sexta-feira, 25 de julho de 2014

Carta de Javier Bardem sobre la masacre en Gaza

Solo las alianzas geopolíticas, esa máscara hipócrita de los negocios -por ejemplo, la venta de armas- explican la posición vergonzosa de EEUU, la UE y España

Morir bajo el amparo de la ONU

En el horror que está sucediendo en Gaza NO cabe la equidistancia ni la neutralidad. Es una guerra de ocupación y de exterminio contra un pueblo sin medios, confinado en un territorio mínimo, sin agua y donde hospitales, ambulancias y niños son blancos y presuntos terroristas. Difícil de entender e imposible de justificar. Y vergonzosa la postura de la comunidad internacional occidental de permitir tal genocidio.
No entiendo esta barbarie que los horribles antecedentes del pueblo judío hacen aún más cruelmente incomprensibles. Solo las alianzas geopolíticas, esa máscara hipócrita de los negocios -por ejemplo, la venta de armas- explican la posición vergonzosa de EEUU, la UE y España.
Sé que los de siempre deslegitimarán mi derecho a la opinión con temas personales, por eso quiero aclarar los siguientes puntos:
Sí, mi hijo nació en un hospital judío porque tengo gente muy querida y cercana que es judía y porque ser judío no es sinónimo de apoyar esta masacre, igual que ser hebreo no es lo mismo que ser sionista, y ser palestino no es ser un terrorista de Hamas. Eso es tan absurdo como decir que ser alemán te emparenta con el nazismo.
Sí, trabajo también en USA donde tengo amigos y conocidos hebreos que rechazan tales intervenciones y políticas de agresión. "No se puede invocar la autodefensa mientras se asesina a niños", me decía uno de ellos por teléfono ayer mismo. Y también otros con los que discuto abiertamente sobre nuestras encontradas posturas.
Sí, soy europeo y me avergüenza una comunidad que dice representarme con su silencio y su nula vergüenza.
Sí, vivo en España pagando mis impuestos y no quiero que mi dinero financie políticas que apoyen esta barbarie y el negocio armamentístico con otros países que se enriquecen matando a niños inocentes.
Sí, estoy indignado, avergonzado y dolido por tanta injusticia y asesinato de seres humanos. Esos niños son nuestros hijos. Es el horror. Ojalá que haya compasión en los corazones de los que matan y desaparezca este veneno asesino que solo crea mas odio y violencia. Que aquellos israelíes y palestinos que solo sueñan con paz y convivencia puedan un día compartir su solución.

quinta-feira, 24 de julho de 2014

FMI rebaixa previsão de crescimento do Brasil... e do mundo todo! Leiam toda a notícia, viralatas

FMI rebaixa previsões de crescimento global para 3,4% em 2014

De: EFE

O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu nesta quinta-feira levemente suas projeções de crescimento global para 2014, dos 3,6% previstos em abril para 3,4%, devido à influência do "fraco" desempenho da economia dos Estados Unidos no primeiro trimestre e ao "menor otimismo" a respeito das economias emergentes.
Para 2015, o FMI manteve, no entanto, sua projeção de crescimento global em 4%, segundo os dados divulgados hoje na atualização do relatório "Perspectivas Econômicas Globais".
Projeções do FMI para o crescimento global para 2014 caiu para 3,4%. EFE/Arquivo
Projeções do FMI para o crescimento global para 2014 caiu para 3,4%. EFE/Arquivo
Maior economia mundial, os Estados Unidos crescerão neste ano 1,7%, contra os 2,8% previstos em abril, após a contração do primeiro trimestre do ano, e chegarão a 3% em 2015, um décimo a mais que nos cálculos prévios.
Os países emergentes tiveram suas perspectivas revisadas para baixo, com um crescimento estimado de 4,6% em 2014 e 5,2% em 2015, dois décimos e um décimo menores que a estimativa anterior, respectivamente.
A China, grande motor das economias emergentes, se mantém com leve redução das expectativas segundo o FMI, que prevê para o país um crescimento de 7,4% em 2014 e 7,1% em 2015, dois décimos a menos em ambos os casos que o calculado em abril.
"Na China, a demanda interna diminuiu mais do que o previsto, devido aos esforços das autoridades em conter o crescimento do crédito e a uma correção na atividade imobiliária", afirmou o relatório.
Para a Rússia, o Fundo cortou de forma mais acentuada suas projeções: 0,2% neste ano (em abril, a previsão era de 1,3%) e 1% em 2015 (2,3% em abril).
Esta redução ocorreu, segundo o relatório, porque "a atividade econômica se desacelerou notavelmente devido às tensões geopolíticas que continuaram afetando a demanda e os investimentos".
O FMI adverte, de maneira geral, sobre os riscos em baixa na economia mundial como fonte de "preocupação". Entre eles, a "agudização" dos riscos geopolíticos no Oriente Médio e na Ucrânia - que pode provocar uma "forte escalada" dos preços do petróleo -, a possibilidade de que se reverta a tendência de baixa nos prêmios de risco e aumente a volatilidade nos mercados financeiros, além de uma alta de juros nos Estados Unidos "mais drástica e rápida" do que o previsto.

