sábado, 12 de outubro de 2013

Setorização do Beira-Rio manterá área a preços populares, mas deixará mensalidade mais cara para o sócio

Projeto prevê assentos a preços reduzidos em área central do gramado e deve injetar R# 21 milhões anuais nos cofres do clube. De: ZH

Setorização do Beira-Rio manterá área a preços populares, mas deixará mensalidade mais cara para o sócio Divulgação/AG
Foto: Divulgação / AG
Com tendência de aprovação na reunião do Conselho Deliberativo da próxima segunda-feira, a proposta de setorização do Beira-Rio atenderá ao clamor dos mais de 100 mil sócios colorados: que o Inter siga sendo um clube popular, mas que tenha em seu estádio o conforto da elite europeia.
Um documento de 24 páginas esmiúça o que será feito no Beira-Rio e quais os impactos no clube e no quadro social a partir de análises em borderôs, base de dados de sócios, pesquisas qualitativas e quantitativas, além de um debate com todos os grupos políticos do clube. Zero Hora destaca os principais pontos do parecer da Comissão Especial de Relacionamento com Sócios:



— Quadro Social

Considerando reajustes a partir da inflação do país e sem deixar de lado a inadimplência atual do clube — hoje de 7%, conforme balanço do clube — o Inter terá um acréscimo de R$ 21 milhões em mensalidades com a nova distribuição de assentos. As mensalidades serão reajustadas para R$ 85 (para o associado que tem acesso a todos os jogos) e R$ 35 (sócio Campeão do Mundo). Dos 51 mil assentos do novo Beira-Rio, o Inter terá direito a 42,5 mil lugares. Já a BRio (a empresa criada em parceria do clube com a Andrade Gutierrez para administrar o estádio) ficará com 8 mil lugares, entre cadeiras VIP, suítes e skyboxes. Os outros 500 serão destinados a convidados de honra e imprensa.

— Gestão Inter

Como o contrato entre Inter e Andrade Gutierrez prevê que a maior receita do clube parta de bilheteria e quadro social, nada mais interessante para o clube que ter a gestão destes tópicos. Por exemplo: diferente do que ocorre na casa gremista, quando a Arena Porto-Alegrense estipula os valores dos bilhetes, no Beira-Rio a cifra é apontada pelo Inter. Ou seja: é o clube que determina quanto cobrará para a entrada nos jogos.

— Check-out remunerado

Um locatário de cadeira poderá avisar ao clube que não irá a determinada partida e, com isso, colocará seu assento para venda. A partir disso, ganha um desconto na mensalidade, determinado pelo valor bruto pelo qual o Inter repassou seu bilhete.

— Venda de ingressos ao estilo de shows

O Inter fará, de tempos em tempos, lotes promocionais de ingressos para jogos ao longo da temporada. A vantagem estará no valor reduzido com que o torcedor poderá adquirir os bilhetes. E o clube tem uma organização efetiva de seus ingressos. Isso será feito em jogos considerados de alto índice de público.

— Classificação de jogos

Com o intuito de não encarecer os valores dos ingressos, o Inter irá dividir os torneios em que participar em níveis. Jogos da Libertadores, por exemplo, receberão a classificação A. Clássicos no Brasileirão, terão a letra B ou C, dependendo do adversário. Gauchão, nível D, exceto os Gre-Nais. Com isso, o clube gera uma demanda de descontos a partir da importância do jogo. Por exemplo: um ingresso de R$ 100 para Libertadores terá 50% de desconto para o sócio Campeão do Mundo. Já pelo Brasileirão, em um confronto contra o São Paulo, quando os ingressos custam mais barato, a porcentagem em promoção pode ser ainda maior.

— Zona livre no meio do gramado

Preocupados com o que viram nos demais estádios do Brasil, em que as cadeiras centrais ficam vazias devido ao alto custo, o Inter priorizou uma área chamada "zona livre" também no meio da arquibancada inferior, assim como atrás das goleiras e parte da arquibancada superior, ou seja, 72% do espaço administrado pelo clube. Serão 14 degraus de assentos com preços populares — os outros 11 farão parte das novas cadeiras locadas. O preço das cadeiras irá variar entre R$ 140 e R$ 200 — o valor dependerá da localização no Beira-Rio.

Criança feliz, feliz a cantar...

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Raul Carrion, 50 anos de militância!

Raul Carrion é uma da pessoas mais íntegras com quem já convivi. Nele, expressões como "soldado do partido", "disciplinado", "devotado a uma causa"... não são palavras vazias. É um sujeito como existem poucos na vida política. Sei que, para crescer, o seu partido (e todos os partidos) precisam trazer pessoas diferentes, que agreguem votos mesmo sem agregar valor. O fato de Raul Carrion continuar com um mandato eleitoral chega a ser surpreendente no sistema político em que vivemos e pelo modo como as eleições se resolvem. Não estarei no jantar que celebra 50 anos (!) de militância, mas desejo sucesso.

