domingo, 30 de dezembro de 2012

O que a Senadora Ana Amélia fazia ao lado de "produtor" escravista?

Empresa de família de deputado federal entra na "lista suja" da escravidão

Complexo Agroindustrial Pindobas, empresa pertencente à família do deputado Camilo Cola (PMDB-ES), está entre as 56 novas inclusões no cadastro. Empresário é fundador do grupo Itapemirim
Por Anali Dupré, Daniel Santini, Guilherme Zocchio e Stefano Wrobleski
O Complexo Agroindustrial Pindobas, que pertence à família do deputado federal Camilo Cola (PMDB-ES), está entre as 56 empresas e pessoas físicas incluídas na última atualização do cadastro de empregadores flagrados explorando pessoas em situação análoga à de escravos, divulgada na última sexta-feira, 28. Conhecida como "lista suja" do trabalho escravo, a relação é mantida pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) e pela Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) e tida como uma das mais importantes ferramentas na luta pela erradicação da escravidão contemporânea no Brasil.
Deputado Camilo Cola na Câmara dos Deputados em março de 2011. Foto: Rodolfo Stuckert/Agência Câmara
A empresa da família Cola entra na atualização por conta de fiscalização realizada em 2011, quando foram encontrados 22 empregados do grupo em situação análoga à de escravo. Suplente da coligação PT-PSB-PMDB no Espírito Santo, o deputado assumiu a vaga de Audifax Barcelos (PSB-ES) de 6 de julho a 3 de novembro deste ano. Fundador do grupo Itapemirim, ele é um dos empresários mais poderosos do Espírito Santo e em 2010 declarou à Justiça Eleitoral crédito de R$ 1,1 milhão com o Complexo Agroindustrial Pindobas. A empresa é uma das propriedades disputadas por seus futuros herdeiros - conforme detalhado no livro Partido da Terra, do jornalista Alceu Luís Castilho. Nem o deputado, nem representantes da empresa foram encontrados para comentar a inclusão.
A lista serve como parâmetro para bancos na avaliação de empréstimos e financiamentos e para empresas na contratação de fornecedores. As signatárias do Pacto Nacional pela Erradicação do Trabalho Escravo, acordo que reúne alguns dos principais grupos econômicos do país, comprometem-se a não realizar transações econômicas com os que têm o nome na relação. Não é a primeira vez que políticos e suas empresas entram na lista.  
"Banheiro" na fazenda de José Essado
Neto. Foto: Divulgação/MTE
Assim como nas últimas atualizações, foram incluídos parlamentares, além de representantes de sindicatos patronais e de grupos empresariais. Além do deputado Camilo Cola, outro caso emblemático é de José Essado Neto, atual segundo suplente do PMDB para deputado estadual em Goiás. Trata-se de figura pública bastante influente com tradição na política local. Ele foi prefeito de Inhumas (GO) de 1983 a 1989 e de 2001 a 2004, cidade em que o estádio municipal leva seu nome, e deputado estadual de 1990 a 1994 e de 1994 a 1998. Ocupou também, até julho de 2012, o cargo de secretário extraordinário da prefeitura de Goiânia (GO). O empresário, que nas eleições de 2010, declarou R$ 4,3 milhões de bens à Justiça Eleitoral, foi incluído por manter trabalhadores em condições degradantes na produção de tomates.

Antes de serem incluídos, todos têm chance de se defender em um processo administrativo. Além das inclusões, também foram divulgadas as exclusões. São empregadores que permaneceram por dois anos na relação, quitando débitos trabalhistas e cumprindo todas obrigações previstas na portaria interministerial que criou a lista.
Pecuária e setores empresariaisOs pecuaristas José Pereira Barroso, o Barrosinho, e Liro Antônio Ost, políticos com influência municipal, também foram incluídos. O primeiro foi eleito suplente de vereador pelo PMDB em Guajará-Mirim (RO) e o segundo foi vereador em Cacaulândia (RO) pelo PSDB de 1993 a 1996. A atualização da lista foi marcada pela grande quantidade de pecuaristas flagrados explorando escravos, especialmente na Amazônia
Entre os pecuaristas desta atualização também está José de Paula Leão Júnior, inserido por flagrante de exploração de 28 pessoas em condições análogas à de escravo na Fazenda Santa Luzia, no município de Araguaçu (TO), em 2009. O fazendeiro, que tem acordo de comodato com a Comapi —empresa do grupo Bertin, um dos maiores frigoríficos do país — é um dos que estão na lista de proprietários com áreas embargadas pelo Ibama. Mesmo com tantos problemas, ele recebeu da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (Faeg) comenda na categoria "pecuária de corte" em dezembro de 2011, por cumprir preceitos de segurança e saúde do trabalhador, em evento que contou com a presença do ministro dos Esportes Aldo Rebelo. 
Escravocratas em Brasília
A presença de um ministro em evento em que um pecuarista flagrado com trabalho escravo recebeu homenagem está longe de ser caso isolado. Muitos dos que estão na lista têm relações diretas com o poder. A Cooperativa Agroindustrial do Estado do Rio de Janeiro (Coagro), empresa que também entra nesta atualização, foi agraciada recentemente com o  selo de “Empresa Compromissada” concedido pela Comissão Nacional de Diálogo e Avaliação do Compromisso Nacional para Aperfeiçoar as Condições de Trabalho na Cana-de-Açúcar. 
Frederico Paes, presidente do grupo, recebeu um certificado da presidenta da República Dilma Rousseff (PT) e do presidente do Senado José Sarney (PMDB-AP) em meados deste ano. A Coagro entra na relação devido a flagrante de 2009, quando fiscais encontraram 38 escravos empregados pelo grupo. É justamente por conta de problemas trabalhistas e outras irregularidades que o MPT tem defendido o cancelamento do "selo social" da cana
A senadora Ana Amélia com representantes
dos produtores erva-mate, incluindo
empresário flagrado. Foto: Divulgaçã
Outro caso é o do empresário do ramo de erva-mate Obiratan Carlos Bortolon, inserido nesta atualização por ter sido flagrado escravizando índios da etnia Kaingang em 2009. Bortolon foi recebido em 2011 pela senadora Ana Amélia (PP-RS). Ao lado de outros empresários do setor ele solicitou à senadora reduções de impostos, em encontro noticiado na página da senadora
Mato Grosso.
Trabalhador dormia dentro do forno de 
carvão na Fazenda Araponga. Foto: MTE
Poder econômicoNa atualização, também estão a construtora MRV, uma das principais do país, além de representantes de sindicatos locais e grupos empresariais de diferentes setores. Marcelo Kreibich, por exemplo, é vice-presidente do Sindicato das Indústrias Madeireiras do Norte do Estado de Mato Grosso (Sindusmad). Já Priscilla Bressa Bagestan, além de pecuarista é diretora financeira do grupo de concessionárias GM Vianorte, no no Mato Grosso.