Brasil mantém condenação "a uso desproporcional da força" por Israel em Gaza

Flávia Albuquerque e Bruno Bocchini – Repórteres da Agência Brasil Edição: Nádia Franco
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, fala sobre política externa brasileira no Senado ( Antonio Cruz/Agência Brasil)
Chanceler reage a críticas israelenses e diz que Brasil não é anão diplomático Antonio Cruz/Agência Brasil
O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, defendeu hoje (24) a posição do governo brasileiro que, em nota divulgada ontem (23), condenou “energicamente o uso desproporcional da força” por Israel em conflito na Faixa de Gaza.
“Condenamos a desproporcionalidade da reação de Israel, com a morte de cerca de 700 pessoas, dos quais mais ou menos 70% são civis, e entre os quais muitas mulheres, crianças e idosos. Realmente, não é aceitável um ataque que leve a tal número de mortes de crianças, mulheres e civis", disse o ministro. "E é sobre esse fato que essa nova nota fala”, ressaltou Figueiredo, após participar, em São Paulo, de evento na Fundação Getulio Vargas.


Ele acrescentou que a última nota do Itamaraty não omite nada que foi dito antes. "Ao contrário,a gente pede o cessar-fogo imediato. Cessar-fogo quer dizer o quê? [Cessarem] os ataques das duas partes. Não há cessar-fogo unilateral, não é isso que a gente pede. A gente pede que as duas partes parem os ataques. Isso permanece.”O ministro lembrou que, na semana passada, o Itamaraty já havia divulgado nota condenando o movimento islâmico Hamas pelos foguetes lançados contra Israel, e também Israel pelo ataque à Faixa de Gaza. “Israel se queixa que, na última nota, não repetimos a condenação que já tínhamos feito. A condenação que já tínhamos feito continua somos absolutamente contrários ao fato de o Hamas soltar foguetes contra Israel. Isso se mantém. Não há dúvida. Não pode haver dúvida disso”, afirmou Figueiredo.

Figueiredo rebateu ainda afirmação do porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, que, segundo o jornal The Jerusalem Post, classificou o Brasil de "anão diplomático", apesar de sua posição econômica e cultural.  “O que eu li é que o Brasil é um gigante econômico e cultural, e é um anão diplomático. Eu devo dizer que o Brasil é um dos poucos países do mundo, um dos 11 países do mundo, que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU [Organização das Nações Unidas]. E temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles, seguramente”, reagiu o chanceler.
Segundo Figueiredo, as declarações do porta-voz da Chancelaria israelense não devem, porém, estremecer as relações de amizade entre os dois países. “Países têm o direito de discordar. E nós estamos usando o nosso direito de sinalizar para Israel que achamos inaceitável a morte de mulheres e crianças, mas não contestamos o direito de Israel de se defender. Jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas”, destacou.
O chanceler também defendeu a posição brasileira assumida no Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. O Brasil votou favoravelmente à condenação da atual ofensiva militar de Israel na Faixa de Gaza e à criação de uma comissão internacional para investigar todas as violações e julgar os responsáveis.
“A maioria apoiou, inclusive a América Latina inteira. Nós estamos junto da nossa região e apoiamos, neste caso, uma investigação internacional independente para determinar o que aconteceu, o que está acontecendo. Eu acho razoável haver essa investigação internacional independente, e foi a favor disso que nós nos manifestamos.”

terça-feira, 22 de julho de 2014

MP-RJ investiga, denuncia e pede prisão de manifestantes e tem gente pondo a culpa no PT

O Ministério Público do Rio de Janeiro, utilizando de poderes de investigação, denunciou manifestantes por formação de quadrilha. O Judiciário aceitou a denúncia e determinou sua prisão. O PT ou o Governo Federal nada têm nada a ver com isso. Eu considero um absurdo prender alguém porque pode ser que esse alguém cometa um crime. Porém, quem está determinando a prisão desses ativistas é o santo Ministério Público (que enxertou a luta contra a PEC-37 nas manifestações de junho) e o judiciário, tão decantado pela condenação, sem provas dos réus do chamado "mensalão". 
O "problema" de se defender a justiça e as garantias individuais, é que essa defesa deve ser vir para todos, não só para aqueles que estão de acordo com o que a gente pensa.
Querem defender a liberdade dos manifestantes? Vão para frente da sede do MP-RJ.

Políticos gaúchos lançam comitê suprapartidário de apoio à reeleição de Dilma

De: Sul21

Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Estiveram presentes autoridades de dez partidos | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Débora Fogliatto
Prefeitos, vice-prefeitos, deputados e lideranças políticas do  Rio Grande do Sul realizaram nesta terça-feira (22) a primeira reunião do comitê suprapartidário de apoio à reeleição da presidenta Dilma Rousseff (PT). O encontro aconteceu em formato de almoço, no restaurante Copacabana, em Porto Alegre,  e contou com a presença de nomes do PT, PMDB, PDT, PSB, PR, PROS, PCdoB, PSB, PCB e PP.
A reunião durou cerca de uma hora e meia, com discursos das principais lideranças dos partidos e clima tranquilo, de harmonia entre os presentes. “Cabe a nós construir uma eleição vitoriosa para Dilma no Rio Grande do Sul, lembrando que na passada perdemos aqui. Temos uma grande responsabilidade”, falou o presidente do PT gaúcho, Ary Vanazzi, fazendo a abertura das falas.
O partido que contou com mais representantes no encontro foi o PDT, que nacionalmente apoia a reeleição de Dilma, mas no âmbito estadual lançou a candidatura de Vieira da Cunha ao governo. Três autoridades falaram representando o partido, sendo a primeira delas o prefeito de Porto Alegre, José Fortunati, que informou que irá a Brasília tratar com os prefeitos que apoiam a reeleição de Dilma no âmbito nacional. Em sua breve fala, ele elogiou a “Copa das Copas” e disse que fará “o possível para que campanha de Dilma percorra o Rio Grande do Sul”.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Alceu Barbosa, prefeito de Caxias: “Sou PDT, mas voto na Dilma” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
O prefeito de Caxias do Sul, segunda maior cidade do Estado, Alceu Barbosa, também do PDT, falou em seguida, destacando a importância de políticos de partidos aliados à Dilma conviverem entre eles e com o PT, “com respeito, convivência e solidariedade”. “Sou PDT, mas voto na Dilma. Temos que ter cuidado com isso porque questões locais não podem nos afastar de objetivos maiores”, afirmou, sugerindo que se consiga apoio de mais prefeitos do PMDB e PP. Já Miguelina Vecchio, presidente do PDT Mulheres, apontou a necessidade de se reiterar as políticas desenvolvidas pela presidente em relação aos direitos das mulheres.
Também estiveram presentes partidos menores que não contam com nomes em prefeituras, como PR, PROS e PTC. O representante do PR, Coronel Bonette, que concorreu ao cargo de vice-prefeito na chapa do deputado estadual Adão Villaverde (PT) nas eleições de 2012, destacou que a eleição de Dilma é “causa que está dando certo”.
Caleb Oliveira, do PROS, fez um discurso apaixonado sobre os anos do governo nacional do PT, lembrando que o Brasil atualmente “está situado entre as grandes nações do mundo”. “É verdade que o Brasil não começou há 12 anos, mas também é verdade que o Brasil de hoje é muito diferente do que era 12 anos atrás. E precisa continuar nesses trilhos”, ponderou.
O jornalista André Machado, representando o PCdoB, que concorre a uma vaga na Câmara Federal, seguiu pelo mesmo caminho, afirmando que muitos jovens do país não conheceram o Brasil antes das ações feitas pelo PT e que é preciso “mostrar que o ProUni, o Minha Casa, Minha Vida não existiam antes. Vamos lutar pela reeleição de Tarso e Dilma, e pela necessidade de salvar nosso país do retrocesso”.
Partidos que não apoiam Dilma nacionalmente marcaram presença
Koiti Tamura, presidente do PTC gaúcho, destacou que regionalmente o partido está com a presidenta, embora a direção nacional tenha optado por apoiar Aécio Neves (PSDB). O mesmo foi mencionado por deputado Carlos Busato, do PTB, em relação ao seu partido. “Nós criamos uma crise no partido contra a decisão de apoiar Aécio, então o PTB do Rio Grande do Sul e de Pernambuco decidiram manter seu apoio a Dilma”, afirmou. No Estado, o PTB é um dos mais fortes nomes a compor o governo e apoiar a reeleição do governador Tarso Genro. “Nós nunca vimos tanto investimento nesse Estado. Então, como questão de fidelidade e reconhecimento, não podemos deixar de apoiar Dilma”, destacou.
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Busato: “Nunca vimos tanto investimento nesse Estado” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
No PMDB, a Executiva nacional deixou em aberto para que os estados apoiem quem preferirem na campanha pela presidência, e o prefeito de Alegrete Erasmo da Silva participou da reunião para reiterar o apoio do partido à Dilma no Rio Grande do Sul. Ele mencionou que a presidenta tem grande apoio na Fronteira Oeste do Estado, o que também foi mencionado por Luiz Henrique Antonello, prefeito de Rosário do Sul, que representou o PSB.
“Ela foi a Uruguaiana e visitou os afetados pela enchente, ocasião em que foi muito bem recebida pela população, assim como Tarso”, destacou Antonello. Ele ainda se mostrou crítico à candidatura de Eduardo Campos, representante do PSB na disputa pela presidência, dizendo que após a eleição gostaria de ver o partido “retomar seu rumo e voltar para onde sempre esteve: ao lado dos trabalhadores”.
O PP teve dois representantes: Salmo Dias de Oliveira, prefeito do município de Rio dos Índios, no norte do Estado, e a vice-prefeita de Canoas, Beth Colombo. Quem falou em nome do partido foi Oliveira, que fez uma fala mais moderada e menos entusiasmada que os que o precederam, demonstrando “respeito muito grande pela forma democrática que o povo brasileiro pode viver hoje em dia”. Segundo ele, embora o partido tenha lançado Ana Amélia como candidata ao governo estadual, nacionalmente “os pequenos municípios precisam destacar a forma como fomos tratados, que mudou a vida do povo”.
Jairo, Pont e Collares encerram as falas 
Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Collares: “A direita e a esquerda enfrentam-se de forma violenta no mundo todo” | Foto: Bernardo Jardim Ribeiro/Sul21
Três importantes nomes da política estadual foram os últimos a falar no encontro comitê. Jairo Jorge, prefeito de Canoas, 4ª maior cidade do Rio Grande do Sul e a maior com um governo do PT, destacou o “momento de união” que estava acontecendo. “Estamos olhando aqui para aquilo que nos une, queremos mais mudanças e mais futuro”, afirmou. O deputado estadual e ex-presidente do PT Raul Pont destacou a criação do banco dos BRICS e o fortalecimento da Unasul, na semana passada, como forma de o Brasil se destacar no cenário mundial.
Muito aplaudido, o ex-governador e ex-prefeito Alceu Collares (PDT), aos 86 anos, fez um discurso animado em que criticou o neoliberalismo, lembrando que “Os Estados Unidos e a Europa estão perdendo o jogo da História, não tem mais de onde arrancar recursos financeiros”. Daí vem a importância de reeleger Dilma, segundo ele. “A direita e a esquerda se enfrentam de forma violenta no mundo todo. Precisamos eleger Dilma pelo projeto de nação”, afirmou. Para ele, há ainda definições claras de direita e esquerda, e o avanço da extrema-direita na Europa é preocupante. “Não caiam na conversa fiada de que não existe mais esquerda e direita A esquerda quer transformação, emprego, justiça e igualdade”, colocou.
Durante os discursos, os políticos aproveitaram o almoço no restaurante e confraternizaram. Após o ato, tiraram uma foto em conjunto para simbolizar o evento. Segundo Ary Vanazzi, ocorrerão nove encontros regionais do comitê no próximo mês e na quinta-feira (24) uma comissão irá a Brasília articular a vinda da presidenta ao Estado, que deve acontecer no mês de agosto.

segunda-feira, 21 de julho de 2014

O Museu da Loucura, em Barbacena

O Museu da Loucura de Barbacena mostra um pouco da história do antigo hospital psiquiátrico, local terrível que ficou famoso pela crueldade a que os doentes eram submetidos. Eis aqui um olhar sobre a loucura e sobre nós mesmos.