Advogados de Lulinha denunciam 6 pessoas por ataques

Jornal GGN, Luis Nassif - O escritório de advocacia Teixeira, Martins & Advogados, em nome de Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, entrou com representação  junto ao 78o DP (Distrito Policial) de São Paulo, contra pessoas que, pela internet, acusaram-no de ser dono de fazendas e aeronaves.
A representação foi feita no último dia 2 de outubro. Na sequência foi instaurado inquérito e, nos próximos dias, serão convocadas seis pessoas para prestar depoimentos. Dentre elas, Daniel Graziano, responsável pelo site Observador Político, do IFHC (Instituto Fernando Henrique Cardoso).
A acusação não é contra o site em si, mas contra um comentário específico postado por um leitor cadastrado. Daniel será intimado a identificar o autor do comentário.
Na representação, os advogados juntaram a chamada materialidade do crime – as notas e comentários devidamente registrados em cartório. O passo seguinte será identificar os autores finais. A partir daí, partir para a denúncia.
É a primeira atitude mais enérgica da família Lula contra os ataques sistemáticos que vem sofrendo pela internet desde 2006.
Neste momento, a matéria principal do site Observador Político tem como título: "O brasileiro não se importa de ser severamente enganado".
NOTA DO ESCRITÓRIO TEIXEIRA, MARTINS & ADVOGADOS
Polícia abre inquérito para apurar calúnia e difamação contra Fábio Lula
A delegada Victoria Lobo Guimarães, titular do 78º Distrito Policial da Cidade de São Paulo, instaurou inquérito policial para apurar a ocorrência de crimes contra a honra de Fábio Luis Lula da Silva. A delegada Victoria recebeu no dia 2 de outubro de 2013 representação dos advogados de Fábio Lula, pedindo a investigação de seis publicações na internet com conteúdo mentiroso e ofensivo. Fábio não é e jamais foi dono de qualquer fazenda ou de aeronave.
Os seis responsáveis pelas publicações já tiveram suas intimações expedidas pela delegacia e deverão ser ouvidos nos próximos dias. 
“Estas publicações absurdas que têm surgido na internet, pretendendo vincular o nome do Fábio à compra de bens de elevado valor, caracterizam conduta criminosa e serão sempre levadas ao conhecimento das autoridades para as providências legais cabíveis”, afirma Cristiano Zanin Martins, um dos advogados que assina a representação.
Teixeira, Martins & Advogados

Cético, sim; arrogante, não

"Já ouvi um cético falar de modo superior e desdenhoso? 
Certamente. Às vezes até escutei, para minha posterior consternação, esse tom desagradável na minha própria voz. Há imperfeições humanas em ambos os lados dessa questão. Mesmo quando é aplicado com sensibilidade, o ceticismo científico pode parecer arrogante, dogmático, cruel, e sem consideração para com os sentimentos e as crenças profundamente arraigadas dos outros. E deve-se dizer que alguns cientistas e céticos diligentes aplicam essa ferramenta como se fosse um instrumento grosseiro, com pouca finura. Às vezes é como se a conclusão cética viesse em primeiro lugar, como se as afirmações fossem rejeitadas antes do exame da evidência, e não depois. Todos nós acalentamos as nossas crenças. Em certo grau, elas definem o nosso eu. Quando aparece alguém que desafia o nosso sistema de crenças, declarando que sua base não é suficientemente boa - ou que, como Sócrates, faz perguntas embaraçosas em que não tínhamos pensado, ou demonstra que varremos para baixo do tapete pressupostos subjacentes de importância capital -, tal fato se torna muito mais do que uma busca do conhecimento. Nós o sentimos como um ataque pessoal.

O cientista que pela primeira vez propôs consagrar a dúvida como uma virtude fundamental da inteligência indagadora deixou claro que ela não era um fim em si mesmo, mas uma ferramenta. René Descarte escreveu: "Não imitei os céticos que duvidam apenas por duvidar, e fingem estar sempre indecisos; ao contrário, toda a minha intenção foi chegar a uma certeza, afastar os sedimentos e a areia para chegar à pedra ou ao barro que está embaixo."

Pela forma como o ceticismo é às vezes aplicado a questões de interesse público, há uma tendência para apequenar os opositores, tratá-los com ar de superioridade, ignorar o fato de que, iludidos ou não, os adeptos da superstição e da pseudociência são seres humanos com sentimentos reais que, como os céticos, tentam compreender como o mundo funciona e qual poderia ser o nosso papel nele. Em muitos casos, seus motivos se harmonizam com a ciência. Se a cultura não lhes deu toda as ferramentas necessárias para levar adiante essa grande busca, vamos moderar as nossas críticas com bondade. Nenhum de nós nasce plenamente equipado.

Há certamente limites para os usos do ceticismo. Deve-se aplicar uma análise de custo/benefício, e se o alívio, o consolo e a esperança fornecidos pelo misticismo e pela superstição são elevados, e os perigos da crença relativamente baixos, por que não deveríamos guardar as dúvidas para nós mesmos? Mas a questão é delicada. Imagine que você entra num táxi numa grande cidade e, assim que se acomoda no carro, o motorista começa a discursar sobre as supostas iniquidades e inferioridade de outro grupo étnico. O melhor a fazer é ficar calado, tendo em mente que quem cala consente? Ou a sua responsabilidade moral é discutir com o motorista, expressar sua indignação, até mesmo sair do táxi - porque você sabe que cada consentimento silencioso será um estímulo para os o próximo discurso, e que cada discordância vigorosa o levará a pensar duas vezes na próxima vez? Da mesma forma, se calamos demais sobre o misticismo e a superstição - mesmo quando parecem estar fazendo algum bem -, favorecemos um clima geral em que o ceticismo passa a ser considerado descortês, a ciência cansativa e o pensamento rigoroso algo insípido e inapropriado. Encontrar um equilíbrio prudente exige sabedoria."

Trecho de "O mundo assombrado pelos demônios", de Carl Sagan

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Dilma sanciona MP 615 que transfere aos herdeiros do titular concessão para explorar serviços de táxi

