sábado, 25 de fevereiro de 2012

Mandem a Copa para a Arena e a Andrade Gutierrez à m...

Não morro de amores pela Copa no Brasil, muito menos pela Andrade Gutierrez (AG). Os fiéis leitores deste blog poderão comprovar isso em postagens anteriores. Gosto do Colorado, isso sim. A novela do contrato com a AG ultrapassou todos os limites. Agora, a construtora resolveu culpar o Banrisul pela paralisia das obras no Beira-Rio. 
O poder público tem feito o possível e o impossível para facilitar a vida das empreiteiras encarregadas das obras da Copa. Em nome da Copa vale tudo, mas nada é suficiente para as construtoras, sobre as quais recaem sucessivas acusações (comprovadas) de péssimas condições de trabalho aos operários.
Sei lá o que se passou no Conselho do Inter para aprovar as coisas do jeito que estão, mas dá pra ver que deu errado. Agora, o clube tá com o mico namão, não consegue resolver o problema e tem medo de entregar o trunfo ao rival. Imagino que, secretamente, devam desejar que, como sempre, o poder público socorra as pretensões privadas. Sábio foi o São Paulo F.C.. Tantas e tão caras eram as exigências para realizar a Copa no Morumbi, que eles abriram mão
Diante disso tudo, tenho uma solução: preocupar-se com futebol, mandar a Copa pra Arena e a AG à m...

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

SOCORRO!!!!!!

O que de pior pode acontecer?

Iphan cria área de proteção no entorno de Brasília

Brasilia - Congresso Nacional - Embratur
Dando continuidade ao processo de preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília - tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan, pelo Governo do Distrito Federal e inscrito como Patrimônio da Humanidade pela Unesco – foi criada uma zona de proteção à área tombada. Portaria do Iphan publicada na quarta-feira, 22, no Diário Oficial da União, garante visibilidade do horizonte a partir da área tombada e o inverso, ou seja, a visibilidade do Plano Piloto de mirantes naturais em seu entorno.
De acordo com o superintendente do Iphan no DF, Alfredo Gastal, o objetivo da portaria, assinada pelo presidente do Iphan, Luiz Fernando de Almeida, foi, entre outros, evitar que o Plano Piloto de Brasília se transformasse “numa ilha cercada de prédios enormes por todos os lados”. Segundo Gastal, a partir de agora não será mais possível se fazer “uma nova Águas Claras”, referindo-se a esta Região Administrativa que abriga gigantescos arranha-céus.
A portaria, de número 68, do Iphan, estabelece ainda que deverão ser preservadas todas as áreas definidas como de conservação ambiental. A área do Entorno fica dividida em seis setores. O setor 1 abrange a área do Parque Nacional de Brasília; o setor 2 a faixa de 500 metros situada no lado externo à Bacia do Lago Paranoá, a partir da Rodovia DF-001, no trecho que acompanha o Parque Nacional.
O setor de Entorno 3 incluiu o Guará, Águas Claras, Setor de Indústria e Abastecimento, Setor de Oficinas Sul e Núcleo Bandeirante. Os proprietários de lotes na faixa de 500 metros paralela à Via EPIA deverão submeter ao Iphan qualquer projeto que ultrapasse o limite de quatro pavimentos, sendo térreo mais três, ou 12 metros de altura, contados a partir da cota de soleira do lote. Na Região Administrativa de Águas Claras, deverá ser submetido ao IPHAN qualquer projeto que ultrapasse o limite de 25 pavimentos ou 80 metros de altura.
O setor de Entorno 4, que abrange o Riacho Fundo I e II, Núcleo Bandeirante; Trecho 2 do Setor de Mansões Park Way. O setor 5 incluiu a APA Gama Cabeça de Veado, Jardim Botânico, Lagos Sul e Norte, Park Way e Paranoá. E o setor de Entorno 6 abrange o Setor Militar Complementar, o Pátio Ferroviário de Brasília, o Setor de Armazenagem e Abastecimento, o Setor de Oficinas Norte, O Parque de Exposição da Granja do Torto; o Parque Tecnológico Capital Digital e, entre outros, a Vila Estrutural.
A Portaria, conforme explica o superintendente Alfredo Gastal já está sendo objeto de reuniões com o Governo do Distrito Federal em função do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília (PPCUB) e de outros programas do GDF.
De:
IPHAN

