sexta-feira, 18 de março de 2011

Fim da comemoração do golpe de 31 de março

Não se pode menosprezar, ou dar menor importância à decisão das Forças Armadas – tomada pelo governo, evidentemente – de retirar de seu calendário as comemorações do golpe militar de 31 de março de 1964, data da deposição do presidente constitucional do Brasil, João Goulart, o Jango.
Todos nós que participamos da luta contra a ditadura temos que registrar o fato como uma vitória de nossa luta pela verdade e a justiça, pelo resgate da memória histórica do período. Sem deixar de registrar a decisão – impossível não fazê-lo -, ao mesmo tempo, como um gesto importante do governo e das Forças Armadas na direção de uma reparação histórica necessária.
É,  também, uma emonstração  de que o governo trabalha unido na criação da Comissão da Verdade e da Justiça, em tramitação no Congresso e que vai apurar os crimes da ditadura militar, como bem 
como bem destacou em depoimento à Comissão de Direitos Humanos do Senado a ministra Maria do Rosário, Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República.

Sem cisão em torno da Comissão da Verdade

“Não há nenhuma cisão. O ministro Nelsom Jobim está trabalhando junto conosco nesse resgate da democracia”, tranquilizou a ministra ao explicar o único objetivo da Comissão da Verdade: “Nós queremos saber com cada um que participou da luta democrática no Brasil (o que aconteceu com mortos, desaparecidos e torturados). (Queremos a Comissão) para isto, apenas com o sentido de encontro, reconhecendo que todas as instituições parlamentares e, inclusive, as Forças Armadas na atualidade, são  vocacionadas para a democracia.”
“O Poder Executivo e a Secretaria de Direitos Humanos, em nome do governo – encareceu a ministra – dirige-se aos senhores membros deste Parlamento para dizer: esta não é uma questão do Poder Executivo somente, nem do Poder Legislativo somente. É uma questão da nação brasileira, e ela não é de governo ou de oposição.”
A ministra esclareceu aos senadores que o governo não pretende copiar modelos adotados em outros 40 países que decidiram investigar crimes cometidos em ditaduras militares ou regimes de exceção com comissões da verdade e justiça, mas criar seu modo de investigação.
“Não somos aqueles que temos uma verdade absoluta a oferecer”,  assinalou “mas a palavra verdade (e estas comissões) interessa como uma resposta que não apenas o Brasil, mas o mundo democrático contemporâneo está oferecendo aos seus povos no âmbito de cada nação.”

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