sexta-feira, 10 de junho de 2011

Rafinha Bastos foge de Rosmary e perde chance de autocrítica

Humorista corre do convite para ir ao Conselho Estadual da Condição de Feminina entender melhor os males do estupro; tremeu e tergiversou - Marco Damiani, Brasil 247 _

“Se os comediantes tiverem que responder por toda piada que fazem, não vão ter tempo pra mais nada na vida. Nem pra fazer comédia". A frase, enviada por e-mail, é de Rafinha Bastos, dirigida ao portal Comunique-se, que, por sua vez, repercutiu, sem citar a fonte, infelizmente, entrevista de Brasil 247 com a delegada Rosmary Corrêa, presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina.
Em entrevista ao 247, Rosmary desafiou Bastos ontem a marcar uma hora para ir até a sede do Conselho e entender melhor, diante das 32 conselheiras do órgão, as conseqüências do estupro sobre as mulheres. Ele aumentou sua própria fama, pelo lado negativo, ao fazer uma piada sobre o tema, na qual diz que as mulheres “feias” deveriam agradecer pelo crime. Com 2,29 milhões de seguidores em sua conta no twitter, foi considerado pelo The New York Times, este ano, como o tuiteiro mais influente do mundo, em razão dos retornos que recebe.
Sabe-se agora que, além de influente, Bastos é tergiversador. Brasil 247, ontem, enviou uma pergunta ao twitter dele para que se pronunciasse sobre o convite, na prática um desafio. O humorista fez que não viu, não respondeu. Ao teclar hoje com o Comunique-se, porém, saiu-se com essa de que não teria tempo para mais nada se tivesse de “responder por toda piada” que faz. A justificativa é tão tola quanto muitas das bobagens que ele espalha. A presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina não convidou Bastos para responder “a toda piada”, mas sim para que ele tivesse chance de entender o mal que uma piada específica – se é que foi – pode causar – ou já causou. Uma piada específica, frise-se, sobre um crime que vitimiza milhares de mulheres no Brasil e no mundo. Bastos, jamais brilhante, perdeu com a fuga uma chance de dar a volta por cima sobre pelo menos uma de suas pisadas na bola. Absolutamente sem graça.

Leia abaixo o texto de Brasil 247 com o desafio da presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina a Bastos:

Vamos ver se Rafinha Bastos é homem. O que pode soar como uma piada é, em verdade, um desafio feito à sério. O humorista do CQC e tuiteiro mais influente do mundo, segundo o The New York Times, acaba de ser chamado pela delegada Rosmary Corrêa a estar frente a frente com ela para entender, em detalhes, o que é um estupro e quais são seus efeitos sobre o estado físico e mental nas mulheres que deste tipo de crime foram vítimas. Titular do Conselho Estadual da Condição Feminina, órgão oficial do governo paulista, Rosmary não consegue aceitar a piada de Rafinha, que ainda reverbera nas redes sociais e outros meios de comunicação: “Toda mulher que reclama que foi estuprada é feia pra c... . Reclama do que? Deveria dar graças a Deus”, disse ele, mais de uma vez, em suas apresentações de stand up comedy.
Diante de Brasil 247, em entrevista realizada há pouco, a delegada Rosmary teve a ideia de enfrentar a polêmica frente a frente com Rafinha.
“Eu convido Rafinha Bastos a marcar uma hora comigo e as demais 32 integrantes do Conselho de Defesa da Condição Feminina para que ele entenda, exatamente, o que é um estupro”, disse Rosmary, presidente do Conselho, à reportagem. “A piada que ele fez continua repercutindo, o que é uma lástima. Rafinha extrapolou da condição de humorista, fez uma frase completamente inaceitável e nefasta”.
Rosmary, que foi a primeira titular de uma delegacia da mulher no Brasil, há mais de 20 anos – hoje, só no estado de São Paulo existem 128 delas --, acredita que Rafinha não pode se recusar a aceitar. “Se ele tiver um mínimo de sensibilidade, virá até nós entender o estrago que fez com essa frase”, afirmou. “A violência contra a mulher está aumentando e, quando uma pessoa influente como ele faz esse tipo de coisa, só piora tudo”. A delegada lembrou que, tempos atrás, o Brasil não fazia parte das estatísticas mundiais de violência contra a mulher. “Mas, hoje, somos o décimo país com mais crimes desse tipo”.
Rosmary fez questão de passar, à Brasil 247, o endereço e telefone do Conselho Estadual da Condição Feminina para que Rafinha Bastos agende o encontro com ela e as 32 conselheiras. “Ele pode ligar para (11) 32 21 63 74 e falar com a minha secretária. Proponho o encontro aqui mesmo, na sede do Conselho, rua Antonio de Godoy, 122, 6º andar. Estamos esperando por ele”. É com você, Rafinha? Topa o desafio ou tremeu?


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