 
Até um integrante da Associação Brasileira de Criadores de Cavalo Quarto de Milha entrou na lista. Ademir Furuya, proprietário da Fazenda Araponga e admirador de cavalos, acabou responsabilizado pelo flagrante de escravidão na produção de carvão vegetal em sua fazenda no município de São Miguel do Araguaia (GO).
Na fiscalização foram encontrados trabalhadores dormindo dentro dos fornos de produção de carvão. O auditor-fiscal Roberto Mendes, que coordenou a inspeção trabalhista resultante na inclusão de Ademir Furuya na lista suja, chamou a atenção para a gravidade das condições a que os trabalhadores estavam submetidos. "É, sem dúvida, a pior situação que eu já encontrei em vários anos de trabalho atuando nesse tipo de ação de combate ao trabalho escravo".
Em: Repórter Brasil

"Denúncia" de Álvaro Dias contra Lula é arquivada.

MPF/DF requer arquivamento de investigação contra Lula

Não foi comprovada a tese de que o ex-presidente teria feito pressão sobre o ministro Gilmar Mendes para atrasar o julgamento do mensalão no STF
O Ministério Público Federal no DF (MPF/DF) requereu o arquivamento de procedimento investigatório criminal envolvendo o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A investigação foi iniciada em maio deste ano, a partir do recebimento de notícia-crime apresentada pelos parlamentares Alvaro Fernandes Dias, José Agripino Maia, Rubens Bueno, Randolph Frederich Rodrigues Alves, Antonio Carlos Mendes Thame e Jarbas de Andrade Vasconcelos. No documento, os autores acusam Lula de praticar os seguintes crimes em conversa mantida com o ministro Gilmar Mendes: coação no curso do processo, tráfico de influência e corrupção ativa.
Os autores fundamentaram a denúncia em uma reportagem publicada em revista de circulação nacional, a qual relatava suposta pressão exercida por Lula sobre o ministro Gilmar Mendes, para adiar do julgamento da ação penal nº 470 (caso conhecido como mensalão). Segundo a matéria jornalística, Lula teria oferecido ao ministro “blindagem” na CPI do Cachoeira, dando a entender que tal favor seria prestado em troca do adiamento do julgamento.
Em nota à imprensa, publicada em maio, por meio do Instituto Lula, o ex-presidente demonstrou estar indignado e alegou que a versão da revista sobre o teor da conversa mantida com Gilmar Mendes é inverídica. A investigação do Ministério Público sobre o caso não apontou conduta criminosa por parte de Lula.
Sem resposta – Durante o procedimento investigatório, foram feitos dois pedidos de informação acerca das acusações ao ministro Gilmar Mendes, via ofício. Ambos os documentos estão sem resposta até a presente data, o que levou o MPF/DF a analisar as entrevistas concedidas por Gilmar Mendes à imprensa sobre os fatos narrados na reportagem, para averiguar se houve a prática dos crimes apontados.
Nas declarações dadas pelo ministro, o Ministério Público não detectou um pedido específico de Lula no sentido de ver adiado o julgamento do mensalão. Após a repercussão da reportagem divulgada pela revista, o próprio Gilmar Mendes afirmou, em entrevista, que não houve um pedido específico do presidente em relação ao mensalão. Ainda segundo o ministro: “Lula manifestou um desejo e eu disse da dificuldade que o tribunal teria, ele não pediu a mim diretamente”.
Testemunha – Ouvido pelo MPF/DF, o advogado e ex-ministro do STF Nelson Jobim relatou ter testemunhado toda a conversa entre Lula e Gilmar Mendes, assegurando que “em nenhum momento o ex-presidente solicitou ou sugeriu ao ministro Gilmar que atuasse no sentido de obter o adiamento do julgamento do mensalão”, que “em nenhum momento o ex-presidente mencionou ter controle sobre a CPI do Cachoeira ou ter qualquer influência sobre seus trabalhos” e que “o ex-presidente apenas ouviu a conversa sobre o início do julgamento do mensalão, não tendo dela participado”.


