sábado, 19 de fevereiro de 2011

Maria do Rosário lança selo contra a homofobia

Elaine Patricia Cruz
Repórter da Agência Brasil
São Paulo - O primeiro selo Brasil Território Livre da Homofobia, que pretende divulgar o serviço Disque 100 de denúncias de violência homofóbica, foi lançado e colado na tarde de hoje (19) na Avenida Paulista, em São Paulo. O selo foi lançado na Casa das Rosas pela ministra da Secretaria dos Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário, com a participação da senadora Marta Suplicy (PT-SP) e do secretário de Direitos Humanos da prefeitura de São Paulo, José Gregory.
Segundo a ministra, é importante que as pessoas não tenham medo de denunciar um ato violento contra os homossexuais. “Quem ligar para o Disque 100 será atendido por um grupo altamente qualificado e não necessariamente precisará dizer o seu nome. O mais importante para fazer com que as pessoas estejam fortes, para fazer a denúncia, é que elas percebam que aquilo que elas denunciam é levado adiante, e que a impunidade não permanecerá, que os crimes homofóbicos serão trabalhados, julgados e responsabilizados”, afirmou.
Além de divulgar o telefone de denúncia contra a violação dos direitos humanos, o selo também servirá para que se faça um levantamento sobre os casos de violência contra lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, que servirá para a implantação de políticas públicas voltadas para essa população.
“Queremos ter uma visão nacional sobre essa situação da homofobia, porque há muitas discriminações e muita violência e, disponibilizando o número 100, sete dias por semana, 24 horas por dia, gratuito, e para todo o Brasil. Vamos ter, pela primeira vez, uma amostragem do que significa a situação da homofobia em todo o território nacional”, disse.
Segundo a secretaria dos Direitos Humanos, entre os dias 6 de dezembro de 2010 e 16 de fevereiro deste ano, quando o Disque 100 funcionou apenas experimentalmente, foram recebidas 343 denúncias de violência, 17% delas eram relatos de violência física.
Já um levantamento feito pela organização Grupo Gay da Bahia (GGB) em jornais e na internet, e que estampou faixas que foram penduradas em várias pessoas presentes ao lançamento do selo, mostra que entre os anos de 1969 e 2010 ocorreram 494 homicídios motivados pelo preconceito contra homossexuais. Só em 2010, foram noticiadas 24 mortes.
Durante o lançamento do selo, o presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT), Tony Reis, também falou da importância de que seja aprovado, no Congresso, o Projeto de Lei 122, que pune os crimes homofóbicos.
“Temos um adversário comum, que são os religiosos fundamentalistas. Precisamos ter um diálogo com os religiosos e dizer que não queremos privilégio nenhum, não queremos destruir a família de ninguém. Queremos construir a nossa”, disse Reis.
Segundo a senadora Marta Suplicy, apesar de o Congresso Nacional, hoje, ter uma grande bancada religiosa, a lei deve passar. “Não temos que convencer ninguém que tem um dogma, e que temos que respeitar. Temos é que falar com os deputados e senadores que concordam, mas que têm medo do eleitor. Esses são os que temos que convencer”, disse a senadora.
Segundo ela, o Legislativo precisa vencer o seu atraso perante a sociedade com relação a esse tema. “Não podemos esquecer que quem caminhou foi a área da Justiça e a sociedade civil. Quem se acovardou foi o Legislativo”, completou.

Maria do Rosário encontra ativistas dos direitos humanos em SP

São Paulo - A ministra chefe da Secretaria de Direitos Humanos/SDH da Presidência da República, Maria do Rosário, esteve na manhã deste sábado (19) em São Paulo, para dialogar com dirigentes e militantes de movimentos populares voltados para os direitos humanos.
Durante um encontro de cerca de três horas na Câmara Municipal, a ministra ouviu reivindicações de militantes pelo reconhecimento dos direitos de deficientes, das mulheres, dos moradores em situação de rua, das crianças e adolescentes, idosos, camelôs, negros e do movimento LGBT.
Segundo a ministra, as intervenções propiciaram um “panorama incrível” da situação dos direitos humanos, em especial na capital paulista. Ela usou um pequeno caderno em que fez várias anotações durantes as exposições.
Maria do Rosário falou também que o grande desafio de sua pasta é "trabalhar pelo desenvolvimento de uma cultura de direitos humanos em nosso País."
À tarde do  mesmo dia, a ministra participaria de um evento contra a homofobia, na capital paulista. Em breve, mais informações.
De: Rede Brasil Atual Com informações do PT-São Paulo

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Após encontrar baratas, vigilância interdita McDonald's no RS

GRACILIANO ROCHA DE PORTO ALEGRE 

A Vigilância Sanitária de Porto Alegre interditou uma lanchonete do McDonald's no centro da capital gaúcha.
Fiscais encontraram baratas na cozinha do restaurante, localizado na praça da Alfândega, um dos pontos de maior movimento da cidade. A fiscalização ocorreu na quarta-feira (16), e a loja continua fechada na tarde desta quinta.
A autoridade sanitária determinou a interdição do restaurante até que seja realizada a desinsetização e uma nova vistoria para atestar a higiene do local.
Procurado, o McDonald's informou, por meio de nota, que "preza pela qualidade e segurança alimentar de seus produtos e já está providenciando o pronto atendimento das solicitações da Vigilância em Saúde". 

