sábado, 21 de julho de 2012

Você quer uma Revolução?


 

Revolução

Você diz que você quer uma revolução
Bem, você sabe..
Todos nós queremos mudar o mundo

Você me diz que isso é uma evolução
Bem, você sabe
Todos nós queremos mudar o mundo

Mas quando você fala em destruição,
Você já sabe que não pode contar comigo

Não sabe que vai acabar tudo bem?

Tudo bem
tudo bem, tudo bem...

Você diz que você tem a solução real
Bem, você sabe..
Todos nós adoraríamos ver o plano

Você me pede uma contribuição
Bem, já sabe..
Todos nós fazemos o que podemos

Mas se você quer o dinheiro para pessoas que só tem ódio na mente
Tudo o que posso dizer, irmão, você vai ter que esperar

Não sabe que vai acabar tudo bem?

Tudo bem
tudo bem, tudo bem...

Você diz que você mudará a constituição
Bem, você sabe..
Todos nós queremos mudar a sua cabeça

Você me diz que isso é a instituição,
Bem, você sabe..
É melhor você libertar sua mente

Mas se você vai andar com fotos do Presidente Mao
Também não vai convencer a ninguém

Não sabe que vai acabar tudo bem?

Tudo bem
tudo bem, tudo bem...

Ah, ah ah ah ah ah ah ah ah ah
Tudo bem, tudo bem, tudo bem .

Veja o original

Oh, Darling!!!!

MPF denuncia militar por sequestro durante a guerrilha do Araguaia

Da Redação Sul 21
 
O Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal mais um militar acusado de ser responsável por crimes contra a humanidade durante a guerrilha do Araguaia, na década de 70, no sul do Pará. O major da reserva Lício Augusto Maciel, que usava na época o codinome de doutor Asdrúbal, foi denunciado pelo sequestro de Divino Ferreira de Sousa, o Nunes, capturado pelo Exército durante a repressão à guerrilha em 1973. A ação tramita na 2ª Vara da Justiça Federal de Marabá.
De acordo com as investigações do MPF, Divino foi emboscado no dia 14 de outubro de 1973 por militares chefiados por Lício, quando estava ao lado de outros integrantes da guerrilha. Ao avistarem os militantes, Lício e seus homens abriram fogo. Os outros três guerrilheiros foram executados e Divino foi sequestrado e levado com vida para a base militar da Casa Azul, em Marabá. Apesar de ferido, Divino foi interrogado e submetido a grave sofrimento físico em razão da natureza da detenção. Após isso, não mais foi visto.
O MPF afirma que a responsabilização penal de Lício Augusto Maciel decorre de participação inequívoca dele nos crimes relatados na denúncia, o que inclusive teria sido reconhecido por ele em depoimento prestado na Justiça Federal do Rio de Janeiro, em 2010. O sequestro de Divino aconteceu durante a denominada Operação Marajoara, última fase dos combates entre Exército e militantes.
A denúncia contra Lício é assinada pelos procuradores da República Tiago Modesto Rabelo, André Casagrande Raupp, Melina Alves Tostes e Luana Vargas Macedo, de Marabá, Ubiratan Cazetta e Felício Pontes Jr., de Belém, Ivan Cláudio Marx, de Uruguaiana, Andrey Borges de Mendonça, de Santos e Sergio Gardenghi Suiama e Marlon Alberto Weichert, de São Paulo.
“Especialmente nos casos de sequestro, além da perpetração de sevícias às vítimas para obter informação sobre o paradeiro dos demais dissidentes (tortura), seguiram-se atos de ocultação das condutas anteriores visando assegurar a impunidade e manter o sigilo sobre as violações a direitos humanos. Ou seja, ao sequestro clandestino segue a negativa estatal de sua própria ocorrência”, relataram os procuradores da República.
Primeiro denunciado pelo MPF foi Curió
Esta é a segunda ação penal movida pelo MPF contra militares envolvidos em crimes contra a humanidade e graves violações a direitos humanos durante a repressão violenta à guerrilha do Araguaia. O primeiro denunciado foi Sebastião Curió. A denúncia não foi aceita pela primeira instância – a Justiça Federal de Marabá – mas o MPF vai recorrer. Para o MPF, os crimes de sequestro praticados durante o regime militar não estão prescritos ou cobertos pelo manto da anistia por serem crimes permanentes, de acordo com decisões do próprio STF brasileiro e também da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
O MPF aponta que o STF decidiu, em dois casos de extradição de militares ligados a ditaduras latino-americanas, que a extradição deveria acontecer por se tratarem de casos de desaparecimento forçado, que o direito internacional considera como violações graves de direitos humanos sobre as quais não se aplica anistia ou nenhuma disposição análoga, seja prescrição, irretroatividade da lei penal, coisa julgada ou qualquer excludente similar.
Além disto, há a sentença que condenou o Brasil pelos crimes do Araguaia pela Corte Interamericana de Direitos Humanos (CIDH). A Corte ordenou que “o Estado deve conduzir eficazmente, perante a jurisdição ordinária, a investigação penal dos fatos do presente, a fim de esclarecê-los, determinar as correspondentes responsabilidades penais e aplicar efetivamente as sanções e consequências que a lei preveja”.
Para o MPF, a decisão da Corte Interamericana de Direitos Humanos deve ser obedecida a não ser que o país declare inconstitucional sua adesão ao sistema interamericano de direitos humanos. Para recusar a autoridade da Corte Interamericana, o Brasil teria que abdicar do sistema como um todo. “Decisão esta que esbarraria no óbice da vedação do retrocesso em matéria de direitos humanos fundamentais, além de importar claramente em violação do princípio da proibição da tutela deficiente dos direitos humanos”, defendem os procuradores.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Inconstitucional a lei que permitia alterações na Praia Brava, em SC