Assessoria de Comunicação Procuradoria da República no Distrito Federal (61) 3313-5460/5459 twitter.com/MPF_DF

sábado, 29 de dezembro de 2012

Gremistas erguem taça


Tarso Genro critica “má fé” em reportagem de Zero Hora sobre conselheiros de estatais

O governador Tarso Genro enviou nota ao RS Urgente criticando e qualificando como “equivocada” a abordagem feita pelo jornal Zero Hora sobre a remuneração e indicação de conselheiros das estatais. Tarso afirma:
A reportagem parte do pressuposto que as pessoas indicadas para a composição dos conselhos não possuem qualificação para exercer as funções. Além disso, e mais grave, deixa em segundo plano a informação que estes colegiados e a remuneração aos seus integrantes estão previstos em lei e sequer são obra do atual governo. Portanto, não existe nem imoralidade nem ilegalidade, como a matéria deixa a entender. A mera exposição de pessoas e de suas respectivas remunerações, somada à repercussão de formadores de opinião e potencializada nas redes sociais, levou o cidadão a uma leitura parcial sobre o tema.
Cito dois exemplos que sustentam o entendimento de que houve “má fé”, como afirmei em entrevista ao Conversas Cruzadas, na forma de publicação da reportagem: no Facebook de ZH a matéria recebeu a chamada “Conselheiros de Bolsos Cheios”, já a jornalista Letícia Duarte, na premissa que antecedeu sua pergunta sobre o tema no Conversas Cruzadas, disse que o pagamento das remunerações aos conselheiros “soava como escândalo”. Ressalto que a expressão “má fé” foi dirigida à forma de apresentação da reportagem. Os exemplos referidos, como no caso da manifestação da jornalista, são apenas conseqüência.
Este tipo de matéria está muito em voga num certo jornalismo “pós-moderno”, nos dias de hoje: usar uma verdade factual disposta de forma milimétrica para despertar preconceitos e produzir “escândalos”; é uma espécie de “pegadinha” política. Esta reportagem foi excepcionalmente feliz neste objetivo, pois o preconceito foi despertado na voz da própria colega de trabalho do autor da matéria, que já iniciaria tratar a questão como um escândalo de governo.
Na nota, Tarso Genro também explicita quais são os critérios de indicação do governo para a composição destes conselhos no setor público:
São critérios políticos e técnicos. Todas as pessoas indicadas possuem experiência no setor público e estão acostumadas a compor colegiados dentro das estruturas partidárias, sindicais, administrativas, etc. Elas representam o governo dentro dos conselhos e, por isso, possuem a confiança do governador para gerir e fiscalizar, principalmente no que se refere ao vínculo sadio que as empresas estatais devem ter com as políticas públicas. Pessoas com experiências diversificadas são essenciais para o processo de formulação e discussão de idéias. É importante salientar que estas pessoas não substituem os conselheiros técnicos nem os órgãos de controle destas empresas.

Folha de São Paulo e o casamento de Cachoeira: jornalismo ou canalhismo?

Jornalismo à moda de Al Capone 

Leandro Fortes, no Facebook

O que é mais incrível não é a Folha de S.Paulo mandar uma repórter “enviada especial” a Goiânia para cobrir o casamento de um mafioso com uma mulher indiciada por chantagear um juiz federal para tirá-lo da prisão, e sequer citar esse fato.
Carlinhos Cachoeira, vocês sabem, tem trânsito livre na imprensa brasileira.
Dava ordens na redação da Veja, em Brasília, e sua turma de arapongas abastecia boa parte das demais coirmãs da mídia na capital federal.
Andressa, a noiva, foi indiciada por corrupção ativa pela Polícia Federal por ter tentado chantagear o juiz Alderico Rocha Santos.
Ela ameaçou o juiz, responsável pela condução da Operação Monte Carlo, com a publicação de um dossiê contra ele. O autor do dossiê, segundo a própria? Policarpo Jr., diretor da Veja em Brasília.
Mas nada disso foi sequer perguntado aos pombinhos. Para quê incomodar o casal com essas firulas, depois de um ano tão estressante?
O destaque da notícia foi o mafioso se postar de quatro e beijar os pés da noiva, duas vezes, a pedido dos fotógrafos.
No final, contudo, descobre-se a razão de tanto interesse da mídia neste sinistro matrimônio no seio do crime organizado nacional.
Assim, nos informa a Folha:
“Durante o casamento, o noivo recusou-se a falar sobre munição que afirma ter contra o PT: ‘Nada de política. Hoje, só falo de casamento. De política, só com orientação dos meus advogados’.”
É um gentleman, esse Cachoeira.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Aborto na visão de Carl Sagan

Em tempos de discussão sobre aborto, cabe ler o que pensava o cientista Carl Sagan.
No encerramento de artigo sobre o tema, o cientista afirma:
"E por que razão, exatamente, deve a respiração (ou a função renal, ou a resistência à doença) justificar protecção legal? Se um feto demonstra que pensa e sente, mas não consegue respirar, será legítimo matá-lo? Damos mais valor à capacidade de respirar do que à de pensar e sentir? Os argumentos de viabilidade não podem, a nosso ver, determinar com coerência quando é que é permissível abortar. É preciso outro critério. Mais uma vez pomos à consideração a proposta de que esse critério seja o do primeiro sinal de pensamento humano."
Leia o artigo completo clicando AQUI.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

15 sites para baixar livros gratuitamente

reprodução
Páginas oferecem títulos para leitura em diferentes plataformas de graça
Publicado em Catraca Livre