O DNA dos negros e pardos brasileiros

Folha de São Paulo - 18/02/2011 - REINALDO JOSÉ LOPES - EDITOR DE CIÊNCIA
No Brasil, faz cada vez menos sentido considerar que brancos têm origem europeia e negros são "africanos"Segundo um novo estudo, mesmo quem se diz "preto" ou "pardo" nos censos nacionais traz forte contribuição da Europa em seu DNA.

O trabalho, coordenado por Sérgio Danilo Pena, da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), indica ainda que, apesar das diferenças regionais, a ancestralidade dos brasileiros acaba sendo relativamente uniforme.

"A grande mensagem do trabalho é que [geneticamente] o Brasil é bem mais homogêneo do que se esperava", disse Pena à Folha.
De Belém (PA) a Porto Alegre, a ascendência europeia nunca é inferior, em média, a 60%, nem ultrapassa os 80%. Há doses mais ou menos generosas de sangue africano, enquanto a menor contribuição é a indígena, só ultrapassando os 10% na região Norte do Brasil.
QUASE MIL

Além de moradores das capitais paraense e gaúcha, foram estudadas também populações de Ilhéus (BA) e Fortaleza (compondo a amostra nordestina), Rio de Janeiro (correspondendo ao Sudeste) e Joinville (segunda amostra da região Sul).

Ao todo, foram 934 pessoas. A comparação completa entre brancos, pardos e pretos (categorias de autoidentificação consagradas nos censos do IBGE) só não foi possível no Ceará, onde não havia pretos na amostra, e em Santa Catarina, onde só havia pretos, frequentadores de um centro comunitário ligado ao movimento negro.

Para analisar o genoma, os geneticistas se valeram de um conjunto de 40 variantes de DNA, os chamados indels (sigla de "inserção e deleção"). São exatamente o que o nome sugere: pequenos trechos de "letras" químicas do genoma que às vezes sobram ou faltam no DNA.

Cada região do planeta tem seu próprio conjunto de indels na população -alguns são típicos da África, outros da Europa. Dependendo da combinação deles no genoma de um indivíduo, é possível estimar a proporção de seus ancestrais que vieram de cada continente.

Do ponto de vista histórico, o trabalho deixa claro que a chamada política do branqueamento -defendida por estadistas e intelectuais nos séculos 19 e 20, com forte conteúdo racista- acabou dando certo, diz Pena.

Segundo os pesquisadores, a combinação entre imigração europeia desde o século 16 e casamento de homens brancos com mulheres índias e negras gerou uma população na qual a aparência física tem pouco a ver com os ancestrais da pessoa.

Isso porque os genes da cor da pele e dos cabelos, por exemplo, são muito poucos, parte desprezível da herança genética, embora seu efeito seja muito visível. O trabalho está na revista "PLoS One"
P.S: Fui atrás para saber o que é esta revista. "PLoS ONE é uma revista científica de acesso livre disponível apenas online publicado pela Public Library of Science. Cobre principalmentepesquisa primária de qualquer disciplina na área da ciência e medicina."

