sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

China registra desaparecimento de 44 mil locais de importância cultural

Grande Muralha da China (Jakub Hałun/Wikimedia Commons)Correspondentes afirmam que erosão e progresso ameaçam até a muralha da China
Cerca de 44 mil ruínas antigas, templos e outros locais de grande importância cultural desapareceram na China nos últimos 20 anos, segundo informa o governo do país.
De acordo com o primeiro censo do patrimônio cultural realizado pela China em duas décadas, cerca de um quarto dos locais pesquisados está em mau estado de conservação.
Ao explicar os resultados, o vice-diretor do levantamento, Liu Xiaohe, disse à mídia estatal chinesa disse que muitos pontos de grande relevância cultural estão desprotegidos, sendo demolidos para dar lugar a projetos de construção civil.
Segundo Liu, o desenvolvimento econômico do país é a razão principal dos danos causados às relíquias culturais chinesas.
O censo, realizado pela Agência Estatal de Patrimônio Cultural da China, registrou cerca de 700 mil áreas em todo o país.
Na região mais afetada, a Província de Shaanxi, onde ficam os famosos guerreiros de terracota, as estatísticas indicam que mais de 3.500 locais de grande relevância cultural simplesmente desapareceram.
O censo não cita especificamente quais construções ou monumentos desapareceram no período de pesquisa.

Muralha ameaçada

Apesar disso, correspondentes da BBC afirmam que até mesmo a Grande Muralha da China está ameaçada pela erosão e pelo progresso desordenado, marcado por construções irregulares.
Segundo os correspondentes, as leis de conservação chinesas são desconsideradas por andarilhos e exploradas por moradores dos vilarejos, que cobram suas próprias taxas de admissão aos patrimônios culturais.
Relatos indicam que, há dois anos, uma parte da muralha construída durante a dinastia Qin foi danificada por mineradores que fizeram buracos na edificação, em busca de ouro.

Receita de Ano Novo - Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Militares criticam lista de acusados de tortura

Associações de militares criticaram a publicação, por parte de revista ligada à Biblioteca Nacional, de uma lista de 233 militares e policiais que supostamente torturaram presos durante o governo Ernesto Geisel (1974-1979). A lista, que faz parte de acervo de Luís Carlos Prestes (1898-1989), estará na edição de janeiro da “Revista de História da Biblioteca Nacional”, editada pela Sociedade de Amigos da Biblioteca Nacional. “A publicação não deixa dúvidas sobre de que lado está o órgão público”, disse o vice-presidente do Clube Militar, general Clóvis Bandeira. ”Isso cria uma situação de conflito gratuito, que já deveríamos ter superado há muito tempo”, disse o presidente da Associação dos Oficiais Militares Estaduais do Brasil, coronel Abelmídio Sá Ribas à Folha de São Paulo. Segundo o editor da revista, Luciano Figueiredo, os documentos de Prestes serão doados ao Arquivo Nacional, o que os tornará públicos.
De: Sul21

quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Rússia denuncia desrespeito aos Direitos Humanos nos EUA


