sábado, 6 de abril de 2013

Secretaria de Direitos Humanos envia força-tarefa para investigar assassinato de moradores de rua em Goiânia

Wellton Máximo Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Secretaria de Direitos Humanos enviou hoje (6) uma força-tarefa para investigar o assassinato de moradores de rua em Goiânia. Na madrugada de hoje, um garoto de 11 anos e um adulto foram mortos a pauladas, elevando para 26 o número de casos registrados desde agosto do ano passado na região metropolitana da cidade.
De acordo com o secretário nacional de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Gabriel Rocha, os números mostram uma onda de homicídios de moradores de rua na capital goiana. “Há uma política de extermínio em curso”, disse em entrevista à Agência Brasil. Segundo ele, depoimentos recolhidos por entidades locais de apoio aos moradores de rua indicam a suspeita de participação de agentes públicos em pelo menos parte dos assassinatos.
Encabeçada por Gabriel Rocha, a missão é composta por sete coordenadores federais, entre os quais representantes da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos, da Coordenação-Geral dos Centros de Referência em Direitos Humanos e do Comitê Intersetorial da Política da População em Situação de Rua. A força-tarefa avalia se permanece na cidade só hoje ou se fica até a próxima terça-feira (6), quando a Câmara Municipal promoverá uma audiência pública sobre os homicídios.
“Existem notícias de várias testemunhas que põem sob suspeita o envolvimento de agentes públicos nos assassinatos. Isso nos preocupa bastante”, destacou. Segundo Rocha, das 26 mortes apuradas, 25 ocorreram em Goiânia. Uma foi registrada em Aparecida de Goiânia, cidade ao sul da capital do estado.
Citando dados da Secretaria Municipal de Assistência Social de Goiânia, Rocha informou que existem 900 moradores de rua na cidade, dos quais a maioria vem do interior do estado em busca de tratamento de saúde ou para fugir de situações de violência familiar. Segundo ele, as drogas podem não ser o motivo principal dos assassinatos. “De acordo com a prefeitura, somente 30% dos moradores de rua têm envolvimento com entorpecentes. Essas estatísticas são importantes para direcionar as políticas para essa parcela da população.”
Hoje, a missão pretende ouvir moradores de rua que testemunharam assassinatos e se reunir com representantes do Ministério Público e da Polícia Civil de Goiás para pedir a apuração imediata dos casos. Também estão previstos encontros com representantes da prefeitura, do governo do estado e com entidades sociais como pastorais de rua e o Centro de Referência em Direitos Humanos da cidade, operado em parceria com padres jesuítas.

Coreia do Norte e Albânia

Enver Hoxha
Kim Il Sun
Eu assumo: há muitos anos atrás, acreditei em algo chamado Albânia Socialista. Naquele país, funcionaria o modelo socialista preconizado por Marx, Engels e Lênin (e Stálin, vejam só). O bloco soviético (Cuba incluída), era formado por países subordinados ao social-imperialista da antiga URSS; a China liderava outro bloco de traidores do socialismo. Enfim, era um mundo muito particular, dividido em três blocos: o social-imperialista soviético; o revisionista chinês e o capitalista. Diferente de tudo isso, a Albânia era  um exemplar único de socialismo forte e vigoroso, sustentando-se com suas próprias forças e com um povo heróico e com avançada consciência socialista (que chegou a impressionar o sábio Florestan Fernandes), conduzido pela luz de seu grande líder Enver Hoxha.
No fim das contas, quando a Albânia caiu, a consciência socialista mostrou-se uma máscara. Imediatamente o povo foi às ruas comemorar e carregar bandeiras do Estados Unidos.  Após isso, a pobre Albânia tranformou-se em uma das bases do crime organizado na Europa. O que sempre é um argumento para mostrar como "antes era melhor".
Disso tudo, retirei, entre outras lições, que imagens de povo na rua saudando líderes carismáticos não são suficientes para convencer sobre a correção ou não de qualquer regime político. Uma das tragédias da humanidade é, precisamente, a de ter, ao longo da história, tantos facínoras idolatrados pelas massas.
Enver Hoxha era o Kim-Il-Sung albanês. A sacralização de líderes políticos é o caminho para o enterro dos ideais que, um dia, eles representaram. Ouço a defender a Coreia do Norte alguns que sustentavam a solidez do regime criado por Enver Hoxha, que repudiaram os "vândalos" que se revoltaram contra ele e, depois, assistiram estarrecidos a derrocada do sistema albanês. É incrível, algumas pessoas não aprendem com a sua própria história, tampouco com a história da humanidade. Eu aprendo, todos os dias.

sexta-feira, 5 de abril de 2013

Chico Xavier e a Ditadura Militar

Nunca fui fã do Chico Xavier. Os seus milhões de adoradores certamente estão se lixando para a minha opinião. O vídeo abaixo, no entanto, ultrapassou todas as minhas piores expectativas com relação a este senhor.
Assista o vídeo clicando AQUI

