sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Antipetismo criou veneno, mas não tomou atídoto

Durante anos, o antipetismo alimentou-se da crítica à suposta arrogância e propriedade da verdade dos petistas gaúchos. A veemência na defesa de ideias e as denúncias aos governantes eram interpretadas como intolerância e denuncismo. Cá pra nós, há um tanto de arrogância nos argumentos da esquerda. Por conta disso, a ideia de que, no segundo turno, todos iriam contra o PT, acabou estabelecendo uma lógica eleitoral perversa: só o PT perdia eleições. Os demais, passada a disputa, compunham um governo em que só o PT ficava de fora.
Em 2002, Lula inaugurou um outro modo de disputar. É verdade que o preço do sucesso foi o rebaixamento programático. Mas, de fato, a relação do PT com os demais partidos e com a sociedade modificou-se. Em 2010, o PT gaúcho entra nessa onda e aparece com a possibilidade de seu candidato fazer mais de 50% dos votos válidos em um primeiro turno.
Nesta eleição, Serra e Yeda estão fazendo o papel de intolerantes e irados. É incrível o modo raivoso como a Rainha de Copas se dirige aos que discordam dela. Serra destila raiva e ressentimento. Eles aprenderam a usar o veneno contra o PT, mas esqueceram de proteger a si próprios.
Muita coisa mudou, inclusive o PT, qual o preço dessa mudança? Pode ter sido alto do ponto de vista dos objetivos de longo prazo, mais generosos e grandiosos que modesta utopia de “governar bem, para melhorar a vida de quem vive mal”. Valeu a pena? Apesar de tudo, eu acho que valeu.
Quem não tiver paciência histórica desista de ser de esquerda no Brasil.

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