O TJ de Santa Catarina julgou parcialmente procedente a ação direta de inconstitucionalidade promovida pelo Ministério Público contra a Lei Complementar nº 97/2007, do Município de Itajaí, que instituiu o Plano de Desenvolvimento Turístico da Praia Brava.

O julgamento, em Adin sob a relatoria do desembargador Raulino Brüning, considerou inconstitucional o artigo 8º da referida lei, que permitia em tese "alterações de uso, zoneamento e ocupação de solo e subsolo naquela região".
 A norma também conferiu anistia para irregularidades urbanísticas praticadas anteriormente, sem que para isso tivesse passado por qualquer apreciação de representantes da sociedade civil.
 Segundo o relatório, "trata-se de ação em que se objetiva a declaração de inconstitucionalidade em razão da inclusão, no texto legal, de normas que disciplinam a ocupação e desenvolvimento urbano, modificando índices e características de parcelamento de solo e subsolo, sem participação popular em todas as suas fases de elaboração".

A referida lei, composta por onze artigos, teve o de nº 8 julgado inconstitucional. É nele que estava contida a autorização para que, querendo, o município pudesse propor e alterar normas de ocupação e anistiar eventuais irregularidades urbanísticas na referida praia.

Embora toda a lei tenha prescindido da participação popular via segmentos da sociedade civil, apenas seu artigo 8º tratava de uso e ocupação do solo. Daí porque ocorreu sua declaração de inconstitucionalidade. Os demais artigos tratam da criação de um fundo para bancar melhorias no balneário e outras deliberações não ligadas ao urbanismo, sem necessidade de participação popular. Por isso foram mantidos hígidos.
O acórdão ainda não está pronto e deve ser disponibilizado dentro de cerca de uma semana. (Proc. nº 2011.031436-7 - com informações do TJ-SC e da redação do Espaço Vital).

Pensão militar para neta adotada como filha do ex-presidente Médici

O STJ considerou o ato "válido e eficaz". O TRF da 2ª Região tinha entendido que "a finalidade da adoção é a de prestar assistência, não podendo ser usada como manobra para burlar lei previdenciária". 
A 5ª Turma do STJ considerou legal a pensão paga pela União a Cláudia Candal Médici, neta de Emílio Garrastazu Médici – ex-presidente do Brasil entre 1969 e 1974. Cláudia foi adotada como filha pelo general e por sua esposa, Scylla Gaffrée Nogueira Médici, em 1984. Médici morreu no ano seguinte e Cláudia, na condição de filha adotiva, passou a receber a pensão.
O pagamento do benefício foi suspenso em 2005, porque a administração pública entendeu que a adoção havia sido irregular, por falta de autorização judicial.
A neta do ex-presidente entrou na Justiça para tentar reverter a decisão administrativa, sustentando a legalidade do procedimento de adoção e alegando que o benefício foi suspenso sem que ela tivesse a oportunidade de se defender. Ganhou em primeira instância.

O TRF da 2ª Região, sediado no Rio de Janeiro, reformou a sentença e negou a segurança – não por irregularidade na adoção, mas porque esta teria sido feita apenas com o objetivo de garantir o recebimento da pensão militar pela adotanda.
Para o TRF-2, a adoção da neta pelo casal Médici não passou de "expediente para lhe garantir o recebimento da pensão militar, já que a legislação só permitia o benefício a netos se fossem órfãos de pais".
O julgado do TRF-2 ressalvou que a adoção, feita por escritura pública, estava de acordo com o Código Civil de 1916, vigente à época da adoção, que viria a ser substituído em 1990 pelo Estatuto da Criança e do Adolescente.
No caso, o Código Civil exigia autorização judicial apenas para menor em situação irregular – abandonado, carente, infrator ou submetido a maus tratos, por exemplo –, o que não era o caso da neta de Médici.
Conforme o acórdão do TRF-2, “a finalidade da adoção é a de prestar assistência material, amparo moral e educacional, não podendo o instituto ser usado como manobra para burlar lei previdenciária desfavorável, que não considera beneficiários da pensão por morte os netos com pais vivos nem os filhos homens, maiores de 21 anos e não inválidos”.
No julgamento de recurso apresentado por Cláudia Médici, os integrantes da 5ª Turma do STJ acompanharam integralmente o voto do relator, ministro Jorge Mussi, para restabelecer a decisão inicial e assegurar o pagamento da pensão.
Segundo o ministro, o ato de adoção “deve ser considerado plenamente válido e eficaz, inclusive para efeito de percepção da pensão militar”. Ele destacou que a Constituição Federal, em seu artigo 227, parágrafo 6º, “veda qualquer tipo de discriminação entre filhos adotivos e naturais”, o que impede a interpretação dada pelo TRF2 – de que a adoção da neta pelo general, embora legalmente válida, não daria direito à pensão por ter sido feita exclusivamente com fins previdenciários.
A 5ª Turma também considerou irregular o procedimento da administração pública ao anular a concessão do benefício sem observar o direito à ampla defesa.
 
