segunda-feira, 6 de maio de 2013

Sobre a "Cura Gay" - Marcos Rolim


Durante 20 anos, John Paulk integrou a direção de uma organização homofóbica dos EUA chamada Exodus e foi apresentado por cristãos fundamentalistas norteamericanos como um “ex-gay”.
Ele se casou com uma “ex-lésbica” e ganhou dinheiro com palestras, entrevistas e participação em centenas de eventos promovidos pela direita religiosa. A “família perfeita” que eles haviam formado era exibida como a prova do poder de Deus de transformar vidas. Em 2001, entretanto, Paulk foi fotografado em um bar gay em Washington, D.C. Sua carreira como “ex-gay” era uma fraude; assim como muitas outras.

A Assembleia Mundial da Saúde retirou a homossexualidade de sua lista de distúrbios mentais em 1990. Três anos depois, com a nova Classificação Internacional de Doenças (CID-10), a homossexualidade deixou de ser considerada patologia. Desde então, para a ciência pelo menos, a homossexualidade é manifestação da diversidade humana, ponto. A Associação Psiquiátrica Americana (APA) sustenta que as posições que anunciam a “cura” da homossexualidade não são orientadas por estudos científicos, mas por grupos religiosos e políticos que se opõem à cidadania de gays e lésbicas. Em 2000, a entidade aprovou posição oficial sobre o tema das “terapias reparadoras” ou de “conversão” (Therapies Focused on Attempts to Change Sexual Orientation - Reparative or Conversion Therapies) assinalando: “nas últimas 4 décadas terapeutas “reparadores” não produziram qualquer pesquisa científica rigorosa que oferecesse substância às alegadas “curas”. (...) A APA recomenda que os profissionais éticos devam abster-se das tentativas de alterar a orientação sexual dos indivíduos, tendo em mente o ditado médico: ‘Primeiro, não fazer mal’ ”.

Esta conclusão sintetiza o consenso científico sobre o tema que amparou posição adotada no Brasil pelo Conselho Federal de Psicologia (CFP), na resolução nº 1, de 23 de Março de 1999, que estabelece normas para a atuação dos psicólogos sobre a orientação sexual. Nada disso, entretanto, interessa aos que foram colonizados pelo dogma e que estão dispostos a oferecer sua ignorância e as maldades decorrentes do preconceito em nome de Deus.

No século XX, há uma tentativa impressionante de “curar” homossexuais. Ela foi oferecida pelos nazistas. Eles começaram, em 1933, incendiando a biblioteca de Magnus Hirschfeld (1868-1935), o pioneiro médico defensor dos direitos dos homossexuais. Depois, promoveram Ernest Rüdin (1874-1952), psiquiatra autor da lei de esterilização dos “portadores de taras e heredomanias”. Nesta linha “terapêutica”, homossexuais foram submetidos a neurocirurgias, enquanto outros tiveram seus testículos extirpados.
A possibilidade de “curar” homossexuais é a mais nova bandeira da bancada evangélica no Brasil. Nulidades como marco feliciano (PCS), joão campos (PSDB) e roberto lucena (PV) lideram mais esta frente de intolerância e apreço pelo ridículo. Não há uma vírgula de amor e compreensão em seu ânimo, apenas o fanatismo dos que foram possuídos pela “verdade” – o mais perigoso de todos os fanatismos, em todos os tempos.

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