Dilma e os militares: ontem e hoje

Clubes militares recuam de crítica a Dilma por opinião de ministras


Clubes que representam militares da reserva das três Forças Armadas recuaram de críticas feitas à presidente Dilma Rousseff.
Em nota do dia 16, três clubes disseram que Dilma deveria ter condenado falas das ministras Maria do Rosário (Direitos Humanos) e Eleonora Menicucci (Política para as Mulheres), além de uma resolução do PT, sobre sobre a ditadura (1964-1985).
Rosário disse que a Comissão da Verdade (que investigará violações aos direitos humanos durante o regime) pode levar a punições criminais; Menicucci, ex-companheira de prisão de Dilma por participar de grupos de esquerda durante o período, criticou a ditadura em discurso; e o PT, no seu aniversário de 32 anos, resolveu que deve resgatar seu papel na retomada da democracia.
A nota dizia que a presidente deveria ter expressado "desacordo com a posição assumida por eles".
Em novo texto publicado hoje no site do Clube Militar, um dos que fizeram a primeira nota junto ao Clube Naval e Clube de Aeronáutica, é dito que "os presidentes dos clubes militares desautorizam o referido documento [do dia 16]", sem dar nenhuma explicação para a nova posição.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Maurício de Sousa terá que disciplinar publicidade em revistas infantis

O Conselho Superior do Ministério Público homologou, na última quinta-feira (16), o Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre as empresas Mauricio de Sousa Produções Ltda. e Panini Brasil Ltda. e a Promotoria de Justiça de Defesa dos Interesses Difusos e Coletivos da Infância e Juventude da Capital para disciplinar a publicação de anúncios publicitários nas revistas em quadrinhos e outras publicações editorais destinadas ao público infanto-juvenil relacionadas com os personagens da "Turma da Mônica".
O TAC é resultado de inquérito civil que verificou a existência de publicidade veiculada de forma inadequada nas revistas infanto-juvenis publicadas pelas duas empresas, uma vez que o Código de Defesa do Consumidor considera abusiva a publicidade que se aproveite da deficiência de julgamento e experiência da criança. Além disso, o Estatuto da Criança e do Adolescente prevê que as crianças e os adolescentes têm direito à informação, cultura, lazer, esportes, diversões, espetáculos, produtos e serviços que respeitem sua condição peculiar de pessoa em desenvolvimento.
Pelo TAC, firmado em outubro do ano passado, a Maurício de Sousa Produções e a Panini Brasil se obrigam a inserir no canto superior esquerdo de cada página publicitária as palavras "INFORME PUBLICITÁRIO", escritas em determinadas características de fonte e em cores que se destaquem daquelas do fundo da página.
As empresas terão prazo de 90 dias para a adaptação de suas páginas publicitárias, sob pena de doação de R$ 5 mil por anúncio veiculado nas publicações infanto-juvenis, valor que deverá ser destinado a quaisquer das entidades não governamentais e não conveniadas com o Poder Público regularmente registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA/SP).

Neutrino não seria mais rápido que a luz

Os resultados de um experimento realizado no ano passado por um grupo internacional de cientistas que contradiziam uma das mais importantes e fundamentais regras da física moderna aparentemente estavam errados, afirmou ontem uma publicação no ScienceInsider, o blog da revista Science.
 por Inácio Neutzlin
A informação é do jornal O Estado de S. Paulo, 23-02-2012.

Em setembro, pesquisadores trabalhando no projeto Opera da Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (Cern, na sigla em francês) anunciou ter observado que partículas fundamentais conhecidas como neutrinos haviam viajado a uma velocidade 60 nanossegundos mais rápida que a da luz. Isso contraria a teoria da relatividade especial, formulada por Albert Einstein em 1905, que postula que nada viaja mais rápido que 299.792.458 metros por segundo - a velocidade da luz.
O ceticismo com que o experimento foi recebido - apenas um mês após a descoberta, foi publicado o primeiro trabalho questionando a existência do neutrino mais rápido que a luz - agora ganha mais força do que nunca com a suspeita de que uma falha na conexão de um computador com um aparelho de GPS teria sido responsável pelo surpreendente resultado do experimento europeu.
De acordo com fontes familiares com o experimento, afirmou o blog da Science, a discrepância teria ocorrido por causa de um mau contato de um cabo de fibra ótica que liga um cartão eletrônico em um computador a um receptor de GPS, usado para corrigir a tomada de tempo do voo dos neutrinos.
Após testarem a medida de velocidade por meio desse equipamento, cientistas descobriram que os dados chegavam com uma antecedência também de 60 nanossegundos. Ou seja, isso explicaria o polêmico resultado anterior. Novos dados terão de confirmar essa hipótese.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Angkor Wat, a cidade das cidades

