sábado, 16 de novembro de 2013

GLOBO FOI BENEFICIADA PELA MÁFIA DO ISS PAULISTA

Com a prisão de Dirceu e Genoino, fecha-se um ciclo (?)


Em determinados momentos da história, emergem novas forças políticas, inicialmente em estado bruto, ganhando espaço com a radicalização do discurso contra o status quo.
Em todos os tempos, as democracias passam por processos de estratificação nos quais os grupos que chegaram antes ao poder levantam um conjunto amplo de obstáculos – políticos, econômicos e legais – para impedir a ascensão dos que chegam depois.
Trava-se, então, uma luta feroz, na qual os grupos emergentes radicalizam o discurso, enfrentam as leis, as restrições e vão abrindo espaço na porrada.
É a entrada definitiva no jogo político que disciplina esas forças, enriquece a política e reduz os espaços de turbulência. Todos ganham. Rompe-se a inércia dos partidos tradicionais, amaina-se o radicalismo dos emergentes; abre-se mais espaço para a inclusão; permite-se uma rotatividade de poder que derruba a estratificação anterior.
Sem essas lideranças, as disputas políticas iniciais enveredam para o conflito permanente, deixando o legado de nações conflagradas, como na Colômbia e no México.
Daí a importância essencial dos líderes que unificam a ação, impedem a explosão das manadas e montam estratégias factíveis de tomada do poder dentro das regras do jogo.
Acabam enfrentando duas espécies de incompreensão. Dos adversários políticos, a desconfiança sobre suas reais intenções, manobrando o receio que toda sociedade tem em relação ao novo. Dos aliados, a crítica contra o que chamam de “acomodamento”, a troca do sonho por ações pragmáticas.
Em seu estudo sobre Mirabeau, Ortega y Gasset define bem o perfil do estadista e de outros personagens clássicos da política: o pusilânime e o intelectual. O estadista só tem compromisso com a mudança do Estado. É capaz de alianças com o diabo, desde que permita a suprema ambição de mudar um país, um povo. Já o intelectual se vale todos os argumentos do escrúpulo como álibi para a não ação.
Aliás, nada mais cômodo que o niilismo de um Chico de Oliveira, do bom mocismo de Eduardo Suplicy, dos homens que pairam acima dos conflitos, como Cristovam Buarque, dos apenas moralistas, como Pedro Simon. Para não se exporem, não propõem nada, não se comprometem com nada, a não ser com propostas genéricas de aprovação unânime que demonstrem seus bons sentimentos, sua boa índole, sua integridade intelectual – e que quase nunca resultam em mudanças essenciais.

As mudanças no PT

É por esse prisma que deve ser analisada a atuação não apenas de Lula, mas de José Dirceu e José Genoíno.
Ambos passaram pela luta armada. Com a redemocratização, ingressaram na luta política e das ideias. E ambos foram essenciais para a formação do novo partido e para a consolidação do mito Lula.
Na formação do PT, cada qual desempenhou função distinta.
José Genoíno sempre foi o intelectual refinado. Durante um bom período dos anos 90 tornou-se um dos mais influentes formadores de opinião do Congresso e do país, com suas análises sobre regimento da Câmara, sobre reforma política, sobre defesa.
Já José Dirceu era o “operador”, trabalhando pragmaticamente para unificar o PT em torno de um projeto de tomada do poder e, a partir daí, de reformas.
A estratégia política do PT passava por sua institucionalização, por um movimento em direção à centro-esquerda, ocupando o espaço da socialdemocracia aberto pelo PSDB – devido à guinada neoliberal conduzida por Fernando Henrique Cardoso e à ausência de lideranças sindicais.
Não foi um desafio fácil. O PT logrou juntar em torno de si uma multiplicidade de movimentos sociais, a parte mais legítima do partido mas, ao mesmo tempo, a parte menos talhada para a tomada de poder. Foram movimentos que surgiram à margem do jogo político, desenvolvendo-se nos desvãos da sociedade civil e sem nenhuma vontade de se sujar com a política tradicional.
Por outro lado, o papel unificador de Lula o impedia de entrar em divididas. Tinha que ser permanentemente o mediador.

O papel do operador Dirceu

Sobrava para Dirceu o papel pesado de mergulhar no barro. De um lado, com o enquadramento das diversas tendências – o que fez com mão de ferro -, dando ao PT uma homogeneidade que tirava o brilho inicial do partido, mas conferia eficiência no jogo político tradicional trazendo-o para o centro.
E o jogo político exigia muito mais do que enquadrar os grupos sociais do PT.
As barreiras eram enormes. Passava por montar formas de financiamento eleitoral, pela aproximação com o status quo econômico, pelos pactos com os grupos que atuam na superestrutura do poder, com os operadores dos grandes interesses de Estado, pelo mercado, pelo estamento militar, pela mídia.
Dirceu foi essencial para essa transição, tanto para dentro como para fora.
Um retrato honesto dele, mostrará a liderança inconteste sobre largas faixas do PT, o único a se ombrear com Lula em influência interna e com uma visão do todo que o coloca a léguas de distância de outros pensadores do partido.
Mas também era dono de um voluntarismo até imprudente.
Lembro-me de uma conversa com ele em 1994 em Brasília, com Lula liderando as pesquisas. Falava do projeto popular do PT e do projeto de Nação das Forças Armadas, sugerindo um pacto não muito democrático.
Não por outro motivo, em diversas oportunidades Lula confessou que, se tivesse sido eleito em 1994, teria quebrado a cara.
Com o tempo, o voluntarismo foi sendo institucionalizado. Internamente, no governo, Dirceu exercia uma pressão similar à de Sérgio Motta sobre FHC. Queria avançar mais, queria menos cautela na política econômica, queria um projeto de industrialização.
Sua grande obra de arte política, nos subterrâneos do poder, no entanto, foi ter mapeado os elos da superestrutura que garantia FHC e inserido o PT no jogo.
Esse mapeamento resultou na viagem aos Estados Unidos, desarmando as desconfianças do Departamento de Estado, dos empresários e da mídia; a ocupação de cargos-chave no Estado, que facilitaram negociações políticas com grupos de influência. Nada que não fosse empregado pelos partidos que já haviam chegado ao poder e que precisaram garantir a governabilidade em um presidencialismo torto como o nosso.

