sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Olimpíadas 2016. Agora vai!


Atrasei esse post e não consegui influenciar os eleitores que estavam reunidos em Copenhagen para decidir a sede dos jogos olímpicos. Montaram palco no Rio, colocaram até escola de samba pra criar mais uma ideia do "agora vai". A autoestima brasileira cresce com a escolha de um júri internacional, nosso prestígio no exterior aumenta e mais investimentos virão. Enfim, a conversa de sempre às vésperas dos megaeventos.
Vou supor que os bilhões de dólares que serão lançados sobre o Rio de Janeiro (e só lá) não serão desviados e nem servirão para enriquecer ninguém ilicitamente. O fato é que 25 bi em uma cidade são um exemplo grotesco de concentração de renda. O Rio não está como está por falta de turismo ou por falta de eventos. Será que, depois da Copa, as Olimpíadas irão salvar a situação? Claro que não.
A votação foi em Copenhagen; alguém sabe quantas medalhas a Dinamarca ganhou nas últimas olimpíadas? Nem eu. Aliás, a Suécia, a Noruega, a Holanda, a Finlândia... quantas medalhas ganharam? Ninguém saberá se não recorrer ao Google. E acho que os habitantes desses países pouco estão se importando com isso.
Na minha singela opinião, seria melhor que o Rio tivesse sediado a decisão sobre a sede dos jogos e eles se realizassem na Dinamarca. No dia em que isso acontecer e as redes de infraestrutura urbana, segurança, moradia e outros benefícios da sociedade contemporânea não precisarem ser feitas a pretexto de arrumar o país para receber mais um megaevento, ficarei bem mais feliz.
Enquanto isso não acontece, ficamos ouvindo o velho discurso de concentrar investimentos e realizar megacoisas que "trarão benefícios a todos".
Claro que sempre tem a história de que grande parte dos investimentos serão feitos pela iniciativa privada. Vou esperar pra ver. No fim, pra não pasar vergonha, os governos pagam tudo.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Mais cimento na beira do Guaíba


Dei uma olhada na Audiência Pública que tratou sobre o Cais Mauá. No meu singelo parecer a coisa não tá nada boa. Estão naturalizando a visão de que desenvolvimento e turismo tem a ver com as megaconstruções. A investida nesse caso é muito mais forte que no chamado Pontal do Estaleiro. O dinheiro é maior e o comprometimento dos governos estadual e municipal é completo.
Até o Paulo Odone foi à audiência para dizer que é preciso aprovar o projeto para garantir a Copa do Mundo! A Copa serve de desculpa para tudo, foi assim também com os Jogos Panamericanos.
Esses "alavancamentos no desenvolvimento" prometidos pelos megaeventos podem até ser uma rima, mas não são uma solução. Em Chicago, mais de 80% da população está contra a realização das Olimpíadas na cidade. Ou seja, não é coisa de ecochato ou de subdesenvolvido. Enquanto isso, os governos de todas as esferas, no Brasil, fazem figa para ver as Olimpíadas na Cidade Maravilhosa. É o que o Rio mais precisa, outro megaevento para resolver de uma vez por todas (como foi prometido nas outras vezes) seus problemas infraestruturais.
De megaevento em megaevento, de megaprojeto em megaprojeto as cidades vão se deteriorando do ponto de vista humano.