Para ampliar a sua experiência de leitura, o Catraca Livre fez uma lista com 15 sites nacionais e internacionais em que é possível baixar  livros e ler online de maneira legal, sem complicações e, o melhor, de graça.
Ler para aprender, ler para expandir a mente, ler para estimular a memória.  Não importa o porquê você dedica tempo para essa atividade, o que vale é aproveitar todos os seus benefícios, seja no papel ou nos modernos leitores digitais.
Confira as opções de leitura gratuita.
1. Universia – Reúne mais de 1000 arquivos, incluindo biografias de cineastas, textos científicos sobre comunicação e clássicos da literatura universal.
2. Open Library – Projeto que pretende catalogar todos os livros publicados no mundo, já tem 1 milhão de títulos disponíveis para download. Podem ser encontrados livros em cerca idiomas.
3. Brasiliana – O site da Universidade de São Paulo (USP) disponibiliza cerca de 3000 mil livros para download de forma legal. Há livros raros e documentos históricos, manuscritos e imagens.
3. Blog Midia8 – Página reúne mais de 200 links de livros sobre comunicação em português, inglês e espanhol para ler online e fazer download.
4. Casa de José de Alencar – A Biblioteca Virtual do site do pai do romance brasileiro disponibiliza para download gratuito 14 de suas obras, incluindo romances e peças de teatro.
5. Read Print – Essa espécie de livraria virtual oferece mais de 8 mil títulos em inglês para estudantes, professores e entusiastas de clássicos.
6. Biblioteca Digital de Obras Raras – O site idealizado pela Universidade de São Paulo (USP) é direcionado a pesquisadores. Oferece mais de 30 obras completas em diferentes idiomas.
7. Portal Domínio Público - Biblioteca virtual criada para divulgar clássicos da literatura mundial, oferece download gratuito de mais de 350 obras. É possível baixar 21 livros de Fernando Pessoa.
8. Saraiva – A rede de livrarias disponibilizou recentemente 148 livros para download em PDF gratuito. O leitor precisa apenas fazer um cadastro e baixar o aplicativo de leitura para ter acesso ás obras.
9. Biblioteca Nacional de Portugal – Entre os destaques do portal está um site dedicado do escritor José Saramago. Nele, estão disponíveis manuscritos do autor.
10. Machado de Assis – Criado pelo MEC, o site do escritor oferece sua obra completa – em pdf ou html – para leitura online. Estão lá crônicas, romances, contos, poesias, peças de teatro, críticas e traduções.
11. Biblioteca Mundial Digital – Oferece milhares documentos históricos de diferentes partes do mundo. Multilingue, o material está disponível para leitura online.
12. Dear Reader – Esse é um clube virtual que envia por e-mail trechos de livros. Após o cadastro, o usuário passa a receber  diariamente um trecho, cerca de dois a três capítulos de livros.
13. eBooks Brasil – Oferece livros eletrônicos gratuitamente em diversos formatos.
14. Projeto Gutenberg – Tem mais de 100 mil livros digitais que podem ser baixados e lidos em diferentes plataformas eletrônicas.
 15.Unesp Aberta - Criado pela reitoria da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita”, o site disponibiliza material pedagógico gratuitamente. Desenvolvidos para os cursos da universidade, o material está aberto s para consulta em diversos formatos.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Walt Disney e Salvador Dalí: "Destino" uma viagem fantástica e surreal

por em 23 de dez de 2012 às 20:35
"Escondido nos Arquivos dos Estúdios Disney, estava um projeto de um curta com a arte de Walter Elias Disney com Salvador Dalí. Em meados dos anos 40, Disney esquematizou com Dalì para promoverem um curta baseado em suas artes surrealistas. Porém Disney não tinha dinheiro o suficiente para continuar, então só foram produzidos 17 segundos do curta original.
Agora, seu sobrinho, Roy Edward Disney, encontrou esse projeto esquecido e o finalizou com a equipe de animação dos Estúdios Disney."
disney dali.jpg
A música "Destino" do compositor Armando Dominguez serviu como base para a criação do curta-metragem animado que uniu duas figuras emblemáticas dos anos 40: o pintor surrealista Salvador Dalí e o animador americano Walt Disney.
Convidado por Disney, Dalí iniciou o projeto que durou nove meses com o animador John Hench. A produção do desenho animado começou em 1945, mas só foi finalizada 58 anos depois, em 2003, devido a uma crise sofrida pelos Estúdios Disney e desencadeada pela Segunda Guerra Mundial. O projeto foi interrompido com apenas 17 segundo finalizados e ficou a cargo de Roy Disney, sobrinho de Walt Disney, a finalização do curta em 2003.
A canção-tema interpretada por Dora Luz, os rascunhos deixados no início do projeto e 15 famosas telas de Dalí foram utilizadas para a finalização da animação. A obra é de tamanha intensidade que podemos ver os traços orgânicos de Dalí se unirem às técnicas de animação de Disney. O resultado é um belíssimo curta-metragem de animação mostrando a história de amor entre Chronos e uma mortal.
Veja abaixo a perceptível a presença dos olhares fantasiosos de Disney e surrealistas de Dalí.


terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Mochila a prova de bala vira moda

Quando a gente pensa que já viu tudo...
Publicado em O Dia

Depois do massacre na escola dos EUA, vendas do produto crescem até 500%

Estados Unidos -  Depois do massacre na escola primária Sandy Hook, em Connecticut, EUA, dia 14, quando 20 crianças foram mortas, o mercado de mochilas com coletes a prova de balas cresceu drasticamente. As vendas do produto tiveram alta de até 500%, segundo divulgaram empresas ontem.
Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
O porta-voz da BulletBlocker, Elmar Uy, afirmou que a firma passou a vender 60 unidades por dia. Antes, comercializava 10 por semana.
As mochilas especiais pesam entre 500 e 800 gramas a mais que uma normal. Um colete antibalas, feito de fibra de carbono, fica na parte de trás do produto.
Elas resistem a balas de pistolas de grosso calibre, como Magnum e SIG (usada no massacre).
Para convencer o consumidor a comprar a mochila, a descrição detalhada do produto promete tranquilidade aos pais e dá dicas de como de usá-la apropriadamente.
“Você pode ter certeza de que seu filho estará protegido caso aconteça algo inesperado. A mochila pode ser rapidamente deslocada para a parte da frente do corpo, funcionando como um escudo, enquanto a criança foge do tiroteio”, diz a descrição.

