quinta-feira, 2 de maio de 2013

'Não sei se redução da maioridade é solução', diz pai de dentista morta

Flores são deixadas em frente ao consultório da dentista (Foto: Glauco Araújo/G1)
Flores são deixadas nesta quinta em frente ao
consultório da dentista (Foto: Glauco Araújo/G1)

Cinthya de Souza morreu após ser queimada em consultório no ABC.
Pai acredita que 'se resolve a violência com a solução dos crimes'.

Glauco Araújo Do G1 São Paulo, em São Bernardo do Campo


O pai da dentista Cinthya Magaly Moutinho de Souza, que morreu após ser queimada em um assalto em São Bernardo do Campo, no ABC, disse nesta quinta-feira (2) não saber se a redução da maioridade penal é solução para crimes como cometido contra sua filha, que teve a participação de um adolescente. O jovem chegou a assumir à polícia que ateou fogo na dentista.
“Não sei se a redução da maioridade penal é a solução. A solução é a eficiência da lei e da Justiça para minimizar a violência. Compete a esse poder [judiciário] encontrar a solução. A violência com mais violência não é solução. Se resolve a violência com a solução dos crimes”, afirmou Viriato Gomes de Souza.
Além do jovem, três adultos suspeitos do crime estão presos. “Em todo caso você vê um menor envolvido, parece que faz parte de uma metodologia manter uma pessoa menor para responsabilizá-la”, acrescentou o pai.

Souza afirma que “todo brasileiro tem direito a segurança”. “Espero que haja um enquadramento legal e que cada um pague o que fez. O que eu fiz a vida toda foi cumprir as regras da sociedade. Se você buscar nas esferas policiais, você não vai ver meu nome lá. Tentei transmitir isso para minha filha e ela também tem o nome limpo. Foi assim com a minha família toda. Eu fiz o meu dever, agora eu tenho direito a ter segurança.”
Ele conta que está se sentindo ameaçado após receber um telefonema de um homem se apresentou como traficante. “As duas vezes que efetivaram a ameaça disseram: aqui é um traficante. Palhaçada. Vocês prenderam meu amigo, ele não fez nada, não roubou nada”, relatou. Apesar disso, o pai afirma que a família está "tentando levar a vida em frente."
Crime
Estão presos pela morte da dentista Jonatas Cassiano Araújo, de 21 anos, Victor Miguel Souza Silva, de 24 anos, e Tiago de Jesus Pereira, de 25 anos. Segundo a polícia, foram eles que invadiram o consultório de Cinthya há uma semana.

Como não tinha dinheiro quando foi assaltada, a dentista entregou o cartão bancário e a senha aos criminosos. Os ladrões, então, sacaram todo o dinheiro que a mulher tinha na conta, R$ 30, num caixa eletrônico.
Segundo a polícia, ao receber telefonema de Jonatas informando que a vítima tinha apenas R$ 30 na sua conta, o menor ficou irritado e ateou fogo no avental da dentista.
Nesta terça-feira (30), moradores do bairro Jardim Hollywood fizeram uma manifestação contra o assassinato da dentista. O protesto contra a violência começou por volta das 17h na Rua Copacabana, onde ficava o consultório.
Gritando por justiça, os manifestantes pediam o fim da impunidade e a diminuição da maioridade penal. Segundo Eraldo Previato, um dos organizadores da manifestação, a comunidade da região deve criar uma ONG em nome de Cinthya. "Foi um horror o crime da Cinthya. Mesmo o pior ser humano do mundo não pode ser assassinado dessa maneira", afirmou Eraldo.

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