sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Chacina de Vigário Geral: vinte anos de impunidade

Em 29 de agosto de 2013 completam-se 20 anos do assassinato de 21 pessoas por um grupo de extermínio na favela de Vigário Geral, Rio de Janeiro. Policiais militares foram acusados de ter executado os crimes. Dentre as vítimas estavam oito membros de uma mesma família, assassinados dentro de casa.
A chacina de Vigário Geral ocorreu cerca de um mês após a da Candelária, na qual foram mortos oito jovens. Ambas, assim como Acari (1990 – 11 desaparecidos), Baixada Fluminense (2005 – 29 mortos) e tantas outras, revelam um histórico de violência letal da polícia no Estado do Rio de Janeiro. Em todos os casos, policiais militares foram acusados de ter participado, inclusive por meio de grupos de extermínio. As vítimas foram jovens, moradores/as de comunidades marginalizadas e, em grande maioria, negros/as.
A impunidade e a falta de reparação – incluindo o direito de saber a verdade sobre as circunstâncias das execuções extrajudiciais - aos familiares das vítimas é uma constante. Cinquenta e dois policiais militares foram acusados de envolvimento na chacina de Vigário Geral. Sete foram condenados. Quatro dos absolvidos são réus no assassinato de Ediméia da Silva Euzébio, uma das mães de Acari, morta em 1993, cujo processo continua em andamento. Há razões para acreditar que os policiais militares envolvidos nas chacinas de Vigário Geral e Acari estejam vinculados a um grupo de extermínio chamado “Cavalos Corredores”.
Ao longo desses anos, a Anistia Internacional tem acompanhado o caso de Vigário Geral e denuncia que nem todos os envolvidos nas execuções extrajudiciais foram responsabilizados. Cinco acusados morreram antes do julgamento e dois permanecem foragidos. A impunidade persiste devido, especialmente, à morosidade e deficiência do sistema de justiça criminal, as ameaças sofridas pelas testemunhas e a ausência de um mecanismo externo de controle da atividade policial.
Além da lentidão em julgar os crimes, o poder judiciário negou provimento para ações civis de indenização promovidas por algumas famílias. Depois de 20 anos, o sentimento de injustiça e impunidade permanece entre os familiares, sendo que a viúva de uma das vítimas faleceu nesse período. 
A Anistia Internacional insta o Estado brasileiro a acabar com a impunidade conduzindo investigações imediatas, completas, independentes e imparciais sobre todos os casos de violações de direitos humanos nos quais policiais e forças de segurança estejam envolvidos. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua opinião