terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

200 anos de Charles Dickens

Com uma propriedade literária admirável e uma forma narrativa inteligente e bem humorada, suas personagens eram a voz do povo e, por isso, o povo o levou ao status de um dos melhores e mais respeitados literatos de todos os tempos.
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Em 2012 se comemora o 200° aniversário de Charles Dickens. Não é preciso ser leitor de Dickens para conhecê-lo. É preciso ser leitor de Dickens se você gostar de boa literatura, simples assim. Mas, com absoluta certeza você que nunca leu Dickens, o conhece. Um dos mais célebres autores britânicos - só perde para Shakespeare em número de obras reproduzidas no teatro, no cinema e na televisão - construiu seu nome escrevendo sobre a sociedade britânica da era vitoriana, o que resultou num dos mais extraordinários acervos literários de todos os tempos. Claro que eu acho isso, eu acho sua escrita plausível o suficiente para usar a palavra “extraordinária”. O fato é que Dickens era realmente bom com as palavras. E, além de seu talento com a pena, ele revolucionou a literatura, introduzindo a crítica social no estilo. Por isso, Charles Dickens jamais foi esquecido, pois é atual ainda hoje.
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Dickens foi muito corajoso e inteligente. Era um jovem que enxergava o mundo em palavras, ansioso em expressar seus pontos de vista acerca da realidade ao seu redor. E aos 23 anos o fez. Escreveu, criticou. E com grande maestria ao introduzir à sua prosa, o humor – refinado, sarcástico, mas temperado. Sabia que assim conseguiria atenção.
Começou sua carreira como jornalista e criava sketches sociais, retratando a sociedade da época, ainda com o pseudônimo “Boz”. Pouco tempo depois escreveu a hilária série “The Posthumous Papers of the Pickwick Club”, um grande sucesso na época pelo seu viés cômico, mas ainda muito discreto no que se refere a sua mais intensa característica, a crítica social.
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Seu primeiro forte ataque contra a sociedade da era vitoriana foi com sua novela “Oliver Twist", em 1838. O romance foi publicado semanalmente por meio de folhetins. O modelo de publicação caiu no gosto do povo que ficava ansioso pelo desfecho da estória na semana seguinte. E, assim, aconteceu com várias de suas obras.
No anos que seguiram o jovem Dickens produziu feito uma máquina, mas pensante. Vieram, então “Nicholas Nickleby” (1839) e “Old Curiosity Shop” (1841). Em 1943 publicou o célebre: “A Christmas Carol" – uma das obras mais traduzidas, adaptadas e conhecidas ao redor do mundo, fazendo de Ebenezer Scrooge a mais famosa personagem do Natal de todos os tempos. A temática natalina rendeu mais cinco livros. Em 1848 publicou "Dombey and Son", dando ênfase à Revolução Industrial que abocanhava a sociedade e os costumes vitorianos.
Seu mais famoso romance veio em seguida, em 1949, “David Copperfield”. Um obra autobiográfica, inspirada nas cenas, lembranças, ideais e esperanças do próprio Dickens. E vieram logo “Bleak House” (1852) e “Hard Times: For These Times” (1853).
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Apesar de nunca cair no desgosto do público, que o lia com voracidade e grande expectativa, por causa de sua escrita carismática, a partir de 1854 os romances de Dickens ganharam força com dois grandes sucessos “Little Dorrit” (1856) – recentemente adaptada em seriado pela britânica BBC e “A Tale of Two Cities” (1859) – se passa no período da revolução francesa, desde então é um dos livros mais vendidos ao redor do mundo. Em 1860 sua carreira tem um novo, e último, auge com o épico “Great Expectations” – também ocupa o posto de uma das obras mais adaptadas da história. Depois vieram “Our Mutual Friend” (1865) e “The Mystery of Edwin Drood” (1870) – incompleto por causa de sua morte no mesmo ano. Foi sepultado no "Poets' Corner", na Abadia de Westminster.
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Casa onde passou metade de sua vida e morreu, no condado de Kent, Inglaterra.
Embora suas estórias sempre acabem por um viés otimista e ideal, Dickens retratava o problema, sua pena manchava o cerimonioso sistema britânico, sua pena feria a política, a sociedade, a burguesia e incomodava muitos dos ímpetos humanos, ultrapassando, assim, a crítica social e culminando numa literatura reflexiva, numa forma de escrita das mais sofisticadas e acessíveis já conferidas até hoje.
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Nova moeda criada no Reino Unido para comemorar o 200 º aniversário de seu nascimento, em 7 fevereiro de 1812. Na face, a cabeça da Rainha, à direita, e no reverso a imagem de Charles Dickens, feita a partir de alguns dos títulos de seus romances mais famosos.

Um dos mais famosos sítios dedicados ao artista, aqui.

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