Nota pública sobre o julgamento do assassinato de líderes extrativistas no Pará

O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Secretaria de Diretos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) consideram justa a condenação dos executores dos líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, assassinados há dois anos no Pará. Mas, ao mesmo tempo, consideram grave que nenhum mandante tenha sido responsabilizado até o momento.
Saudamos a decisão imediata do Ministério Público de oferecer recurso diante da absolvição do acusado de ser o mandante do crime. Estamos conscientes de que um crime dessa natureza costuma ser motivado por interesses que vão além das pessoas que, de forma vil, o executam. Por este motivo, acreditamos que a Justiça só será plena com a responsabilização igualmente firme, por parte do Poder Judiciário, dos autores intelectuais ou mandantes da execução.
O casal assassinado era assentado da reforma agrária, se dedicava à produção sustentável de castanha na reserva ambiental Praialta-Piranheira, rica em madeira de lei, e defendia a exploração sem destruição da mata.
A absolvição do mandante desse crime traz como conseqüência a sensação de impunidade no que se refere a homicídios de trabalhadores na zona rural. E, ainda, prejudica a luta de trabalhadores que defendem a geração de renda com preservação da floresta.
O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e a Secretaria de Diretos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) seguirão acompanhando os desdobramentos do caso.
Brasília, 5 de abril de 2013
Maria do Rosário Nunes, ministra de Estado-Chefe da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República
Pepe Vargas, ministro do Desenvolvimento Agrário

Fifa veta nome de Mané Garrincha no estádio de Brasília na Copa

DA FOLHA BRENO COSTA/ FILIPE COUTINHO DE BRASÍLIA
Bicampeão do mundo pela seleção brasileira em 1958 e 1962, Garrincha está proibido pela Fifa de ter seu nome associado ao estádio de Brasília durante a Copa das Confederações e a Copa-2014.
O ex-craque do Botafogo dá nome ao estádio da capital federal desde a década de 1980. No ano passado, virou lei no DF: o nome da arena é "Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha".
Funcionários trabalham nas obras do estádio
A Fifa, no entanto, decidiu que, durante as competições que organiza, o complemento "Mané Garrincha" não será permitido. E isso terá de ser respeitado em propagandas e divulgações dos eventos.
A entidade argumenta que as competições são de "interesse internacional" e que deve "manter a consistência dos nomes dos estádios".
Contudo, outros estádios que também possuem nomes tradicionais, e, em tese, de difícil compreensão semântica para o público internacional, como Maracanã e Mineirão, não sofrerão mudança.
No que depender do governo do Distrito Federal, a Fifa não terá problemas legais em mudar temporariamente o nome do estádio --que sediará a abertura da Copa das Confederações e sete partidas do Mundial em 2014.
Embora o governo tenha afirmado, em nota enviada à Folha, "estar certo de que não haverá necessidade de mudança na arena da capital federal", projeto de lei enviado semana passada pelo governador Agnelo Queiroz (PT) aos deputados distritais inclui artigo prevendo a troca.
Na prática, é uma manobra para atender a Fifa após derrota política em 2012. Já ciente do desejo da federação de não ter Mané Garrincha vinculado ao nome da arena, Agnelo vetou projeto de lei que assim o batizava. O veto foi derrubado pelos deputados.
Caso o texto agora proposto por Agnelo seja aprovado, abre-se também a brecha para que a Fifa associe o estádio a um determinado patrocinador. A entidade afirma que isso não irá acontecer.
Diz tratar-se de procedimento comum. Cita como exemplo os dois últimos mundiais, na África do Sul (2010) e na Alemanha (2006).
Neste último caso, o exemplo mais específico é a Allianz Arena, moderno estádio do Bayern de Munique, que durante a Copa de 2006 perdeu o nome da seguradora e recebeu um genérico: Arena de Munique.

Após liminar da Justiça, protesto contra aumento da passagem vira festa no meio da chuva


Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Samir Oliveira, de Sul21
Quando, às 18h, na tarde desta quinta-feira (4), uma chuvinha fina começou a cair sobre o centro de Porto Alegre, muita gente pensou que o protesto contra o aumento da passagem de ônibus escorreria pelos bueiros como a água. Mas, aos poucos, as pessoas foram se reunindo na praça Montevidéu, em frente à prefeitura.
No início, alguns buscavam abrigo nas marquises dos prédios ao redor. Os guarda-chuvas atrapalhavam a visão de quem passava, além de dificultar a vida de quem tentava se deslocar pela calçada. Os cartazes desfraldados também teimavam em exibir suas mensagens, apesar da chuva que ia borrando os de cartolina.
Não eram 18h30min quando alguém recebeu e repassou instantaneamente a informação à multidão: o reajuste havia sido revogado temporariamente por uma liminar da Justiça. A comemoração foi geral.
Poucos minutos depois, a informação foi repetida em alto e bom som pelo caminhão que transportava os amplificadores – o veículo, cedido pelo MST, substituiu a Kombi branca que levava as caixas de som nos outros atos. Do microfone, um manifestante alertava que a decisão da Justiça era uma “conquista paliativa” e que a cobrança pela redução da passagem para R$ 2,60 deveria prosseguir.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Não eram 19h quando os milhares de manifestantes saíram da frente da prefeitura para marchar. A caminhada iniciou junto com o temporal, que em nada lembrava a chuvinha fina do meio da tarde e fez a alegria do ambulante que corria em volta dos jovens para vender capas de plástico por R$ 5,00.
Quando atingiram a avenida Júlio de Castilhos, os manifestantes abandonaram os guarda-chuvas e desistiram de tentar salvar os cartazes. Apenas as faixas de pano resistiam. Muitos e muitas tiraram as camisetas. E todos se renderam à chuva. Um dos gritos mais ouvidos da noite era: “Pode chover! Pode molhar! Mais um aumento eu não vou pagar!”.
Quando chegaram ao terminal Parobé, os manifestantes correram para baixo do Camelódromo, onde permaneceram por alguns minutos. O teto baixo reverberava de forma intensa o brado: “O povo unido jamais será vencido!”.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Dali, o grupo ensopou ainda mais os pés em uma avenida Voluntários da Pátria alagada, sob os olhares curiosos e espantados dos vendedores das lojas da região. Surpreendidos, alguns não hesitaram em apoiar a marcha.
O grupo seguiu pela rua Marechal Floriano Peixoto até a avenida Salgado Filho, onde alguns já ensaiavam um novo bordão: “Sou de luta! Sou radical! Quero o passe livre nacional!”.
Ao chegarem na esquina com a avenida Borges de Medeiros, um manifestante quebrou as sinaleiras de um ônibus. A reação foi imediata: vaias generalizadas e uma reprimenda de um pequeno grupo próximo a ele, que gritava “chinelão! chinelão! chinelão!”.
No caminho até a avenida Loureiro da Silva, a marcha cresceu. Muitos jovens recém chegados comentavam que estavam vindo da aula. E, dos prédios, era visível o apoio de boa parte da população, que saía às janelas sacudindo os braços – uma mulher chegou a colocar metade do corpo para fora da janela de um ônibus que estava parado no congestionamento.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Mas também houve um foco de tensão na Loureiro da Silva. Alguns manifestantes batiam na lataria de um dos coletivos parados e os passageiros se revoltaram, já que uma criança que estava dentro se assustou com o barulho. Apesar da tentativa de alguns passageiros de sair do ônibus para brigar com os manifestantes, a marcha seguiu até a avenida João Pessoa. Lá, outro breve foco de tensão, quando houve um desentendimento com um motoqueiro que cortou caminho pelo meio da marcha e quase levou uma garrafada de um manifestante, que chegou a estender a mão para dar o golpe, mas foi detido pelos demais.
Durante o trecho entre a Loureiro da Silva e a João Pessoa, foi possível perceber com mais clareza o imenso cortejo policial que seguia os manifestantes. Do caminhão de som, um ativista puxou o grito: “Recua, polícia, recua! É o poder popular que está na rua!”.
Ao chegar na avenida Ipiranga, o grupo se dirigiu para o trecho onde, de um lado, estava a sede da EPTC e, de outro, o prédio do Grupo RBS – contra quem os manifestantes não poupam críticas desde que os protestos começaram a ganhar corpo e aparecer com maior frequência na mídia.

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Uma das faixas da marcha atacava a empresa: “RBS, ontem cúmplice da ditadura. Hoje, parceira da máfia do transporte”. E um dos gritos de protesto ironizava o comentarista do Jornal do Almoço, Lasier Martins: “Lasier, xarope! Vai tomar um choque!”, em referência ao acidente ocorrido com o jornalista anos atrás, enquanto ele cobria a Festa da Uva de Caxias do Sul.
Esse foi um dos momentos mais tensos do protesto. Alguns ativistas jogaram tinta, pedras e bolinhas de gude na sede da EPTC. Ocorreu um princípio de correria e tumulto. A Brigada Militar cerrou fileiras nas pontes para pedestres e carros que davam acesso ao outro lado da avenida Ipiranga, não permitindo que ninguém se aproximasse do prédio da RBS. E, ao mesmo tempo, o contingente policial que acompanhava a marcha pela retaguarda se aproximou – o que fez com que muitos manifestantes pensassem que se tratava de uma investida da polícia.
Alguns ativistas, com medo de que se estabelecesse um conflito, chegaram a se retirar do ato neste momento, que seguiu em caminhada pela avenida Érico Veríssimo até o Largo Zumbi dos Palmares. No encerramento, ficou estipulado que haverá um novo protesto na segunda-feira (8).
A revogação do aumento conquistado pela decisão Judicial favorável à ação impetrada pelos vereadores do PSOL de Porto Alegre reduz a passagem de R$ 3,05 para os R$ 2,85 que vigoravam até o momento. Mas os manifestantes reivindicam que a prefeitura revogue o ato do aumento e reduza a passagem para R$ 2,60, além de assumir o compromisso de não revisar isenções para idosos e estudantes.
Confira abaixo mais fotos do protesto desta quinta-feira (4)


Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Foto: Ramiro Furquim/Sul21
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Confira a cronologia do aumento da passagem este ano em Porto Alegre
- 28/12/2012
Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitou informações à EPTC a respeito do cálculo utilizado para se verificar o Percurso Médio Mensal (PMM) dos ônibus – que influi no reajuste da tarifa. A solicitação de informações foi feita por provocação do Ministério Público de Contas, após uma inspeção especial realizada nas contas da EPTC, ter verificado que a prefeitura computa a frota reserva de ônibus no cálculo.
- 7/01/2013
EPTC responde a questionamentos do TCE, afirmando que cálculo do PMM ocorre de acordo com o que determina a legislação municipal.
- 21/01/2013
Manifestantes realizam primeiro protesto de rua no centro de Porto Alegre contra o aumento da passagem.
- 29/01/2013 TCE emitiu medida cautelar determinando que EPTC revise o modo como calcula o aumento da tarifa de ônibus em Porto Alegre. O conselheiro Iradir Pietroski, relator do processo, seguiu a orientação do Ministério Público de Contas, que observou que a empresa não pode considerar a frota total de veículos para reajustar a passagem.
-21/03/2013 Conselho Municipal de Transporte Urbano (COMTU) aprova elevação da tarifa para R$ 3,06. No mesmo dia, o vice-prefeito Sebastião Melo (PMDB) sanciona a aprovação e fixa o valor em R$ 3,05, resultando num reajuste de 7,02%.
- 25/03/2013
Data a partir da qual entra em vigor a nova tarifa de R$ 3,05.
-27/03/2013 Manifestantes realizam outro protesto contra o aumento da passagem. Tentativa de ingresso no prédio da prefeitura gera conflito com a Brigada Militar no início do ato. Ativistas marcham até o Palácio da Polícia para exigir libertação de manifestante que foi detida pela Guarda Municipal dentro da prefeitura.
- 01/04/2013 Prefeito José Fortunati (PDT) recebe grupo de entidades estudantis – convocado pela União dos Estadual dos Estudantes (UEE-RS, comandada pelo secretário-adjunto da Secretaria Municipal da Juventude, Arthur Veiga, do PTB) – para debater o aumento da tarifa.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Livro orienta como se curar da Síndrome do Trauma Religioso

Fundamentalismo religioso é a causa
de graves transtornos mentais
Fundamentalismo religioso é a causa de graves transtornos mentais “Depois de 27 anos tentando   viver uma vida perfeita, eu achei que tinha falhado... Eu tinha vergonha de mim durante todo o dia. Minha mente lutava contra ela mesma, sem alívio. Em sempre acreditei em tudo que me foi ensinado, mas ainda assim pensava que não tinha a aprovação de Deus. Eu pensava que ia morrer no Armagedom. Durante anos, eu me machucava literalmente, cortava e queimava meus braços, para me punir antes Deus o fizesse. Levei anos para me sentir curada.” Esse relato é de um paciente de Marlene Winell (na foto abaixo), americana de San Francisco que se especializou em desenvolvimento humano e estudo da família. Ela é autora do Leaving the Fold: A Guide for Former Fundamentalists and Others Leaving their Religion — livro que, como diz seu título, é um guia sobre como se livrar das consequências de religião fundamentalista. Winell cunhou o termo “Síndrome do Trauma Religioso”, STR (na sigla em português), para classificar os sintomas de pacientes que sofrem de transtornos mentais em decorrência da lavagem cerebral de religiões fundamentalistas. Winell é filha de missionários Filha de missionários da Assembleia de Deus, Winel ajuda há mais de 20 anos homens e mulheres a se recuperarem das doenças psicológicas não só causadas por crenças religiosas, mas também aquelas que acabam sendo realçadas ou despertadas pelo fundamentalismo cristão. Em entrevista à psicóloga Valerie Tarico, Winel disse que os sintomas do STR inclui, além da ansiedade, depressão, dificuldades cognitivas e degradação do relacionamento social. “Os ensinamentos e práticas religiosas, por vezes, causam danos graves na saúde mental.” “No cristianismo fundamentalista, o indivíduo é considerado depravado e tem necessidade de salvação”, afirmou. “A mensagem central é ‘você é mau e merece morrer, porque o salário do pecado é a morte. [...] Já tive pacientes que, quando eram crianças, se sentiam perturbados diante da imagem sanguinolenta de Jesus pagando pelos pecados deles.” Síndrome do Trauma Religioso se manifesta em pessoas de todas as idades, mas principalmente naquelas cuja personalidade esteja em formação, as crianças. “As pessoas doutrinadas pelo cristianismo fundamentalista desde criança podem ser aterrorizadas por memórias de imagens do inferno e do apocalipse”, disse. “Algumas sobreviventes desse período, as quais eu prefiro chamar de ‘recuperadas’, têm flashbacks, ataques de pânicos, ou pesadelos na vida adulta, mesmo quando se libertaram das pregações teológicas.” Um paciente relatou seus tormentos dessa fase de sua vida: “Eu acreditava que ia para o inferno por acreditar que estava fazendo algo de muito errado. Estava completamente fora de controle. Às vezes, eu acordava no meio da noite e começava a gritar, agitando os braços, tentando me livrar do que sentia. O medo e a ansiedade tomaram conta da minha vida.” Winell afirmou que a recuperação de quem nasceu em uma família de fanáticos religiosos é mais difícil em relação àquele que adotou uma crença fundamentalista na vida adulta, porque não dispõe de parâmetro de comparação. Ela disse que se livrar de uma religião é muito difícil em muitos casos porque isso significa pôr em risco um sistema de apoio composto por parentes e amigos, principalmente em relação às pessoas que nasceram em uma família de crentes fanáticos. Livro contém 20 anos da experiência da autora Uma paciente relatou o seu caso: “Eu perdi todos os meus amigos. Eu perdi meus laços estreitos com a família. Agora estou perdendo meu país. Eu perdi muito por causa desta religião maligna, e estou indignada e triste. . . Eu tentei duramente fazer novos amigos, mas falhei miseravelmente. Eu sou muito solitária.” Outro paciente contou: “Minha vida estava fortemente arraigada e ancorada na religião, influenciando toda a minha visão do mundo.  Meus primeiros passos fora do fundamentalismo foram assustadores, e eu tive pensamentos frequentes de suicídio. Agora isso está no passado, mas eu ainda não encontrei o meu lugar no universo”. Winell disse que resolveu dar o nome de "Síndrome de Trauma Religioso" ao conjunto de sintomas e características da lavagem cerebral religiosa porque assim fica mais fácil estudar e diagnosticar as pessoas que sofrem desses males. Ela argumentou que a nomenclatura "STR" fornece um nome e uma descrição para as pessoas afetadas pela religião, de modo que elas se sintam parte de um grupo e possam assim compartilhar suas experiências, reduzindo sua percepção de solidão e de culpa. Por isso, Winell discorda de que a criação de termos como “recuperação de religião” e “Síndrome de Trauma Religiosa” sejam uma tentativa de ateus de patologizar as crenças religiosas. Até porque, disse, “a religião autoritária já é patológica”. 

