terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Em quatro horas, Campinas teve mais mortos do que em um mês inteiro



Cidade registrou 12 homicídios entre domingo e segunda. Participação de PMs é investigada
De: R7


A sequência de homicídios ocorridos entre a noite do último domingo (12) e a madrugada de segunda-feira (13) fez com que, em pouco mais de quatro horas, Campinas tivesse mais execuções do que costuma registrar durante um mês inteiro.
De janeiro a novembro de 2013, a cidade do interior paulista registrou 117 homicídios (os números de dezembro só devem ser divulgados pela Secretaria de Estado da Segurança Pública na semana que vem). Ou seja: em média, dez pessoas são assassinadas a cada mês no município.
Entre as 21h30 de domingo e as 2h de segunda-feira, porém, foram registradas doze mortes. Os crimes - todos na região oeste da cidade - ocorreram horas depois da morte do soldado da PM Arides Luiz dos Santos, de 44 anos, assassinado em um posto de gasolina durante uma suposta tentativa de assalto.
A Polícia Civil investiga se a noite de terror foi promovida por PMs matadores, como retaliação à morte do colega. Santos foi o segundo policial morto em suposta tentativa de assalto na cidade em um intervalo de um mês. No dia 11 de dezembro, a vítima foi o soldado Mazinho Pereira dos Santos. Na época, o crime não foi seguido por uma onda de violência como agora.
Nesta segunda, após as doze execuções, ocorreram ataques a ônibus - três coletivos foram queimados e sete, depredados.
Histórico de violência
Com 1 milhão de habitantes, Campinas tem histórico de violência. Em 2012, a cidade fechou o ano com taxa de 13,08 homicídios por 100 mil habitantes. O índice é superior ao da capital paulista: 12,02.
Foi em Campinas que morreu, em junho passado, Daniel Pedreira Pellegrine, o MC Daleste. A execução do funqueiro, em pleno palco, ocorreu depois de o artista manter relacionamento com a ex-namorada de um traficante da cidade. Dois meses depois, foi morto o estudante Denis Casagrande, 21 anos, durante uma festa no campus da Unicamp.
PCC
Campinas é também reduto de Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, apontado pelo Ministério Público como um dos integrantes da cúpula do PCC. O criminoso, que domina o tráfico de drogas no bairro de São Fernando, iniciou a carreira como sequestrador.
Em janeiro de 2002, Andinho foi acusado de sequestrar e matar Rosana Rangel Melotti, 52 anos. A vítima foi executada em frente à casa dela, após a família afirmar aos criminosos que não tinha R$ 100 mil para pagar o resgate (em seis dias, o marido de Rosana havia juntado R$ 80 mil).
Prefeito assassinado
Três meses antes, em setembro de 2001, o prefeito da cidade, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, havia sido assassinado na cidade. Andinho também foi acusado de envolvimento no crime. O sequestrador acabou preso pouco depois do assassinato de Rosana, em uma chácara em Itu.
Em janeiro de 2009, duas bombas foram jogadas na sede do jornal Correio Popular, a mando do criminoso, que não havia gostado do teor de uma reportagem sobre seu casamento. Andinho confessou o crime em juízo.
No ano passado, policiais do Denarc foram acusados de receber uma mesada do sequestrador para não atrapalhar os negócios da quadrilha.
Chacinas
As chacinas também não são incomuns na região. Em agosto passado, três pessoas foram mortas no distrito de Aparecidinha. Um ano antes, um bar do Jardim Capivari foi palco de quatro mortes.
Em 2010, quatro pesssoas de uma mesma família foram executadas no bairro Novo Maracanã. A mão de uma das vítimas foi arrancada. Na época, a Polícia Civil levantou suspeita sobre a participação de PMs, já que um dos mortos teria participado de um assalto que deixou um policial paraplégico.

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