quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Complexa formação do homo sapiens

Fósseis de hominídeos encontrados no Quênia indicam que o diagrama acima pode ser uma simplificação grosseira demais
Os diagramas tradicionais sobre a evolução humana, que sugerem um caminho linear dos símios aos hominídeos e ao atual homo sapiens, podem ser pobres demais. Ao menos é o que indica a descoberta, no Quênia, de três fósseis de nossos ancestrais, em bom estado de preservação. Anunciado nesta quinta-feira, após anos de estudos de laboratório, o achado dos ossos deu-se graças a uma equipe científica liderada pelas peleo-antropólogas Meave e Louise Leakey. Ele revela que, muito provavelmente, diferentes espécies de seres do gênero homo habitaram simultaneamente o leste da África, cerca de 2 milhões de anos atrás.
Um dos três espécimes encontrados (nomeado KNM-ER 62000, ou apenas 62000) apresenta grande caixa craniana e rosto longo e achatado. São características que se assemelham ao crânio conhecido como 1470, encontrado na mesma área em 1972. Desde a descoberta, o crânio 1470 foi centro de debate sobre linhagens múltiplas.
O crânio 62000 pode demonstrar que as feições encontradas no 1470 não são peculiaridades de um único indivíduo pertencente à espécie homo habilis — mas de outra espécie do gênero. Além disso, os outros dois indivíduos parecem apresentar uma peça que estava faltando: o espécime 1470, encntrado há quarenta anos, não tinha a mandíbula inferior. Já o fóssil nomeado 60000, um dos três mais recentes, inclui a mandíbula inferior quase completa (considerada a mandíbula mais completa de um Homo primitivo já encontrada), além de parte de uma mandíbula do espécime 62000.
Os paleo-antropólogos Meave Leakey e Fred Spoor, no local das descobertas

O grupo de cientistas que fez a descoberta é cauteloso. Ele preferiu não rotular os fósseis como o membros de nenhuma das espécie de hominídeos conhecidos até o momento. Aguarda novas análises para fazê-lo. Porém, Fred Spoor, o paleo-antropólogo que dirigiu os primeiros exames laboratoriais do material encontrado no Quênia, sentiu-se seguro para antecipar: “a evolução humana não é a linha reta que pensávamos que fosse”; além disso, o leste africano era, à época em que viveram os seres agora encontrados “um lugar bem povoado, com espécies [de hominídeos] diferentes”, presumivelmente até com hábitos alimentares diferentes.
Outro pesquisador envolvido na descoberta, Ian Tattersall, do American Museum of Natural History, afirma: “[os novos fósseis] apoiam a visão de que o começo da história do gênero Homo envolveu experimentação do potencial biológico e comportamental, e não um lento processo de refinamento da linhagem central”.

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