domingo, 2 de setembro de 2012

Manuélia, a pós-moderna

Quis o destino que a maior expressão da pós-modernidade na política do Rio Grande do Sul (quiçá do Brasil) seja oriunda do PC do B.  O maior problema é que a pós-mdernidade restrita ao cinema, por exemplo, pode ser brilhante (como Tarantino), porém, aplicada à política, a pós-modernidade é o desastre da razão, sucumbindo à irracionalidade.
Manuélia tem praticamente todos os ingredientes da pós-modernidade: dispersão, retórica, imanência, combinação de significantes... enfim. Quem quiser entender a pós-modernidade observe a deputada e terá um exemplo. Talvez venha daí a sua força. Ela está em sintonia com tempos de dispersão, desconstruções, individualismos e outros quetais, que alimentam  a desrazão do mundo de hoje. Manuélia representa o oposto do que significa o PC do B. É admirável que seu meio milhão de votos e a perspectiva de eleição à Prefeitura de Porto Alegre tenham seduzido seus dirigentes e entregue a direção partidária ao domínio de sua personalidade. Ninguém duvida: Manuélia manda no partido. Isso a dispensa de aceitar a diretriz partidária de solidariedade à Coréia do Norte; de referir-se à política como um ato coletivo, para centrar-se na capacidade diferenciada de um "eu" poderoso e capaz de tudo (o super-homem de Nietsche na versão feminina); de suas promessas eleitorais serem justificadas pela realidade.
A gestão Fortunati é ruim, a isso, Manuélia contrapõe uma nova titude e a tecnologia como formas de superar os problemas. O culto ao personalismo e à técnica dispensam a política, pois a solução está nas mãos de alguém capaz de resolver os problemas da população.
A sedução dessa fórmula sobre a população de Porto Alegre é preocupante. Ao contrário do que muitos pensam, é nas classes populares que Manuélia tem mais incidência. Mais ou menos como as seitas pentecostais que seduzem milhares de pessoas com suas promessas e seus rituais elaborados,  hostis ao bom senso, mas cativantes para multidões.
A minha amiga Margarete Moraes chamou a atenção para algo sgnificativo do modo de ver as coisas representado pela candidatura pcdobista: as flores da Manuélia. Espalhar flores pela cidade, constituiu-se numa jogada de marketing intleigente, expondo um símbolo que já pensávamos superado pela trajetória feminista. A delicadeza e a beleza da flor como símbolos do feminino na política. E o pior é que isso parece estar pegando. Manuélia se comunica com a sociedade através de símbolos tão complexos que me escapam, mas que escondem a natureza racional e cruel da política para pintar um quadro irreal onde a vontade pode tudo e a realidade será do modo como nós a desejarmos.
Se alguém perguntar porque eu comento sobre a Manuélia e não sobre o Fortunati respondo: eleitoralmente Fortunati é o adversário comum, mas os exageros de Fortunati já tem um nome - demagogia, os exageros de Manuélia ainda não sei como chamar.
O destino caprichoso pode fazer com que, no futuro, eu vote na pcdobista; que não seja agora.
O que me preocupa não é a vitória de Manuélia, mas a vitória da desrazão que ela representa.

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