Paulo Victor Chagas        
Repórter da Agência Brasil         

Brasília – A presidenta Dilma Rousseff sancionou hoje (9) a Medida Provisória (MP) 615, que benefícia produtores de cana-de-açúcar e usineiros na produção de etanol combustível e trata de vários outros temas, entre os quais a transferência da concessão para explorar serviços de táxi aos herdeiros do titular.
A solenidade foi no Núcleo de Apoio do Sindicato dos Permissionários de Táxis e Motoristas Auxiliares do Distrito Federal (Sinpetaxi), onde se reuniram dezenas de taxistas para comemorar a sanção da MP. Dilma explicou que sua presença no local é o “reconhecimento da importância que se atribui aos 600 mil taxistas de todo o Brasil”.
Segundo a presidenta, com a nova lei, os titulares das concessões de táxi poderão “transferir a seus herdeiros o direito de exploração do serviço de táxi pelo mesmo prazo original da outorga”. Ela disse que esta é uma lei que diminui e dirime qualquer dúvida jurídica: não é uma transferência de concessão, é um direito de sucessão.
A presidenta ressaltou que a nova norma acaba com a insegurança quanto ao futuro das famílias de taxistas mortos. "Vocês podem agora ter certeza de que [a sanção da lei acaba com] aquilo que já trouxe muita infelicidade para vocês: a insegurança do que vai acontecer a sua família se, por algum motivo, [você] falecer. Está garantida a renda para a sua família.”
MP foi aprovada há quase um mês, após polêmica sobre a inclusão de emendas com assuntos estranhos a seu objetivo principal. Enquanto tramitava em comissão especial da Câmara dos Deputados, a medida recebeu dezenas de penduricalhos e demorou a ser liberada para o plenário. Com isso, o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), decidiu aceitar a votação das MPs que chegarem com prazo mínimo e que não contenham matéria estranha.
A medida, acrescentou Dilma, também garante “a destinação dos recursos para, em cada um dos estados, fazermos a Casa de Defesa da Mulher”. Segundo a secretária de Políticas para as Mulheres, ministra Eleonora Menicucci, o Banco do Brasil será contratado pela secretaria para elaborar o projeto executivo e licitar a construção da Casa da Mulher Brasileira nas 27 unidades da Federação.
“A casa é fundamental, é necessária, é a marca do governo federal, da presidenta Dilma na defesa das mulheres e na luta contra a violência contra as mulheres”, disse a ministra, em nota divulgada pelo Blog do Planalto. De acordo com o Blog, a Casa da Mulher Brasileira vai concentrar os principais serviços especializados e multidisciplinares de atendimento às mulheres. Em situações de violência contra a mulher, cada unidade facilitará o acesso da vítima a uma estrutura que a acompanhe de forma integral.
Na cerimônia de sanção, a presidenta do Sinpetaxi, Maria do Bonfim de Santana, a Mariazinha, destacou a emoção e a alegria dos taxistas com a sanção da lei. “Essa vitória não é só minha, e sim de todos os sindicalistas, que vieram de longe”, disse Mariazinha, lembrando que os taxistas são os cartões de visita de todas as cidades, e imprescindíveis para qualquer capital.
Mariazinha lembrou que, quando o primeiro projeto que tratava do tema foi vetado, “a tristeza reinou no coração de todos os sindicalistas”. Em julho, a presidenta Dilma vetou artigo da Lei 12.844/2013 que tratava do tema, alegando que a legislação estaria invadindo a competência dos municípios, já que disporia sobre a prestação do serviço de táxi.

Hoje, no entanto, Dilma disse que a MP não interfere na autonomia dos municípios. “Estamos legislando sobre uma situação que diz respeito ao patrimônio de vocês e ao fato de esse patrimônio ser transferido para suas famílias, não há problema com relação aos municípios. E isso a Constituição nos permite”, explicou a presidenta.
No local do evento, taxistas comemoravam a sanção com cartazes e aplausos, principalmente ao senador Gim Argello (PDT-DF), relator da MP e autor da emenda que fala sobre a transferência da concessão da licença à família do motorista. “O direito de transferência das concessões é um sonho da família taxista", dizia um dos cartazes, agradecendo à presidenta e aos senadores Argello e Eunício Oliveira (PMDB-CE), autor do projeto anterior, vetado por Dilma. Sindicalistas de outros estados também exibiam faixas agradecendo a sanção da lei.
Edição: Nádia Franco
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Os 5 bancos mais cruéis de todos os tempos

Quando um banco toma a sua casa devido a dívidas absurdas que você acumulou, o faz de uma maneira toda formal e condescendente, sem helicópteros blindados sobrevoando a região ou raios antigravidade – o que seria muito mais legal.
No entanto, isso é fichinha para o que essas instituições podem realmente fazer. Os bancos são a coisa mais próxima que temos de uma organização vilã do mundo real. Esquadrões da morte e financiamento de terrorismo são apenas algumas das peripécias já cometidas por esses conglomerados maquiavélicos. Confira:

5. O banco australiano Nugan Hand, que financiava o tráfico e ameaçava matar sua família

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Na teoria, o banco australiano Nugan Hand era um estabelecimento de alta classe. Fundado em 1973 por um advogado e um ex-integrante das Forças Armadas Especiais dos Estados Unidos com apenas mil dólares (cerca de R$ 2 mil) em dinheiro, o negócio rapidamente se expandiu, atendendo às necessidades de militares estadunidenses de alta patente, incluindo dois generais, um almirante e um ex- diretor da CIA.
Deixar suas economias no Nugan Hand, em outras palavras, era como depositar seu salário na Sala de Justiça, se lá eles oferecessem uma tentadora taxa de juros de 16% sobre os depósitos e se o lugar sempre cheirasse a baunilha e odorizadores de ar.
16% de juros?!?!, pensou você. Caramba, como eles podem pagar isso? O que eles estão fazendo com o seu dinheiro para serem capazes de retornar uma taxa tão elevada de juros? Eles devem financiar o tráfico de drogas com o dinheiro do seu salário.
Isso é exatamente o que eles faziam. Essa taxa de juros absurdamente competitiva era, em grande parte, financiada pelo negócio altamente lucrativo de heroína que o banco mantinha. Mike Hand, o ex-integrante das Forças Armadas Especiais, ajudou a lançar o Nugan Hand para dar cobertura aos seus 25 milhões de dólares (55 milhões de reais, sem levar em conta a inflação do período) que ele recebeu de traficantes de drogas, contrabandistas de armas e (possivelmente) da CIA. A agência pode ter usado os serviços do banco para financiar operações secretas na Ásia Oriental.
Durante seus sete anos de negócio, Nugan Hand roubou pelo menos 50 milhões de dólares (110 milhões de reais, novamente sem contar quando esse dinheiro valorizou desde a década de 1970) de seus investidores. E não era como se você pudesse obter suas economias de volta apenas indo no banco e alegando ao caixa que você não concordava como a taxa de manutenção da conta, ou com seu limite do cartão de crédito.
Os donos do lugar ameaçavam esquartejar as esposas dos pobres funcionários e enviar os membros por correio em uma caixa se eles desobedecessem as ordens.
A coisa toda entrou em colapso em 1980, com o suicídio do cofundador Francis Nugan, mas se você está esperando que essa história tenha terminado com alguma justiça rápida e impiedosa, lamentamos: com exceção de Nugan (que, sejamos francos, se autoimpôs a pena de morte), praticamente todos os envolvidos saíram ilesos.
Hand foi visto pela última vez embarcando em um avião com uma barba falsa – e todos os demais altos funcionários se recusaram a depor, que é algo aparentemente permitido se você é rico o suficiente. E, sim, isso também acontece em países desenvolvidos como a Austrália. Pelo jeito, rico é rico em qualquer lugar do mundo.
Quanto aos clientes do banco, eles perderam todo o dinheiro que haviam depositado. Mas, honestamente, se você decide investir em um banco chamado Nugan Hand…