publicado em recortes por
 
Em meio à floresta do Camboja o Império Khmer construiu na antiga capital Angkor sua mais preciosa joia: Angkor Wat. Abandonado e desconhecido, o templo de Angkor Wat permaneceu habitado durante séculos apenas pelos monges budistas e alguns aldeões que nada sabiam contar de sua história para os ocidentais que ali chegaram no século XIX. Hoje é um dos destinos mais visitados no mundo.
Angkor, Camboja, Império, Khmer, templo, Wat
© Angkor Wat (Wikicommons, Bjørn Christian Tørrissen).

Angkor Wat – ou "cidade templo", em sânscrito - é maior que qualquer catedral medieval e protegida por um fosso. O templo ergue-se nas regiões alagadiças no centro do Camboja. Sua altura é duas vezes maior que a da Torre de Londres, representando um dos maiores projetos de engenharia da história - não apenas pelo tamanho, mas por ter sido construído sobre água. Angkor Wat flutua sobre um pântano sustentado por diversas galerias subterrâneas. O local foi construído ao longo de 35 anos (muitas catedrais europeias levaram mais de 200 anos e são frequentes vezes menores que Angkor Wat).
Angkor, Camboja, Império, Khmer, templo, Wat
© Angkor Wat vista do ar (Wikicommons, Charles J da Sharp ).
Angkor Wat faz parte do complexo conjunto de templos construídos na zona de Angkor - a antiga capital do Império khmer - durante a sua época de esplendor, entre os séculos IX e XV. No local foram encontradas mais de mil ruínas de templos com diversos tamanhos e estilos; no entanto, Angkor Wat é o mais imponente e famoso, sendo considerado o maior monumento religioso e tesouro arqueológico do mundo. O templo é o principal representante da arquitetura angkoriana, sendo a sua mais refinada realização, e é também a ultima construção realizada sob influência puramente hinduísta.

O que levou seu rei a construir esse magnifico templo foi a insegurança causada pela forma como chegou ao poder - usurpando o trono do tio aos 14 anos. Pretendendo consolidar-se como legítimo rei, Suryavarman II, no começo do século XII, foi orientado por seus conselheiros e iniciou a construção do templo: a arquitetura e a arte são em diversas culturas uma forma de um rei provar ser o escolhido pelos deuses para reinar. Construir um templo é uma das maneiras de os reis Khmer demonstrarem seu poderio, por isso existem mais de 700 templos espalhados pelo Camboja.
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© Angkor Wat (Wikicommons, Manfred Werner).
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© Monges Budistas em Angkor Wat (Wikicommons, Sam Garza).
Sua primeira decisão foi a escolha de Vishu como padroeiro - deus hindu, sempre escolhido pelos reis em tempos de guerra. E em sua homenagem começou-se a erguer Angkor Wat. O material escolhido não foi a madeira – comum nas construções do povo Khmer – pois esta, assim como os homens, tem um fim. Para a tarefa trouxeram cerca de cinco mil operários de todos os lugares dos reinos, que buscaram pedras e matérias das regiões mais longínquas, revestiram o pântano e construiram um complexo sistema de engenharia para o templo não afundar.