terça-feira, 2 de abril de 2013

Há 30 anos, calava-se a voz de Clara Nunes



Cantora. Compositora.
Nasceu em Cedro (Distrito de Paraopeba), hoje Caetanópolis, onde viveu até aos 16 anos.
Era a caçula dos sete filhos do casal Manuel Ferreira de Araújo e Amélia Gonçalves Nunes.
O pai tinha o ofício de serrador (marceneiro) na fábrica de tecidos Cedro & Cachoeira, e era conhecido como Mané Serrador, violeiro e participante das festas de Folia de Reis.
Em 1944, ficou órfã de pai e pouco depois, órfã de mãe, sendo criada por sua irmã Dindinha (Maria Gonçalves) e o irmão José, conhecido como Zé Chilau.
Participou de aulas de catecismo na matriz da Cruzada Eucarística, onde cantava ladainhas em latim no coro da igreja.
Aos 14 anos ingressou como tecelã na fábrica Cedro & Cachoeira. Dois anos depois, mudou-se para Belo Horizonte, indo morar com a irmã Vicentina e o irmão Joaquim. Trabalhou como tecelã, fez o curso normal à noite e, no final de semana, participava dos ensaios do Coral Renascença, na igreja do bairro onde morava.
Cresceu ouvindo Carmem Costa, Ângela Maria e, principalmente, segundo as suas próprias palavras, Elizeth Cardoso e Dalva de Oliveira, das quais sempre teve muita influência, mantendo, no entanto, estilo próprio.
Em 1966 interpretava "Amor quando é amor" (Niquinho e Othon Russo) no filme "Na onda do iê-iê-iê", do diretor Aurélio Teixeira, o que marcaria o início de seu relacionamento com à Jovem Guarda, pois o filme era recheado de números musicais com o pessoal do movimento, destacando-se o cantor Paulo Sérgio, Ed Lincoln, Wanderley Cardoso, Os Vips, Sílvio César, Rosemary, The Fevers, Renato e Seus Blue Caps. No ano seguinte a cantora voltou às telas do cinema, desta vez interpretando a marcha "Carnaval na onda", de José Messias, no filme "Carnaval Barra Limpa", de J.B Tanko. No filme participaram João Roberto Kelly, Emilinha Borba, Ângela Maria, Altemar Dutra, Marlene e Dircinha Batista.
No ano de 1968 fez a sua última atuação em cinema, quando interpretou "Não consigo te esquecer", de Elizabeth, no filme "Jovens Pra Frente", de Alcino Diniz, estrelado por Rosemary, Jair Rodrigues e Oscarito. Após essa gravação parou de flertar com o movimento da Jovem Guarda e passou a cantar samba por influência de Ataulpho Alves e Adelzon Alves.
Ao que se sabe compôs uma única música em parceria com Maurício Tapajós e Paulo César Pinheiro "A flor da pele", que integrou o LP "As forças da natureza".
Pesquisou a música popular brasileira, seus ritmos e seu folclore. Viajou várias vezes para a África, representando o Brasil. Conhecedora das danças e das tradições afro-brasileiras, converteu-se ao candomblé.
Foi uma das cantoras que mais gravou os compositores da Portela, escola para a qual torcia.
Fundou com o marido, o poeta e letrista Paulo César Pinheiro, o Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, no Rio de Janeiro.
Faleceu vítima de complicações operatórias decorrentes de uma operação de varizes.
Em 1988, Maria Gonçalves, irmã de Clara Nunes, reuniu em Caetanópolis várias peças do vestuário da cantora, assim como adereços e objetos pessoais e criou uma sala que abriga o acervo de sua obra em um espaço físico com cerca de 120 metros, anexado à creche que leva o seu nome.
Em 2004 a Prefeitura de Caetanópolis inaugurou o Instituto Clara Nunes (anexo à Creche Clara Nunes), ambos coordenados por Maria Gonçalves, irmã velha da que passou a criar a cantora quando esta tinha apenas quatro anos. Empresas como Vallourec & Mannesmann, entre outras, pretende dar apoio à criação de um futuro "Museu Clara Nunes", em memória de sua filha mais ilustre. O museu será no antigo cinema Clube Cedrense, que pertencia à fábrica têxtil Cedro-Cachoeira, no qual a cantora se apresentou pela primeira vez. Ao acervo, coordenado pelo sobrinho da cantora, o músico Márcio Guima, foram incorporadas novas peças.
No ano de 2012, em comemoração ao aniversário de 70 anos, a cantora ganhou um memorial em sua cidade Caetanópolis, em Minas Gerais. Com curadoria de sua irmã mais velha Maria Gonçalves (a Mariquita), o acervo do Memorial Clara Nunes conta com 6.100 peças pessoais e artísticas da artista, cedidas por vários amigos, inclusive, o ex-marido Paulo César Pinheiro. No Rio de Janeiro, neste mesmo ano, foi inaugurado o Mergulhão Clara Nunes, passagem subterrânea que liga os bairros de Madureira e Campinho, na Zona Norte da cidade. Ainda como parte das comemorações dos 70 anos, seu biógrafo, Vagner Fernandes, relançou a segunda edição, revista e aumentada, do livro "Clara Nunes - A Guerreira da Utopia". 