O Ministério de Relações Exteriores da Rússia divulgou nesta quinta-feira (29) um relatório denunciando a situação crítica dos Direitos Humanos nos Estados Unidos, além da aplicação de leis fora do território do país e repetidas violações do direito internacional.
A chancelaria destaca no documento que a situação dos Direitos Humanos está longe dos ideais declarados pelos próprios Estados Unidos.
“Washington mantém sem resolução o problema do cárcere na base naval norte-americana ilegal na baía de Guantânamo, no oriente cubano, onde mantém 171 pessoas, supostamente vinculadas ao terrorismo”, diz o documento.
“O presidente estadunidense, Barack Obama, legalizou o encarceramento indefinido e sem julgamento das pessoas naquela prisão e permitiu novamente o trabalho dos tribunais militares nesses casos”, denuncia o relatório.
“Além disso, há também a aplicação extraterritorial da legislação dos Estados Unidos, que atinge suas relações com Rússia”, aponta.
“Isso leva à violação dos direitos e liberdades dos russos, que s]ap incluídos nas detenções arbitrárias e sequestros em terceiros países, o abusivo tratamento para eles e sua perseguição policial com base em provas duvidosas”, destaca o documento.
Do mesmo modo, o Ministério denuncia que o governo norte-americano omite atividades da Agência Central de Inteligência e outros agente públicos em violações em massa e flagrantes dos princípios dos Direitos Humanos.
“Também não cessa o desrespeito pelos Estados Unidos do direito internacional em zonas de conflito e nas operações antiterroristas, com um uso desmedido da força”, indica o relatório.
A Casa Branca mantém métodos de controle sobre a sociedade e a ingerência na vida privada que os órgãos de segurança iniciaram na época do republicano George W. Bush, com o pretexto da “guerra contra o terrorismo”.
Washington só participa em três dos nove acordos internacionais sobre Direitos Humanos, lembra a chancelaria russa.
“Assim, a Casa Branca se absteve de assinar a declaração sobre liquidação de todas as formas de discriminação da mulher e a convenção sobre os direitos da criança”, afirma o texto do Ministério russo do Exterior.
Os Estados Unidos negam-se a colaborar com mecanismos internacionais para queixas coletivas de violação dos direitos humanos ao considerar que seu sistema judicial é “suficiente” e “pode lidar” com esse problema sem assistência estrangeira, aponta a nota.
A isso se soma o aumento dos problemas sistemáticos da sociedade norte-americana como a discriminação racial, a xenofobia, o excesso de prisões e a aplicação da pena de morte, inclusive contra pessoas inocentes, doentes mentais e adolescentes.
O relatório também se refere às imperfeições do sistema eleitoral norte-americano.
De: Correio do Brasil, com informações da Prensa Latina

Palmeiras: falta futebol, sobra preconceito

Diego Iraheta _247 - O Verdão recuou. Estava prevista a contratação de Richarlyson como moeda de troca por Pierre, emprestado para o Atlético Mineiro. Mas o buzz dos torcedores, agressivo em muitos casos, foi determinante para o Palmeiras desistir. “Richarlyson é um bom atleta, mas são sabidas as dificuldades que teríamos para ele ser absorvido pela nossa torcida”, admitiu à Folha Roberto Frizzo, vice de Futebol do clube. O que é tão difícil para “absorver” o volante?
O tuiteiro @erick_zikaa tem um palpite: “Só porque o Richarlyson tem jeito de gay, os torcedores do Palmeiras não querem ele no time. Afff, o cara joga muito, preconceito é foda. :S” A hashtag #foraricharlyson ganhou as redes antes mesmo de Ricky ser confirmado pelo time. A pressão maior veio de representantes das torcidas organizadas do Palmeiras.
Em tom bastante agressivo, a Sociedade Esportiva Palmeiras disparou no Twitter: “Queremos camarão e não um viadão. Richarlyson”. Tal ódio alimentado contra Richarlyson é difundido entre jovens torcedores, como a palmeirense @paullinhasep. “Não é mole não, tem que ser MACHO para jogar no meu verdãaaao! #ForaTirone #foraricharlyson”, tuitou, também referindo-se ao presidente do clube, Arnaldo Tirone.
O 247 perguntou aos leitores o problema real da torcida do Palmeiras com Richarlyson. Alguns dos comentários que recebemos foram:
SPS: “Mais do que preconceito, o problema dos palmeirenses com esse jogador é o fato dele ter assinado com o clube em 2005 e no dia seguinte ter se apresentado no Spfc....sem falar na péssima fase que ele vive. O resto é teoria da conspiração.”
Walter Freitas: As torcidas organizadas estão cheias de nazistas. Em são pulo a polícia deveria investigar essas quadrilhas que estão disfarçadas de torcidas organizadas.
Leandro: E para quem acha que não existe homofobia no Brasil...A mesma emissora,no caso a Globo,que veincula propaganda de combate a homofobia financia um esporte tão homofóbico e hostil como este.Eu tenho dó deste jogador,em qualquer lugar que ele possa vir a jogar a recepção será feita de maneira igual,ou seja,de maneira preconceituosa.
E aí? A torcida do Palmeiras é "enrustida"?