4. O “banqueiro de Deus”, que financiou o terrorismo e uma guerra civil

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Fundado no século 19 com o apoio do Vaticano, o Banco Ambrosiano tinha como missão fornecer uma alternativa aos bancos seculares, porque todos nós sabemos que a única pessoa em quem você pode confiar mais do que um banqueiro é um funcionário de alto escalão da Igreja Católica.
Um século de depósitos sacros mais tarde, eles se tornaram o segundo maior banco privado da Itália. Na realidade, se tratava de mais do que um banco; eles eram uma instituição sagrada. Na década de 1970, o CEO Roberto Calvi era conhecido como “o banqueiro de Deus”. Certamente, com um título desse, nada poderia dar terrível e ironicamente errado.
Exceto que Calvi usava parte do seu tempo no comando do Banco Ambrosiano para a lavagem de dinheiro vindo do tráfico de drogas com a máfia – além de subornar políticos italianos e norte-americanos e vender armas para ambos os lados da Guerra Civil da Nicarágua.
No final das contas, o Banco Ambrosiano ficou grande demais para suas próprias mentiras e as coisas começaram a desmoronar. Uma investigação feita em 1982 revelou que o banco não poderia ser o responsável por cerca de 1,3 bilhões de dólares (2,86 bilhões de reais) em depósitos. Tenha em mente que, enquanto os bancos de hoje usam essa quantidade de dinheiro em champanhe para o café da manhã ou em papel higiênico de folhas de ouro, 1,3 bilhões de dólares em 1982 era basicamente todo o dinheiro que circulava no mundo.
Até mesmo a máfia se assustou com todo o fuzuê que o banco santo estava fazendo. Eles começaram a cortar laços, bem como as gargantas dos envolvidos: um banqueiro de alto escalão foi encontrado morto na Córsega, na França, pouco antes de o secretário de Calvi cometer suicídio. O próprio Roberto Calvi foi encontrado pendurado na Blackfriar Bridge, em Londres, ainda no ano de 1982 – uma morte dada como suicídio (contrariando o senso comum) até que um novo exame em 2003 descobriu que as evidência apontavam, definitivamente, para um assassinato.
Se alguma parte dessa história maluca soa familiar para você, provavelmente é porque trechos do filme “O Poderoso Chefão: Parte III” foram baseadas no escândalo. É isso mesmo: terrorismo, mortes, peculato, guerra, a máfia e o “Poderoso Chefão: Parte III”. Verdadeiramente, o Banco Ambrosiano é responsável por algumas das piores tragédias conhecidas pelo homem.

3. BCCI, o banco internacional que tinha até equipe de execução própria

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O Banco de Crédito e Comércio Internacional foi criado em 1972 e logo se tornou uma das maiores instituições financeiras privadas do mundo, com depósitos de mais de 20 bilhões de dólares (44 bilhões de reais) e clientes como o governo dos Emirados Árabes Unidos. No seu auge, o banco possuía 400 agências em 72 países ao redor do mundo. Porém, como qualquer pessoa que já brincou de subir em árvores quando era pequeno pode constatar, não é porque alguma coisa possui um monte de galhos que você pode confiar nela.
Os bancos são como vômito: eles são muito fáceis de cuidar quando estão contidos em apenas um lugar específico, mas uma vez que se espalham por uma vasta área, todo mundo finge que não está vendo a bagunça em vez de arriscar ter que limpá-la.
O fato de que o BCCI não era responsabilidade de ninguém deu ao banco liberdade para embarcar em uma farra enorme de crimes que faria qualquer jogador de Grand Theft Auto orgulhoso: lavagem de dinheiro para o ditador panamenho Manuel Noriega, intermediação ilegal de vendas de armas nucleares, venda de tecnologia ultrassecreta americana para o Iraque, além do desenvolvimento de um dos maiores esquemas de Ponzi da história. O banco ainda fazia a parte financeira do trabalho sujo de praticamente todos os principais grupos terroristas do mundo.
Eles chegaram ao ponto de montar sua própria equipe de execução chamada The Black Network (A Rede Negra) para cuidar de todos os esquemas de extorsão, sequestro e assassinato – que aparentemente são funções tão essenciais para um banco quanto rastrear a origem do dinheiro depositado na instituição. Quando órgãos reguladores suspeitos dos Estados Unidos se recusaram a lhes conceder uma licença, BCCI apenas deu de ombros e passou a usar uma porção de empresas de fachada e empréstimos fraudulentos para burlar a lei, e voltar às suas práticas do mal.
A gigantesca rede de influência do BCCI manteve o banco consistentemente à frente da lei. Foi necessário que 62 países realizassem sete investigações simultâneas para, finalmente, desmascará-los – e 13 anos para que se descobrisse onde estava o dinheiro. Até agora, ninguém entende perfeitamente todos os esquemas nos quais o BCCI estava envolvido. Porém, ficaríamos chocados se as peripécias do banco não envolvessem algum tipo de raio antigravidade e uma base lunar.

2. O banco Castel & Trust, que roubou as economias do dono da Playboy, dos hotéis Hyatt e da banda Creedence Clearwater

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Castel Bank & Trust era a classe e legitimidade em forma de instituição financeira. O banco não só atraía clientes-celebridades de alto perfil – como a banda Creedence Clearwater Revival, o fundador da revista Playboy, Hugh Hefner, e a cadeia de hotéis Hyatt –, como tinha como sede principal as Bahamas. Tem como ficar mais riqueza do que isso?
No início de 1970, alguém na espécie de Receita Federal dos Estados Unidos (o Internal Revenue Service, ou IRS) percebeu que a rede Hyatt não pagava mais impostos desde que havia aberto sua conta no Castel Bank. Isto é geralmente desaprovado em uma sociedade civilizada, por isso o IRS contratou um investigador particular grisalho chamado Norman Casper para averiguar os fatos (se aprendemos alguma lição com este artigo, é que a contabilidade é muito mais emocionante do que todos nós temos sido levados a acreditar).
Ao longo dos meses seguintes, Casper distraiu seus alvos com mulheres bonitas, enquanto ele fotografava os seus arquivos secretos e reunia inteligência. No final das contas, Casper descobriu que, além de o banco ter agido constantemente como um paraíso fiscal ilegal para clientes como o ex-presidente estadunidense Richard Nixon, a instituição também estava lavando dinheiro para a máfia.
Então, do nada, a CIA interveio e interrompeu a investigação.
Acontece que a “inocente e super ética” CIA havia utilizado o Castel Bank & Trust para canalizar dinheiro para grupos anti-Fidel Castro (ou qualquer outra pessoa com ódio grande o suficiente pelos comunistas). Por fim, ninguém nunca foi processado, mas o banco entrou em colapso e todos os seus clientes perderam seus depósitos, incluindo a banda Creedence Clearwater Revival.

1. O Hong Kong e Shanghai Banking Corporation e sua impunidade crônica

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O Hong Kong e Shanghai Banking Corporation foi fundado no século 19 para dar conta dos lucros britânicos do comércio do ópio. E, tendo em vista que a China tinha vários milhões de viciados em ópio e os britânicos respondiam a todas as tentativas de banir a droga assassinando qualquer um que olhasse entranho para eles, os lucros eram consideravelmente altos. Mas, veja bem, isso é tudo história antiga, certo? Não é como se você tivesse um pequeno cartão em sua carteira agora que diz HSBC nele… Ó, espere.
Se você já conversou com alguém do serviço de clientes do banco sobre a “taxa anual” deles, não deve ser nenhuma surpresa descobrir que o HSBC se fundou em séculos de assassinatos por lucro. Em 2012, investigadores revelaram que a instituição havia ajudado a financiar o terrorismo internacional e o tráfico de drogas no México durante décadas.
Tampouco foi algo ocasional. Esta é a extensão da familiaridade do HSBC com os cartéis: em um dado momento, o banco considerou ampliar as janelas de seus caixas porque os blocos de dinheiro que o banco recebia eram grandes demais para passar através dos buracos normais (problemas de Primeiro Mundo…). Por isso, o Cartel Sinaloa, responsável por dezenas de milhares de assassinatos apenas na década passada, fez um favor aos seus velhos amigos e começou a usar caixas de dinheiro personalizadas, planejadas especificamente para caber nas janelas dos caixas do HSBC. Muita consideração por parte deles, né?
Então, se um dos maiores bancos do mundo atualmente é tão descaradamente corrupto, por que ninguém nunca prendeu os envolvidos nos crimes? A resposta é simples: eles já foram presos. Muitas e muitas vezes. Mas são ricos demais para dar a mínima.
Quando o HSBC foi pego pela terceira vez, as autoridades ficaram mais rigorosas e aplicaram uma multa impiedosa de 1,9 bilhão de dólares (4,18 bilhões de reais). Impressionante, não?
Não. Este é o lucro de cerca de cinco semanas para o HSBC.
Mais uma vez, ninguém foi preso pela lavagem de dinheiro descarada. Eles não ficaram de castigo, nem mesmo foram mandados para o seu quarto sem jantar – eles só tiveram a mesada suspensa por um mês. Isso não ensinaria uma criança mimada a não roubar, muito menos serviria de lição para uma grande instituição financeira aprender que apoiar assassinos em massa não é rentável.
Quando perguntado por que essas pessoas podem andar em total liberdade pelos Estados Unidos e sem nenhuma repercussão, um dos assistentes de procurador-geral dos EUA explicou: “Se decidíssemos apresentar acusações criminais, o HSBC quase certamente perderia sua licença bancária nos EUA, o futuro da instituição estaria ameaçado e todo o sistema bancário seria desestabilizado”.
É isso aí: vindo diretamente da boca do próprio governo dos EUA, os bancos podem fazer o que quiserem porque eles têm o nosso dinheiro. Se você está pensando em cancelar seu cartão HSBC devido a essas revelações, bem, temos certeza de que eles vão chorar até secar a água do corpo por causa disso. E talvez decidam arranjar algumas janelas maiores para que caixas extra-grandes de lencinho de papel possam passar por elas.