Marisa Monte monta videoclipe com videoclipes dos fãs

Adeus dona Canô, o ventre mais criativo da MPB

Há 35 anos, falecia Charles Chaplin

Charles Chaplin foi um dos maiores artistas que a humanidade já produziu; um gênio como não há outros nos dias de hoje. Reproduzo, abaixo, matéria publicada na FSP, por ocasião dos 30 anos da morte de Chaplin.
"A vida é uma tragédia quando vista de perto, mas uma comédia quando vista de longe", dizia Charles Chaplin, e 30 anos após sua morte, ainda não há distância suficiente para explicar a dramática trajetória de vida de um dos maiores gênios do humor.
"Este é um momento muito emocionante para mim e as palavras parecem fúteis. Só posso dizer 'obrigado' pela honra de ter sido convidado. Vocês são maravilhosos", disse Chaplin, em lágrimas, quando Hollywood o homenageou em 1972 com um Oscar honorário.
Charles Chaplin morreu há 30 anos, no dia 25 de dezembro de 1977 Chaplin não fez nem ao menos uma crítica ao mundo que o vetou politicamente durante a "caça às bruxas"; era seu retorno após 20 anos de exílio na Europa, e só agradeceu o reconhecimento e o afeto, embora tenha voltado a desprezar a palavra, cuja chegada ao cinema nunca encarou de maneira muito confortável.
"As palavras são poucas. A maior coisa que se pode dizer com elas é 'elefante'", ironizava, tanto que não recorreu a elas até 1935, com "Tempos Modernos" --embora todos falassem no filme, menos ele.
Nascido em Londres no ano de 1889, o pequeno Charles Spencer Chaplin decidiu ser comediante quando, durante uma doença que o manteve de cama por semanas, sua mãe representava o que acontecia na rua para entretê-lo.
De origem muito pobre, a infância britânica de Chaplin foi digna dos mais desesperançados relatos de Charles Dickens e retratada por ele mesmo de maneira indireta no magistral "O Garoto" (1921).
E o que fez Chaplin ser mestre da comédia foi, provavelmente, seu profundo conhecimento do drama e das emoções de sua própria vida, que ficaram registradas em uma filmografia marcada por crianças, por uma cega em "Luzes da Cidade" (1931) e, claro, pelo desamparo de seu imortal vagabundo Carlitos.
Em 1912, o ator se mudou para os Estados Unidos; em 1918, fundou seu próprio estúdio, e sua crescente popularidade --foi o primeiro ator a ser capa da revista "Time", em 1925-- o tornou o maior ícone do cinema mudo.
Mas sua mente atormentada e sua complexa personalidade encontraram inimigos em pouco tempo: os britânicos, por o considerarem traidor, e a crítica, principalmente anos mais tarde, por ofuscar outros fenômenos cômicos da época como Harold Lloyd e Buster Keaton.
Bertrand Tavernier e Jean-Pierre Coursodon escreveram em sua enciclopédia crítica "50 Ans de Cinéma Américain" ("50 Anos de Cinema Americano") que "o lacrimoso humanismo, o tom de choramingação e às vezes de masoquismo (de Chaplin) costumam aliar-se a um simplismo mais que irritante".
A tudo isso, os autores acrescentaram a fama de intratável de Chaplin: "Como todos os megalômanos, desprezava tudo o que não tivesse sido criado por ele mesmo (fotografia, cenografia). Em vez de se servir desses elementos, os considerava como outros tantos obstáculos que estavam entre ele e sua criação".
Por isso, suas obras mais amargas parecem mais distantes do encantamento do chapéu, do bigode e dos sapatos grandes de filmes como "Em Busca do Ouro" (1925). Nelas, captou o comediante obscuro e a incompreensão pessoal e ideológica à qual a opinião pública americana o submeteu.
Assim, "Monsieur Verdoux'"(1947) --a última aparição de Charlot-- e "Luzes da Ribalta" (1952) retomaram a sua filmografia enquanto se revelavam os segredos polêmicos e trágicos do gênio que, ao promover esta última produção no Reino Unido, não pôde voltar aos EUA.
Suas inclinações políticas se chocaram contra o Comitê de Atividades Antiamericanas --que enxergou conteúdos comunistas em "Tempos Modernos" e "O Grande Ditador" (1940)-- e seus casamentos, sempre com mulheres bem mais novas do que ele, o tornaram persona non grata para a moral da época.
A biografia "Tramp: The Life of Charlie Chaplin" ("Vagabundo: A Vida de Charlie Chaplin"), de Joyce Milton, garante que o escritor Vladimir Nabokov se inspirou nele para criar sua obra-prima "Lolita".
Chaplin rodou na Inglaterra "Um Rei em Nova York" (1957) e "A Condessa de Hong Kong" (1967), fracasso de crítica e público.
Hollywood reparou seu erro na década de setenta e, além da citada homenagem honorária, deu a Chaplin um novo prêmio pela música que ele compôs para "Luzes da Ribalta", que nunca havia estreado em Los Angeles até então.
Chaplin morreu enquanto dormia aos 88 anos na madrugada de 25 de dezembro de 1977, na localidade suíça de Vevey, mas seu corpo ainda sofreu um último revés tragicômico: foi roubado do cemitério local em março de 1978 e só foi encontrado pela Polícia mais de dois meses depois.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Tio Patinhas do Paraná (Álvaro Dias) há anos esconde sua fortuna