O veneno do excesso de poder

Assim como Sérgio Motta, no entanto, as demonstrações de excesso de poder tornaram-no alvo preferencial da mídia.
Trata-se de uma regra midiática clássica, que não foi seguida por ambos. Quando a mídia sente alguém com superpoderes, torna-se um desafio derrubá-lo. Com exceção de ACM e José Serra – a quem os grupos de mídia deviam favores essenciais e, em alguns casos, a própria sobrevivência -, todos os políticos que exibiram musculatura excessiva – de Fernando Collor ao próprio FHC (no período de deslumbramento), de Sérgio Motta a José Dirceu - terminaram fuzilados.
No auge do poder de Dirceu, creio que foi o Elio Gaspari quem o alertou para o excesso de exibição de influência. Foi em vão.
O reinado terminou em um episódio banal, a história dos R$ 3 mil de propina a um funcionário dos Correios. Tratava-se de uma armação de Carlinhos Cachoeira com a revista Veja, visando desalojar o grupo de Roberto Jefferson para reabilitar os aliados de Cachoeira (http://bit.ly/19sMvtX).
O que era claramente uma operação criminosa midiática, de repente transformou-se em um caso político, por mero problema de comunicação. Roberto Jefferson julgou que a denúncia tinha partido do “superpoderoso” Dirceu, para amainar sua fome por cargos. E deu início ao episódio conhecido por “mensalão”.
E aí Dirceu – e o próprio Genoíno – sentiram o que significa ter chegado tardiamente ao jogo político, não dispor de “berço” e de blindagem contra as armadilhas institucionais do Judiciário e da mídia.

A cara feia da elite

É uma armadilha fatal. Para chegar ao poder, tem que se chegar de acordo com as regras definidas por quem já é poder. Mas, sem ter sido poder, não se tem a mesma blindagem dos poderosos “de berço”.
O episódio do “mensalão” acabou explodindo, revelando – em toda sua extensão – a hipocrisia política e jurídica brasileira, o uso seletivo das denúncias, o falso moralismo do STF (Supremo Tribunal Federal).
Nos anos 40, Nelson Rockefeller tinha um diagnóstico preciso sobre o subdesenvolvimento brasileiro: havia a necessidade de um choque de modernidade, de criação de uma classe média urbana que superasse o atraso ancestral das elites brasileiras, dominada pelo pensamento de velhos coronéis.
Uma coisa é a leitura fria dos livros de história, as análises de terceiros sobre a República Velha, sobre o jogo político dos anos 30, 40, 50. Outra, é a exposição dos vícios brasileiros em plena era da informação.
Para a historiografia brasileira, o “mensalão” é um episódio definitivo, para entender a natureza de certa elite brasileira, a maneira como o conservadorismo vai se impondo, amalgamando candidatos a reformadores de poucas décadas atrás, transformando-os em cópias do senador McCarthy. E não apenas no discurso antissocial e na exploração primária ao anticomunismo mais tosco, mas na insensibilidade geral, de chutar adversários caídos, de executar adversários moribundos no campo de batalha, de abrir mão de qualquer gesto de grandeza.
Expõe, também, de maneira definitiva as misérias do STF.
Aliás, Lula e o PT foram punidos pela absoluta desconsideração pelo maior órgão jurídico brasileiro. Só o desprezo pelo STF pode explicar a nomeação de magistrados do nível de Ayres Britto, Luiz Fux, Joaquim Barbosa e Dias Tofolli, somando-se aos inacreditáveis Gilmar Mendes e Marco Aurélio de Mello, à fragilidade de Rosa Weber e Carmen Lucia e ao oportunismo de Celso de Mello.
O resultado final do julgamento foi o acirramento da radicalização, o primado da vingança sobre a justiça, a exposição do deslumbramento oportunista de Ministros sem respeito pelo cargo.
No plano político, sedimentam no PT a mística de Genoino e Dirceu.
Se deixam ou não o jogo político, não se sabe. Mas, com sua prisão, fecha-se um ciclo que levou um partido de base ao poder, institucionalizou um novo jogo político e, sem o radicalismo dos sonhadores sem compromissos, permitiu mudar a face social do país.
Não logrou criar um projeto de Nação, como pensava Dirceu. Mas deixou sua contribuição para a luta civilizatória nacional.
A democracia brasileira deve muito a ambos.

quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Estamos exumando a Operação Condor, diz Maria do Rosário

Em entrevista à Carta Maior a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência, assegura que a exumação é só um dos passos.


@DarioPignotti
Arquivo
Brasília - “Estamos exumando a Operação Condor”. Para a ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, o desenterro do presidente João Goulart abre as entranhas de uma “rede terrorista internacional na qual a ditadura brasileira teve uma participação importante, a exumação do presidente Goulart nos aproximará da verdade do acontecido durante essa perseguição que durou anos. Sabemos que a Operação Condor o seguiu na Argentina, que o seguiu no Uruguai, que a ditadura brasileira o hostilizou até o dia de sua morte. E não descartamos que a ditadura tenha estado envolvida em uma morte cercada de dúvidas”.

“Contamos com informações consistentes sobre o interesse prioritário que a ditadura e a Operação Condor tinham em Goulart, que nunca pode voltar com vida ao seu país. Depois de 37 anos, o governo da presidenta Dilma está realizando uma reparação histórica com a democracia brasileira e com seus familiares, que foram os que nos solicitaram a exumação por duvidar de seu envenenamento”.

