Aceitou a provocação da polêmica sobre o emprego oferecido ao
ex-ministro José Dirceu por um empresário com negócios no Panamá – um
paraíso fiscal – e foi buscar os documentos que provam que também os
irmãos Marinho também andaram fazendo seus negócios por lá – e na época
em que o velho Roberto ainda estava vivo e mandando muito.
Você vai ler a história, mas, como sou mais velho e conheço esta
turma, dou logo uma informação: neste ano da Graça de 1984 em que a
empresa foi registrada no Panamá, o executivo de confiança de Marinho na
área financeira – com poder até sobre o Boni – era Miguel Pires
Gonçalves, cujo pai, Leônidas, era o poderoso Ministro do Exército do
Governo Sarney.
Miguel era o homem que cuidava da grana e achei estranhíssimo que José Roberto – o mais low-profile
dos três Marinhos – estar fora do negócio. O velho não era de fazer
isso: o dinheiro era igual, embora o poder não fosse repartido por igual
entre os três.
Leia a reportagem de Rosário.
A empresa da Globo no Panamá!
Já que a Globo, por causa do hotel onde Dirceu irá trabalhar,
está tão interessada nas empresas do Panamá, seria bom aproveitar a
viagem e explicar ao distinto público porque os irmãos Marinho figuraram
como diretores de uma firma naquele país. Trata-se da Chibcha
Investment Corporation, presidida por José Manuel Aleixo.
Os irmãos Marinho, todo mundo conhece. Vamos ver quem são os outros.
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Miguel Coelho Netto Pires Gonçalves é hoje diretor-executivo da
Fides Ações. Iniciou sua carreira no mercado financeiro em 1979 como
Diretor do Banco do Estado do Rio de Janeiro – Banerj. Possui vasta
experiência na área de finanças corporativas, na qual atuou como
Superintendente Executivo da área administrativo-financeira da TV Globo
de 1980 a 1991, e, posteriormente, como Superintendente Executivo da
Globopar, de 1991 a 1994. Foi sócio responsável pela idealização e
criação do Banco ABC-Roma e participou do conselho de diversas empresas
como: Editora Globo, NEC do Brasil, Seguradora Roma e Globo
Agropecuária.
Esta parece ser a figura chave para se entender a razão de ser
desta empresa panamanenha. Em julho deste ano, o blog do Mello,
publicou um post no qual ele é citado.
Nenhuma outra quadrilha lucrou tanto no negócio de assalto a banco como a quadrilha da Rede Globo’ – O Pasquim
A edição de 29 de setembro de 1983 do jornal carioca O Pasquim
não fez por menos. Chamou o então presidente das Organizações Globo
Roberto Marinho de “o maior assaltante de bancos do Brasil”.
“Nos dias 28 de fevereiro e 29 de maio de 1980, sem nenhum
registro na crônica policial, foram praticados os dois maiores assaltos a
banco da história do Brasil. Em duas operações distintas, o grupo do
Sr. Roberto Marinho levantou no Banerj, a juros de dois por cento ao
mês, a importância de 449 milhões e 500 mil cruzeiros [aproximadamente
US$ 613 mil, BdoM]“.
Na reportagem, O Pasquim demonstrou que, caso Roberto Marinho
sacasse o dinheiro na boca do caixa e fizesse uma aplicação financeira
no próprio Banerj receberia US$ 3 milhões, em valores da época.
“Nenhuma outra quadrilha, inclusive movimentos terroristas,
lucrou tanto no negócio de assalto a banco como a quadrilha da Rede
Globo. Só no Banerj expropriou um bilhão e oitocentos milhões de
cruzeiros. Em retribuição, Roberto Marinho levou toda a diretoria do
Banerj para trabalhar na Globo: Miguel Coelho Neto Pires Gonçalves,
Diretor Superintendente do Banerj virou Superintendente da Rede Globo;
Antônio Carlos Yazeji, Paulo Cesar da Silva Cechetti e Pedro Saiter
(ex-vice-presidente, ex-diretor, ex-gerente geral, todos do Banerj)
foram agraciados com pomposas diretorias na Rede Globo.”
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Harry Strunz, aparentemente, é o herdeiro de uma empresa importadora situada no Panamá, especializada em importar produtos norte-americanos.
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Quem é o presidente da firma, Jose Manuel Aleixo? Não descobri nada sobre ele? Será um laranja?
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A ICAZA, GONZALEZ-RUIZ & ALEMAN é uma firma de advocacia que prestou consultoria para a firma.
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Pelo que entendi dos documentos, a empresa foi criada em 1985,
logo após o fim da ditadura e dissolvida em 1995, quando o governo FHC
assume o poder.
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Domingo Diaz Arosemena é, certamente, o herdeiro de um famoso
político panamenho, de mesmo nome, conhecido por ter assumido a
presidência da república em 1948 após uma eleição notoriamente fraudada.
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Rodolfo Ramon Chiari Correa é/era presidente da Hercules
Entreprise, Inc, empresa sediada no Panamá, aparentemente também já
dissolvida. Número da ficha da empresa no site de Registro Público do Panamá: 336763.
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Talvez não haja nada de ilegal na presença dos irmãos Marinho no
quadro diretivo de uma empresa do Panamá. No entanto, como eles são
proprietários da mais importante concessão pública de TV do país, creio
que é de interesse jornalístico saber em que eles estão investindo no
exterior. Ainda mais considerando que, alguns anos depois, os mesmos
personagens protagonizaram uma tremenda fraude nas Ilhas Virges
Britânicas, ao usarem um artifício ilegal para não pagar imposto de
renda.
Além do mais, se a imprensa está tão interessada nos donos de um
hotel desconhecido de Brasília, só porque Dirceu vai trabalhar lá, a
ponto de viajar ao Panamá para descobrir quem é o presidente da empresa
proprietária do hotel, bem poderia usar o mesmo esforço para levantar
mais informações sobre os negócios no Panamá da família mais rica do
país.
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Os documentos estão no site de Registros do Governo do Panamá. Eu entrei, baixei e publico abaixo: