terça-feira, 25 de maio de 2010

Homem sem fome, jornalismo inapetente

Do site Observatório da Imprensa
Por Eugênio Bucci em 21/5/2010 
Reproduzido do Estado de S.Paulo, 20/5/2010; título original “O homem sem fome e o jornalismo inapetente”, intertítulos do OI

O mestre iogue Prahlad Jani, da Índia, tem 83 anos. Afirma que há mais de 70 não come nada. E passa bem. Há poucos dias, ele se deixou internar num hospital na cidade de Ahmedabad, onde uma equipe de 30 médicos, escolhida pelo Ministério da Defesa indiano, dedicou-se a monitorá-lo minuto a minuto. Os resultados divulgados são simplesmente inacreditáveis: ao menos durante o período em que esteve sob vigilância, o religioso efetivamente não ingeriu nem expeliu coisa alguma.
Como? É verdade? Bem, quem quiser saber mais sobre a história talvez apanhe um pouco. As notícias são escassas e vagas. Há referências a Prahlad Jani em sites variados, mas a internet é generosa e abundante em relatos que não merecem crédito. De calúnias contra os candidatos à Presidência da República (fantasias de mau gosto) a depoimentos minuciosos sobre excursões em discos voadores (mirações "do bem"), o inacreditável é o que não falta.
O caso do iogue, porém, foi registrado no Brasil em publicações sérias. Dou apenas dois exemplos. O Estado de S.Paulo, em sua edição de 11 de maio, deu poucas linhas a respeito, na página A20: "Iogue hindu não come nem bebe". No sábado, a revista Época trouxe algo mais alentado: duas páginas com mais dados e algumas ironias – como chamar o iogue de "autossustentável" e afirmar que, ao não comer nada, o mestre hindu realizou "o sonho de boa parte das mulheres".
Leia mais aqui.

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