Em entrevista à Carta Maior a ministra Maria do Rosário assegura que “a exumação é só um dos passos, dado que nosso trabalho junto à família e à Comissão da Verdade começou há um longo tempo, quando a presidenta Dilma nos encomendou dar prioridade ao esclarecimento da morte”.

A retirada do corpo será realizada nesta quarta-feira (13) no cemitério Jardim da Paz, de São Borja, que hoje foi monitorado por funcionários encabeçados por Nadine Borges, da Equipe de Trabalho ad hoc, criada pela Secretaria de Direitos Humanos, familiares de Goulart e pela Policia Federal.

Posteriormente os restos irão à Brasília, onde será recebido pela presidenta Dilma.

“O corpo terá honras de Estado, que é a homenagem que um presidente merece, coisa que deveria ter acontecido há 37 anos, ocorre hoje sob um governo democrático que está demostrando, com fatos, seu compromisso com a verdade e a reparação” afirmou Maria do Rosário.
 
-E se os estudos demonstram que não foi envenenado?

- Devemos esperar sem urgência o resultado dos exames, em laboratórios internacionais, em um corpo que sofreu os efeitos da passagem de 37 anos. Não podemos esperar que os laboratórios deem um parecer conclusivo, talvez não consigam e, nesse caso, ficará sempre a dúvida do envenenamento. Do que não resta dúvida é de que a ditadura e a Operação Condor o hostilizaram durante os doze anos que teve que viver no exilio. Que a ditadura não lhe permitiu retornar ao seu país como ele queria”.

“Há 37 anos a família pediu permissão - e não o obteve - para que o presidente fosse levado para Brasília, como correspondia. Ou seja, que uma ditadura ilegítima proibiu que o corpo de um ex-presidente eleito seja recebido na capital e também proibiu que fosse feita uma autopsia, algo que também é muito sugestivo” lembra Maria do Rosário

Eduardo Frei e Arafat

A revelação de que o ex-presidente chileno Eduardo Frei foi vítima de uma intoxicação urdida pelo regime de Pinochet “foi um caso que estudamos bastante, porque as ditaduras do Chile e do Brasil utilizaram métodos semelhantes e seus aparatos de repressão estavam em contato para coordenar tarefas”, afirma a ministra.

Depois comenta que os casos de Frei e, mais recentemente, do líder palestino Yasser Arafat, demonstram que os envenenamentos foram uma das técnicas utilizadas pelo terrorismo de Estado para eliminar seus inimigos sem deixar pistas por muitos anos.

“Inclusive – agrega - alguns dos peritos internacionais que já se encontram em São Borja estudaram como foi realizada a exumação de Eduardo Frei e os estudos posteriores que lhe realizaram.

Estoque de memória

São Borja amanheceu ensolarada na terça-feira, depois da tormenta de segunda-feira, e “invadida” por repórteres e funcionários que alteram a rotina bucólica dessa cidade de pouco mais de 60 mil habitantes, ruas estreitas e sem pretensões, onde sobressaem dois museus importantes: dedicados aos ex-presidentes João Goulart e Getúlio Vargas.

“Poucas cidades tem dois presidentes como nós em São Borja, somos uma cidade pequena, mas com muitos filhos célebres que sempre são lembrados, aqui temos um bom estoque de memória” me conta o taxista Jango, no caminho que vai da simples estação rodoviária ao centro da cidade, onde chegam raros voos comerciais.

Com camisa vermelha, do Internacional de Porto Alegre, o taxista Jango, de uns 55 anos de idade afirma que, em 1976, foi um de milhares de cidadãos que tomaram as ruas para acompanhar o cortejo fúnebre do ex-presidente Goulart. “Isto era um mar de gente, toda a avenida Vargas estava cheia, a igreja cheia, todo o mundo estava na rua”.

Goulart havia falecido em sua fazenda da província argentina de Corrientes, onde um médico pediatra lavrou uma certidão de óbito, dizendo que a causa foi uma parada cardíaca.

Eminência cubana
 
“Para nós, da família do presidente Goulart, sua morte provavelmente teve como causa um possível envenenamento que terá que ser estudado agora pelos laboratórios que recebam as amostras, que serão recolhidas amanhã” declarou à Carta Maior João Marcelo, neto do líder trabalhista.

“Nós estamos vivendo um momento de muita dor, de grande tensão e ao mesmo tempo de expectativa pela exumação”, comentou antes de ir ao Cemitério Jardim da Paz, onde repousam os restos.

Médico graduado em Cuba, Joao Marcelo contou conhecer muito bem o currículo do doutor Jorge González Pérez, reitor da Universidade de Ciências Médicas de La Habana, que integra a comitiva de especialistas internacionais convidados para vistoriar a exumação.

González Pérez, “é uma eminencia científica internacional, tem um grande prestígio por sua formação, reforçada por sua experiência em trabalhos de campo, como o que fez na Bolívia com o descobrimento e reconhecimento dos restos do Che Guevara”.

Parlamento uruguaio tá se lixando pra opinião do Osmar Terra sobre a maconha

Bruno Alencastro/Sul21
Foto: Bruno Alencastro

A Bad Trip de Osmar Terra ao Uruguai

André Kiepper * Texto e tradução

Jornais brasileiros e sul-americanos noticiaram, no fim-de-semana retrasado, que o Deputado Federal Osmar Terra, autor do criticado Projeto de Lei Nº 7.663/2010, estava de partida para o Uruguai, com a impávida missão de frear a legalização da maconha na Suíça latino americana.
Poucos sabem, entretanto, que o deputado brasileiro ficou meia-hora aguardando o início da sessão da Comissão de Saúde Pública do Senado Uruguaio, enquanto se discutia, a portas fechadas, se a comitiva brasileira seria recebida na sala de estar ou na cozinha do Senado. Ou se a visita seria formal, ou informal.