O julgado conclui que "a jurisprudência do STJ consagra que a instauração de processo administrativo é condição indispensável para o cancelamento de pensões sob o argumento de terem sido concedidas de forma ilegal". O advogado Manoel Francisco Mendes Franco atua em nome da recorrente. (REsp nº 1159396 - com informações do STJ e da redação do Espaço Vital).
 
Rápidos traços biográficos
 

Com uma ajudinha dos amigos - Beatles

quinta-feira, 19 de julho de 2012

UNO: Mina Mazzini

Copa não reduz a pobreza dos países por onde passa, diz pesquisa sul-africana

De: Agência Pública, por Andrea Dip

Segundo artigo do Human Sciences Reserch, megaevento de 1994 nos Estados Unidos gerou prejuízo entre $5,5 e $ 9,3 bilhões de dólares para as cidades sede

Preocupado com o rumo que os preparativos para Copa do Mundo no Brasil em 2014 têm tomado, o jornalista e documentarista Rudi Boon – autor do documentário “A FIFA manda” sobre a Copa de 2010 na África do Sul, que o Copa Pública mostrou aqui- nos mandou uma série de estudos e documentos sobre os impactos dos megaeventos nos países onde ocorreraram. O primeiro, “Megaeventos como resposta para a Redução da Pobreza: A Copa de 2010 da FIFA e suas implicações no desenvolvimento da África do Sul” que apresentamos hoje, foi realizado por pesquisadores do instituto sul-africano Human Sciences Reserch (Conselho de Pesquisa em Ciências Humanas), na época em que o país se preparava para receber a Copa de 2010. Baseando-se na documentação de outros pesquisadores a respeito do legado da Copa em alguns países, o artigo defende que é praticamente impossível que a pobreza seja reduzida com a chegada de um grande evento e que os benefícios propagandeados pelos governos como projetos de mobilidade urbana e aumento do número de empregos são pouco funcionais, efêmeros e concentrados em pequenas áreas, e que muitas vezes acabam gerando crises e prejuízos ainda maiores para os países anfitriões. O exemplo mais chocante usado no texto, citando um estudo recente feito por Robert Baade & Victor Mathesondois, pesquisadores americanos, talvez seja o da copa de 1994 nos Estados Unidos, que teria gerado um prejuízo entre $5,5 e $ 9,3 bilhões de dólares para as cidades sede, ao invés do lucro estimado em 4 bilhões.

Expectativa

O texto começa explicando que o anúncio da Copa na África do Sul gerou muita expectativa, já que seria o primeiro grande evento em todo o continente. Na época, o presidente Thabo Mbeki, anunciou que aquele não seria apenas um evento sul-africano mas de toda a África. Além disso, o país passava por um momento de reconstrução e a Copa seria o “empurrãozinho” que faltava para o investimento no crescimento das cidades. Já nesta introdução, os autores alertam que em muitos países que receberam o megaevento, o que se viu como consequência da passagem da FIFA foram graves crises para as economias nacionais, geradas pelo grande volume de investimentos estatais – exatamente como está sendo feito no Brasil, como o ministro do TCU admite nesta entrevista. A preocupação dos pesquisadores, no caso da África do Sul, era com um crescimento muito rápido porém desordenado e desigual. Havia na época expectativa de crescimento de 65% em cinco anos, porém apenas nas cidades com maior concentração  de PIB e ainda assim de forma díspare, com muitos investimentos em áreas nobres e poucos investimentos nas áreas pobres. Isto também já pode ser visto no Brasil, como mostram os dossiês “Mega-eventos e violações de Direitos Humanos no Brasil” e Megaeventos e violações dos direitos humanos no Rio de Janeiro”
Megaeventos são frequentemente usados como instrumentos do poder hegemônico  ou como demonstrações de ‘ufanismo’ urbano pelas elites econômicas, casados com uma visão tacanha do crescimento das cidade 
Desta forma, afirmam os pesquisadores, este crescimento é colocado como um “desafio”, pouco importanto se o país ou as cidades sede têm de fato a possibilidade de investir tanto em um megaevento.
As promessas feitas para a África do Sul também eram muito parecidas com as feitas por aqui, segundo o documento: “Em primeiro lugar, o megaevento é colocado como um catalisador para melhorar a condição de vida das pessoas historicamente desfavorecidas. Sugere um novo sistema de transporte público e uma agenda significativa de desenvolvimento, com promessas de geração de emprego”.
O que se viu, segundo esta entrevista com Eddie Cottle, autor do livro “Copa do Mundo da África do Sul: um legado para quem?” foi bem diferente disso: “O número de postos de trabalho foi estimado em 695.000 para os períodos pré e durante a Copa do Mundo. E o que aconteceu na realidade? No segundo trimestre de 2010, as taxas de empregabilidade diminuíram em 4,7%, ou seja, perdemos 627.000 postos de trabalho. No setor da construção civil, onde se tinha a sensação de que os ‘bons tempos’ seriam sentidos por todos, o emprego diminuiu 7,1% (ou 54.000 postos de trabalho) neste período. Na verdade, o ano de 2010 testemunhou com menos 111.000 postos de emprego na construção”

