sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Mais uma da governança



Sobrou até pro Diário Gaúcho dar em manchete que mais recursos estão prestes de serem perdidos pela Prefeitura. Agora, são recursos federais destinados para a praça na Bom Jesus. As manchetes do DG são o máximo. Na capa, fala em "cochilo" e no inteiror fala em perda de dinheiro por causa da "burocracia". Ninguém tem nome nem endereço. Alguém cochilou e perdeu dinheiro para a burocracia. As matérias, apesar de superficiais, não são tão ruins. Não é só uma questão de burocracia. A Prefeitura simplesmente n ão sabe quem está cuidando do assunto. Enquanto isso os prazos vão se esgotando e a prefeitura perdendo mais dinheiro. Já comentei sobre a perda de R$ 1,3 milhão e do risco de muitas pessoas não receberem o bolsa-família por atraso no cadastramento. Se alguém se desse o trabalho de contar o quanto de dinheiro a gestão de Pilatos já perdeu, certamente encontraria o equivalente ao orçamento de um pequeno município.
Porto Alegre não consegue garantir recursos já existentes para tocar projetos e ainda quer captar bilhões para a Copa do Mundo. A desculpa já está engatilhada: a culpa é do Governo Federal. Isso, na boca dos assessores e da bancada governista. Pilatos não fala nada.
Dá-lhe governança!

Raciocínio divergente


Por que a crônica política local acha tão absurda a decisão do STF que não aceitou a ação contra Palocci e tão natural a da juíza que não viu motivos para bloquear os bens de Yeda. No caso de Palocci é evidente a politização do tema, o escore apertado (5 a 4) mostra que foi uma decisão difícil e que livrou a cara do mais forte (Palocci). No caso Yeda, a juíza deciciu (sozinha), baseada no mateiral incluído nos autos. Ou seja, nada mais natural que a ação contra Palocci fosse acatada e que o bloqueio de bens de Yeda fosse negado. Tudo segundo a crônica local...

Me dá um dinheiro aí.


José Otávio Germano está indignado com o tratamento que vem recebendo da Juiza Simone. Em entrevista lamurienta à rádio do PRBS falou que tá na maior pindaíba e que a investigação dos promotores está completamente equivocada. Quem ouviu ficou com pena. Pena so ZéO ou pena de quem acredita na conversa do cidadão. Segundo ele, no ano passado, chegou a ficar com R$ 30 mil negativos no cheque especial, daí suas dificuldades financeiras. Amanhã, ele promove um almoço em Cachoeira do Sul, com seus apoiadores. Imagino que cada um vá pagar o seu prato e ainda deixar uma gorjetinha. Pelo bem do Rio Grande, seja quem for o próximo governador do RS, não escolham o ZéO para secretário da Fazenda (nem dos trnasportes, nem da Segurança....)

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

A verdade

Verdade
Carlos Drummond de Andrade

A porta da verdade estava aberta,
mas só deixava passar
meia pessoa de cada vez.

Assim não era possível atingir toda a verdade,
porque a meia pessoa que entrava
só trazia o perfil de meia verdade.
E sua segunda metade
voltava igualmente com meio perfil.
E os meios perfis não coincidiam.

Arrebentaram a porta. Derrubaram a porta.
Chegaram ao lugar luminoso
onde a verdade esplendia seus fogos.
Era dividida em metades
diferentes uma da outra.

Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.
Nenhuma das duas era totalmente bela.
E carecia optar. Cada um optou conforme
seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

Everardo

Duas coisas me chamavam a atenção no Everardo Maciel quando ele trabalhou no Governo FHC. Uma coisa era o nome dele, que parece estar escrito erado. Outra é que, mesmo sabendo que ele pertencia ao governo FHC, sempre achei suas falas ponderadas. Havia sempre uma coisa de serenidade e verdade no que ele falava. Ou seja, não preciso conconrdar com tudo o que uma pessoa fala, mas é bom quando a gente percebe que a pessoa fala com propriedade sobre um assunto. E o Everardo tinha isso. Agora, ouço as entrevistas dele sobre o caso Lina e me sinto aliviado. Afinal, não estava sendo absorvido pela lógica neoliberal da política fiscal do FHC. Apenas estava percebendo (através da intuição fabulosa que os meus leitores conhecem)que o cara tinha fundamento. Seja na Globonews, seja no Gaúcha Atualidade o cara teve um desempenho impressionante, não caindo no discurso fácil. Provavelmente a Globo e a emissora do PRBS esperavam uma espécie de Arthur Virgílio da Receita Federal, encontraram um sujeito sensato, profissional e absolutamente sistemático no seu raciocínio.Tanto para o "caso Lina", quanto para o "caso Petrobrás", sou sincero: o cara me convenceu.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Intensivo em CPI

Minha memória prodigiosa foi buscar argumentos prós e contra CPIs. Então, decidi montar um pequeno guia para quem quiser utilizar-se desses argumentos. A grande vantagem desse instrumento é que ele funciona independentemente dos motivos da CPI, dos requerentes e da esfera de governo a ser investigada.

Quem tiver alguma sugestão.. fique à vontade.


Governo

Oposição

A CPI vai atrapalhar o estado.