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Renner é condenada por sistema de comissões adotado em período natalino

A Sexta Turma do Tribunal Superior do Trabalho rejeitou recurso das Lojas Renner S.A. contra decisão que a condenou ao pagamento de diferenças de comissões a uma trabalhadora que se sentiu prejudicada com a sistemática utilizada pela empregadora no período natalino. Ao contratar empregados em caráter temporário nessa época, a Renner integrava o valor das vendas realizadas por eles ao montante das vendas do estabelecimento, com o fim de calcular as comissões a serem pagas aos demais empregados. Contudo, antes de efetuar o cálculo dessas comissões, subtraía o valor gasto na contratação de trabalhadores temporários.
Condenada desde a origem a saldar as diferenças de comissões, a empresa recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho da 12ª Região (SC). Sustentou que a sistemática de pagamento de comissões adotada era diferente da utilizada pelas demais lojas de varejo, e que, ao excluir os trabalhadores temporários do rateio das comissões, estaria na verdade beneficiando seus empregados, pois nas comissões pagas a eles já estava incluído o valor das vendas realizadas pelos temporários. O TRT, porém, considerou tratar-se de alteração contratual lesiva, contrária ao artigo 2º da CLT, pois transferia aos empregados o ônus da contratação dos trabalhadores temporários. Ao recorrer ao TST, a empresa reafirmou seus argumentos.
O relator do recurso de revista, ministro Aloysio Corrêa da Veiga, observou que a cláusula aditiva apresentada pela empresa evidenciou dois aspectos: um, nocivo aos empregados, ao estatuir que o total das  vendas  seria diminuído do valor pago trabalhadores temporários. Outro aspecto, aparentemente benéfico, estabelecia que o saldo das vendas, abatidos os custos de contratação dos temporários, seria dividido apenas entre os trabalhadores permanentes, o que lhes proporcionaria, em tese, uma comissão nominalmente maior que a recebida nos demais meses.
Contudo, ainda que isso ocorra em período natalino, quando as vendas aumentam substancialmente e a empresa contrata trabalhadores temporários, o relator considerou que o procedimento não poderia ser validado pelo Poder Judiciário. Segundo o relator, o que define o prejuízo da empregada não é o simples aumento nominal das comissões percebidas, mas saber se esse aumento teria seguido a proporcionalidade do acréscimo das vendas nos meses de dezembro. Assim, entendendo que a empresa pretendeu repassar aos empregados os ônus inerentes ao empreendimento, a Turma, unanimemente, rejeitou o recurso de revista da Renner.

(Raimunda Mendes/CF) Processo: RR-2789-12.2010.5.12.0050
Fonte: Tribunal Superior do Trabalho Data da noticia: 20/12/2011

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

Eric Hobsbawm e as revoltas globais de 2011

A classe média foi a grande protagonista e força motriz das revoltas populares e ocupações que marcaram o ano de 2011. 

Esta é a opinião de Eric Hobsbawm, o mais importante historiador em atividade, aos 94 anos de idade.