Lula pede votos para Nicolás Maduro

© Agência Lusa/Agência Brasil

A presidenta Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participam do velório do presidente venezuelano Hugo Chávez (Agência Télam)
Caracas, 02 abr (Lusa) - O ex-presidente Lula apelou aos venezuelanos para votarem em Nicolás Maduro nas eleições presidenciais, marcadas para 14 de abril, sublinhando que ele tem se destacado "na luta para projetar a Venezuela e na construção de uma América Latina mais democrática e solidária".
O pedido de Lula foi feito através de um vídeo divulgado nesta segunda-feira (1) em Caracas durante uma reunião em que representantes de 27 organizações e movimentos políticos de 18 países homenagearam o falecido presidente Hugo Chávez e apoiaram a candidatura de Nicolás Maduro à Presidência da República.
Segundo Lula da Silva, "a grande obra de Chávez foi transformar a Venezuela num país mais justo, realizando um processo de transferência da renda petrolífera em proveito dos estratos mais sofridos da sociedade" e, tal como Maduro, "sempre deixaram claro" que o país "necessitava escapar do que muitos chamam de a maldição do petróleo".
"Maduro presidente é a Venezuela que Chávez sonhou", concluiu Lula, sublinhando não querer "interferir num assunto interno da Venezuela", mas que não poderia deixar de dar o seu testemunho "em nome do futuro do país tão querido para o povo brasileiro; e também em nome do Mercosul, onde a Venezuela acaba de ser recebida".
Nicolás Maduro Moros, 51 anos, é atualmente o presidente interino da Venezuela. Ele foi apontado em dezembro último por Hugo Chávez como seu sucessor.
Chávez morreu aos 58 anos, em Caracas, no dia 5 de março.

Regiões do Brasil com população mais armada têm taxa de homicídios sete vezes maior


Vinícius Lisboa Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro - As 20 microrregiões brasileiras com maior prevalência de armas de fogo têm uma taxa de homicídios, em média, 7,4 vezes mais alta que as 20 em que a presença de armamentos é mais baixa. A constatação é parte do estudo Mapa das Armas de Fogo nas Microrregiões Brasileiras, apresentado hoje (1º) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O diretor de Estudos e Políticas de Estado, das Instituições e da Democracia do Ipea, Daniel Cerqueira, um dos responsáveis pelo trabalho, disse que há uma relação de causa e efeito entre a presença de armas e a taxa de homicídios. "Apesar de ser uma lei nacional, o Estatuto do Desarmamento teve resultados diferentes dependendo dos esforços dos governos estaduais para controlar a difusão de arma de fogo".
Daniel Cerqueira argumenta que os estados que mais se empenharam no desarmamento da população - São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco - foram os que tiveram quedas mais expressivas da criminalidade entre 2000 e 2010, enquanto na Bahia, no Maranhão e Pará, onde a prevalência de armas não teve o mesmo comportamento, houve aumento dos homicídios.
As 20 microrregiões mais armadas possuem taxa de homicídios média de 53,3 mortes para cada 100 mil habitantes, número que chega a 101,3 em Maceió, e 77,1 em João Pessoa. As duas capitais estão entre as 13 áreas nordestinas no ranking de prevalência de armas de fogo, que tem quatro do Sudeste, duas do Sul e uma da Região Norte. Outras capitais que compõem a lista são Recife, Salvador, Belém, Vitória, Curitiba e Fortaleza.
Já as 20 microrregiões com a população menos armada possuem 7,2 homicídios por 100 mil habitantes, em média, taxa que cai para 0,7 em Barreiras, microrregião de 286 mil habitantes no interior da Bahia que ostenta a menor prevalência de armas do país. Entre as cidades em que proporção é baixa, 12 são do Sudeste, sendo dez de Minas Gerais. O Nordeste possui quatro na lista, e o Sul, duas. Centro-Oeste e Norte participam com uma, cada um.
Na apresentação, o diretor do Ipea mostrou que o aumento de 1% no número de armas aumenta em 1% a 2% a taxa de homicídios de uma região. Por outro lado, a elevação da prevalência de armas não reduz o número de crimes contra o patrimônio: "Isso desmente o mito de que o armamento do cidadão funciona como forma de dissuadir os criminosos a não cometerem crimes contra a propriedade", concluiu Daniel.
Uma estatística preocupante apresentada por Daniel Cerqueira foi o aumento de 50% dos homicídios com arma de fogo praticados dentro dos lares. Para o pesquisador, o aumento está relacionado ao avanço da prevalência de armas em regiões mais marcadas pela violência doméstica.
Outro problema apontado pelo mapa é o aumento do número de armas e de homicídios em microrregiões marcadas pelo desmatamento e por atividades econômicas em que há conflitos pela terra.
Edição: Davi Oliveira

segunda-feira, 1 de abril de 2013

Por "fascismo", dirigente do Sunderland se demite após chegada de Di Canio


Em 2005, Di Canio fez saudação fascista após vitória da Lazio sobre a Roma Foto: Reuters