A população precisa ser esclarecida para o bem do estado

A CPI vai atrapalhar os funcionamento das atividades do legislativo que precisa votar questões importantes

É perfeitamente possível combinar o funcionamento da CPI com as atividades normais do legislativo

O governo é o principal interessado na apuração da verdade (depois da CPI instalada)

O governo não deseja a apuração porque tem responsabilidade com os fatos investigados

A oposição quer fazer uso político da CPI

A CPI será conduzida com isenção e privilegiando os aspectos técnicos

A CPI não tem um objeto definido (antes da CPI ser instalada)

O requerimento aponta fatos que têm relação entre si

Se querem investigar, que se investigue tudo, inclusive de governos anteriores (depois da CPI instalada)

A CPI precisa ter um foco determinado

Os fatos já estão sendo investigados pelo MP e pela polícia (antes da CPI ser instalada)

As investigações da CPI poderão colaborar com as investigações em andamento, além de ser uma prerrogativa do parlamento

O MP e a polícia já encaminharam seus resultados e devemos esperar pela justiça

Há questões relacionadas que não foram alvos de investigação e precisam ser esclarecidas

A CPI está fazendo pré-julgamento

Figuras públicas não podem se eximir de prestar esclarecimentos

A oposição faz questionamentos inoportunos e improcedentes

Ninguém pode ser cerceado de fazer questionamentos

A oposição tem coisas mais importantes para fazer

A CPI é um direito das minorias


Política brasileira: a coisa de sempre


Li que o PSOL adiou a decisão sobre sua candidatura à presidência para analisar a possibilidade de apoiar Marina Silva. Soube que o PV vai retirar de seu programa questões como a descriminalização da maconha e aborto. Marina é evangélica, criacionista, condena o aborto e a legalização da maconha. O PV, até agora, pensava diferente. Nada que não possa ser esquecido em nome de um bom desempenho eleitoral. Isso o PT aprendeu há algum tempo. Cada partido aprende esas coisas no seu tempo.
Esse é o Brasil. Tudo na mesma. O PSOL não tem nenhuma relação ideológica com o PV, ou com Marina. Porém, está disposto a fazer um casamento que condena para outros em nome de... em nome de que mesmo?
O PV não prima pela consistência nas ideias. Politicamente vai de Cesar Maia (de cuja gestão participou no Rio) a Luciana Genro (sua candidata à Prefeitura de Porto Alegre); de Gabeira a Zequinha Sarney sem nenhum problema.
O PT provoca fenômenos interessantes. Consegue unir uma fauna ao redor de Lula e outra contra si próprio.
Esses movimentos dariam uma tese fabulosa, o que está além da minha capacidade. Por isso, sigo em frente com uma de minhas máximas preferidas: Quem pouco se ilude, nunca se decepciona.

Marina na direita?


Minha opinião sobre a candidatura Marina Silva continua a mesma. Porém, acho injusto o número de críticas à candidatura querendo jogá-la para a direita depois de trinta anos de militância no PT. O PT, no longíquo ano de 1982 e durante mais um tempo, foi acusado de “servir à direita” porque não encontrava no PMDB uma visão que representasse sua visão de Brasil. Brizola criou o termo “esquerda que a direita gosta”, porque não aceitava que o PT segui-se um caminho independente. Portanto, é bom que os petistas interpretem o movimento pró-Marina com com instrumentos mais sofisticados que os utilizados em panfletagens e reuniões de animação dos apoiadores. O PT não é dono da verdade. Embora eu vá votar na sucessora indicada pelo Lula, não quer dizer que tudo o mais não preste. Quem tem estômago para aturar Sarney, não pode usar o fígado para hostilizar Marina.

Quanto ao Flávio Arns. Nunca achei esse cara grande coisa, mas o PT do Paraná permitiu que ele, egresso do PSDB, fosse candidato a senador pelo Paraná. A hora de criticar a origem do senador e verificar sua trajetória não era quando ele pediu ingresso no PT? O que me incomoda não é o erro na política, ou as críticas a este ou àquele. O que me incomoda são a ética e os argumentos de conveniência.

Convite para CPI

A Página 10 publicou nota sobre o convite feito para instalação da CPI. Comprovou-se o que foi dito por este modesto opinador. O convite era igual a tantos outros, como foram os casos das CPIs do Detran e dos insumos agrícolas. A surpresa fica por conta da cara de pau da colunista. Ela foi uma das que criticou os termos do convite e, agora, fala na terceira pessoa sobre aqueles que não reclamaram nas ocasiões anteriores.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Ulbra, filantropia e a minha intuição

Sobre essas picaretagem da Ulbra conceder bolsas por indicações de políticos e, o que é muito mais sério, a seus familiares e pessoas que não se encaixavam nos critérios, minha intuição me indica algo que desejo compartilhar com meus dezoito leitores.
Parlamentares são eleitos por pessoas. Entre essas pessoas, há algumas mais necessitadas e outras menos. Além disso, já que a pessoa votou naquele parlamentar, considera-e no direito de solkicitar algo. Afinal, pensa, não vai prejudicar ninguém. Seria o caso de bolsas de estudo. Ora, o parlamentar conhece alguém dentro de uma instituição que dá bolsas para os indicados. Para que passar por entrevistas, preencher fichas e aguardar retornos, se o parlamentar pode indicar e resolver muito mais rápido.
Às vezes poderia acontecer de o parlamentar não conseguir a bolsa, ou, o que seria mais sério, considerar que não é justo que uma pessoa que tenha alguma condição de pagar recebesse uma bolsa que deveria ser destinada a uma pessoa que não tem condição denhuma. Nesse caso, aquele a quem teria sido dito que não seria justo que ele viesse a receber, ficaria indignado. Afinal, não custaria nada. Mas, sempre haveria uma vingança possível. O eleitor que teria ajudado a eleger aquele parlamentar ingrato poderia passar a apoiar outro parlamentar que fosse mais reconhecido. Nesse caso, talvez, fosse possível obter a bolsa.
Ao fim, aquele apoiador que teria apoiado aquele parlamentar que teria conseguido a bolsa ainda se acharia no direito de xingar os políticos que teriam beneficiado a si e aos seus com alguma vantagem em Brasília e dizer: "Esses políticos são todos iguais".
Simples né?