganização dos discursos até então
considerados dogmáticos e dominadores. A intenção do desconstrutivismo
como um todo é libertar a arquitetura do que seus seguidores vêem como
as "regras" constritivas do modernismo, tais como a "forma segue a
função", "pureza da forma" e a "verdade dos materiais".
No ano de 1997, a inauguração do Museu Guggenheim Bilbao projetado
pelo arquiteto canadense naturalizado norte-americano Frank Gehry, foi
um dos marcos na arquitetura contemporânea, que estabeleceu a cultura da
implantação de obras espetaculares para recuperação de cidades e áreas
decadentes, materializando a expectativa de cidades ocidentais que
sofriam um processo de desindustrialização e buscavam um novo sentido na
industria da criatividade. As noções de rastro e apagamento foram
postas em prática por Libeskind em seu projeto do Museu Judaico de
Berlim(2001), concebido como um rastro do apagamento do Holocausto, e
por memoriais como o Monumento aos Veteranos do Vietnã (1982) de Maya
Lin e o Memorial aos Judeus Mortos da Europa de Peter Eisenman (2004).
As obras contemporâneas enfatizam a expressão da monumentalidade,
imperativo do homem de registrar autoridade por meio de uma arquitetura
de vanguarda, delineando uma imageabilidade contemporânea, que aborda o
ideal estético de economias emergentes como Xangai e Dubai (o complexo
corporativo transnacional) e a marca do arquiteto por meio de
tecnologias e formas escultóricas ou referenciais, com grande ênfase
imagética, como o edifício St. Mary Axe do britânico Norman Foster, a
Torre Agbar de Jean Nouvel, em Barcelona, as obras da arquiteta
iraquiana Zaha Radid, e dos brasileiros Oscar Niemeyer e Ruy Ohtake,
entre outros.
No entanto, a Bienal de Veneza em 2000, dirigida pelo arquiteto
italiano Massimiliano Fuksas, trouxe uma reflexão, de que a arquitetura
precisa de mais ética e menos estética, pois estava perdida em elementos
gratuitos, muito preocupada com a imprevisibilidade e seu impacto
visual, e pouco com a funcionalidade do edifício. Desde então, outro
arquitetos buscaram por elementos essenciais da arquitetura, pela
simplicidade das formas e pela economia, como os arquitetos Tadao Ando e
Renzo Piano.
Esta questão não está relacionada ao minimalismo, mas sim às
características fundamentais de um projeto. Para Piano, as
características de uma obra se resumem principalmente à história e
natureza, interfaces límpidas com as quais se pode medir todo seu
resultado arquitetônico - o edifício-sede do jornal The New York Times
(2000-7), é o arranha-céu mais importante construído na metrópole
americana depois da tragédia do 11 de setembro, representada por uma
estrutura arquitetônica leve, tecnológica, que permite melhor eficiência
energética e conforto ambiental.
A arquitetura contemporânea brasileira reúne todas as tendências e
técnicas arquitetônicas utilizadas nos tempos atuais. A produção é
consistente e dotada de sentido estético adequada ao nosso tempo, sendo
capaz de aliar o conhecimento prévio modernista e simultaneamente romper
com os paradigmas pré-existentes. O resultado é uma busca por soluções
tecnológicas mais sustentáveis e perspectivas mais amplas na
experimentação de soluções projetuais abstratas, inovadoras e únicas.
Enfim, a arquitetura contemporânea é o reflexo do mundo cada vez mais
globalizado e tecnológico. Resta para os arquitetos se adaptar e
descobrir uma forma de aplicar estes novos métodos de forma que seja
funcional, em outras palavras, a arquitetura contemporânea deve ser
única, e atender as necessidades básicas de forma 'inteligente', a
partir de uma análise profunda do local a ser trabalho e das
necessidades reais. Podemos observar que existem maneiras de criar
espaços e volumes que se adaptam ao ambiente, e não se tornando algo
chocante que chame atenção pela estética.