sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Porto Alegre lidera ranking de água contaminada entre 20 capitais

Estudo elaborado pela Unicamp avaliou água de mananciais e água tratada.
Pesquisa encontrou grande presença de 'interferentes endócrinos'.

A qualidade da água distribuída aos moradores de Porto Alegre é a pior entre 20 capitais brasileiras, segundo uma pesquisa elaborada pelo Instituto de Química da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), de São Paulo. Divulgado na segunda-feira (23), o estudo coloca a capital gaúcha no topo do ranking, à frente de metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Mesmo assim, ainda é considerada potável e atende os requisitos do Ministério da Saúde.
A pesquisa indica que a água que sai da torneira dos porto-alegrenses possui grande concentração de “interferentes endócrinos”, substâncias que afetam o sistema hormonal de seres vivos, podendo causas sérios danos à saúde, alertam os pesquisadores. Consideradas como “contaminantes emergentes”, aparecem em controles de qualidade, mas não existem portarias ou leis que impeçam o consumo. Porém, se consumidas em larga escala e por longo prazo, podem causar diversas doenças, como diabetes, obesidade e câncer.
·          
Ranking
Capital
Cafeína média (ng/l)
Porto Alegre
2257
Campo Grande
900
Cuiabá
222
Belo Horizonte
206
Vitória
196
A Unicamp coletou amostras de mananciais e de água tratada. O nível de cafeína foi usado como indicador da presença de contaminantes que têm ação estrógena, um efeito semelhante ao do hormônio feminino. Porto Alegre aparece com 2.257 nanogramas de cafeína por litro, bem próximo ao máximo recomendado (2.769 ng/l). O mínimo, segundo a pesquisa, é de 1.342 ng/l. Campo Grande é a segunda colocada, com 900 ng/l, seguida de Cuiabá, Belo Horizonte e Vitória (veja o quadro ao lado).
“A cafeína presente na água é quase toda excretada pela atividade humana. É uma droga muito consumida. A gente consome muito, seja junto a medicamentos, refrigerantes, energéticos”, afirmou o pesquisador Wilson Jardim, que liderou a pesquisa, ao site da Unicamp.
Jardim ressaltou que em mananciais europeus, por exemplo, é difícil encontrar níveis de cafeína acima de 20 ng/l. “Em termos de contaminantes emergentes, no Brasil, bebemos água com qualidade comparável à da água não tratada lá de fora”, comparou.
A avaliação de Jardim é que a qualidade da água no Brasil ainda precisa melhorar muito, principalmente em questões reguladoras. “A portaria 2914 do Ministério da Saúde, que normatiza a qualidade da água potável, é muito estática, e a nossa vida é dinâmica, nossa sociedade é dinâmica. A cada ano, são mais de mil novos componentes registrados”.

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