terça-feira, 15 de novembro de 2011

Cidade Baixa e o imperativo da tolerância

A interdição de bares na Cidade Baixa é uma daquelas situações em que todos têm um pouco de razão. Não é razoável propor que os moradores da Cidade Baixa se mudem porque há barulho na rua. O razoável é que todos cumpram a legislação - do Moinhos de Vento à Restinga.
 TODO EMPRESÁRIO defende seus interesses dizendo que promove o  emprego. O fato é que TODO EMPRESÁRIO visa o lucro, gerando ou não empregos. Os empreendedores que instalaram seus negócios na Cidade Baixa, querem usufruir o máximo, com responsabilidade mínima. Se não for possível, mudarão de bairro. Os artistas que tocam nos bares interditados, naturalmente, não querem o fechamento de seus espaços. Daí, partem na defesa dos interesse dos empresários que não seguem as leis.
A classe média portoalegrense adora vir beber cerveja na Cidade Baixa e, depois, voltar para sua casa,sem se importar com o ruído e o rastro de sujeira que deixa pelo caminho. É justo tratar um bairro como mero espaço para satisfação dos seus desejos?
É bom poder andar pela Cidade Baixa e encontrar um lugar pra tomar uma cerveja e conversar. Até aí, tudo bem, mas me parece que o bairro está vivendo um ponto de virada. Um ponto em que a excessiva concentração de bares está esgarçando as relações entre moradores e "usuários" do bairro. Não é bom que essa tensão se resolva pela exacerbação do conflito. Por isso existem leis. E o Estado, no caso, a Prefeitura, deve intervir em favor do bem comum. Se os conflitos se exacerbarem, dentro de algum tempo o bairro será abandonado pelos moradores tradicionais que tiverem condição de se mudar (os mais pobres se ralam),  surgirá um outro ponto de atração da vida noturna, os estabelecimentos migrarão para o novo ponto e a Cidade Baixa entrará em processo de degradação. É um risco real.
Ainda há tempo de se estabelecer uma solução negociada, que mantenha a vida noturna na Cidade Baixa, mas que evite a destruição do Bairro - o que significaria a "morte da galinha dos ovos de ouro". É possível, mas é preciso ter tolerância e disposição de conversar, respeitando o entendimento entre as partes envolvidas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por sua opinião