Para Hobsbawm, protagonismo da classe média marca revoltas de 2011
 
Andrew Whitehead: Serviço Mundial da BBC

Em entrevista à BBC, o historiador marxista nascido no Egito, mas radicado na Grã-Bretanha, afirma ainda que a classe operária e a esquerda tradicional - da qual ele ainda é um dos principais expoentes - estiveram à margem das grandes mobilizações populares que ocorreram ao longo deste ano.
''As mais eficazes mobilizações populares são aquelas que começam a partir da nova classe média modernizada e, particularmente, a partir de um enorme corpo estudantil. Elas são mais eficazes em países em que, demograficamente, jovens homens e mulheres constituem uma parcela da população maior do que a que constituem na Europa'', diz, em referência especial à Primavera Árabe, um movimento que despertou seu fascínio.
''Foi uma alegria imensa descobrir que, mais uma vez, é possível que pessoas possam ir às ruas e protestar, derrubar governos'', afirma Hobsbawm, cujo título do mais recente livro, Como Mudar o Mundo, reflete sua contínua paixão pela política e pelos ideais de transformação social que defendeu ao longo de toda a vida e que segue abraçando aos 94 anos de idade.
As ausências da esquerda tradicional e da classe operária nesses movimentos, segundo ele, se devem a fatores históricos inevitáveis.
''A esquerda tradicional foi moldada para uma sociedade que não existe mais ou que está saindo do mercado. Ela acreditava fortemente no trabalho operário em massa como o sendo o veículo do futuro. Mas nós fomos desindustrializados, portanto, isso não é mais possível'', diz Hobsbawm.
Hobsbawm comenta que as diversas ocupações realizadas em diferentes cidades do mundo ao longo de 2011 não são movimentos de massa no sentido clássico.
''As ocupações na maior parte dos casos não foram protestos de massa, não foram os 99% (como os líderes dos movimentos de ocupação se autodenominam), mas foram os famosos 'exércitos postiços', formados por estudantes e integrantes da contracultura. Por vezes, eles encontraram ecos na opinião pública. Em se tratando das ocupações anti-Wall Street e anticapitalistas foi claramente esse o caso.''

À sombra das revoluções

Hobsbawm passou sua vida à sombra - ou ao brilho - das revoluções.
Ele nasceu apenas meses após a revolução de 1917 e foi comunista por quase toda a sua vida adulta, bem como um autor e pensador influente e inovador.
Ele tem sido um historiador de revoluções e, por vezes, um entusiasta de mudanças revolucionárias.
O historiador enxerga semelhanças entre 2011 e 1848, o chamado ''ano das revoluções'', na Europa, quando ocorreram uma série de insurreições na França, Alemanha, Itália e Áustria e quando foi publicado um livro crucial na formação de Hobsbawm, O Manifesto Comunista, de Marx e Engels.
Hobsbawm afirma que as insurreições que sacudiram o mundo árabe e que promoveram a derrubada dos regimes da Tunísia, Egito, Líbia e Iêmen, ''me lembram 1848, uma outra revolução que foi tida como sendo auto-impulsionada, que começou em um país (a França) e depois se espalhou pelo continente em um curto espaço de tempo''.

Historiador diz que revoluções no mundo árabe tomaram rumo inesperado
Para aqueles que um dia saudaram a insurreição egípcia, mas que se preocupam com os rumos tomados pela revolução no país, Hobsbawm oferece algumas palavras de consolo.
''Dois anos depois de 1848, pareceu que alguma coisa havia falhado. No longo prazo, não falhou. Foi feito um número considerável de avanços progressistas. Por isso, foi um fracasso momentâneo, mas sucesso parcial de longo prazo - mas não mais em forma de revolução''.
Mas, com a possível exceção da Tunísia, o historiador não vê perspectivas de que os países árabes adotem democracias liberais ao estilo das europeias.
''Estamos em meio a uma revolução, mas não se trata da mesma revolução. O que as une é um sentimento comum de descontentamento e a existência de forças comuns mobilizáveis - uma classe média modernizadora, particularmente, uma classe média jovem e estudantil e, é claro, a tecnologia, que hoje em dia torna muito mais fácil organizar protestos.''
 