Esta é a informação que temos com a leitura da transcrição taquigráfica da sessão da Comissão de Saúde Pública do Senado Uruguaio, do dia 05 de novembro de 2013, que mostrou o mal-estar provocado pelo visitante e pelos rumores midiáticos que antecederam sua visita.
Legalizacionistas e abolicionistas brasileiros e sul-americanos, preparem um chá, pois o de cadeira já foi servido ao senhor deputado proibicionista, Osmar Terra, que registrou na memória política brasileira a maior bad-trip diplomática contemporânea.
.oOo.
MACONHA E SEUS DERIVADOS Versão taquigráfica da sessão da Comissão de Saúde Pública do Senado Uruguaio, do dia 05 de novembro de 2013, que recebeu informalmente o Deputado Proibicionista Osmar Terra.
Presidente: Senhor Senador Alfredo Solari (Presidente) Membros: Senhora Senadora Constanza Moreira e senhores Senadores Ernesto Agazzi, Roberto Conde, Luis J. Gallo e Carlos Moreira Assistência: Diretor da Área de Gestão Legislativa, senhor César González Secretária: Senhora Susana Rodríguez Pro- Secretário: Senhora María José Morador
SENHOR PRESIDENTE – Tendo quórum, está aberta a sessão.
(São 17 horas e 6 minutos.)
- A Comissão de Saúde Pública do Senado se reúne com o propósito de continuar com a consideração da Carteira nº 1288/2013, “Maconha e seus derivados”.
No dia de hoje temos como convidados o Sr. Deputado Federal do Brasil, Osmar Terra; o subprocurador do Estado do Rio Grande do Sul, Dr. Marcelo Dorneles, e o Dr. Sérgio de Paula Ramos, especialista com vasta experiência na área relacionada a dependências.
Segundo me comunicou o Senhor Senador Gallo, o Senhor Senador Conde deseja fazer uma exposição prévia.
SENHOR CONDE – A proposição que quero fazer consiste no seguinte: estivemos considerando com muita preocupação uma série de publicações que foram aparecendo na imprensa desde sexta-feira passada. Tenho aqui algumas, mas não sei se são as únicas.
Neste sentido, o jornal El País publica uma nota em que diz: “Uma missão brasileira, integrada por um deputado federal, um procurador e um assessor da presidenta Dilma Rousseff, chegará na próxima semana a Montevidéu buscando frear a aprovação do projeto de legalização da maconha”. Reitero, esta nota foi publicada pelo jornal El País na sexta-feira ou sábado.
Uma publicação adicional diz: “Legislador do Brasil apresentará no Uruguai desacordo com a legalização da maconha”. Ademais, afirma que o Senador Gallo: “negou que o político represente o governo do Brasil”.
Em um terceiro artigo se publica: “Secretário de Drogas do Brasil desmente tentativa de ‘frear’ lei uruguaia”. Quer dizer que há um desmentido por parte do Secretário Nacional de Políticas sobre Drogas do Estado Federal do Brasil, senhor Vitore Maximiano.
Em outra publicação – que creio é do dia 04 de novembro, vou verificar a data, se diz que o saneamento e a maconha atraem autoridades brasileiras ao Uruguai.
Enfim, todas essas publicações criaram a imagem pública de que autoridades do Brasil estariam tentando discutir com o parlamento uruguaio temas relacionados com a lei de regulação da Cannabis que estamos tratando.
Se assim for, isso poderia ser considerado não como uma ingerência em nossos assuntos, porque, em última instância, se quiséssemos, poderíamos convidar alguma personalidade estrangeira para discutir determinado tema, mas deveríamos fazê-lo através dos canais diplomáticos apropriados, no caso de representarem algum poder de um Estado estrangeiro.
Por outro lado, não podemos aceitar que se gere esta informação pública de que aqui há uma atitude de atores políticos, tanto por parte do Estado Federal como do Estado do Rio Grande do Sul, tratando de influenciar nosso processo de discussão nacional sobre esta lei.
Portanto, senhor Presidente, nós nos vemos totalmente impossibilitados de receber esta delegação em uma reunião oficial desta Comissão. Se o senhor Presidente quer considerá-lo, estaríamos dispostos a recebê-los em um encontro informal – inclusive, pode ser nesta mesma sala – de maneira que não fique registrado como sessão oficial da Comissão de Saúde Pública do Senado. Podemos dialogar, trocar opiniões, tomar nota do que querem nos dizer, mas sempre no plano de um encontro informal de troca de opiniões. Não podemos aceitar seu comparecimento em uma reunião oficial desta Comissão, porque constituiria um fato formal que significaria, nada mais, nada menos, que terem sido recebidos pelo Senado da República, já que, em definitivo, esta Comissão está aqui representando esta Câmara. Ademais, não só acreditamos que não devemos nos prestar a um mal-entendido desta natureza, senão que formalmente não é a via correta de processar um comparecimento deste tipo. Insisto em manifestar nossa vontade de participar do diálogo – não é nosso objetivo nos negar a trocar opiniões, mas fora de todo marco formal de funcionamento da Comissão.
Estas são os fundamentações que queria assinalar.
SENHOR PRESIDENTE – Escutei com muita atenção a proposição que fez o senhor Senador Conde, que mencionou uma série de notas de imprensa; não fez referência a alguma manifestação expressa de um integrante desta Comissão, salvo uma referência ao senhor Senador Gallo, que está em todo seu direito de fazer as declarações à imprensa que quiser, assim como também cada um de nós tem o mesmo direito.
Se é que entendi bem a colocação, com base nesses rumores de imprensa – os chamemos assim – é que a bancada oficial se desdiz com relação a uma decisão prévia. Me refiro à que quando chegou a nota do Deputado Federal Osmar Terra pedindo ser recebido por esta Comissão – pelas razões que ele expôs em seu e-mail e que esteve em poder de todos os integrantes desta Comissão, se votou por unanimidade recebê-lo nesta Comissão de Saúde e não de maneira informal. Parece-me uma descortesia muito grande para com um legislador de um país amigo do Uruguai dizer: “Olha, nós lhe dissemos que viesse para se reunir com a Comissão de Saúde, mas agora não o vamos receber na sala, mas vamos recebê-lo na cozinha, pois verifica-se que houve uma série de murmúrios no bairro que dizem que o senhor vem nessa condição e não nesta outra”. Repito: me parece que seria uma descortesia muito grande, mas se essa é a opinião da maioria, vou pedir que se coloque em votação. Nesse caso, eu vou conversar com eles para lhes transmitir qual é o espírito da maioria dos integrantes desta Comissão, que não compartilho, e veremos se eles estão de acordo em ter esse diálogo informal.
