quinta-feira, 7 de junho de 2012

A eleição de Porto Alegre e o PP

Coligação partidária não tem mais nada a ver com identidade programática. Baseia-se, fundamentalmente, em um cálculo político, pragmático e de conveniência. Isso vale para todos os partidos eleitoralmente competitivos. 
A eleição de Lula, em 2002, consagrou, inclusive no PT, onde sempre houve resistência a coligações, o princípio de coligar com o máximo possível de partidos para vencer e reunir o máximo possível de partidos para governar. Sendo assim, ninguém me convence com argumentos pró ou contra coligações baseado em programa. O que tem fundamentado as coligações no Brasil são os interesses políticos concretos daquela disputa e suas consequências a curto e médio prazo. Na luta pelas coligações, cada um oferece o que pode: quem está no governo, pode oferecer maior participação no presente, quem não está, pode oferecer maior participação no futuro, além de uma vaga de vice, por exemplo.
Isso significa que todas as coligações são igualmente válidas e todos os partidos representam exatamente a mesma coisa, certo? Errado, ao menos na minha singela opinião. Aí entram as consequências a curto e médio prazo que precisam ser consideradas.
Por que ninguém estranha que Fortunati (PDT) queira o apoio do PP, mas estranham que a Manuela (PC do B) queira? Pelo simples motivo que, atualmente, o PP já apoia Fortunati, que é o herdeiro da coallização conservadora que derrotou o PT após dezesseis anos. O "leito natural" do PP, politicamente falando, é Fortunati. Já Manuela, supostamente representa algo novo e é estranho que o "novo" busque apoio na "experiência administrativa" de quem só governou Porto Alegre nos tempos da ditadura militar e está umbilicalmente ligado ao modelo de gestão que a candidata critica. Ou seja, não é ciúme da coligação, é um estranhamento legítimo.
Vamos além, pensando nas consequências de curto e médio prazo. Não é segredo que Ana Amélia (que também posa de "novidade" na política) trabalha pela vitória de Manuela. E o objetivo de Ana Amélia é claro: obter apoio da prefeita da capital, já que seu partido tem representação reduzida e imagem desgastada no principal colégio eleitoral do estado. Afora isso, descola do atual governador, de quem ela é a principal adversária em 2014, um apoio importante para a reeleição. Já o PC do B, ávido pela Prefeitura de Porto Alegre e inconformado com o não-apoio do PT, está disposto a tudo por seu objetivo imediato. Para mim, é tudo muito simples, não precisam inventar argumentos baseados em ideologia ou em programa. Quero saber a que objetivos as candidaturas servem.
Se alguém não sabe, sou petista e votarei no candidato do partido por vários motivos. Entre eles, penso que: Votar na Manuela é ajudar a Ana Amélia. Ela que vá buscar ajuda no lado de lá da cerca dos latifundiários que a apoiam.

PS:Acho que o Fortunati vai levar o apoio do PP, vamos aguardar.

2 comentários:

  1. Agradeço o elogio. O fato é que a política tem se caracterizado por um jogo permanente de dissimulações e falsos argumentos. Assumir claramente os objetivos permitiria um debate real sobre o conteúdo das propostas.

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