Senador tucano Álvaro Dias acumulou e escondeu um patrimônio milionário, agindo como o personagem das histórias em quadrinhos; valor decorrente da suposta venda de uma fazenda não foi declarado à Justiça Eleitoral; eram mais de R$ 6 milhões e com esses recursos ele construiu cinco mansões em Brasília, avaliadas em R$ 16 milhões; hoje, é este o valor demandado pela filha que ele não quis reconhecer

Tio Patinhas, o personagem das histórias em quadrinhos criado por Walt Disney, era milionário, mas detestava ostentar sinais exteriores de riqueza. Pegava mal. Por isso mesmo, todas as suas moedinhas eram escondidas nos cofres de suas residências. Álvaro Dias, líder do PSDB no Senado, é também uma espécie de Tio Patinhas do parlamento brasileiro. Sua fortuna, questionável para alguém que vive há décadas da atividade política, vem sendo escondida há muito tempo.

O motivo para a omissão remonta à campanha eleitoral de 1994, quando Dias concorreu ao governo do Paraná e foi derrotado por Jaime Lerner. Naquele ano, o último programa eleitoral foi tomado pela denúncia de que Dias não pagava pensão à filha decorrente do relacionamento com Mônica Magdalena Alves – um tiro mortal em sua candidatura.

Dias perdeu aquela eleição, mas, em 2006, elegeu-se para o Senado, declarando à Justiça eleitoral possuir um patrimônio de R$ 1,9 milhão. Era mentira. Em 2009, a revista Época, da editora Globo, descobriu que Dias possuía, desde 2002, aplicações financeiras de R$ 6 milhões, supostamente decorrentes da venda de uma fazenda no Paraná. Confira abaixo:

 
Omissão milionária


O senador Álvaro Dias, um dos que mais cobram transparência, não declarou R$ 6 milhões à Justiça - MATHEUS LEITÃO.


R) é um dos que mais usam o palanque para exigir transparência do governo e de seus adversários. Mas, quando o assunto são suas próprias contas, ele não demonstra ter os cuidados que tanto cobra. Em 2006, Dias informou à Justiça Eleitoral que tinha um patrimônio de R$ 1,9 milhão dividido em 15 imóveis: apartamentos, fazendas e lotes em Brasília e no Paraná. O patrimônio de Dias, no entanto, era pelo menos quatro vezes maior. Ele tinha outros R$ 6 milhões em aplicações financeiras.

O saldo das contas não declaradas de Álvaro Dias foi mostrado a ÉPOCA pelo próprio senador, inadvertidamente, quando a revista perguntou sobre quatro bens em nome da empresa ADTrade, de sua propriedade, que não apareciam em sua declaração à Justiça Eleitoral. Para explicar, ele abriu seu sigilo fiscal. Ali, constavam os valores das aplicações.

A omissão desses dados à Justiça Eleitoral é questionável, mas não pode ser considerada ilegal. A lei determina apenas que o candidato declare “bens”. Na interpretação conveniente, a lei não exige que o candidato declare “direitos”, como contas bancárias e aplicações em fundos de investimento.
No Congresso, vários parlamentares listam suas contas e aplicações aos tribunais eleitorais, inclusive o irmão de Álvaro, o também senador Osmar Dias (PDT-PR). Osmar declarou mais de R$ 500 mil em aplicações e poupanças. Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) listou quase R$ 150 mil depositados.
Francisco Dornelles (PP-RJ) informou R$ 1,5 milhão em fundos de investimento. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA), atual alvo de uma série de denúncias, declarou quase R$ 3 milhões da mesma forma. Há poucos dias, Sarney foi denunciado por não ter informado à Justiça Eleitoral a respeito da casa que mora em Brasília.
Na interpretação de dois dos maiores especialistas de Direito eleitoral, Fernando Neves e Eduardo Alckmin, o espírito da lei é de transparência: “É conveniente que o político declare contas bancárias e aplicações financeiras para que o eleitor possa comparar o patrimônio no início e no fim do mandato”, diz Neves. “Não há irregularidade, mas é importante para evitar confusões no caso de um acréscimo patrimonial durante o mandato”, afirma Alckmin.

Álvaro Dias diz que o dinheiro não consta em sua declaração porque queria se preservar. “Não houve má intenção”, afirma. Em conversas reservadas, ele tem dito que o objetivo da omissão era manter a segurança de familiares.
O dinheiro não declarado de Álvaro Dias, segundo ele, é fruto da venda de uma fazenda de 36 hectares em Maringá, Paraná, por R$ 5,3 milhões. As terras, presente de seu pai, foram vendidas em 2002. O dinheiro rendeu em aplicações, até que, em 2007, Álvaro Dias comprou um terreno no Setor de Mansões Dom Bosco, em Brasília, uma das áreas mais valorizadas da capital. No local, estão sendo construídas cinco casas, cada uma avaliada em cerca de R$ 3 milhões.
Quando as casas forem vendidas, o patrimônio de Álvaro Dias crescerá ainda mais. Nada ilegal. Mas, a bem da transparência, não custa declarar.
Naquela reportagem, Álvaro Dias dizia que não houve "má intenção" na sua omissão. E antecipou até seus futuros investimentos. Disse que construiria cinco casas no Setor de Mansões Dom Bosco, uma área nobre do Distrito Federal. Hoje, estas cinco casas valem R$ 16 milhões. Foram vendidas e a sua filha não reconhecida reivindica seu quinhão na transação. O líder tucano, por sua vez, afirma ser vítima de "chantagem".

São Francisco de Assis, o homem que criou o presépio

Entre tanta porcaria que a Globo exibe, achei essa matéria sobre a cidade de Assis, na Itália e seu patrimônio cultural. Muito interessante.