SENHOR MOREIRA – Concordo com o expressado pelo senhor Presidente. Creio que pensar que isso significa uma intromissão indevida nos assuntos de uma Comissão deste Corpo é um excesso, especialmente se tem-se em conta que isso não foi o que se entendeu quando se levantou em forma primária o tema e se votou afirmativamente. Então, me parece que é errado não receber esta gente, depois que pede ser recebida e se vota afirmativamente, por murmúrios de imprensa que, como sabemos, nem sempre refletem a realidade. Se nos guiássemos por eles, muitas vezes não saberíamos qual é o caminho correto a tomar, porque a imprensa é livre para interpretar as coisas como quer.
Li a maioria das versões taquigráficas, incluídas as das audiências desta Comissão e posso dizer que sempre se atuou com um critério de abertura e amplitude. Na comissão da Câmara dos Deputados receberam técnicos holandeses, que falaram com muito entusiasmo, e de algumas organizações internacionais. Então, me parece que o comparecimento de um parlamentar brasileiro para brindar sua posição – ademais, creio que sabe do tema – não é um excesso nem uma intromissão.
A meu juizo, votar desta forma tende a dramatizar uma coisa que não tem nada de dramático, porque creio que todos que estamos aqui temos uma posição formada sobre este projeto de lei e o que diga este representante não a vai alterar. De modo que está bem que se vote, mas adianto que vou fazê-lo para que o receba a Comissão e, se triunfa a tese contrária, os senhores convidados decidirão que atitude tomarão. Pessoalmente, considero que devemos recebê-los como Comissão, representando institucionalmente o Senado da República em um tema tão sensível e tão opinável.
SENHOR AGAZZI – Como disse o senhor Presidente, consideramos este ponto na última reunião da Comissão, depois que se distribuiu de forma correta a solicitação de serem recebidos, mas creio que não houve uma votação, porque normalmente não é assim que se procede. Considero que aqui há um acordo de receber na Comissão aqueles que o solicitam, independentemente da posição que tenham – sempre concorrem delegações que estão a favor de uns e contra outros e vice-versa, porque o espírito que sempre primou é o de ter a maior amplitude. Agora, o que não discutimos – porque não podíamos prever o que ía acontecer – é tudo o que aconteceu depois. Pensávamos que se trataria do comparecimento de pessoas que estão trabalhando sobre este tema para nos dar seus pontos de vista e nos brindar uma informação que, inclusive, nos pode ser útil. Esse foi o espírito com o que apoiamos receber o senhor Terra. Não podíamos prever o que sucedeu depois; agora estava lendo a imprensa boliviana que menciona a interferência do governo brasileiro sobre o Uruguai e me chamou a atenção – essa coisas agora se distribuem muito rápido, de modo que começa a ter uma implicância internacional que, francamente, creio que nenhum de nós imaginou na última reunião que tivemos.
Na verdade, na Câmara dos Deputados se recebeu muitas pessoas, inclusive estrangeiros, mas sempre foram organizações ou ONGs ligadas à temática das drogas com distintas posições, mas nunca funcionários de outro Governo, como é o caso dos funcionários do Poder Legislativo da irmã República Federativa do Brasil, pelo que isso não tem nada a ver com o nosso espírito de amplitude. Pessoalmente, consultei o Ministério das Relações Exteriores sobre essa situação para saber que informação tinham da Embaixada do Brasil no Uruguai. Posso dizer que essas pessoas não vieram em caráter de funcionários do Governo brasileiro, o que nos alegra muito, mas há uma grande confusão, inclusive, em nível internacional.
Por tal motivo, nossa posição é aproveitar sua vinda e ademais agradecê-los sua presença para dar seu ponto de vista, porque isso é natural e positivo. O que não podemos permitir é que o Senado da República Oriental do Uruguai receba funcionários de outro Governo simplesmente porque o solicitam, pois isso abriria um precedente. Normalmente, funcionários de outros Governos não solicitam concorrer às Comissões Parlamentares, pelo que esta é uma situação nova para nós.
Talvez estejamos impulsionando uma posição intermediária – aproveitando a boa vontade desses políticos e técnicos – já que desejamos manter nosso espírito de abertura, mas não devemos incluí-lo dentro do funcionamento formal do Palácio Legislativo porque entendemos que não é nossa competência tomar decisões nesse sentido.
Simplesmente desejava agregar alguns elementos sobre a postura que temos a este respeito.
SENHOR PRESIDENTE – Desejaria que esta sessão da Comissão não se transformasse em uma reunião para discutir procedimentos, mas que falássemos sobre o mérito da questão.
SENHOR CONDE – Não desejo entabular uma polêmica, mas sintetizar nossa posição em uma frase para que fique nitidamente expressada na versão taquigráfica.
Nos vemos obrigados a ter o gesto de receber a delegação brasileira porque foi formada opinião pública a este respeito e nós não somos os responsáveis; não demos notas à imprensa, e inclusive não nos interessou dialogar com ela sobre isso. Há três dias, foi formada opinião pública que permite crer que a população foi mal informada ou confundida, fazendo-se entender que há alguma ação oficial do Governo do Brasil para interferir no debate sobre a Cannabis no Uruguai.
A fim de que não fique a menor dúvida de que não tem havido nenhuma ação oficial do Governo do Brasil e de que se a tivesse havido, não a teríamos aceitado, não temos mais remédio a não ser receber a delegação nessas condições informais para afastar ou evitar qualquer tipo de dúvida que se há gerado.
Repito: não somos responsáveis ​​pela campanha de desinformação pública que se foi produzida nos últimos dias.
SENHOR PRESIDENTE – Vou fazer duas pontualizações para que constem na versão taquigráfica e, logo depois, convidaremos a delegação estrangeira para iniciar a reunião.
Em primeiro lugar, o senhor Deputado Osmar Terra – deputado federal pelo Partido do Movimento Democrático Brasileiro – era tão Deputado pelo Governo Federal quando acordamos em recebê-lo, como hoje. Sua situação de funcionário de um governo estrangeiro não mudou.
Em segundo lugar, não tenho absolutamente nada a ver com os rumores de imprensa, a única transcrição que fez o senhor Senador Conde em sua exposição inicial, pertence ao senhor Senador Gallo, não a quem fala. E mais, em meus tweets escrevi: “O Uruguai decide: nem Soros, nem Dilma”.
Desejava fazer estas duas pontualizações porque me parecem de ordem. Digo isso, dado que a Bancada oficial insiste com o caráter informal.
Agora bem, vamos convidar os senhores visitantes a entrar, porque me parece uma descortesia tê-los meia-hora esperando lá fora.
* André Kiepper é Analista de Gestão em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz.

