sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Albert Khan, o arquiteto da indústria de Detroit

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Arquitectos moldam as faces das cidades e, sem uma assinatura física, o estilo, materiais e elementos usados criam uma identidade muito própria. Na metrópole moderna é difícil identificar essas características e, ainda mais o é, ver na totalidade e como um todo o trabalho de um criador, um artista e um artesão.
Recuando cem anos, até ao início do século XX, com todo o desenvolvimento que o caracteriza, é possível demarcar o legado de cada arquitecto quer pela inovação quer pela estética ímpar, numa amálgama ainda mais ou menos ordenada no panorama arquitectónico. É o caso de Albert Kahn.
Sendo um dos arquitectos mais prolíficos na história Americana, e apesar de ter projectado mais de 1000 (junto com seus associados) edifícios um pouco por todo o mundo ao longo da sua carreira, Kahn, é muitas vezes apelidado como o ‘Arquitecto de Detroit’, cidade onde grande parte da sua obra ganha forma e a sua influência é mais vincada.
Ainda que o traço dos seus edifícios fosse na maioria das vezes minimalista, de linhas limpas e simples, era um designer pragmático que não se prendia a um estilo, estrutura ou organização únicos ou estritos. Além disso, possuía valores que tornavam os seus clientes leais. Tremendamente energético e com uma capacidade de focalização excepcional, era dos poucos capazes de administrar efectivamente e completar projectos dentro do tempo e orçamento estipulados, o que rapidamente atraiu capitalistas do ramo automóvel em Detroit, como Henry Ford ou Walter P. Chrysler.
Albert Kahn é o pai da fábrica americana, trazendo o modernismo europeu ao local onde as linhas de montagem foram inventadas, e criando algumas das maiores fábricas jamais construídas.
Apesar desta forte ligação à terra-natal, as origens de Kahn estão bem longe da América que o tornou famoso. O mais velho de oito irmãos, nasceu na Alemanha em 21 de Março de 1869. Logo após o seu nascimento, a família mudou-se para o Luxemburgo, de onde migrariam para os EUA em 1880, especificamente para a cidade de Detroit, no Michigan.
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Filho de um rabino – Joseph –, de trabalho instável, e de uma mãe ligada às artes visuais e à música – Rosalie –, pouco tardou para que Albert fosse obrigado a descontinuar a sua educação secundária para ajudar no sustento da família.
Além do seu interesse pela música, por influência da mãe, Albert Kahn tinha um dom para o desenho, o qual descobriu ainda muito jovem, aperfeiçoou e que lhe garantiu um emprego como aprendiz na famosa firma de arquitectos Mason & Rice, onde ingressou em 1884 e trabalhou diligentemente. A sua dedicação compensou e, aos 22 anos ganhou uma bolsa de estudo na Europa, podendo viajar a fim de desenvolver e complementar a sua formação, prática comum entre jovens arquitectos.
Porém, Kahn não tinha a formação académica de muitos daqueles que conheceu, pelo que quando voltou a Detroit juntou-se novamente à Mason & Rice. Só em 1895 foi fundada a Albert Kahn Associates, depois de anos a criar um estilo de construção aliciante, no qual o betão reforçado substituiu a madeira, permitindo não só uma melhor protecção contra o fogo mas, mais importante, a existência de enormes espaços interiores completamente desobstruídos.
Kahn e o seu escritório de 600 pessoas estiveram envolvidos em projectos para as forças armadas nas duas Grandes Guerras, para a Universidade do Michigan, variados edifícios públicos e privados, e para as fábricas. Estas, particularmente as da indústria automóvel, foram a maior consquista de Albert. A Ford River Rouge Plant é com certeza o melhor dos exemplos da arquitectura de Kahn, com os seus transportadores cruzados, enormes chaminés e uma escala monumental, empregando no seu auge 120,000 pessoas.
Em 1938, quatros anos antes da morte de Albert, a sua firma era responsável por 20 por cento de todas as fábricas da América. O seu sucesso e, consequente, volume de negócio imortalizaram Albert Kahn e as suas técnicas de construção, uso de novos materiais, aplicação de formas geométricas minimalistas e falta de ornamentação, fascinando, ainda hoje, arquitectos, artistas plásticos e historiadores.
Com uma carreira de mais de meio século, Kahn, ajudou a catapultar a América para o sucesso, naquele que foi provavelmente o período mais frenético da era industrializada. Isto tudo baseando-se em dois princípios: simplicidade e adaptação dos modelos tradicionais a novas exigências e tecnologias.
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