Além do povo, o rei requisitou arquitetos, filósofos, poetas e profetas neste projeto, para que sua alma fosse direto para o paraíso com a construção do templo. Sua escala é divina, reproduzindo na terra o mundo dos deuses em ricos detalhes. A concepção do templo é baseada no Monte Meru, a morada dos deuses, que estaria localizada em um dos cinco montes ao norte do Himalaia. Por isso, no centro fica a torre principal, rodeada por cinco torres – com formato de flor de lótus - que se elevam a 65 metros dos pântanos.
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© Angkor Wat (Wikicommons, Chris).
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© Torre de Angkor Wat (Wikicommons).
A construção é toda em laterita – um tipo de solo que, quando seco, se torna uma rocha resistente. Esta rocha não é muito bela e está cheia de buracos, o que impossibilitava o trabalho dos escultores para realização dos baixos-relevos e outros entalhes. A solução veio da vizinha Índia, que utilizava o arenito nas esculturas de suas construções. Assim, blocos gigantes de quatro toneladas foram transportados pelos canais.
Esses baixos-relevos ocupam toda a superfície do templo, seja em forma de adornos arquitetônicos, geométricos, florais, figuras femininas - presença onipresente - ou simplesmente imitando telhas, portas e janelas. Cenas do livro Mahabharata, Ramayana, Bhagavata-Purana – textos clássicos da literatura hindu - assim como um desfile do rei Suryavarman II com as suas tropas são retratados nessas obras.
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© Angkor Wat, Mural (Wikicommons, Mark Alexander).
Quinhentos acres de floresta tropical foram destruídos para a construção do templo. Uma tarefa árdua, dificultada pela falta de ferramentas adequadas, longe das fontes de pedras, com o tormento de insetos e animais, um calor escaldante e as monções. O local era o mais complexo possível (uma planície alagada), mas simbolicamente o mais perfeito, pois era o centro do império.
Angkor, Camboja, Império, Khmer, templo, Wat
© Angkor Wat (Wikicommons, Dario Severi).
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© Centro de Angkor Wat (Wikicommons, Dean Pemberton).
A construção foi pensada primeiramente como túmulo do imperador, mas após sua morte os trabalhos foram interrompidos e o local tornou-se o centro político e religioso do império, abrigando o templo principal e o palácio real. Seu sucessor, Jayavarman VIII, que antes era monge budista, mandou remodelar o templo para adaptá-lo ao seu culto. Mas nesse período o Império Khmer já entrara em declínio.
Mesmo após a decadência do império, os monges e alguns habitantes permaneceram no templo. Hoje, os esforços para restaurá-lo - já foi vitima de saques do Khmer Vermelho na década de 1970 e de contrabandos – envolvem pessoas de todo o mundo. Sua representatividade é tamanha que sua silhueta aparece na bandeira do Camboja, tornando-se símbolo do país e seu principal ponto turístico. Seja pela história ou magnitude, Angkor Wat é o maior entre todos os templos.
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© Livraria de Angkor Wat (Wikicommons, Mark Alexander).
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© Interior de Angkor Wat a partir do canto Noroeste (Wikicommons, L. Bit).
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© Suryavarman II em procissão (Wikicommons, Soham Banerjee).


Leia mais em: obvious

CASO ELOÁ PIMENTEL - Revisitando os dias de cão

Por Sylvia Debossan Moretzsohn em Observatório da Imprensa
O julgamento do acusado pelo sequestro e morte da jovem Eloá Pimentel, encerrado Na quinta-feira (16/2), trouxe novamente ao debate a responsabilidade da mídia em episódios como esse. Além de convocar – e depois dispensar – vários jornalistas para depor, a defensora do réu investiu nessa tese, na tentativa de demonstrar que o assédio de profissionais da imprensa durante aqueles cinco dias de tensão – entre 13 e 18 de outubro de 2008 – contribuiu para o desfecho trágico.
Não obteve sucesso, considerando a sentença, mas ofereceu a oportunidade de reabrir essa discussão fundamental, que tem seus desdobramentos na forma pela qual a mídia costuma cobrir, como cobriu neste caso, os julgamentos que ela própria transforma em espetáculo. Essa discussão, aliás, permite questionar a eficácia dos limites a serem impostos ao trabalho jornalístico, num tempo em que qualquer pessoa munida de um celular com câmera tem, pelo menos em tese, condições para divulgar o que quer que seja através da internet.
O cerco e o circo
Sempre que se arma o circo midiático em torno de casos passíveis de exploração emocional, a tendência é apelar à memória do filme A Montanha dos Sete Abutres, clássico de Billy Wilder de 1951, em que um repórter inescrupuloso descobre um fato potencialmente melodramático – um homem preso nos escombros de uma caverna – e o estende para explorá-lo ao máximo, assumindo inclusive o papel de exclusivo mediador entre a vítima e as autoridades. O homem poderia ter sido salvo se providências mais eficazes tivessem sido tomadas, mas a operação de salvamento foi propositalmente mais lenta, e ele acaba morrendo.
Mais pertinente, no caso Eloá, é recordar Um Dia de Cão, de Sidney Lumet (1975). Não só pelas semelhanças do enredo “baseado em fatos reais” – uma tentativa de assalto que, após a formação do cerco e do circo midiático-policial, torna-se um sequestro de consequências imprevisíveis –, não só pela transformação dos personagens – assaltantes, vítimas e demais participantes da cena – em celebridades instantâneas, mas por um detalhe especial: a iniciativa de uma emissora de TV de entrevistar o protagonista por telefone, com transmissão ao vivo. O assaltante-sequestrador vivido por Al Pacino fica confuso, deslumbra-se com a publicidade inesperada, mas a transmissão é cortada pela própria emissora quando ele, destemperado, fala um palavrão.
Intromissão irresponsável
Na “vida real” do caso de Santo André, no segundo dia em que a jovem Eloá era mantida em cativeiro em seu apartamento naquele conjunto habitacional da periferia da cidade, não houve cortes. Começou com o programa A Tarde é Sua, da Rede TV!, quando inicialmente um repórter hesitante e depois a apresentadora, Sonia Abrão, entrevistaram o sequestrador por 20 minutos (ver aqui a entrevista de Luiz Guerra e, com Sonia Abrão, aqui, aquie aqui).
Logo vieram atrás a Globo e a Record. Da parte da concorrência, o único a criticar com veemência essa atitude – independentemente dos reais motivos que o levaram a isso – foi o apresentador José Luiz Datena, do programa policial Brasil Urgente, da Band, que condenou a intromissão “de alguns repórteres e apresentadores que se meteram a negociadores e não tinham o direito de se intrometer numa negociação policial” e transformaram o sequestrador em celebridade.
Celebridade, porém, ele já havia passado a ser desde que as câmeras apontaram para aquele apartamento e começaram a transmitir ao vivo as negociações, invadindo a programação normal.