Outras Copas

O texto coloca que um dos pontos mais criticos em sediar um megaevento é a dívida que se cria ao deslocar recursos públicos que iriam para necessidades básicas das cidades – como saneamento, transporte público, educação, etc. – para estádios e obras específicas de mobilidade. Como exemplo, usa a Copa de 1994 nos Estados Unidos: “Estudos mostram que ao invés do lucro de 4 bilhões esperados com o megaevento, as cidades sofreram perdas que variaram entre $ 5,5 e $ 9,3 bilhões”. E continua: “Em Barcelona, o que se viu depois das Olimpíadas de 1992, foi um aumento significativo do custo de vida [de 20%, segundo pesquisa da Universidade Autônoma de Barcelona]. A cidade também sofreu com o desemprego, porque foram criados muitos postos temporários, com baixos salários. Com o fim do evento, havia uma massa de desempregados. Nas Olimpíadas de Montreal (1976) além do desemprego, a cidade sofreu com o corte de investimentos em áreas essenciais. Com isso sofrem os pobres, que são os que menos aproveitam os megaeventos”. Em Atlanta, após as Olimpíadas de 1996, o que ficou, segundo o artigo, foi um projeto de mobilidade urbana que não ajudou os cidadãos
Fornecer festivais, quando as pessoas precisam de pão, é um uso duvidoso dos recursos público

Despejos

“Estima-se que as Olimpíadas de 1988 em Seul resultou no despejo de 700.000 pessoas. Para os Jogos Olímpicos de Pequim, 300.000 foram expulsos de suas casas” diz o artigo. Em 2010, a ONU também fez um levantamento a respeito destes despejos, como a relatora especial da ONU para a moradia adequada, Raquel Rolnik, escreveu em seu blog em 2010: “Em Seul, em 1988, a Olimpíada afetou 15% da população, que teve de buscar novos locais para morar – 48 mil edifícios foram destruídos. Em Barcelona, em 1992, 200 famílias foram expulsas para a construção de novas estradas. Em Pequim, a ONU admite que 1,5 milhão de pessoas foram removidas de suas casas. A expulsão chegou a ocorrer em plena madrugada. Moradores que se opunham foram presos”.

Dinheiro público, beneficio privado

No Japão, estádios e espaços construídos com dinheiro público para a Copa do Mundo de 1992 foram parar nas mãos da indústria do entretenimento, que hoje os usa para espetáculos e jogos privados com ingressos caros, segundo o documento. Caso semelhante aconteceu no Rio de Janeiro: criada para sediar jogos do Pan-americano de 2007, a Arena Olímpica, que depois foi renomeada de HSBC Arena, hoje é administrado pelo HSBC e sedia eventos e espetáculos de empresas privadas.

Migração e desemprego

Para os pesquisadores, com pouco ou nenhum recurso sendo destinado às cidades que não sediarão os jogos, muitos migram destes lugares, atrás da oferta de empregos temporários gerados pelos megaeventos. Quando o trabalho temporário acaba, estas pessoas tendem a não voltar para suas cidades de origem, engrossando a massa de desempregados nas cidades. Este processo é agravado pelo aumento do custo de vida e pelos baixíssimos salários, que muitas vezes não permitem que estas pessoas voltem as cidades de origem.
Leia o DOCUMENTO (em inglês)

terça-feira, 17 de julho de 2012

As Cidades Rebeldes de David Harvey

David Harvey

De: Outras Palavras

Um grande teórico das metrópoles contemporâneas contesta hipóteses conformistas e vê nestes centros, colonizados pelo capital, laboratórios de outra sociedade

Entrevista a John Brissenden e Ed Lewis, do New Left Project | Tradução: Daniela Frabasile e Laís Bellini

