terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Distritão de Temer estimula figurões e máquinas eleitorais

O chamado "Distritão", defendido pelo Vice-Presidente Michel Temer propõe que, em cada Unidade Federativa, a escolha dos representantes no parlamento será feita a partir da ordem de votação, abandonando a utilização do quociente eleitoral.
Na minha singela opinião, a proposta é um retrocesso. Aprová-la, será reforçar o personalismo dos políticos em detrimento de projetos políticos coletivos. Fala-se muito mal dos partidos, mas a força de uma democracia está vinculada a força desses partidos e às ideias que eles expressam. Grande parte da responsabilidade pelas dificuldades de nosso sistema político está no excessivo personalismo e na tomada das estruturas partidárias pelos detentores de mandatos. O modelo de Temer reforça isso. Reforça, também, as candidaturas de clelebridades e de detentores das máquinas eleitorais, que, por serem mais conhecidos e/ou possuirem uma estrutura mais poderosa, têm mais facilidade em fazer grandes votações.
Ou seja, o modelo de Temer reforça o que há de pior na sistema eleitoral brasileiro: o excesso de personalismo e a prevalência do poder econômico.

Há uma fala do senso comum segundo a qual o eleitor vota nas pessoas. Essa é uma base forte para a defesa do modelo Temer. Porém, cabe lembrar que, passado um mês das eleições, 20% dos eleitores já não lembra em quem votou. Conforme o tempo passa, o percentual dos desmemoriados aumenta. Ou seja, as campanhas personalizadas aumentam o grau de desresponsabilização do eleito com o eleitor. O eleito representa a si mesmo, com procuração da população.
Estudos como os de André Marenco mostram uma coerência partidária na votação do eleitorado. Por isso, por exemplo, é possível projetar o número de cadeiras que um partido fará.
 A proposta de Temer será negativa para o amadurecimento da democracia brasileira e no fortalecimento de projetos articulados e coletivos.

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