Ultrapassando limites

Em casos de sequestro, há um acordo tácito entre os meios de comunicação para não divulgar informações, de modo a não atrapalhar as negociações e não pôr em perigo a vida dos envolvidos. Mas, à parte outros interesses – como o status do sequestrado e sua influência política –, isso talvez ocorra porque se ignora o local do cativeiro. A situação se agrava quando se trata de atos cometidos à vista do público, como foi o episódio do ônibus 174, em 2000, no Jardim Botânico – ainda mais, bem próximo à sede da Rede Globo –, um desses casos fortuitos de identificação de um homem armado dentro de um coletivo e que poderia ter tido uma solução rápida, mas acabou se transformando em sequestro transmitido ininterruptamente pelas redes de televisão até o desfecho trágico, mais de quatro horas depois.
No caso de Santo André, o que mais chamou a atenção foi essa interferência direta na negociação, seja pelo abuso dos jornalistas – que chegou a ser questionado em audiência na Câmara dos Deputados, em novembro de 2008 (ver “Cobertura de TV questionada na Câmara”) –, seja pela atitude das autoridades, sobretudo a polícia, que não definiram limites para o trabalho da imprensa.
Porém, ainda que fosse mantido o compromisso original do silêncio em casos de sequestro, como impedir que algum parente ou vizinho munido de um celular com câmera divulgasse mensagens e imagens via internet? Nesses tempos de “nova mídia” e estímulo à participação dos “cidadãos-jornalistas”, qualquer constrangimento legal se fragiliza diante das inúmeras possibilidades de vazamento de informação. E este é o ponto que complica a discussão sobre a eficácia dos limites a serem estabelecidos ao exercício do jornalismo, embora se entenda que uma informação transmitida pela mídia tradicional, em especial a TV, tem – ou ainda tem – um alcance muito maior.
A influência da mídia
Especular se a atitude irresponsável dos jornalistas ao entrevistar o sequestrador naquelas circunstâncias teve influência sobre os acontecimentos que culminaram na morte daquela jovem é inútil, principalmente quando se considera que se tratava tipicamente de um crime passional. Mas não é difícil concluir que a espetacularização do caso e o clamor público que provocou, tanto naquele momento quanto nos dias do julgamento, contribuíram firmemente para a extensão da pena imposta ao rapaz.
A propósito, é notável o trecho da sentença em que a juíza declara: “O réu deu-se ao trabalho de, por telefone, dar entrevistas a apresentadores de TV, reforçando seu comportamento audacioso e frieza assustadores”. Como se a iniciativa da entrevista não tivesse sido dos jornalistas, que, por sua vez, em momento algum foram constrangidos pelas autoridades.
Mas criticar a mídia é sempre um ônus com o qual juízes dificilmente desejam arcar.
Por sua parte, jornalistas jamais se consideram responsáveis por qualquer ação reprovável. Recorrem sempre, monocórdia e unanimemente, ao argumento de que “apenas” cumprem o seu dever de informar. Ainda no decorrer do sequestro, o âncora do programa Hoje em Dia, da Record, declarou que a emissora pautou-se “como sempre” pelo estrito respeito à ética, e que fez “uma cobertura intensa, mas jamais sensacionalista”. Agora, no desenrolar do julgamento, Sonia Abrão novamente rejeitou as críticas que voltou a receber: “Nunca me portei como negociadora. Como apaziguadora, talvez”.
Acredite se quiser...
Mas a pérola insuperável talvez tenha sido produzida por Valmir Salaro, veterano repórter de polícia da Rede Globo, no programa Entre Aspas, da GloboNews. Diante da pergunta “você acha que nós, como imprensa, erramos também na abordagem, devemos aprender alguma lição?”, respondeu: “Eu acho que não, a gente foi em busca da notícia, com limite, com respeito, sabendo que tinha duas jovens sob a mira de um revólver, nenhum jornalista que conversou com o Lindemberg por telefone tentou insuflar o crime...” (ênfase minha).