Acaba de sair (por enquanto, em inglês), um livro indispensável para quem quer debater crise do capitalismo, degradação social e ambiental das cidades e busca de alternativas. Numa obra curta (206 páginas), intitulada “Cidades Rebeldes”, o geógrafo, urbanista e antropólogo David Harvey sustenta pelo menos três ideias polêmicas e indispensáveis, num tempo de crise financeira, ataque aos direitos sociais, risco de desastre ambiental e… rebeliões contra o sistema. Elas estão expostas em detalhes em entrevista que Harvey concedeu a John Brissenden e Ed Lewis, do excelente site britânico New Left Project.
A primeira provocação do geógrafo – que é também um dos grandes estudiosos contemporâneos de “O Capital”, de Karl Marx (veja a área especialmente dedicada ao tema, em seu site) – diz respeito ao papel das grandes metrópoles. Harvey discorda de dois tipos de pessimismo. Estes grandes centros para onde fluem as multidões de todo o mundo no século 21, diz ele, são bem mais que templos da desigualdade, da vida automatizada e cinzenta, da devastação da natureza.
É a elas que afluem – e lá que se articulam — as multidões às quais o capital já não oferece alternativas. Esta gente estabelece novas formas de sociabilidade, identidade e valores. É nas metrópoles que aparecem a coesão reivindicante das periferias; novos movimentos como Occupy; as fábricas recuperadas por trabalhadores em países como a Argentina; as famílias que fogem ao padrão nuclear-heterossexual-monogâmico. Nestas cidades, portanto, concentram-se tanto as energias do capital quanto as melhores possibilidades de superá-lo. Elas não são túmulos, mas arenas. Aí se dá o choque principal entre dois projetos para a humanidade.
A segunda hipótese de Harvey diz respeito à própria (re)construção de um projeto pós-capitalista. O autor de Cidades Rebeldes está empenhado em identificar e compreender formas de organização social distintas das previstas por um marxismo mais tradicional. Ele reconhece: ao menos no Ocidente, enxergar na a classe operária fabril o grande sujeito da transformação social equivale quase a um delírio. É preciso buscar sentidos rebeldes nas lutas por direitos sociais empreendidas por um leque muito mais amplo de grupos e movimentos. Não cabe nostalgia em relação às batalhas dos séculos passados: é hora de tecer redes entres os que buscam de muitas maneiras, nas cidades, construir formas de vida além dos limites do capital.
Mas esta abertura ao novo não significa, diz Harvey (e aqui está sua terceira provocação fundamental), aderir a modismos. O autor saúda o surgimento de uma cultura da horizontalidade e da desierarquização, nas lutas sociais. Mas sugere: para enfrentar um sistema altamente articulado, será preciso construir, também, visões de mundo e projetos de transformação que não podem ser formulados no chão de uma assembleia local de indignados. Harvey teme que o horizontalismo – grosso modo, a noção de que tudo deve vir das bases e ser debatido em assembleias – acabe se transformando num fetiche. Seria, ele adverte, refazer pelo avesso a obsessão dos antigos Partidos Comunistas pela autoridade e centralização. A entrevista completa vem a seguir (A.M.).

segunda-feira, 16 de julho de 2012

O discurso de Collor que irritou a Globo

Collor (PTB-AL) é um ser desprezível. Porém, cabe lembrar que foi punido pelo que fez. Cumpriu a punição e voltou à vida pública, eleito pelo voto popular. Eu não voto no Collor, mas não se pode julgar tudo o que ele diz ou defende com base no que ele já fez. Diz Oscar Wilde que "O valor de uma idéia não tem nada a ver com a sinceridade do homem que a expressa."
A Globo utilizou-se de uma entrevista completamente sem sentido de Rosane ex-Collor para atacar o senador a quem ajudou a tornar-se presidente em 1989. Em ambas as ocasiões (na eleição e na atualidade), a Globo permaneceu no mesmo lado: o seu próprio.
Política não é regra de três.


O Conversa Afiada atende a sugestão do amigo navegante Leitor:

Foi um vexame total da globo, mais uma vez. Entrei no quarto de minha mãe no momento da entrevista, e ela estava rindo muito, e me disse que a globo está em desespero para atacar o Collor, mostrei a ela este vídeo e ela entendeu tudo…



Não se pode esquecer daquela reportagem do Leandro Fortes na Carta Capital: um dos filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – disse ao Michel Temer, sobre a CPI: quando você ouvir falar em “Veja” ouça “Imprensa”; quando ouvir falar em “Imprensa” entenda “Globo”.
Clique aqui para ver que as ações de Collor contra aquele que chama de “prevaricador” seguem adiante.
E aqui para assistir, estarrecido, a um repórter de Brasília, da Globo, ao por a mão no fogo pelo brindeiro Gurgel.
É porque ele deve ter as costas (e as mãos) quentes …
Paulo Henrique Amorim

Quer trabalhar na Anistia Internacional?