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Tal qual a lepra, a esquizofrenia foi combustível para exercício do preconceito e da falta de inteligência que podem assolar mentes humanas, talvez sejam predispostas à maldade ou que sejam apenas engrenagem de um sistema préconcebido para não funcionar, para ser torto e vil. Assim como acontecia nos campos de leprosos de antigamente os equizofrênicos, ou loucos, foram - e são - retirados do convívio social, familiar e mundano. A sociedade, suas famílias (!) os colocaram à parte, ainda colocam, e como se não fosse suficiente esta exclusão, há este terrível caso onde humanos flagelam humanos em troca de uma fútil tranquilidade. Falo do caso do lendário e deprimente Hospital Colônia de Barbacena, Minas Gerais, Brasil. Um local terrível, de uma época em que não se falava em humanização da psiquiatria no país.

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Em visita recente à cidade fui ao antigo hospital para visitar o Museu da Loucura, aproveitando para capturar as fotografias que ilustram este artigo. O Museu, inaugurado em 1996, retrata e expõe claramente e com coragem, a história deste que foi primeiro hospital psiquiátrico do estado, criado em 1903 como Assistência aos Alienados do Estado de Minas Gerais. Lá funcionava antes um Sanatório particular para tratamento de tuberculose que havia falido e estava desativado. O "hospício", segundo diversos registros históricos, situa-e em terras da antiga Fazenda da Caveira cujo proprietário era Joaquim Silvério dos Reis, conhecido na história mineira como o delator da Inconfidência.

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De interessante construção arquitetônica o espaço do museu deixa os visitantes, de certa forma, com um sentimento de melancolia e apreensão, mas sem falsos dramas ou sensacionalismo. A imersão no conteúdo das salas permite uma profunda reflexão sobre o mundo, sobre humanos e, principalmente, sobre nós mesmos e nossa relação com o diverso, com o difícil... A primeira sala mostra o relato da criação do hospital, sua história e personagens principais da época com muitas fotos e destaque para um exemplar genuíno do primeiro telefone da cidade de Barbacena que era instalado no hospital. É recomendado paciência e atenção nesta sala para que se possa "entrar no clima" do lugar. Destaque negativo da sala para um ofício da Secretaria da Saúde destinado ao diretor do hospital psiquiátrico orientando para que fossem retiradas as camas dos quartos dos doentes e estes passassem a dormir no chão para que coubessem mais deles num mesmo quarto. Uma desumana solução para a superlotação que mostra o descaso de autoridades para com aquelas pessoas.

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Ofício da Secretaria de saúde orientando a retirada das camas.

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 Doente em local sem camas.

A sala número dois é talvez a mais interessante e impactante pois retrata as maneiras que os doentes eram tratados e as crueldades a que eram submetidos, tudo ilustrado com fotos e objetos que chegam a dar arrepios, como os aparelhos de eletrochoque, prática introduzida na psiquiatria em 1938 e que produz, segundo especialistas, resultados eficazes se utilizada com moderação e não nas cavalares doses que se faziam comuns no hospital de Barbacena. Ainda nesta sala vemos outros exemplos de materiais que compunham o dia a dia dos doentes, tais como grades das celas onde ficavam, aparatos de uso famacêutico dentre outros de cunho médico e mesmo de tortura sob pretexto de contenção. Após uma olhada nas pesadas algemas expostas em uma vitrine foi triste constatar, neste momento, o quão sem valor eram aquelas vidas para quem devia cuidar delas e a sala seguinte revela muito disso ao mencionar como as famílias dos "loucos" os levavam já com intenção de interná-los para sempre e de nunca mais visitá-los.

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Celas onde os doentes ficavam.

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  Aparelho eletroconvulsor.

Em seguida a visita torna-se um tanto mórbida ao pararmos para ler alguns textos muito interessantes que contam como os funcionários do hospital chegavam a cozinhar corpos de doentes mortos em tambores de gasolina para que sua carne derretesse e os ossos pudessem ser vendidos às faculdades de medicina da cidade e região. Nesta mesma sala, já a quarta, vê-se fotos dos pátios, quartos e de outras dependências do lugar como eram antigamente, fotos muitas vezes capturadas durante visitas de famosos psiquiatras de todo o mundo.