Congressistas dos EUA são detidos durante ato pela reforma migratória

Estima-se que 11,5 milhões de imigrantes ilegais residam no país atualmente

Charles Rangel (à esq.) e Luis Gutiérrez (à dir.) estavam entre os seis membros do Congresso que foram detidos REUTERS/Gary Cameron

Um grupo de seis membros do Congresso dos Estados Unidos foi detido nesta terça-feira (8) na frente do Capitólio durante um ato de desobediência civil a favor de uma reforma migratória integral para a legalização da população sem documentos nos Estados Unidos.
Entre os detidos estão o congressista democrata por Illinois, Luis Gutiérrez, e o democrata da Geórgia, John Lewis, cofundador do movimento dos direitos civis na década de 1960.
O ato de desobediência civil foi a culminação de um dia de protestos para exigir que o Congresso aprove a reforma migratória, que também incluiu um show gratuito no Mall, o grande parque central de Washington, com os artistas Lila Downs e a banda de música mexicana Los Tigres del Norte.
Além dos estimados 40 milhões de estrangeiros legalizados (o equivalente a quase 13% da população americana), o Departamento de Estatísticas sobre Imigração dos Estados Unidos (OIS, sigla em inglês) estima que outros 11,5 milhões de imigrantes ilegais residam no país.
Após a crise econômica de 2008, houve um decréscimo no número de estrangeiros que chegam aos Estados Unidos, mas o país ainda enfrenta um grande fluxo de imigrantes ilegais anualmente.
No fim-de-semana, em mais de 160 cidades, milhares de pessoas protestaram e foram para a rua para exigir ao Congresso a rápida aprovação da reforma da imigração que prevê a possibilidade de conceder a cidadania americana a cerca de 11 milhões de imigrantes em situação ilegal.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

PROBLEMAS PARA CAMPOS: MARINA JÁ CRITICA ALIANÇAS

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A ex-senadora, que viu seu projeto principal, o Rede Sustentabilidade, naufragar, tenta transplantar ideais "sonháticos" para um partido pragmático, que já realizou diversas alianças com vistas a fortalecer os palanques regionais de Eduardo Campos; elas incluíram até nomes polêmicos como de Ronaldo Caiado e Paulo Bornhausen; Marina diz que“todo o processo anterior agora não terá mais a mesma continuidade, que agora tem um outro fato político"; ela terá força para conter acordos do PSB?

247 A ex-senadora Marina Silva, filiada desde o último sábado (8) ao PSB, já começa a mostrar que tem potencial para criar problemas para o presidenciável Eduardo Campos, de quem deverá ser candidata a vice-presidente. Em entrevista ao jornalista Josias de Souza, do UOL, ela diz não admitir a celebração de alianças partidárias a qualquer preço. Segundo Marina, os apoios que Campos já costurava deverão ser repensados.
“Não pode ser o tempo de televisão que vai nos aprisionar a uma lógica política que não nos dá a chance de mudar. Se for para ganhar para continuar refém da velha República, para governar tendo que distribuir pedaços do Estado, preso em uma lógica que não coloca em primeiro lugar os interesses estratégicos do país, então, não precisa ganhar. Isso já tem quem está fazendo”, disse.
Questionada sobre as negociações que o PSB estava fazendo com o PDT de Carlos Lupi e o PTB de Roberto Jefferson, Marina disse que desafio da sua nova legenda é colocar o “compromisso programático em primeiro lugar”. Segundo ela, “todo o processo anterior agora não terá mais a mesma continuidade, que agora tem um outro fato político, uma inflexão que terá que ser metabilizada dentro do PSB”.
“Uma coisa era o Eduardo com todas as dificuldades, em uma lógica que eu desconheço, porque não estava convivendo com ela, viabilizando sua candidatura. Outra coisa foi o movimento que ele fez na direção de buscar aprofundar em primeiro lugar o compromisso programático. Isso com certeza é o grande desafio que está colocado para o PSB”, disse.

E vai mais fundo: “eu, com 1 minuto e 20 segundos de televisão, tive 19% dos votos.” E acentua: “Não pode ser o minuto de televisão, 30 segundos de televisão, que faz com que a gente jogue o futuro da nação nas mãos daqueles que não entendem a lógica de que o governar juntos não pode ser feito em base no toma-lá-dá-cá. Eu dizia na campanha de 2010 que eu preferia perder ganhando do que ganhar perdendo. E eu continuo com o mesmo ponto de vista. É preferível perder ganhando do que ganhar perdendo”. 

Comunicação da campanha de Lasier Martins será coordenada pelo Pederneiras

Socuerro! Primeiro efeito da coligação Marina/Campos - José Simão

Direto do Blog do José Simão

Che Guevara em desenho animado

Reprovo os personalismos e os cultos a personalidades. Mas esse cara era demais!

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Não está decidido ainda se Marina será vice, diz Sirkis

O deputado federal, que seguiu o "plano C" da ex-senadora e deixou PV para se filiar ao PSB, diz à CartaCapital que a candidatura deve ser decidida "lá na frente"