Assistente de database
Posição: Assistente de database 
Finalidade do Escritório
O escritório da Anistia Internacional no Brasil foi inaugurado em 2011, primariamente para lidar com casos de violações de direitos humanos no Brasil. Os objetivos de nossa presença no Brasil são: 
• Contribuir para mudar as vidas dos brasileiros através de melhoramentos concretos no histórico nacional de direitos humanos do Brasil. 
• Fortalecer o poder dos titulares de direitos e apoiar o movimento de direitos humanos liderado pelo povo, através de opções inovadoras para engajamento e ativismo. 
• Criar um público-alvo crescente para apoio da AI no Brasil, através de comunicações sólidas e de boas iniciativas de captação de recursos.
• Alavancar a influência regional e global do Brasil através de apelos para que o governo se torne um líder global da promoção de direitos humanos a nível doméstico, bilateral e internacional.
Cargo
Título do cargo: Assistente de data base 
Subordinado ao cargo: Diretor de Mobilização de recursos
Carga Horária: 40 horas semanais
• Cuidar da manutenção da base de dados da organização e administrar as funções e controles do software de CRM denominado Sales Force ou outro que o venha substituir.
• Registrar os dados de doadores, ativistas e voluntários da organização.
• Registrar todas as transações financeiras acontecidas entre a organização e seus doadores, inclusive produzindo os arquivos necessários para a cobrança de doações.
• Criar condições para a conciliação financeira de arquivos cobrados e recebidos.
• Registrar das transações no histórico de cada doador além do registrar transações não financeiras que possam acontecer entre a organização e seus diversos apoiadores, incluindo-se doadores, voluntários, ativistas e afins.
• Administrar e manutenção dos sistemas de cobrança estabelecidos entre a organização e entidades como bancos (débito em conta, boletos bancários), administradoras de cartões de crédito, débito  e outras modalidades que sejam criadas e / ou adicionadas.
• Criar as interfaces necessárias para o funcionamento (via troca de arquivos) dos sistemas de cobrança acima mencionado.
Gerais
Subordinados diretos: N/A.
Principais Atividades
Acompanhar e analisar o funcionamento do sistema de CRM Sales Force de acordo com as regras e regulamentos da organização e do país, a fim de: 
• Assegurar o cumprimento das políticas e procedimentos estabelecidos, produzir relatórios precisos e em tempo, salvaguardar os recursos financeiros relativos a doações e promover a eficiência operacional da unidade de banco de dados. 
• Rever, analisar e digitar os dados de todas as doações recebidas, bem como os dados fornecidos de ativistas e voluntários para obter um melhor produto final. Estabelecer e revisar constantemente fluxos de trabalho, garantindo que todas as tarefas são realizadas dentro dos níveis padrão de qualidade
• Supervisionar e treinar, dentro da área de banco de dados, o pessoal regular e temporário quando necessário, fornecendo orientação e avaliando seu trabalho. 
• Articular com as empresas de cartão de crédito, bancos e prestadores de serviços relacionados à área de banco de dados e cobrança  afim de obter informações sobre: operações com doadores, mudanças nos procedimentos ou regulamentos e assuntos relativos à manutenção de contas de cartões de crédito e contas bancárias de débito direto, entre outros. 
• Preparar relatórios periódicos conforme programado e elaborar uma grande variedade de relatórios especiais sobre a situação dos doadores, ativistas e voluntários, a pedido de Unidade de Mobilização de Recursos. 
• Administrar e proteger o banco de dados e as informações dos doadores através da criação e implementação de medidas de segurança de acordo com padrões vigentes no mercado. 
• Produzir e manter em segurança back-ups (diários, semanais, mensais) de acordo com rotinas estabelecidas, bem como tomar medidas para proteger dados confidenciais  e informações financeiras armazenados sob responsabilidade da organização.
• Desempenhar outras funções conforme exigido para o bom desempenho do cargo.
Escolaridade
Perfil sugerido para o desempenho das funções do cargo.
Segundo grau: Completo - Licenciamento em Administração de Empresas ou área relacionada é altamente desejável.
Experiência
• Experiência progressiva de 02 a 03 anos trabalhando com banco de dados, incluindo internet e banco de dados Web.
• Conhecimento técnico e domínio do uso de ferramentas como MySql, linguagem PHP e / ou Java, linguagem SQL é altamente desejável.
• Capacidade de operar e administrar sistemas de banco de dados.
• Treinamento adicional em administração de banco de dados e finanças é desejável
Habilidades/Competências
• Conhecimento geral dos princípios operacionais relacionados à administração de banco de dados e processos financeiros.
• Capacidade de analisar as necessidades da unidade e as suas funções e propor soluções adequadas. 
• Habilidade para projetar e implementar fluxos de trabalho eficientes.
• Habilidade de relacionamento interpessoal / profissional. 
• Competência de supervisão.
 
Conhecimentos
( 1 ) Inglês técnico. ( 2 ) Espanhol  
( 1 ) Obrigatório *          ( 2 ) Desejável          ( 3 ) Em desenvolvimento 
* Fator determinante à contratação

Como se candidatar

Envio de currículo e referências até dia 22 de Julho de 2012, para o endereço  recrutamento@anistia.org.br, com o subtítulo Assistente de Database.
A Anistia Internacional Brasil garante a igualdade de oportunidade em seus processos de seleção e procura ativamente compor um leque diverso de candidatos(as).