Conheça a cidade onde foi montado primeiro presépio do mundo

Assis é a terra de São Francisco. Para comemorar o Natal, os 50 frades lançaram o primeiro filme em 3D da história da Igreja.

Ilze Scamparini Assis,Itália,publicado no G1

Poucos lugares no mundo possuem uma combinação de beleza, arte e um santo nativo da popularidade de São Francisco (santo que inventou o presépio), como Assis, cidade medieval da Umbria, no centro da Itália.
Entre colinas e bosques, uma arquitetura íntegra ajuda a divulgar a existência do homem que tantos artistas prestaram homenagens. “Temos dez mil metros quadrados de afrescos”, conta o Frei Egídio Canil.
No santuário de fachada simples, em pedra branca, duas igrejas estão superpostas. Da entrada da basílica inferior é possível subir as escadarias para chegar ao mais essencial templo franciscano, que ficou pronto em 1253. Um dos primeiros edifícios góticos da Itália, onde a pintura genial, da segunda metade do século 13 deixou um patrimônio extraordinário.

Na basílica superior, a história do santo que renunciou à riqueza, foi contada pelo pintor Giotto e os seus discípulos. Nas duas paredes laterais, cada um dos afrescos narra uma passagem importante da vida de Francisco de Assis, como sua escolha pela pobreza, quando ele se despiu das suas vestes e decidiu deixar para trás as festas e a família de comerciantes prósperos.
A aprovação do papa Inocêncio III para a fundação da ordem Franciscana, também está na basílica. Tudo é contado em 28 afrescos. A viagem de Francisco ao Egito, a doação do seu manto a um homem pobre.
As figuras humanas são colocadas em paisagens reais. Em uma passagem definitiva na arte figurativa do estilo românico bizantino para o renascimento que Giotto antecipou. Ele revolucionou a pintura. Trouxe cor e principalmente a perspectiva. Com ele o homem vem representado não mais estático e sem fundo, mas posto no ambiente em que vive. Isso deu origem também ao humanismo.
Sobre o túmulo de Francisco são 2.200 metros quadrados só de Giotto, nenhum museu do mundo possui isso. Sobre a tumba do santo foram erguidas as duas igrejas decoradas por vários artistas.
Para comemorar o natal franciscano, e valorizar aquele que foi o maior pintor do seu tempo, os 50 frades do Santuário de Assis lançaram o primeiro filme em terceira dimensão da história da Igreja. A pintura de Giotto aparece ainda mais forte, com mais espaço e volume. Os rostos estão mais realistas.
Em uma pequena capela, Frei Marcelo Daga monta o presépio franciscano com peças feitas por ele em papel machê e pena de galinha. O cenário mistura o Oriente Médio à paisagem italiana. Entre Maria, José e o menino Jesus, estão São Francisco e um lobo, símbolo do amor fraterno que o santo, que inventou o presépio, dedicou aos animais.
São Francisco morreu em 1226, aos 44 anos. Dois anos depois foi proclamado santo pelo Vaticano, num dos processos de canonização mais rápidos da história da Igreja. Assis, há oito séculos, tornou-se uma das metas mais importantes da peregrinação dos cristãos.

Memória: Como os 'Arquivos do Terror' revelaram detalhes da Operação Condor


Vinte anos atrás, o advogado paraguaio Martín Almada recebeu informações que mudaram a sua vida e ajudaram a lançar luz sobre a Operação Condor, ação coordenada entre exércitos das antigas ditaduras sul-americanas.
Almada vinha há anos buscando documentos que o ajudassem a provar que ele próprio havia sido torturado pela ditadura do general Alfredo Stroessner, nos anos 1970, e que sua mulher havia sido forçada a escutar a tortura.
Mas só três anos depois da queda de Stroessner é que, em uma conversa telefônica, uma mulher lhe informou onde encontrar esses arquivos.
"Ela me desenhou um mapa e disse que confiava que eu agiria", lembra Almada.
Em questão de dias, Almada e seu colega José Agustín Fernández viajaram ao local indicado: uma delegacia de polícia nos arredores de Assunção.
"Era uma delegacia completamente normal", conta o advogado. "(Mas) nos fundos havia um edifício com uma enorme montanha de papéis."

'Arquivos do Terror'

Eram cerca de 700 mil documentos sobre as atividades da polícia secreta paraguaia ao longo de mais de três décadas. Os papéis descobertos em 1992 ficaram conhecidos como os "Arquivos do Terror".
Para Almada, os papéis serviriam para comprovar suas experiências como prisioneiro no Paraguai entre 1974 e 1977.
"Foi como uma explosão de memória", afirma. "Senti que cada pasta que abríamos nos ajudaria a voltar ao passado e a entender o regime de terror em que vivemos. Cada documento revelava terror e tragédia."
Stroessner governou o Paraguai por 35 anos, com a ajuda do Exército e de uma polícia secreta, após tomar o poder em 1954.
Usando uma rede de informantes, as autoridades sob seu mando perseguiam qualquer paraguaio considerado subversivo.