Agência Brasil
Alfredo Sirkis
O deputado Alfredo Sirkis durante coletiva sobre o novo Código Florestal, à dir., ao lado da ex-senadora Marina Silva e do José Sarney Filho
“Não está decidido ainda que ela será vice. Acho que a questão de vice terá de ser definida lá na frente”, disse aCartaCapital o deputado federal. No fim de semana, ele deixou o PV para acompanhar a ex-senadora na nova empreitada. “A transferência política de votos não é fácil, mas a ideia não é simplesmente transferir votos, e sim construir uma síntese juntos. “
O anúncio de que Marina seria vice do atual governador pernambucano e presidente do PSB, Eduardo Campos, nas eleições à Presidência surpreendeu a todos, uma vez que a ex-ministra do Meio Ambiente aparece em segundo lugar em uma disputa com a presidenta Dilma Rousseff - ela soma  16% das intenções de voto, contra 4% de Campos, na quarta colocação, de acordo com pesquisa Ibope do dia 26. Sirkis, no entanto, avalia o anúncio inicial como um “gesto de grandeza”: “Em uma política marcada pelo mais deslavado individualismo, um gesto desse tipo, de desprendimento é algo que surpreende. É uma decisão revolucionária.”
Questionado se não considera diferentes os projetos políticos do PSB e dos ambientalistas, Sirkis disse que a ex-senadora e Campos começarão um processo de “construção programática” para afinar alguns pontos. “É possível (haver) uma convergência que possibilite uma aliança de governo. Não vai haver uma concordância completa, são visões um pouco diferentes, mas é necessário fazer alianças", disse. Ele ressaltou que a filiação de Marina ao PSB foi feita a fim de garantir sua participação na eleição de 2014. “Se a Marina não fizesse isso, deixaria de ser candidata, seria uma espécie de anticandidata. Alianças eleitorais são feitas por diferentes, em cima de posições compatíveis àquele momento, em relação ao propósito que se busca.”
Plano C. Para o deputado federal e fundador do PV, ao se juntar a Campos a ex-senadora conseguiu “viabilizar um projeto de alternância de poder” e não apenas oposicionista. Ele reconhece, no entanto, que a decisão de se filiar à nova sigla foi tomada de maneira unilateral. “Foi uma decisão solitária tomada pela Marina. Ela concebeu na cabeça dela, imediatamente depois da decisão do TSE. Ela nunca discutiu um plano B”, disse ele sobre a possibilidade de ir para o PPS ou outros partidos que a convidaram, como PEN, PHS e PDT. “O que ninguém previa era o plano C, que ela decidiu ela mais ela. E a grande dificuldade disso foi o processo gradual de convencimento do pessoal dentro da Rede.”
Assim como o deputado federal Water Feldman, ex-tucano, Sirkis deixou o PV para se juntar a Marina e filiar-se ao PSB no fim de semana. A saída da legenda que ajudou a fundar em 1986 se deu na sexta-feira 4, depois de um desentendimento com o presidente nacional do partido, José Luiz Penna. “Saí do PV obrigado. Ele [Penna] quis que eu saísse do partido. Ele é presidente vitalício do PV, e não concordo com esse esquema vitalício."

Reflexões sobre o reajuste do IPTU - Raquel Rolnik

De: FSP


Semana passada a Prefeitura de São Paulo enviou à Câmara Municipal a proposta de Orçamento de 2014, incluindo um reajuste no IPTU. Ninguém gosta de ver aumentadas as suas despesas... Era esperado portanto que o anúncio fosse acompanhado de reações negativas.
Sugiro aqui três reflexões sobre a medida.
Em primeiro lugar, é importante lembrar que o IPTU é um dos impostos mais justos do país, cobrando mais de quem tem mais, ao contrário da maior parte de nossos impostos.
Além disso, o IPTU constituiu uma das poucas fontes de receita própria dos municípios. Se bem cobradas e empregadas, as fontes de receita própria diminuem a dependência municipal da transferência de recursos dos governos estadual e federal, altamente intermediadas "politicamente".
Maior receita própria significa também menor necessidade de contrair dívidas, cujos encargos representam hoje o maior gasto da cidade de São Paulo.
A realidade hoje no Brasil é que poucas prefeituras arrecadam IPTU. Do ponto de vista político, é muito mais interessante para os prefeitos serem "bonzinhos" e não cobrarem o imposto. Depois, sobra para seus eleitores a dívida e o custo das alianças...
Em segundo lugar, vamos refletir sobre a ideia de que não queremos mais impostos porque os serviços públicos não existem ou são de má qualidade.
De fato, estamos insatisfeitos com a qualidade de nossos serviços públicos, mas não é diminuindo os recursos arrecadados que o município vai gastar melhor. Por que não debatemos a proposta de gasto enviada junto com a proposta de aumento de receita? Como e quando vamos avançar no controle social do orçamento público?
Aqui a reação contrária ao IPTU encobre um outro debate, mais obscuro e difícil.
Por fim, a reação anti-IPTU reflete o debate em torno do custo de morar na cidade.
De fato, desde 2009, quando ocorreu o último reajuste, a cidade vive um boom imobiliário sem precedentes, catapultado pelo crescimento econômico, pelo aumento do crédito imobiliário e da participação do mercado paulistano na ciranda financeira local e internacional.
Na cidade submetida unicamente à lógica financeira, bairros inteiros são descaracterizados e é cada vez mais difícil morar em bairros bem localizados. O curioso é que este tema só aparece quando a cidade tenta captar uma parte dos enormes ganhos imobiliários e financeiros que gerou nos últimos anos, reajustando o IPTU.
Uma vez mais aqui o problema não está no IPTU. Do ponto de vista da política urbana, o que estamos fazendo para controlar a bolha imobiliária e impedir a total "financeirização" do mercado imobiliário e a expulsão de moradores de seus bairros?
A discussão fundamental é: quem pode pagar e quanto?
Em São Paulo, por volta de 1 milhão dos 3,5 milhões de domicílios da cidade terão reajustes significativos no IPTU. Quem são estes 30%? Que possíveis situações de vulnerabilidade podem existir entre os moradores destes domicílios?
Me parece que esta é a discussão madura que deve ser feita agora na Câmara Municipal por nossos vereadores.

Cadê a direita que estava aqui?

Por falar em eleições, cadê a direita que estava aqui? Terá sido comida pelo bicho? José Dirceu escreveu hoje que a união Dudu-Marina mostra "o fracasso da direita no Brasil". Entendo que ele queira falar do fracasso eleitoral da direita partidária em apresentar candidaturas viáveis e puro sangue em eleições majoritárias (ufa...cansei).