Moais: os monólitos mais assombrosos da terra

publicado em recortes por
 
No lugar habitado mais remoto do planeta, a Ilha da Páscoa, foram erguidos monólitos assombrosos: os moais. Construídas entre os anos de 1200 a 1500 pela civilização Rapanui, estas gigantescas estátuas de pedra homenageiam os líderes do povo polinésio e mantêm um fascinante mistério sobre como foram, na realidade, erguidas.
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© Ahu Tongariki, (Wikicommons, Ian Sewell).
Os moais de pedra da Ilha da Páscoa, no sudeste do Pacífico, foram construidos por antigos habitantes da ilha. Estes nativos, que contavam apenas com tecnologia da idade da pedra, esculpiram gigantescas figuras humanas com alturas entre três e dez metros e até 86 toneladas de peso, conhecidas sobretudo pelo tamanho das suas cabeças. Estas são, aliás, muitas vezes chamadas de "Cabeças de Pedra Gigantes da Ilha da Páscoa".
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© Mapa da Ilha da Páscoa, (Wikicommons, Eric Gaba).
Crê-se que estas estátuas representem os antigos líderes mortos e estejam posicionadas de frente para o interior da ilha como símbolo de protecção ao povo Rapanui. Ao todo, são mais de 800 e estão espalhadas pelos diversos Ahu, os pedestais sagrados. Praticamente metade está no maior, em Rano Raraku, cujas encostas possuiam a rocha vulcânica utilizada na sua construção.
Construção histórica
Além disso, os Rapanui serviam-se de ferramentas como os cinzéis de pedra para definir os rostos dos moais: todos eles apresentam uma expressão enigmática de narizes alongados, orelhas compridas e rectangulares, grossas sobrancelhas e lábios muito finos. Os braços foram esculpidos apoiados em várias posições junto ao corpo, com mãos e dedos esguios. Com a excepção de um que se encontra de joelhos, nenhum dos outros mostra(va) ter pernas. Quanto ao tamanho desporporcional da cabeça, explica-se pelo facto de os polinésios acreditarem que a cabeça era a sede da sabedoria.
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© Ahu Tongariki, (Wikicommons, Rivi).
Sem a tecnologia moderna, produzir e deslocar estas estátuas é considerado um feito hercúleo. A maior ficou incompleta – pois se tivesse sido concluída teria 21m e pesaria 270 toneladas. Uma outra, designada Paro, tem quase 10m e pesa 82 toneladas. No entanto, a mais pesada alguma vez erguida está no Ahu Tongariki – que, com 200m de comprimento, alberga 15 moais - e pesa 86 toneladas. Depois de terminadas, os Rapanui poliam-nas com pedra-pomes. Décadas mais tarde, foram ainda descobertos detalhes curiosos marcados nas suas costas. Nos moais que melhor resistiram à passagem de tempo, ou seja, aqueles que se encontavam menos erodidos (os construídos em basalto, por exemplo) era possível ver desenhos tatuados.
Uma vez que não se sabe ao certo como foram, na realidade, transportados, os investigadores inclinam-se para dois métodos possíveis. Em ambos os casos seria necessária muita força humana aliada a cordas, trenós ou rolos de madeira. A partir dos anos 80 (século XX) , começaram a ser feitas experiências para tentar provar estes processos, recriando então o cenário dessa época. Inicialmente, concluiu-se que o moai era amarrado de bruços a um trenó de madeira e movido com a ajuda de 1500 homens. De seguida, foi calculado que estando o trenó sobre (possíveis) rolos, só seriam precisos metade dos homens.
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© Rano Raraku, (Wikicommons, Aurbina).


O segundo método envolveria ainda a utilização de uma estrutura que auxiliava no movimento do próprio moai: depois de amarrado numa posição vertical ao trenó, eram passadas cordas à volta da sua cabeça, depois presas a uma faixa plana no chão. Esta técnica permitia arrastá-lo e incliná-lo para a frente e para cima, possibilitando aos Rapanui uma deslocação mais estável ao longo de centenas de metros. Depois de testadas por vários grupos de investigadores na ilha, as evidências apontam para uma prática semelhante a estas hipóteses.
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© Ahu Tahai, (Wikicommons, Bjarte Sorensen).
Em 1868, as estátuas já não estavam na sua posição original. Segundo as lendas da ilha, os conflitos entre os clãs habitantes foram derrubando e até partindo quase todos os exemplares. Gradualmente, graças ao empenho do mundo em recuperar este valioso património, começaram a ser reerguidos nos pedestais. Em 1995, por exemplo, 15 moais voltaram a estar de pé no Ahu Tongariki. Outros tantos estão actualmente protegidos em importantes museus.
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© Moai ajoelhado (Wikicommons, Mila Zinkova).
Afinal têm corpo!
Esta descoberta aumentou ainda mais o fascínio, mas igualmente o mistério à volta dos monólitos. Um grupo de pesquisa privado tem escavado na ilha e feito investigações no subsolo onde se escondiam estes corpos. Só que desde aí novas questões impõem-se: será que sempre estiveram assim ou foi o passar do tempo responsável pelo seu enterro? Para já, a única teoria conhecida aponta para um enorme deslizamento de terra causado por um maremoto - que terá feito com que as estátuas ficassem com o corpo escondido. Mas há também quem afirme que esta teoria já é antiga. Quanto a certezas… a única que existe é que os moais da Ilha da Páscoa ainda têm muito para nos contar.
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© Aku Akivi, (Wikicommons, Ian Sewell).
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© Hoa Hakananai, (Wikicommons, Fallschirmjäger).

