quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sábado: registre o seu "não" à destruição da orla do Guaíba

A Casa de Cinema está junto na luta contra a destruição da orla. Sábado, gravarão depoimentos. Será uma boa chance para dizermos não. Veja quando e onde aqui.

O nojo da política

Os acontecimentos no Senado Federal são apenas mais um capítulo da longa trajetória do patrimonialismo político brasileiro. Nem os atores principais mudaram muito. O chamado carlismo de ACM já vai declinando, conforme já comentei. O sarneyzismo, na minha opinião singela, vai entoando seu canto do cisne, com a deposição de Jackson Lago e com os discursos de apoio cada vez mais constrangidos de Lula. O fato é que nada é novo em se tratando de José Sarney. Há décadas ele age assim, há décadas é denunciado e há décadas nada acontece. O que mais incomoda aos apoiadores de Lula, como eu, é que essa prática tão comum às elites políticas brasileiras acabe tendo guarida em Lula. O presidente lembra que Sarney tem história. Exatamente, é essa história que nos indica que Sarney tem culpa no cartório.
O pragmatismo sindical de Lula da calafrios aos estômagos mais sensíveis e até nos mais fortes. Tudo isso para obter o apoio do PMDB, que pode não vir.
A expressão “nojo da política” ganha, a cada semana, novos motivos para se justificar. Marcos Rolim escreveu algo interessante sobre esse "esporte nacional". Aí, aparecem todos os tipos de solução. Aumentar os mecanismos de fiscalização, mudar o sistema eleitoral, prender os políticos e outras mágicas mais ou menos fundamentadas. Novamente, minha opinião singela indica que a desigualdade social brasileira contamina todas as instituições. Eu,que sou um heterodoxo, não consigo fugir a uma receita ortodoxa da esquerda histórica: reduza-se a desigualdade social no Brasil e haverá redução de um conjunto de práticas criminosas que se constroem sobre a concentração de poder e riqueza.
A política de compromisso do governo Lula ainda é o melhor caminho que se encontrou para enfrentar a desigualdade nos últimos séculos. Com um pé preso ao passado e um pé tentando correr para o futuro, o Brasil caminha claudicante em uma estrada esburacada e, às vezes, tropica.

A função social do pânico

O pânico criado em torno da Gripe “A” parece exagerado, na minha singela opinião. Já ouvi especialistas dizerem que as mortes em função da “nova gripe” estão nos mesmos níveis das mortes em decorrência da “velha gripe”. O secretário estadual da saúde informou que,ano passado, houve 250 mortes em decorrência da gripe comum. Pois é, só agora a gente ficou sabendo, mas a coisa foi séria. Portanto, parece que a grande diferença entre a “nova” e a “velha” gripe é a publicidade.

Daí vem o título desse post. Parece que o clima de emergência em função da “Gripe A” cumpre uma função de mobilização e coesão social, para não falar do gosto pela morbidez que move nossa mídia e nossa sociedade. Há pouco tempo atrás tivemos a febre amarela que, embora mereça cuidado, não merecia o clima de comoção que foi criado. Máscaras generalizadas, ampliação de férias escolares, hospitais de campanha... parece tudo um pouco exagerado, mas cumprindo a função de socialização do pânico. Outra nota tragicômica: as medidas que estão sendo tomadas para prevenção da “nova gripe” são as mesmas da “velha gripe”. Ventilação de ambientes, higienização dos ônibus e trens com álcool, além da velha recomendação: “lavar as mãos e não tossir na cara dos outros”. Mas... isso não era para ser feito sempre? Era. É preciso morrer gente para que os ônibus e trens em que andamos sejam limpos decentemente.
Enfim, talvez estejam nos escondendo algo muito sério e a “nova gripe” seja muito mais séria do que dizem os especialistas. Talvez não.
Peço aos meus dezessete leitores que guardem esse post para as gerações futuras, que sobreviverem à epidemia