terça-feira, 12 de novembro de 2013

Ricardo Darin, admirável dentro e fora das telas, esnoba Hollywood e Tony Scott (não Tarantino)

Ricardo Darín é aquele ator argentino que só faz filmes bons (aliás, o cinema Argentino é todo bom, ou a gente acha isso porque eles só mandam para cá os filmes bons?). O cara é talentoso, mas, além do talento dramático, o sujeito resolveu "esnobar" Hollywood e revelar uma concepção de vida oposta à fascinação pela fama e pelo mercado. A publicação da entrevista já saiu como uma recusa do argentino a filmar com Tarantino. Não era Tarantino, era Tony Scott. Melhor, assim não preciso ficar chateado com o um dos meus diretores preferidos.


Danilo Gentilli: Mal-humorado, censor e racista?

Danilo Gentilli manda tirar vídeo do PSTU do Youtube

Vídeo denunciava racismo de apresentador, que perguntou "quantas bananas você quer pra deixar essa história pra lá" a ativista do movimento negro


Vídeo foi retirado a mando de Gentili, segundo Youtube


Um vídeo que denunciava as piadas racistas do “comediante” Danilo Gentilli, postado no Youtube pelo Portal do PSTU, foi retirado do ar nesta quinta-feira.

Segundo a notificação do Youtube, o vídeo foi retirado devido a reivindicações de direitos autorais de Gentilli. “Recebemos reivindicações de direitos autorais sobre o material que você enviou, como segue: o de Danilo Gentili sobre o vídeo "Quantas bananas vc quer pra deixar essa história pra lá?", afirma o comunicado do Youtube.

Quantas bananas você quer?
O vídeo publicado pelo Portal do PSTU trazia uma entrevista com Thiago Ribeiro, jovem negro de 29 anos que, recentemente, denunciou Gentilli por suas piadas de explícito conteúdo racista. Cansado das piadas sem graça do “comediante”, Thiago Ribeiro postou no Youtube um vídeo com uma coletânea de piadas racistas de Gentili. O vídeo obteve 800 visualizações, inclusive uma visualização do próprio Gentili, que conseguiu tirar o vídeo do Youtube por meio da cláusula de uso de imagem.

Através do seu perfil no Twitter, Thiago interpelou Gentili sobre a proibição do vídeo. A resposta de Gentilli foi pra lá de desprezível: “vamos esquecer isso... Quantas bananas você quer pra deixar essa história pra lá?", escreveu o comediante em seu Twitter. Na sequência, muitos seguidores de Gentilli desataram ataques racistas contra Thiago. Todos eles, inclusive Gentilli, foram denunciados por crime de racismo ao Ministério Público de São Paulo e à Polícia Federal sobre o ocorrido. Também foi realizado um Boletim de Ocorrência na Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania e na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância.

Gentilli se utilizou do mesmo expediente para retirar, do youtube, a entrevista de Thiago ao Portal do PSTU. Em três dias de exibição, a entrevista já tinha sido visualizada por mais 4.100 usuários.

Como se não bastasse, para defender suas piadas racistas, Gentilli se apóia no direito à “liberdade de expressão”. O que só pode ser uma piada de mau gosto do “comediante” que não tem o menor escrúpulo em censurar qualquer crítica a algo que mais do que uma simples piada: é crime, tipificado em lei.

Se você ainda não viu o vídeo, assista aqui sua nova versão. Agora, com a censura imposta por Gentilli.