Verônica Serra rebate acusações de "A privataria tucana" - @Veja

Reproduzido Terra Magazine:A empresária Verônica Serra, filha do ex-governador José Serra (PSDB), divulgou uma nota em que rebate as acusações do livro "A privataria tucana", do jornalista Amaury Ribeiro Jr. "São notícias plantadas desde 2002 - ano em que meu pai foi candidato a presidente pela primeira vez - e repetidas em todas as campanhas posteriores, não obstantes os esclarecimentos prestados a cada oportunidade", afirma Verônica. Ela desmente que tenha sido sócia de Verônica Dantas, irmã do banqueiro Daniel Dantas, do Opportunity, preso pela Operação Satiagraha da Polícia Federal, em 2008. "Da mesma forma como eu fui indicada para representar o IRR no Conselho de Administração da Decidir, a Sra. Veronica Dantas foi indicada para participar desse mesmo conselho pelo Fundo Opportunity. Éramos duas conselheiras (e não sócias), representando fundos distintos, sem relação entre si anterior ou posterior a esta posição no conselho da empresa", explica.
A filha de Serra diz que os "caluniadores e difamadores não podem provar uma só de suas acusações e vão responder por isso na justiça". "Em 1998, quando houve a privatização, eu morava há quatro anos nos Estados Unidos, onde estudei em Harvard e trabalhei em Nova York numa empresa americana que não tinha nenhum negócio no Brasil, muito menos com a privatização", relatou Verônica.
Amaury Ribeiro Jr. relata casos de desvios de recursos e pagamentos de propinas durante o processo de privatizações no governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo o autor, houve um esquema de lavagem de dinheiro com conexões em paraísos fiscais, unindo membros do PSDB, como o ex-ministro da Saúde e ex-governador paulista José Serra, ao banqueiro Daniel Dantas.
O texto de Verônica foi republicado no site do cientista político Eduardo Graeff, ex-secretário-geral da Presidência no governo FHC. Confira a íntegra da nota:
"Nos últimos dias, têm sido publicadas e republicadas, na imprensa escrita e eletrônica, insinuações e acusações totalmente falsas a meu respeito. São notícias plantadas desde 2002 - ano em que meu pai foi candidato a presidente pela primeira vez - e repetidas em todas as campanhas posteriores, não obstantes os esclarecimentos prestados a cada oportunidade. Basta lembrar que, em 2010, fui vítima de quebra ilegal de sigilo fiscal, tendo seus autores sido indiciados pela Polícia Federal. E, agora, uma organizada e fartamente financiada rede de difamação dedicou-se a propalar infâmias intensamente através de um livro e pela internet. Para atingir meu pai, buscam atacar a sua família com mentiras e torpezas.
1. Quais são os fatos?
- Nunca estive envolvida nem remotamente com qualquer tipo de movimentação ilegal de recursos.
- Nunca fui ré em processo nem indiciada pela Polícia Federal; fui, isto sim, vítima dos crimes de pessoas hoje indiciadas.
- Jamais intermediei nenhum negócio entre empresa privada e setor público no Brasil ou em qualquer parte do mundo.
- Não fui sócia de Verônica Dantas, apenas integramos o mesmo conselho de administração.
Faço uma breve reconstituição desses fatos, comprováveis por farta documentação.
2. No período entre Setembro de 1998 e Março de 2001, trabalhei em um fundo chamado International Real Returns (IRR) e atuava como sua representante no Brasil. Minha atuação no IRR restringia-se à de representante do Fundo em seus investimentos. Em nenhum momento fui sua sócia ou acionista. Há provas.
3. Esse fundo, de forma absolutamente regular e dentro de seu escopo de atuação, realizou um investimento na empresa de tecnologia Decidir. Como conseqüência desse investimento, o IRR passou a deter uma participação minoritária na empresa.
4. A Decidir era uma empresa "ponto.com", provedora de três serviços: (I) checagem de crédito; (II) verificação de identidade e (III) processamento de assinaturas eletrônicas. A empresa foi fundada na Argentina, tinha sede em Buenos Aires, onde, aliás, se encontrava sua área de desenvolvimento e tecnologia. No fim da década de 90, passou a operar no Brasil, no Chile e no México, criando também uma subsidiária em Miami, com a intenção de operar no mercado norte-americano.