Era bem o que faltava. Não por acaso a apresentadora também se espantou. E insistiu em indagar se o assédio telefônico ao sequestrador havia atrapalhado o trabalho dos negociadores. De novo, Salaro considerou que não, argumentando que a polícia poderia ter estabelecido limites. “Tinha jornalista por todos os lugares, principalmente produtores conseguiam chegar muito perto da porta pra filmar. Quer dizer, a polícia sabia disso, cabia à polícia tirar os jornalistas dali. Os jornalistas iam respeitar, porque duas pessoas estavam correndo sério risco ali dentro. Eu acho que a gente fez o trabalho dentro do limite que foi permitido pela própria polícia. É a polícia, num caso desses, que dá o limite pra gente, você não pode atravessar daqui pra lá e pronto, a gente não vai atravessar”.
Acredite quem quiser. Porque a simples crítica à iniciativa de entrevistar o sequestrador por telefone, na época, foi reiteradas vezes rebatida como censura, como ocorre invariavelmente em situações semelhantes.
De qualquer forma, esse tipo de argumento deveria provocar dúvidas em relação à tese da autorregulação da mídia, porque, ao que parece, só mesmo forças externas são capazes de estabelecer limites à atuação dos jornalistas “em busca da notícia”.
Histeria punitiva
Finalmente: ainda que fosse possível deixar de lado o comportamento da TV aberta – como se não se tratasse de concessão pública obrigada a normas –, seria de se esperar que, pelo menos, canais pagos atuassem de maneira mais sóbria. Para isso abrem espaço de debate e dizem defender um jornalismo mais reflexivo. No entanto, cedem frequentemente à mesma histeria punitiva que permeia os outros canais.
Assim foi no Jornal das Seis da GloboNews, quando, depois da apresentação de um trecho de entrevista com a advogada de defesa, que sustentava as qualidades do seu cliente – jovem, com dois empregos, sem ficha criminal, um bom rapaz –, a apresentadora esforçou-se num esgar canhestro e, franzindo as sobrancelhas para a câmera, fingiu espanto: “Bom rapaz?!”.
Não é preciso ser muito inteligente para perceber que esta singela frase já define o tom do suposto debate a seguir, por mais que o debatedor se esforçasse. Pois o parecer já foi emitido por quem conduz o programa e só resta concordar com ele.
Reiterando estereótipos
Desmonta-se, assim, qualquer hipótese de tentativa se de discutir o que está em jogo no julgamento e o que esteve em jogo durante o longo sequestro. Em vez de estimular o debate sobre o que pode levar alguém ao desespero daquele gesto extremo, em vez de esclarecer como funcionam os rituais de julgamento e ajudar a combater certas fantasias instaladas no senso comum – como a de que o advogado de defesa se confunde com o réu e, portanto, com o crime do qual é acusado, ou que defender alguém significa automaticamente afirmar sua inocência, e não a tentativa de suavizar a pena –, em vez disso o que temos é a velha reiteração dos estereótipos: a advogada é descrita como arrogante, insolente, atrevida, a ponto de desrespeitar a juíza; quanto ao réu, nem se fale: o pacato cidadão trabalhador, sem vícios, “bom rapaz”, apenas encobria o monstro frio – e calculista, só para repetir o chavão –, que aguardava o momento certo para dar o bote.
Para arrematar, em todos os canais, o clímax do circo: a mesa repleta de microfones, como um arremedo de púlpito, à espera da catarse da mãe que perdeu a filha e clamava por justiça.
“Não posso controlar o que eles dizem na TV”, argumentava o protagonista de Um Dia de Cão, atônito diante da situação em que se havia metido e que já não dominava. “Para eles é só um freak show”.
Se não temos bom jornalismo, temos pelo menos a memória do bom cinema.
***
[Sylvia Debossan Moretzsohn é jornalista, professora da Universidade Federal Fluminense, autora de Pensando contra os fatos. Jornalismo e cotidiano: do senso comum ao senso crítico (Editora Revan, 2007)]