Fiquei pensando nisso. De fato, estamos completando 5 mandatos presidenciais consecutivos no Brasil de governos de centro-esquerda. Ou que vieram da esquerda para o centro, se vocês preferem assim. Vir para o centro é normal, pois no centro político sempre se concentra o maior número de votos, de forma que ninguém ganha eleições ou governa sem ocupá-lo. Mas o avanço para o centro pode vir da direita ou da esquerda e só insensatos poderiam dizer de FHC, Lula e Dilma que tenham partido da direita. Mesmo o PSDB, só se deslocou para a direita e para o lado mais conservador porque foi empurrado naquela direção quando o PT se instalou no centro-esquerda e foi se esparramando. Ficasse no mesmo espectro, o PSDB não teria discurso nem chances eleitorais e como não foi capaz de tomar de volta este espaço, arredou um bocadinho para o outro lado. Circunstâncias.

O que resultou desses 20 anos (uma geração, meus amigos) de ausência de jogadores fortes na direita? Primeiro, a direita republicana foi desidratando: o maior exemplo são os Democratas (ex-PFL, ex um monte de coisas), que ficou falando sozinho contra impostos e controle de gastos. O discurso mostrou-se eleitoralmente inócuo e o distanciamento do poder político provocou a síndrome de abstinência de poder político que resultou na fuga de quadros (ou "ratos", preferem os radicais). Outro exemplo é a ausência de desafiantes importantes de direita na arena principal. Não é certamente Aécio Neves o cara de direita no cenário, como crê Dirceu. Nem o neto de Arraes vai improvisar no papel. Nem tampouco Marina, que é conservadora, mas de esquerda, que no Brasil há uma esquerda bem conservadora.

Não sabemos ainda quais serão os discursos eleitorais de Aécio, Marina e Eduardo Campos, mas sabemos com certeza que dirão que farão o mesmo que o PT faz, só que farão melhor e mais limpo. Aécio ainda falará de ajuste fiscal, para deixar FHC contente, Marina acrescentará o seu monotema (que vocês sabem qual é) e Eduardo Campos falará de.... (de quê mesmo? ganha uma pitomba qualquer não pernambucano que saiba o que de peculiar Dudu acrescenta ao panorama, além dos olhos claros). Em suma, resta ao eleitor de direita simplesmente votar contra o PT. O antipetismo, pelo menos no nível da eleição presidencial, é o que restou à direita, para se distrair e desabafar.

domingo, 6 de outubro de 2013

REVOLTADO, CIRO GOMES DISPARA: "DOIS ZEROS"

Malafaia saúda decisão de Marina...


Acabou o teatro: Marina se rende à "velha política" - Ricardo Kotscho


Por Ricardo Kotscho, no blog Balaio do Kotscho:

Estava na cara que ela não ficaria fora do jogo. Até o governo Dilma já contava com a candidatura presidencial de Marina Silva, como escrevi aqui mesmo nesta quinta-feira na coluna "Planalto conta com Marina candidata mesmo sem Rede".

O que ninguém esperava é que a ex-senadora se oferecesse para ser vice de Eduardo Campos, do PSB, o candidato dissidente da base aliada do governo, como ela comunicou aos seus seguidores, reproduzindo o que dissera a ele, ao final de uma reunião que terminou com muito choro de marináticos na madrugada de sábado em Brasília.

- Eduardo, você está preparado para ser presidente do Brasil? Eu vou ser a sua vice e estou indo para o PSB.

Com esta decisão, anunciada por telefone ao governador de Pernambuco, que há poucos dias rompeu com o governo e tirou seus ministros, acabava o teatro de suspense montado por Marina para anunciar seu destino, depois que o Tribunal Superior Eleitoral rejeitou o registro da Rede Solidariedade, o nome de fantasia do partido que pretendia criar desde o seu rompimento com o PV, quando lançou o movimento "Nova Política". Nova?

Para tristeza dos seus "sonháticos", que acreditaram na pregação da missionária mística sobre a falência do antigo sistema de representação, Marina se rendeu à "Velha Política", aceitando o jogo como ele é nada vida real, com o único objetivo de derrotar Dilma e o PT, que ela agora acusa de "chavismo", depois de ter sido ministra de Lula nos seus dois mandatos.

Falaram mais alto os interesses dos seus sponsors, os grandes grupos econômicos que investiram nela para a criação do novo partido criado para que Marina pudesse ser candidata a presidente, e não queriam que ela agora, em nome da coerência, simplesmente jogasse a toalha, deixando o caminho livre para a reeleição de Dilma. Marina pode ser acusada de tudo, menos de rasgar votos e se entregar à coerência aos seus princípios.

Daqui a pouco, Eduardo e Marina vão anunciar oficialmente a chapa da "Coligação Democrática", como batizaram a chamada terceira via, tão esperada pelo establishment financeiro-midiático para pelo menos provocar um segundo turno em 2014 e acabar com a hegemonia petista no governo central.

Por ironia do destino, dois políticos historicamente ligados a Lula e ao PT formaram uma chapa forte que surge forte para enfrentar Dilma e Lula, deixando os tucanos Aécio e Serra comendo poeira na sua eterna crise existencial. Podemos não ter Fla-Flu entre PT e PSDB desta vez, como tudo parecia indicar.

Com um cacife de quase 20 milhões de votos nas últimas eleições e o segundo lugar nas pesquisas para 2014, variando entre 16 e 25% das intenções de voto, Marina aceitou disputar a eleição como vice de Eduardo Campos, o quarto colocado, que não consegue passar dos 5%, porque ainda é mais confortável ocupar o Palácio do Jaburú para continuar costurando sua Rede, do que voltar para o Acre de mãos abanando, sem partido, sem cargo e sem mandato. Mais adiante, afinal, as pesquisas poderão até determinar uma inversão dos nomes na chapa.

Deixando os marináticos fundamentalistas e a poesia de lado, Marina fez a escolha certa: ao optar por Eduardo Campos e deixar Roberto Freire chupando o dedo, com seu nanico PPS já rejeitado até por José Serra, a ex-ministra, que de boba não tem nada, aliou-se àquele que considero o mais preparado político brasileiro da geração pós-68. Foi uma jogada de mestre dos dois.

É jogo jogado. O resto é filosofia.