domingo, 6 de janeiro de 2013

Justiça chilena notifica ex-militares acusados de matar Víctor Jara

Leandro Melito* - Portal EBC

Detido um dia após o golpe militar no Chile, Víctor Jara foi executado pelos militares no dia 16 de setembro de 1973 após passar por torturas (Foto: Agência Télam) (Víctor Jara)
O juiz chileno Miguel Vázquez concluiu nesta quinta-feira (03), o processo pelo qual notificou a sete ex-oficiais de sua condição de processados pelo assassinato do cantor e compositor Víctor Jara, cometido em 16 de setembro de 1973, após o golpe militar comandado pelo general Augusto Pinochet que culminou na morte do então presidente Salvador Allende no dia 11 de setembro.
Vázquez determinou a prisão preventiva dos militares, que eram tenentes na época do golpe e responsáveis por centenas de presos políticos encarcerados no Estádio Nacional de Santiago, transformado em centro de detenção pela ditadura e rebatizado em 2004 com o nome do cantor.

Prisão

Jara foi detido no dia 12 de setembro, um dia após o golpe, junto a centenas de alunos, trabalhadores e professores na Universidade Técnica do Estado (UTE), atual Universidade de Santiago (USACH), em que trabalhava como docente.
Autor de músicas de protesto e diretor de teatro, Jara foi reconhecido pelos militares, separado dos demais prisioneiros e submetido a vários dias de torturas, entre elas queimaduras com cigarros, simulações de fuzilamento e fratura de suas mãos.
A sentença judicial aponta que o cantor foi “agredido fisicamente, de forma permanente, por vários oficiais”. No dia 16 de setembro, os prisioneiros foram retirados do estádio, com exceção de Jara e de Littré Quiroga Carvajal, que era diretor da empresa estatal de ferrovias durante o governo de Allende (1970-1973). Ambos foram levados ao subterrâneo e executados a tiros.
Jara recebeu 44 disparos e tinha vários ossos fraturados, segundo determinou o informe da autópsia realizada logo que seu corpo foi achado na parte posterior do Cemitério Geral de Santiago, onde foi deixado pelos militares.
Durante o julgamento, o recruta Víctor Pontigo, ajudante dos oficiais acusados, detalhou o momento da morte do cantor. “Eu levei Victor Jara para falar com os tenentes e depois de umas três horas escutei disparos, perguntei ao recruta José Cáceres de onde vinham os disparos e ele me disse que haviam matado Víctor Jara”, relatou.

Autores

A decisão apontou Pedro Barrientos Nuñez e Hugo Sánchez Marmonti como autores de homicídio qualificado e Souper Onfray, Raúl Jofré González, Edwin Dimter Bianchi, Nelson Hesse Mazzei e Luis Bethke Wulf como cúmplices. Seis  deles já foram detidos e alojados no Batalhão de Polícia Militar número 1 de Santiago.  Jofré e Luis Bethke se entregaram voluntariamente ao tribunal e os demais estão detidos desde quarta-feira (02) no batalhão.
Núñez, que vive nos Estados Unidos desde 1990 e é alvo de uma ordem internacional de captura e pedido de extradição por parte do juiz. Barrientos é apontado

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