Em 2005, Di Canio fez saudação fascista após vitória da Lazio sobre a Roma
Foto: Reuters

De: Terra
  Anunciado no último fim de semana como novo técnico do Sunderland, o italiano Paolo Di Canio já provoca polêmica. Vice-presidente do clube, David Miliband se demitiu após a confirmação da contratação, alegando que o treinador já expressou manifestações políticas fascistas.
Miliband, 47 anos, que foi o ministro britânico das Relações Exteriores entre 2007 e 2010, divulgou um comunicado logo após o anúncio da contratação de Di Canio.
​Conforme publica nesta segunda-feira o jornal italiano La Gazzetta dello Sport, Miliband afirmou que deseja ao Sunderland “todo o sucesso possível”, mas se demitiu citando “as afirmações políticas expressas no passado pelo novo treinador”.
Di Canio, 44 anos, defendeu-se e, em entrevista à agência AP, disse que “tudo isso é estúpido e ridículo”. Ele afirmou que não é racista e que não tem problemas com ninguém.
Como atacante, o italiano defendeu a Lazio entre 1985 e 1990 e entre 2004 e 2006. Ele é torcedor confesso do clube de Roma e era membro da torcida organizada da entidade.
Famoso pelas polêmicas na época de jogador, Di Canio fez a saudação fascista, com o braço direito estendido, após a vitória por 3 a 1 da Roma sobre a Lazio, em 2005. Na ocasião, a atitude lhe valeu uma multa de 10 mil euros.
Em meio à repercussão da contratação, o Sunderland divulgou nesta segunda, em seu site oficial, um comunicado no qual o técnico voltou a se defender.
“Algo pode acontecer muitos anos atrás, mas o que conta são os fatos. Minha vida fala por mim. Claro que isso me machuca, porque as pessoas tentam tirar sua dignidade, e isso não é justo. Acredito em meus pilares e tenho valores. Se alguém se ofendeu com isso, peço desculpas, mas isso não veio de mim, veio de uma grande história a qual as pessoas colocam em um contexto diferente da realidade”, afirmou.
Recentemente, Di Canio fez um bom trabalho no Swindon ao conquistar a quarta divisão da Inglaterra e deixar a equipe no terceiro lugar da terceira divisão. Ele pediu demissão do clube em fevereiro deste ano e tentará evitar o rebaixamento do Sunderland à segunda divisão nacional. O time do nordeste da Inglaterra, que era comandado por Martin O’Neill, está atualmente quatro pontos acima da zona de rebaixamento do Campeonato Inglês.

Secretária de planejamento fala sobre Pinheirinho 2 e os desafios (reais!) da gestão de São Paulo

Confiram abaixo entrevista da secretária de planejamento, orçamento e gestão da prefeitura de São Paulo, Leda Paulani, publicada na Folha no dia 28 de março.

Pinheirinho 2 mostra lógica mercantil, diz secretária de SP

ELEONORA DE LUCENA
DE SÃO PAULO
O conflito na reintegração de posse na área conhecida como Pinheirinho 2, em São Paulo, é um episódio paradigmático do desenvolvimento urbano pautado pela lógica mercantil, cuja finalidade última não é o ser humano. As sentenças judiciais de desocupação deveriam levar em conta também a função social da propriedade.
A visão é da secretária de planejamento, orçamento e gestão da cidade, Leda Maria Paulani, 58. Para ela, “Se o Estado não entra para reequilibrar o jogo, é um desastre”.
Nesta entrevista, ela afirma que a força do capital em São Paulo construiu espaços privados e deixou o interesse público de lado. Daí decorrem os problemas da megalópole, onde convivem a riqueza suntuosa e a pobreza aviltante. A cidade tem um “déficit de urbanidade”, declara.
Economista marxista, ela critica a condução da política econômica federal e define a atual administração como “progressista e protossocialista”. Na sua visão, o melhor caminho seria construir um amplo programa de investimentos públicos.
Paulani identifica em Brasília um forte discurso ortodoxo que “enxerga o ressurgimento do fantasma inflacionário em cada esquina”. E prevê que a tendência de queda dos juros não deve persistir.
Aqui, ela fala também das dificuldades da gestão e da discussão sobre o orçamento participativo.
Folha – Como a sra. explica casos como o de Pinheirinho 2? Leda Paulani - É um episódio paradigmático de uma situação em que o desenvolvimento urbano e a própria ocupação urbana e a relação com a propriedade da terra foram se dando de uma maneira desordenada e sem nenhuma participação ativa do poder público para que isso não produzisse resultados tão nefastos para a vida social da cidade. Há duas cidades dentro de São Paulo: uma cidade dos direitos, da democracia, da cidadania, da vida material minimamente organizada, e outra meio da barbárie.
Quando na gestão da Marta Suplicy pensamos nos CEUS, foi um pouco nesse sentido: colocar o Estado com presença forte nas periferias para ir mudando esses espaços da cidade. Os processos que são comandados pela lógica mercantil são muito poderosos. Isso fica visível no preço dos imóveis, dos terrenos de três anos para cá: subiram muitíssimo além do que qualquer alteração monetária justificaria. Esse episódio é exemplo disso.
E como se combate?
O prefeito interveio rapidamente e com força para evitar cenas de violência. [A prefeitura] vai fazer o possível e impossível para resolver isso de uma forma civilizada.
Há confusão no cadastramento?
Parece que tem problemas. Correndo atrás do prejuízo, se pode resolver e melhorar. Impedir que, por conta de uma sentença judicial que segue os usos e costumes…
Como assim?
[As sentenças judiciais] têm sido pautadas, como sempre, pelos interesses privados e por uma leitura estrita dos direitos de propriedade.
A Justiça tem sido pautada pelos interesses privados?
Talvez seja um pouco leviano dizer isso dessa forma. Mas se fosse levado em conta, de outro lado, a função social da propriedade, que está na Constituição, talvez algumas dessas sentenças tivessem outro teor. A sociedade brasileira é patrimonial. O peso da propriedade é indiscutível, cláusula pétrea da sociabilidade brasileira.
Nesse caso específico há uma série de coisas que é possível, mas o ideal seria que não houvesse mais esse tipo de situação. Que houvesse um mínimo de controle do processo de ocupação urbana, de ordenação urbana. O poder da especulação, lógica mercantil é inversamente proporcional ao poder do poder público. Se há vontade política do poder público de ordenar o processo, no médio prazo, a tendência é a redução do número desses episódios lamentáveis.
A especulação é muito forte em São Paulo?

