sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Proibir obra de Monteiro Lobato?

As ideias deste homem são perigosas?
O CNE (Conselho Nacional de Educação) emitiu parecer orientando que "a Secretaria de Educação do Distrito Federal se abstenha de utilizar material que não se coadune com as políticas públicas para uma educação". O parecer cita o livro "Caçadas de Pedrinho" como um desses livros. Li o parecer rapidamente e acho que certa mídia exagerou no tom da denúncia. O CNE não fez o que exatamente o que foi noticiado, mas acho que, mesmo assim, o Conselho exagerou na dose e abriu prcedente para a criação de uma lista de livros que podem ser proibidos aos estudantes.
Eu li Caçadas de Pedrinho (aliás, li praticamente todos os livros do Sítio do Pica-Pau Amarelo) há muito tempo, por isso lembro vagamente de seu conteúdo. Há em muitos livros do Monteiro Lobato aspectos que, talvez, não se coadunem mais com a realidade de hoje. Caçadas de Pedrinho, aliás, já recebeu notas explicativas, considrando que não é nada legal um menino de nove anos sair caçando onças, que, além de serem ferozes, estão em extinção.
Daí a orientar que não haja a distribuição de qualquer livro de Monteiro Lobato na rede pública, ainda que só do Distrito Federal é um ato absurdo. Os livros de Lobato são cheios de discussões sobre os mais diversos temas. Não foram escritos para fechar a visão de ninguém, mas para ampliá-la.
Lobato não é um escritorzinho qualquer, é um patrimônio da literatura brasileira e mundial. Sua obra é impermeável à crítica? Claro que não. Nenhuma obra o é. Porém,  esse fundamentalismo anti-racista pode ser perigoso. Ao invés da leitura crítica e da problematização, apela-se à proibição da divulgação de uma obra. Há muitos livros significativos na literatura brasileira que, dependendo do modo como são lidos, podem ser tidos como rascistas. Lembro de algumas partes de Tibicuera, do Érico Veríssimo. E Macunaíma? Não será possível uma leitura racista de Mário de Andrade?
A lista pode ser longa. O CNE teria que elaborar um índex de livros que não poderiam ser lidos pelos alunos da rede pública de escolas. Não é esse o caminho.

3 comentários:

  1. Ai,me dá uma preguiça...Bem vamos lá:Sempre fui uma leitora comecei a ler graças à minha mãe, e tínhamos um famoso café das trÊs em que ela ficava de um lado lendo uma fotonovel ou um livro e eu do outro lado descobrindo um mundo maravilhoso: eram os livros que foram da infância de minha mãe.assim quando entrei para a escola eu já lia.Mais tarde na quianta série , na época era o primeiro ginasial, já tinha lido todo o monteiro lobato, todo mesmo!Apaixonada!E um dia vendo que já tinha lido tudo dessa biblioteca descobri InoCência gostei do título, da capa e fui levar para casa, mas a biblioteca muito preocupada disse: isso não é pra você,Plim!!!! Pronto ela na verdde estava dizendoleia.E eu no dia seguinte cometi um roubo.Entrei na biblioteca com uma blusa de frio peguei os segredos de taquarapoca e escondi sob a blusa o Inocência, li e fiquei procurando a razão de não ser para mim...fiquei decepcionada. A proibição aguça e dirige uma leitura entortando o sentido.Quem teve essa pretensão de proibir o Monteiro ( sim sou íntima dele)simplesmente não é leitor é um repetidor abestalhado com o mundo

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  2. Será que não perceberam ainda que a obra de Lobato é pura ficção? Que na ficção, tudo pode? Não seria melhor ler a histórias maravilhosas deste autor do que assistir às novelas medonhas que temos hoje?

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  3. QUEM APRESENTOU ESSE CASO DE RACISMO CONTRA O SAUDOSO MONTEIRO LOBATO, NÃO SABE QUEM REALMENTE FOI MONTEIRO LOBATO !!!
    NA LITERATURA FOI UM MARCO, E NA ALFABETIZAÇÃO FOI E SERÁ UM GRANDE COLABORADO NO SISTEMA DA ESCRITA E DA LEITURA.

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