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Torcida organizada não combina com festa

Não vi o desfile das escolas de São Paulo. Não sei se a Gaviões foi roubada, não sei se quem iniciou a violência na apuração do desfile de São Paulo era da Gaviões. O que eu sei é que pessoas identificadas com a camiseta da Gaviões apareceream aos montes na hora da confusão. Sei, também, que nada mais se parece com uma brigada fascista do que uma torcida organizada, seja no futebol, seja no samba.
Carnaval e futebol mexem com a paixão das pessoas, e paixão não é algo que se organize, é algo que se deixa rolar. Quando se começa a organizar a paixão, o amor espontâneo vira ódio organizado. A Gaviões da Fiel é a forma mais acabada de organização do ódio no futebol. Há outras, infelizmente muitas outras organizações desse tipo. Certo ano, em função de distúrbios, foram vedadas escolas de samba formadas por torcidas organizadas em São Paulo. Voltaram atrás, deu no que deu.
No futebol, alguns clubes começaram, muito tarde, a darem-se conta do perigo que representam as tais torcidas organizadas. Mas o ódio e a intolerância não tem esporte ou festa popular preferida. Onde quer que haja uma paixão, suas brigadas dirigem-se ávidas de sangue.
Cabe às autoridades e aos dirigentes das agremiações - sejam elas carnavalescas, esportivas ou de qualquer outro tipo - cercearem a ação dos grupos que desejam "organizar a paixão" dos torcedores.
No caso do Governo de São Paulo, as imagens são ilustrativas: uma pessoa entrou sozinha em uma área reservada e a PM não esboçou reação.
Pelo jeito a PM de São Paulo só sabe bater em pobre e estudante.

PS: A Gaviões que não venha se esconder atrás do Lula pra justificar sua derrota. Aprendam com Lula, que perdeu três vezes até tornar-se vitorioso.

Picasso ganha biografia em quadrinhos

Lançada pela editora Dargaud, sequência recria as vivências do pintor entre 1900 e 1912.
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Paris - Os primeiros anos de Picasso em Paris, marcantes pela boêmia, mulheres, tragédia e pincéis, chegam às livrarias francesas em uma série de quatro volumes de histórias em quadrinhos assinados pelo desenhista Clément Oubrerie e pela roteirista Julie Birmant.
Lançada pela editora Dargaud, a série de quadrinhos, que recria as vivências do pintor entre 1900 e 1912, estreia com 'Pablo 1. Max Jacob' e recupera as lembranças de Fernande Oliver, uma modelo que posava para alguns dos artistas instalados em Paris no início do século XX e que se transformou no primeiro grande amor de Pablo Picasso (1881-1973).
picasso-photo.jpg Picasso aos 20 e poucos anos em seus primeiros anos em Paris
Picasso aos 20 e poucos anos em seus primeiros anos em Paris
É um resgate de uma época de esplendor e do célebre bairro de Montmartre, a colina onde fica a basílica do Sagrado Coração e onde ficavam muitos dos artistas que desfilaram por Paris há um século. As tirinhas da série compõem o perfil de um Picasso enérgico e ambicioso, fascinado pela Paris das exposições universais e pelas mulheres da 'Belle Époque'.
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Picasso em quadrinhos
Em 87 páginas de tirinhas cheias de ímpeto e com uma tiragem de 37 mil exemplares, o volume inaugural da série relata a chegada do gênio espanhol a Paris.
O romance gráfico de Picasso, que será publicado em espanhol em 2013, não é a única biografia em história em quadrinhos. Isso porque, a temporada literária na França também recebeu obras sobre Virgínia Woolf, de Michèle Gazier e Bernard Ciccolini, e Freud, de Corinne Maier e Anne Simon.

Fonte:Galeria Sergio Caribé