domingo, 31 de março de 2013

Como se calcula a data da Páscoa?

Páscoa na Coreia do Sul. Reuters
De: BBC
Quando os ovos de chocolate vão finalmente chegar ao supermercado à espera da Páscoa?
Diferente do Natal e outras festas religiosas, a Páscoa muda a cada ano, entre 22 de março e 25 de abril. E a escolha dos dias foi definida após muita controvérsia.
A Páscoa cristã tem relação com Páscoa judaica (o Pesach).
Segundo a tradição cristã, a festa marca o dia da ressurreição de Cristo, em um domingo.
Para a tradição judaica, marca a fuga dos judeus do Egito, liderados por Moisés.
Mas por que elas não são celebradas do mesmo dia?

Raízes judaicas

Lutz Doering, professor da Universidade de Durham, na Grã-Bretanha, diz que há registros de que até o século 2 muitos cristãos celebravam a festa no dia 14 de Nisan do calendário judaico, mesma data do Pesach.
Doering explica que alguns grupos passaram a celebrar a Páscoa no domingo após o Pesach, “porque viam a data como independente, uma nova celebração ligada exclusivamente à ressurreição de Jesus”.
Convencionou-se então que a Páscoa seria celebrada no domingo após a primeira lua cheia da primavera, guiando-se pela data do equinócio.
O debate sobre a mudança foi documento por Eusébio, historiador romando e bispo de Cesareia, que narra os encontros entre diferentes grupos que queiram fazer prevalecer sua posição.
Ao fim, cada um continuou a celebrar na data que considerava correta, até o Primeiro Concílio de Niceia, em 325 d.C..
O concílio convocado pelo imperador Constantino foi uma tentativa de unificar as normas e a tradição cristã, que havia sido feita religião oficial do Império Romano em 312 d.C..
O concílio decidiu que todos os cristãos deveriam celebrar a Páscoa na mesma data e que esta seria separada do Pesach.

Festa móvel

Um problema em separar a Páscoa do Pesach foi como calcular a data da festa com antecedência, já que a astronomia romana não era tão desenvolvida e a festa estava relacionada ao ciclo lunar.
O astrônomo Robert Cockcroft, da Universidade McMaster, no Canadá, explica que o problema foi resolvido ao se fixar “datas eclesiásticas”, diferentes das datas astronômicas.
Fixou-se a Páscoa no primeiro domingo após a primeira lua cheia “eclesiástica” após o equinócio da primavera.
As datas “eclesiásticas” tendem a seguir o tempo lunar, mas excepcionalmente o Pesach e a Páscoa acabam sendo celebrados com uma distância maior.
“Se a lua cheia ocorrer durante o equinócio, os cálculos eclesiásticos tente a forçar a próxima lua cheia para determinar a data da Páscoa”, diz.

Julio e Gregório

A confusão para determinar a Páscoa ainda não ainda chegado ao fim.
Até 1582, usava-se na Europa o calendário juliano (em honra a Júlio César), baseado no ano solar.
“Contudo, o calendário juliano superestimava o ano solar em três dias, por quatro séculos”, conta.
A contagem equivocada fez a Páscoa ser celebrada no verão europeu no século 16.
Em 1582, o papa Gregório 18 resolveu corrigir o erro e estabeleceu um novo calendário, o gregoriano, em uso até hoje.
Os dias do ano foram limitados a 365 (366 nos anos bissextos) e foram “extintos” dez dias na contagem.
Quem dormiu na noite do dia 4 de outubro de 1582 acordou na manha do dia 15 de outubro, oficialmente.
O calendário, no entanto, não foi seguido por todos. Cristãos ortodoxos continuaram a usar o calendário juliano.
Com tanta mudança, a Páscoa é hoje celebrada em datas diferentes por judeus, católicos e cristãos ortodoxos.