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  Algemas usadas para contenção dos pacientes.

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  Cotidiano dos internados.

Outra impressionante exposição do museu é a representação de uma sala de cirurgia na qual vemos alguns instrumentos que eram utilizados antigamente e ainda um exemplar de crânio de um ex-paciente e algumas radiografias. As práticas cirúrgicas adotadas no hospital eram, em sua maioria, degradantes, cruéis e sem qualquer noção de cuidado humanitário ou solidário com os internados. Frágeis e sempre confusos eles ficavam sempre e completamente à mercê de inescrupulosos médicos e gerentes do hospital que objetivavam tudo, menos seu tratamento adequado.

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Termina-se a visita com uma exposição de divulgação da grife “Pirô Criô”, composta por trabalhos manuais e de artesanato feito pelos usuários do hospital. E este é momento propício par que sejam feitos exames de consciência, momento para procurarmos nosso lugar nesta sociedade onde os valores são demasiadamente turvos, onde pessoas não são mais que nada. A psiquiatria passou por algumas evoluções significativas e os esquizofrênicos aos poucos, e em poucos lugares, têm deixado de ser tratados como casos perdidos para serem encarados de frente como seres humanos portadores, sim, desta doença psiquiátrica endógena, que se caracteriza principalmente pela perda do contato com a realidade; não pela perda das características de seres humanos. Que realidade é esta que nos orgulhamos de ostentar? Que vergonha é esta que temos de ter ao nosso lado irmãos humanos que merecem talvez muito mais que nós a atenção que lhes é negada?

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  Pátio no antigo manicômio.

Houve significativas melhorias na psiquiatria brasileira, com movimentos de luta pela humanização do tratamento e dos hospitais, abolição dos manicômios e, principalmente, pela revolução dos métodos utilizados e do modo de ver o portador de esquizofrênia e outras doenças mentais. Como relata este trecho de um artigo da Wikipédia: "As políticas para a saúde mental foram objeto de vivo interesse de atores sociais que a influenciaram através de atuações externas à gestão sanitária nas últimas três décadas, determinando, em grande medida, sua trajetória. Amarante define reforma psiquiátrica como um processo histórico de formulação crítica e prática, que tem como objetivos e estratégias o questionamento e elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria (1995). No caso brasileiro esse processo é tributário dos debates teóricos e das experiências que constituem o ideário da "nova psiquiatria" (Venancio, 1990). No Brasil, o processo se iniciou no final da década de 1970, no contexto político de luta pela democratização. O principal marco de sua fundação é a chamada "crise da Dinsam" (Divisão Nacional de Saúde Mental), que eclode em 1978. Os profissionais da área denunciavam as péssimas condições da maioria dos hospitais psiquiátricos do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro e vários foram demitidos. No mesmo ano, no V Congresso Brasileiro de Psiquiatria, uma caravana de profissionais da saúde demitidos no processo de lutas da Dinsam divulgou o Manifesto de Camboriú e marcou o I Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, realizado em São Paulo, em 1979. Neste processo surge o principal protagonista da reforma psiquiátrica brasileira, o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM)."

Após isso ganhou-se em certa qualidade no tratamento, hospitais manicômio como o de Barbacena foram fechados, pessoas presas por maus tratos e crueldade, bem como assassinatos. Mas ainda resta o preconceito, numa das piores formas em que se manifesta, uma forma por vezes disfarçada, mascarada de piedade e que na verdade é a pior patologia a que está exposto o portador de esquizofrênia. O abando familiar e social resistem ao tempo e a sensação de que a "loucura" é uma condenação que nasce com o doente e traça sua sina para sempre permanece ainda nos dias de hoje; houve reforma da psiquiatria mas não uma reforma da sociedade.

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Artigo da autoria de Sandro Marcos.
Viciado em atenção e notívago inveterado, simplesmente não vive sem a multiplicidade de culturas e conteúdos! Multiplicidade esta que expressa através de incursões pelos mundos da música, poesia, literatura e do amor verdadeiro. Email para este blog: encruzilhada.obvious@yahoo.com.br.
Saiba como fazer parte da obvious.