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Atahualpa Yupanqui - Perguntitas sobre dios

Brasil vai inaugurar, na África, fábrica de remédio para tratamento da aids

Lula, em 2010, visitando fábrica de antirretrovirais, em Moçambique
Emerson Penha
Correspondente da EBC na África
Maputo (Moçambique) - A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) vai inaugurar, na semana que vem (dia 21) uma fábrica de medicamentos antirretrovirais para o tratamento da aids no Continente Africano. Depois de quatro anos dedicados às etapas de planejamento e construção, as instalações em Maputo, capital de Moçambique, estão prontas. A fábrica será capaz de produzir 21 tipos de remédios para o combate à doença.
Segundo a Fiocruz, em uma primeira etapa, os medicamentos serão suficientes para atender às necessidades de Moçambique, um dos países com mais alta incidência de aids no mundo – um infectado em cada grupo de três habitantes. Mas, em dois anos, a produção será capaz de atender a toda África Subsaariana.
O investimento total no projeto e na construção foi estimado em cerca de R$ 200 milhões. O governo do Brasil contribuiu com a metade deste valor, aproximadamente. Também houve doações de empresas privadas, como a multinacional brasileira Vale, que atua na África nas áreas de mineração e transporte ferroviário.
Na inauguração, que está marcada para um sábado, a presidenta brasileira Dilma Rousseff será representada pelo vice-presidente da República, Michel Temer.
Edição: Talita Cavalcante

domingo, 15 de julho de 2012

Marcelo Gleiser - A ilusão do saber

Muitas vezes o familiar oculta os maiores mistérios. Esse é o caso da luz, um fenômeno tão comum que quase ninguém dá muita bola para ele. Acordamos com ela todos os dias, ligamos e desligamos lâmpadas com descaso, raramente refletindo sobre a sua natureza, sobre o que está por trás dessa intensidade visível, porém impalpável, etérea, porém concreta, discreta, porém essencial.
No seu tratado sobre a luz intitulado "Óptica", publicado em 1704, Isaac Newton defende sua crença de que a luz é constituída de pequenas "partes": "Não são os raios de luz corpúsculos diminutos emitidos por corpos brilhantes?", pergunta. Sugere, além disso, que a luz viaja com velocidade finita, fazendo referência aos resultados de Ole Roemer, o qual, em 1676, mediu a velocidade da luz usando o eclipse de Io, uma das luas de Júpiter.
Em 1865, James Clerk Maxwell publicou o tratado "Teoria Dinâmica do Campo Eletromagnético", no qual descreve a luz como ondulações do campo eletromagnético.
A teoria explica conjuntamente a eletricidade e o magnetismo como manifestações do campo eletromagnético: uma carga elétrica produz um campo elétrico à sua volta, como cabelos rodeando uma cabeça. Tal como a gravidade, seu efeito cai com o quadrado da distância. Campos magnéticos são gerados quando cargas elétricas são aceleradas.
Uma rolha oscilando numa piscina cria ondas circulares. Imagine que a rolha é uma carga elétrica; ao oscilar, ondas eletromagnéticas são irradiadas concentricamente. (A carga as emite em três direções, e não duas.) Se a rolha subir e descer rápido, as ondas estarão próximas, terão frequência alta; se lentamente, a frequência será baixa.
Algo assim ocorre com as ondas eletromagnéticas, que podem ter altas e baixas frequências: o que chamamos de luz visível é um tipo de onda com frequências entre 400 e 790 Terahertz (1 Terahertz=1.012 ciclos/segundo). Já os raios X e gama têm frequências bem mais altas, enquanto o infravermelho e as micro-ondas têm frequências mais baixas.
Maxwell imaginou que, tal como ondas na água ou de som, a luz precisasse de um meio para se propagar. Esse era o estranho éter: transparente, imponderável e muito rígido, uma quase impossibilidade. Mas todos acreditavam nele, mesmo após os experimentos de Michelson e Morley não o terem encontrado.
Só em 1905 o jovem Einstein descartou o éter com a sua teoria da relatividade: ao contrário de todas as outras, as ondas eletromagnéticas podem se propagar no vazio. (É possível que ondas gravitacionais também o façam, assunto que fica para outra semana.)
Para complicar, a luz não tem massa. "Como algo que não tem massa pode existir?", perguntaria o leitor. Em física, energia é mais útil que massa. E a luz tem energia, podendo ser descrita como onda ou partícula: Newton e Maxwell estavam corretos. As partículas de luz, os fótons, têm energia proporcional à frequência. (Vê-se logo a estranheza: uma partícula com frequência, que é propriedade de onda!)
Lembro-me das palavras de Daniel Boorstin: "O maior obstáculo à novas descobertas não é a ignorância; é a ilusão do saber". Mesmo que saibamos tanto sobre o mundo, sabemos ainda tão pouco.
MARCELO GLEISER é professor de física teórica no Dartmouth College, em Hanover (EUA), e autor de "Criação Imperfeita".