És ou não és meu amor pequena? Para os fãs do velhos Tom & Jerry

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

"Algo Contigo" - Lila Downs

Algo Contigo

Hace falta que te diga
Que me muero por tener algo contigo
Es que no te has dado cuenta de lo mucho
Que me cuesta ser tu amigo
Ya no puedo acercarme a tu boca
Sin deseartela de una manera loca
Necesito controlar tu vida
Saber quien te besa
Y quien te abriga


Hace falta que te diga
Que me muero por tener algo contigo
Es que no te has dado cuenta de lo mucho
Que me cuesta ser tu amigo
Ya no puedo continuar espiando
Dia y noche tu llegar adivinando
Ya no se con que inocente excusa
Pasar por tu casa
Ya me quedan tan pocos caminos
Y aunque pueda parecerte un desatino
No quisiera yo morirme sin tener algo contigo


Hace falta que te diga
Que me muero por tener algo contigo
Es que no te has dado cuenta de lo mucho
Que me cuesta ser tu amigo
Ya no puedo acercarme a tu boca
Sin deseartela de una manera loca
Necesito niña controlar tu vida
Saber quien te besa
Y quien te abriga
Ya me quedan muy pocos caminos
Y aunque pueda parecerte un desatino
No quisiera yo morirme sin tener algo contigo


Algo contigo, algo contigo
Niña no quisiera yo morirme sin tener
Algo contigo, algo contigo
Triste es el destino que me espera sin poderte conocer
Algo contigo, algo contigo
Ya no hay excusas, ya no hay nada que tenga que perder
Algo contigo, algo contigo
Como un esclavo, esclavo para siempre no me importaria ser
Eternamente esclavo
Niña no quisiera yo morirme sin tener
Triste es el destino que me espera sin poderte conocer
Ya no hay excusas nina, ya no hay excusas
Ya no hay nada que yo tenga que perder
Como un esclavo, eternamente esclavo no me importaria ser
Eternamente, niña, no quisera yo morirme sin tener algo contigo


Link: http://www.vagalume.com.br/vicentico/algo-contigo-traducao.html#ixzz2kO5hYNZn

domingo, 10 de novembro de 2013

Chuck Berry & John Lennon cantam o clássico "Johny B Goode"

Tarantino, Travolta e Uma Thurman

Exitosa presentación en La Habana de Lila Downs

Foto: Olivia Prendes Despaux.
La multipremiada cantante mexicana Lila Downs, quien actúa en Cuba por primera vez, como parte del programa del II Encuentro de Voces Populares debutó en esta capital entre vítores y aplausos.
A Cuba y a su gente, dedicó la artista este concierto, ofrecido en la Sala Covarrubias del Teatro Nacionaleste viernes; oportunidad que calificó de bendición “por estar en una tierra a la que siempre hemos tenido presente”, según confesó antes de comenzar.
Reconocida con tres Grammys y un Oscar por su participación en la banda sonora de Frida (2002), Downs trajo a La Habana su espectáculo Pecado y milagros, donde incluyó temas de su autoría y otros que ya forman parte de patrimonio musical latinoamericano y mundial, incluidos en el disco homónimo.
Junto a Mezcalito, Zapata se queda, Cucurrucucú paloma, Cruz de olvido y Fallaste corazón, la cantora, reconocida por rendir tributo a sus raíces indígenas; además regaló al público su popular La cucaracha, La llorona, Tren del cielo y una versión de Piensa en mí.
Cumbias, rancheras y una original mezcla de ritmos tradicionales mexicanos con elementos electrónicos, del pop y el hip hop se dejaron oír durante la velada, que no terminó sin que los integrantes de La Misteriosa -la banda que acompaña a la cantante- y la propia Lila tuvieran que salir dos veces al escenario después de haberse despedido.
Anita Sánchez, la madre de la artista, quien sentada en el público disfrutó del espectáculo, resaltó que le sorprendió el calor de los asistentes y cómo la recibieron “a pesar de que nunca había cantado aquí.”
Los cubanos son muy alegres y me siento muy feliz por la acogida que le han dado a Lila, agradeció Anita, representante de la etnia indígena mixteca y también cantante.
A Lila le seguirá hoy la popular Maridalia Hernández, considerada entre las artistas más importantes de su natal República Dominicana, quien llegó a La Habana también invitada por el Encuentro de Voces Populares, dirigido por la maestra cubana Argelia Fragoso.
(Tomado de la AIN)
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.
Foto: Olivia Prendes Despaux.

Exumação de João Goulart: um passo importante para a verdade

Arquivo

Em entrevista à Carta Maior, João Vicente Goulart, filho do ex-presidente João Goulart, fala sobre a exumação dos restos de seu pai.
@DarioPignotti, na Carta Maior

