O filósofo Walter Benjamin (1892-1940), um dos nomes mais importantes da história da filosofia na primeira metade do século XX, deixou um tesouro de pensamentos e imagens salvos graças a seus amigos, e que estão sendo apresentados, a partir de hoje, e pela primeira vez, no Museu de Arte e História do Judaísmo de Paris, 71 anos depois de sua morte na fronteira franco-espanhola.
Os arquivos deste pensador berlinense, autor, entre outros livros, de "A Obra de Arte na Era da Sua Reprodutibilidade Técnica" (1936), existem graças à correspondência com os amigos, entre eles os filósofos Theodor Adorno, Hanna Arendt e Gershom Scholem; o dramaturgo Bertolt Brecht e o escritor Herman Hesse.Partia de um pensamento que incorporava a influência romântica a um certo messianismo de origem judaica. Nos anos 1920, passou somar a estes fatores o Materialismo Histórico, aproximando-se, então, da chamada Escola de Frankfurt.
São consideradas inúmeras as influências deixadas por Walter Benjamin na filosofia, na política e na arte contemporânea. A singular combinação de um pensamento messiânico com o Materialismo Histórico, por exemplo, leva à possibilidade de enxergar em Benjamin, tal como propôs Michael Löwi, um precursor da teologia da libertação - o movimento religioso observado na América Latina nas últimas décadas do século XX). Dessa forma, em Benjamin, o Messias seria capaz a própria humanidade oprimida, em sua luta pela libertação.
Os angustiosos anos de ascensão do nazismo obrigaram-no, em 1933, a exiliar-se em Paris. Mas Benjamin, como mostra uma célebre fotografia de Gisele Freund, preparava, na Biblioteca Nacional, suas futuras obras, entre elas as teses "Sobre o conceito de história", e um livro ambicioso "Paris, capital do século XIX" sobre as galerias, arcadas e paisagens da cidade.
Os manuscritos, fotografias, arquivos, catálogos, cadernos e postais apresentados em Paris "são um testemunho de seus esforços para continuar escrevendo em circunstâncias hostis", diz um dos curadores da exposição, Ermund Wizisla.
Os textos enviados a seus amigos "são frutos da árvore do cuidado, cujas raízes crescem em meu coração e as folhas em teus arquivos", diz em uma carta ao amigo Scholem, quem emigrara para a Palestina, em 1923.
"Recolher seus textos dispersos seria uma tarefa quase impossível, se não fossem suas precauções e a lucidez de seus amigos", acrescentou Wizisla.
"Chaplin é chave para entender Kafka, na medida em que Chaplin oferece situações onde as condições do excluído e do deserdado, e a eterna dor humana se encontram ligadoa de maneira única às circunstâncias mais especiais da existência hoje em dia, o regime do dinheiro, a grande cidade, a polícia... em Kafka, todo acontecimento é, ao mesmo tempo, imemorável e uma notícia de última hora", escreveu.
De: Jornal do Brasil
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