5. Era uma empresa real, com funcionários, faturamento, clientes e potencial de expansão. Ao contrário do que afirmam detratores levianos, sem provar nada, a Decidir não era uma empresa de fachada para operar negócios escusos. Todas e quaisquer transações relacionadas aos aportes de investimento eram registradas nos órgãos competentes.
6. Em conseqüência do investimento feito pelo IRR na Decidir, passei a integrar o seu Conselho de Administração (ou, na língua inglesa, "Board of Directors"), representando o fundo para o qual trabalhava.
7. À época do primeiro investimento feito pelo IRR na Decidir, o fundo de investimento Citibank Venture Capital (CVC) - administrado, no âmbito da América Latina, desde Nova Iorque - liderou a operação.
8. Como o CVC tinha uma parceria com o Opportunity para realizar investimentos no Brasil, convidou-o a co-investir na Decidir, cedendo uma parte menor de seu aporte. Na mesma operação de capitalização da Decidir, investiram grandes e experientes fundos internacionais, dentre os quais se destacaram o HSBC, GE Capital e Cima Investments.
9. Nessa época, da mesma forma como eu fui indicada para representar o IRR no Conselho de Administração da Decidir, a Sra. Veronica Dantas foi indicada para participar desse mesmo conselho pelo Fundo Opportunity. Éramos duas conselheiras (e não sócias), representando fundos distintos, sem relação entre si anterior ou posterior a esta posição no conselho da empresa.
10. O fato acima, no entanto, serviu de pretexto para a afirmação (feita pela primeira vez em 2002) de que eu fui sócia de Verônica Dantas e, numa ilação maldosa, de que estive ligada às atividades do empresário Daniel Dantas no processo de privatização do setor de telecomunicações no Brasil. Em 1998, quando houve a privatização, eu morava há quatro anos nos Estados Unidos, onde estudei em Harvard e trabalhei em Nova York numa empresa americana que não tinha nenhum negócio no Brasil, muito menos com a privatização.
11. Participar de um mesmo Conselho de Administração, representando terceiros, o que é comum no mundo dos negócios, não caracteriza sociedade. Não fundamos empresa juntas, nem chegamos a nos conhecer, pois o Opportunity destacava um de seus funcionários para acompanhar as reuniões do conselho da Decidir, realizadas sempre em Buenos Aires.
12. Outra mentira grotesca sustenta que fui indiciada pela Polícia Federal em processo que investiga eventuais quebras de sigilo. Não fui ré nem indiciada. Nunca fui ouvida, como pode comprovar a própria Polícia Federal. Certidão sobre tal processo, da Terceira Vara Criminal de São Paulo, de 23/12/2011, atesta que "Verônica Serra não prestou declarações em sede policial, não foi indiciada nos referidos autos, tampouco houve oferecimento de denúncia em relação à mesma."
13. Minhas ligações com a Decidir terminaram formalmente em Julho de 2001, pouco após deixar o IRR, fundo para o qual trabalhava. Isso ressalta a profunda má fé das alegações de um envolvimento meu com operações financeiras da Decidir realizadas em 2006. Essas operações de 2006 - cinco anos após minha saída da empresa - são mostradas num fac-símile publicado pelos detratores, como se eu ainda estivesse na empresa. Não foi mostrado (pois não existe) nenhum documento que comprove qualquer participação minha naquelas operações. Os que pretendem atacar minha honra confiam em que seus eventuais leitores não examinem fac-símiles que publicam, nem confiram datas e verifiquem que nomes são citados.
14. Mentem, também, ao insinuar que eu intermediei negócios da Decidir com governos no Brasil. Enquanto eu estive na Decidir, a empresa jamais participou de nenhuma licitação.
Encerro destacando que posso comprovar cada uma das afirmações que faço aqui. Já os caluniadores e difamadores não podem provar uma só de suas acusações e vão responder por isso na justiça. Resta-me confiar na Polícia e na Justiça do meu país, para que os mercadores da reputação alheia não fiquem impunes."