Queriam eliminá-lo. Para a ditadura João Goulart era, devido a sua legitimidade democrática e a capacidade que tinha para somar opositores moderados e progressistas, uma ameaça realmente existente ao projeto de perpetuação no poder disfarçado pelos militares como uma "transição lenta e gradual à democracia", segundo o marketing usual dos anos 70.
Ele queria voltar, sempre estava pensando em voltar, morreu com planos para o retorno e para como seria sua reinserção na política", afirma João Vicente, o filho do ex-presidente falecido em uma estância da província argentina de Corrientes no dia 6 de dezembro de 1976, em circunstâncias confusas, o que alimenta suspeitas sobre um suposto envenenamento.
Essa interrogação começará a ser revelado a partir da próxima quarta-feira, quando sus restos serão exumados no estado do Rio Grande do Sul, na cidade de São Borja, a terra natal de Jango e seu criador, Getúlio Vargas.
Especialistas cubanos (em representação da família Goulart) que dirigiram a recuperação dos restos do Che Guevara na Bolívia nos anos 90, a Equipe Argentina de Antropologia Forense e representantes da Cruz Vermelha Internacional monitorarão o trabalho dos peritos da Polícia Federal no cemitério Jardim da Paz.
Como Jorge Rafael Videla e Augusto Pinochet, seus sócios na Operação Condor, o ditador Ernesto Geisel não consentia o "populismo" que imaginava encarnado em "Jango" Goulart, o mais notório dos líderes condenados ao desterro depois do golpe de março de 1964.
"Eles estavam decididos a fazer tudo, acho que até a eliminação física, para impedir o retorno de meu pai. Eles o viam como um risco à estabilidade de uma ditadura cada vez mais questionada internamente. Há papéis secretos, publicados pela imprensa há vários anos, ordenando a detenção imediata de meu pai se atravessasse a fronteira para ingressar no Brasil. Há pouco me fizeram chegar um documento de 1976, que tem a marca d´agua do Exército, onde se ordena que os serviços de inteligência reforcem sua perseguição na Argentina, ou seja: eles estavam permanentemente encima dele" afirma Goulart, entrevistado por Carta Maior.
"Um ex-agente de inteligência uruguaio que está preso há mais de 10 anos em Charqueadas (presídio de máxima segurança no Rio Grande do Sul), declarou diante da Polícia Federal que Jango foi envenenado, introduzindo comprimidos adulterados na medicina que tomava devido a um problema cardíaco e que isto se fez com o apoio da CIA, através de seu chefe em Montevideo em 1976, o agente Frederick Latrash e de Sergio Paranhos Fleury, o caçador de opositores e chefe do Dops (Direção de Ordem Política e Social). Além de sua autonomia, a verdade é que Fleury era um repressor subordinado a uma hierarquia da ditadura".
"Acho que junto à figura de Geisel e também à possível influência de grupos ainda mais ultras na perseguição e morte de meu pai, também há uma responsabilidade alta da Operação Condor", observa João Vicente.
E agrega: "Parece bastante claro que as ditaduras de Geisel e Videla atuaram em conluio para impedir a realização de uma autópsia como costuma suceder quando morre qualquer ex-presidente no exterior".
Depois de repassar as circunstâncias que contornaram o falecimento de "Jango", João Vicente desemboca em uma conclusão com forma de pergunta: "uma vez que temos todos estes indícios, por que teríamos de descartar a possibilidade de que, na verdade, ele foi vítima de um crime. Se é algo que até parece óbvio?"
"Lutamos durante anos para conseguir a exumação, no começo sozinhos, e consideramos que é um avanço importante o fato de que seja realizada com o respaldo da presidenta Dilma (Rousseff), a quem reconhecemos o apodo dado".
"Depois de 37 anos de uma morte duvidosa, a exumação pode nos aproximar de uma parte da verdade, ainda que estejamos conscientes de que os exames podem fracassar. Para nós a exumação é um meio, não é um fim em si mesmo".
"Sabemos que os crimes de estado - poderíamos dizer os envenenamentos de Estado - escondem tramas de poder que ocultam muito bem seus responsáveis por anos. Assim aconteceu com o ex-presidente chileno Eduardo Frei Montalva, que Pinochet mandou intoxicar há 3 décadas e agora, nestes dias, com a morte de Yasser Arafat. Nunca é fácil".
De todas as formas, qualquer que seja o resultado dos laboratórios estrangeiros, onde serão analisadas as amostras tomadas do cadáver, a família Goulart não esmorecerá em sua demanda para que o caso seja tratado na justiça, e isto inclui a "nunca descartada apresentação diante dos estrados da Argentina", diz João Vicente.
Ele repetiu sua demanda para que, ainda que seja a título indagatório, um agente judicial brasileiro possa viajar aos Estados Unidos para apresentar questionários aos ex-agentes da CIA Frederick Latrash e Michael Townley (ambos teriam estado juntos no Chile) e do próprio ex-secretário de Estado Henry Kissinger.
Está previsto que Dilma Rousseff, Luiz Inácio Lula da Silva e outros ex-presidentes democráticos recebam o féretro, nesta quinta-feira, com honras de Estado, na Base Aérea de Brasília.
Recuperar os restos do líder nacionalista que foi Goulart, cuja queda permitiu a ascensão do regime ao qual Washington confiou a tutela da região nos anos da Operação Condor, talvez seja a medida mais avançada implementada por um governo civil, o da ex-prisioneira Dilma, para superar a amnésia descomunal sob a qual o Brasil ainda se debate. Um gigante cuja transição continua inconclusa.
João Goulart e Juan Perón
"Um dia, estando em um hotel de Madri com meu pai, atendo o telefone e alguém me diz: ‘Quero falar com o Janguito, diga-lhe que sou o general Juan Perón’. Eu não podia acreditar, mas era verdade, Perón estava do outro lado da linha para convidá-lo para conversar em sua residência", contou João Vicente.
O apelido de Janguito surgiu nos anos 50, quando o então jovem ministro do Trabalho Goulart viajava - as vezes incógnito - a Buenos Aires, levando mensagens de Getúlio Vargas para Perón.
Nos anos 70 a amizade recuperou brios no contexto do regresso de Perón ao seu país, onde foi eleito presidente pela terceira vez, e a possibilidade de que a Argentina se tornasse uma plataforma territorial e política de onde Goulart pudesse organizar sua volta ao Brasil.
Goulart era uma obsessão para os militares. Tanto que, um ano depois do golpe de 1964, os generais criaram o CIEX, um aparato de inteligência encravado na Chancelaria, com o qual seguiram Goulart por céu e terra, além de espionar outros opositores ao regime, especialmente na América do Sul.
O inspirador dessa estrutura clandestina a serviço da repressão internacional foi o diplomata Pio Correia, um suposto agente da CIA, que chegou a desempenar-se como embaixador no Uruguai e na Argentina, os dois países onde Goulart viveu seu exilio.
Um documento "secreto" do CIEX, obtido por Carta Maior, ilustra o seguimento ao que foi submetido Goulart, assim como o interesse da ditadura em conhecer detalhes sobre seus vínculos com Perón.
“A conversa (Perón-Goulart) girou em torno da situação brasileira e sobre as ideias de Juan Perón para a criação de um amplo movimento latino-americano de liberação cujo epicentro se localizaria na Argentina”, diz um memorando do CIEX datado em 1973.

Tradução: Liborio Júnior