Calcanhar de Aquiles

A polícia secreta era liderada pelo temido Pastor Coronel, que, segundo relatos, teria agido como torturador em alguns casos. Mas ele tinha um calcanhar de Aquiles: sua obsessão por documentos em ordem.
Seus subordinados cuidadosamente registravam cada prisão, interrogatório e movimento de suspeitos. Também faziam centenas de gravações e fotos de encontros de ativistas da oposição.
Os Arquivos do Terror, que foram liberados ao público em 2009, no governo de Fernando Lugo, contém fotos até de funerais e casamentos.
Foto de arquivo de Alfredo Stroessner; general governou Paraguai por três décadas


Almada entrou na mira da polícia secreta no início dos anos 1970, quando ele e sua mulher, Celestina, trabalhavam como professores em uma escola perto de Assunção. Esquerdistas, eles protestavam por aumentos salariais e mudanças no currículo escolar.
Uma noite, ele foi preso. Após 30 dias de interrogatórios, Almada foi oficialmente classificado como "intelectual terrorista" e enviado à prisão de Emboscada, onde ficou durante três anos.
Celestina morreu pouco depois, em aparente suicídio. Almada acredita que ela morreu depois de ter sido forçada a escutar as sessões de tortura a que ele foi submetido. Acha que ela foi levada a crer que ele tinha morrido.
Ele procurou as gravações nos Arquivos do Terror, na expectativa de encontrar provas de que a polícia contactou sua mulher. Mas não achou nada que explicasse a morte de Celestina.

Operação Condor

Mas encontrou respostas para outras questões importantes.
Na prisão, ele conhecera prisioneiros de outros países sul-americanos, que conversavam sobre uma operação secreta envolvendo ditaduras da região, inteligência conjunta e devolução de prisioneiros políticos a seus países. O codinome parecia ser Condor.
Nos arquivos, Almada e Fernández encontraram um documento vital. Marcado "top secret", tratava-se de um convite do chefe da polícia secreta chilena a seu par paraguaio, para a reunião de fundação da Operação Condor, em Santiago, em 25 de novembro de 1975.
"É um documento crucial", opina Andrew Nickson, acadêmico britânico que trabalhou para a Anistia Internacional no Paraguai.
Graças ao convite e a outros papéis do arquivo, pode-se saber que Paraguai, Chile, Argentina e Uruguai foram os membros-fundadores da Operação Condor. Brasil e Bolívia se uniram ao projeto em seguida.
A operação tinha um sistema secreto de comunicação, através de bases militares americanas no canal do Panamá, que lhes permitiu criar um banco de dados de suspeitos para encontrá-los com rapidez.
Para John Dinges, autor do livro "Os Anos do Condor", os Arquivos do Terror - junto com documentos que os EUA liberaram a respeito de Chile e Argentina, disponíveis no National Security Archive em Washington - lançaram luz sobre o modus operandi das forças de segurança sul-americanas da época.
"Sem eles, as investigações em todos os países teriam tido que se basear praticamente só em relatos de vítimas e em poucas fontes militares que vieram a público", diz.

Pinochet

As provas coletadas por Almada colaboraram para as tentativas de indiciar o general chileno Augusto Pinochet entre 1998 e 2006. Os arquivos também foram usados em diversos casos de direitos humanos na Argentina e no Chile.
No Paraguai, após o retorno da democracia, alguns acusados foram a julgamento por tortura, mas a maioria dos comandantes associados ao regime militar permaneceu livre.
Ainda assim, Almada acredita ter tido a última palavra.
"Quando eu estava algemado, costumava dizer a eles que o mundo estava mudando lentamente e que cedo ou tarde a democracia viria, e eu teria um papel importante. Claro que eu estava inventando, e duvido que tenham acreditado. Mas, de certa forma, virou realidade."
Martín Almada foi entrevistado pelo programa Witness, do Serviço Mundial da BBC, que conta a história através dos olhos de quem a viveu

domingo, 23 de dezembro de 2012

Filha condena Álvaro Dias em caso de R$ 16 milhões

247 - A imagem que ilustra este texto é o retrato do senador Álvaro Dias (PSDB-PR), um parlamentar que se especializou em apontar o dedo para os outros. Até recentemente, esse papel era exercido pelo ex-senador Demóstenes Torres, que caiu quando foram descobertas suas relações promíscuas com o bicheiro Carlos Cachoeira. Com Demóstenes fora do jogo, o papel foi assumido por Álvaro Dias.
Recentemente, o senador tucano pediu a abertura de uma CPI para investigar o chamado Rosegate, sobre a secretária Rosemary Noronha. "É um escândalo de baixo nível, que expõe a postura descabida de quem preside o país, antes e agora", disse ele, que chegou a propor a coleta de assinaturas para a instalação de uma comissão sobre o caso.
Agora, no entanto, é Álvaro Dias quem está na defensiva. Ele foi condenado pela Justiça por não ter pago pensão a uma filha fruto de relacionamento extraconjugal com funcionária pública. A ação judicial pede ainda a anulação da venda de cinco casas em Brasília avaliadas em R$ 16 milhões – patrimônio relativamente alto para alguém que vive apenas da atividade política.
Ouvido pelo jornalista Claudio Humberto, Dias disse estar sendo alvo de "chantagem". Leia, abaixo, as notas na coluna de CH: 
Senador é réu por pensão e  abandono afetivo
Habituado ao ataque, o senador Álvaro Dias (PR), líder do PSDB no Senado, agora está na defensiva: foi condenado na Justiça pelo não pagamento de pensão a uma filha – ainda menor de idade – fruto de seu relacionamento com a funcionária pública Monica Magdalena Alves. O tucano responde a processos, em segredo de justiça, por abandono afetivo e corre risco de ter o seu patrimônio bloqueado.
Pensão paga
Álvaro Dias ficou indignado com a ação judicial contra ele. Conta inclusive que só de pensão paga dez salários mínimos por mês.
Nulidade
Em um dos processos, a filha do senador Álvaro Dias pede anulação da venda de cinco casas dele, no valor de R$ 16 milhões, em Brasília.
Chantagem
Álvaro Dias considera que tem cumprido seu dever de pai “rigorosamente”, o que o leva a concluir: “Isso é chantagem”