terça-feira, 27 de julho de 2010

Brasil: é preciso avançar muito no combate às desigualdades II

O total de milionários no país atingiu 147 mil pessoas em 2009. Possuem ativos de ao menos US$ 1 milhão, desconsiderando a principal residência, segundo  critério do estudo de Capgemini e Merrill Lynch. Estima-se que cerca de 87% da riqueza dos milionários no Brasil está concentrada nas mãos dos ultramilionários, isto é, aqueles que têm ao menos US$ 30 milhões. Na média global, os ultramilionários concentram 35,5% da riqueza. Entre os 12 países com mais milionários, o crescimento brasileiro nesse ano só foi maior que os de Alemanha e Itália. Na média, o número de milionários no mundo avançou 17%. Portanto, o crescimento no número de milionários no Brasil não acompanhou a média mundial no ano de 2009. Mas não é negativo o país ter perdido uma posição no ranking dos que concentram mais ricos…
Os ricos ficaram mais ricos no ano em que o mundo passava pela pior recessão em oito décadas. Fundamentalmente, as reavaliações no mercado de ações levaram o número de milionários ao redor do mundo aumentar 17%, para 10 milhões de pessoas. A riqueza na mão dos milionários cresceu para US$ 39 trilhões, quase recuperando as perdas sofridas com a crise financeira. As constatações estão no mais recente relatório Merrill Lynch-Capgemini sobre a riqueza no mundo, segundo resumo de Valor (23/06/10).
O valor das ações aumentou 50%, enquanto os fundos hedge recuperaram a maior parte das perdas sofridas em 2008. O crescimento mais acelerado da riqueza ocorreu na Índia, China e Brasil, alguns dos mercados mais duramente atingidos em 2008.
O número de milionários subiu para 3 milhões na Ásia, igualando a Europa pela primeira vez. As fortunas combinadas dos milionários asiáticos cresceram para US$ 9,7 trilhões, superando o total da Europa, de US$ 9,5 trilhões. Na América do Norte, a fortuna dos milionários subiu para US$ 10,7 trilhões.
Os Estados Unidos continua o lar da maioria dos milionários em 2009 (2,87 milhões), seguidos do Japão (1,65 milhão), Alemanha (861 mil) e China (477 mil). A Suíça teve a maior concentração de milionários: quase 35 para cada 1 mil habitantes adultos.
Mas, mesmo com a recuperação dos portfólios de investimentos, os investidores continuaram cautelosos, depois que o colapso eliminou uma década de ganhos com as ações, provocou a contração da economia mundial e fez disparar o desemprego.
O relatório Merrill Lynch-Capgemini, baseado em pesquisas com mais de 1.100 investidores milionários que operam com 23 administradoras de fortunas, constatou que eles diversificaram suas aplicações por grande variedade de investimentos, incluindo commodities e imóveis. Os ricos ampliaram seus investimentos, em vez de concentrá-los.
Os milionários aplicaram volume maior em investimentos de renda fixa, buscando retornos previsíveis e fluxo de caixa. O desafio foi convencer os clientes a abandonar posturas mais defensivas e partir para investimentos mais arriscados e de maiores retornos. Ainda havia certa indecisão. A liquidez era importante para as pessoas que precisavam de fluxo de caixa para preservar seus estilos de vida.
O estudo constatou que a confiança dos investidores nos consultores e nas autoridades reguladoras continuava abalada. Os ricos estavam administrando ativamente seus investimentos, buscando aconselhamento personalizado e a transparência sobre os títulos que compram. Mas os investidores também estavam cada vez menos preocupados, revelou o estudo. As famílias, que “mantiveram seu dinheiro mais perto de casa”, durante a pior parte da crise, começaram a transferir dinheiro para mercados estrangeiros, especialmente os mercados emergentes.
Os investidores americanos e europeus aumentaram suas exposições aos mercados asiáticos, que, segundo projeções, deverão liderar a expansão da economia mundial. Os ricos da Europa também estão aumentando suas posições em ativos americanos e canadenses.
Os clientes mais ricos estão olhando com mais atenção as ações de companhias que pagam dividendos mais elevados, como alternativa aos rendimentos menores dos bônus pagos aos executivos. Eles estão abertos a áreas que não mereciam atenção antes, na medida em que tentam preservar seus estilos de vida. O relatório ressalta que os clientes não estão mais tão inclinados a permanecer em contas de renda fixa que rendem no máximo 1% ao ano nos países maduros – e até 1% ao mês no Brasil.

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