Leia mais no Blog do Nassif, inclusive o debate sobre o tema

Mubarack saiu, mas Aquenáton voltou

Aquenáton

Estátua de Aquenáton volta ao Museu Egípcio

A estátua do faraó Aquenáton foi roubada por vândalos durante os dias de protesto no Cairo
As autoridades egípcias responsáveis pelas antiguidades do país recuperaram uma estátua do faraó Aquenáton, que foi roubada com outros oito itens durante os protestos que levaram à renúncia do presidente Hosni Mubarak. O ministro de Antiguidades do Egito, Zahi Hawass, disse nesta semana que ladrões haviam invadido o Museu Egípcio em 28 de janeiro e levado oito tesouros do período dos faraós Tutancâmon e Aquenáton, mas que três dos objetos haviam sido recuperados. Segundo um comunicado do ministério de Hawass, um manifestante encontrou a estátua de calcário de 7 centímetros no terreno do museu, no centro do Cairo, durante os protestos.
Hawass, promovido a ministro de Estado em uma reforma de gabinete realizada por Mubarak em seus últimos dias na Presidência, está sendo duramente criticado pela comunidade arqueológica pelos furtos. Ele havia dito à Reuters em 9 de fevereiro que nenhum artefato havia sido roubado. Os sítios faraônicos do Egito e suas antiguidades são importantes atrações no país, onde o setor turístico é uma considerável fonte de renda.
Aquenáton, que renunciou ao poder aproximadamente em 1.350 a.C, é famoso por ter tentado abandonar os deuses egípcios tradicionais e introduzir um culto voltado ao sol Aton. Ele também tentou estabelecer uma nova capital em Amarna, a 250 quilômetros ao sul do Cairo.

CPMI do MST é encerrada

Onyx: o mentor intelectual da CPMI inútil
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do MST foi encerrada sem sequer votar o relatório final. A CPMI requerida pelo Deputado Federal Onyx Lonrenzoni (DEM-RS) foi uma manobra dos ruralistas para crininalizar o MST, ao longo de treze reuniões oficiais e outras investigaçoes paralelas, a CPMI não conseguiu concluir nada que incriminasse o MST. A instalação da Comissão e alguns momentos de seu funcionamento foi feito com alarde pela mídia. Porém, seu encerramento formal, em 31 de janeiro, não mereceu nem um pé de página.Vou esperar até segunda, se não houver nenhuma divulgação do fato vou começar a pensar que a grande mídia só anuncia o que interessa aos seus patrocinadores.
Leia mais, clicando aqui.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Jovens têm rotina de agressões nos namoros

Marcelo Remígio-Globo.com
RIO - Agressão virou sinônimo de domínio nas relações amorosas de jovens do Recife. Para marcar território, casais com idades entre 15 e 19 anos recorrem à violência como forma de controle de parceiros e parceiras. Em muitos relacionamentos, a violência sexual faz parte do namoro e, na maioria dos casos, a vítima também passa a exercer o papel de agressora. Levantamento realizado pela Fiocruz Pernambuco e pela escola Nacional de Saúde Pública, com 290 estudantes de 11 escolas da rede pública da capital mostra que 67,3% dos casais admitiram já ter ocorrido violência sexual por parte de ambos os parceiros.
O estudo mostra ainda que em 23,7% dos namoros a violência sexual é praticada somente pelos rapazes e em 9% pelas moças. Considerada como um ato de grau grave, a relação sexual forçada sob ameaça - de agressão física, de chantagem e até da colocação de fotos íntimas em sites de relacionamento na internet - é mais comum quando o agressor é um adolescentes do sexo masculino: 73,7%, contra 15,98% do feminino.
Para pesquisador, há uma crise de valores
De acordo com o pesquisador da Fiocruz e biomédico Eduardo Bezerra, o comportamento identificado nos jovens levará à formação de adultos cada vez mais agressivos, ao aumento da criminalidade e à concretização da banalização da violência. Bezerra ressalta que jovens que sofreram alguma ação de violência no local onde vivem, como assaltos ou brigas, têm o dobro de chances de as agressões influenciarem em suas relações.
- São adolescentes que enfrentam cada vez mais cedo a violência em diversos graus. Os jovens começam a achar isso tudo muito normal. Acreditam que, para ter domínio da relação e do companheiro, é preciso usar de violência. Esse comportamento também oferece respaldo para a permanência em seus grupos sociais. Controlar a namorada ou o namorado pode ainda representar independência para quem tem 12 ou 13 anos. Enfrentamos uma crise de valores - explica Bezerra, que promoveu a pesquisa.
A análise do comportamento dos jovens também possibilitou identificar o risco de as agressões se repetirem, criando uma rotina de violência. Quem perdeu o controle e bateu no companheiro tem 2,5 vezes mais chances de partir para a briga novamente. Quem mantém relações sexuais com seus parceiros aumenta em três vezes o risco de ser vítima de violência ou se transformar em agressor. A probabilidade de problemas no relacionamento também é alta quando o casal não tem religião.
- Até então, os controles religioso e moral nas relações afetivas eram maiores. Agredir era um ato fora do normal. Atualmente, o controle é menos intenso. O curioso é que existia a figura do agressor e da vítima. Hoje, elas se misturam, com os namorados desempenhando os dois papéis. Alguns jovens acreditam que quando uma menina é paquerada por um outro rapaz e seu namorado não reage de forma violenta batendo nela, por exemplo, ele estaria concordando com a situação. Acontece até quando, usando a linguagem deles, ela não "dá mole" - diz Bezerra.
Violência começa com beijo forçado e vai aumentando
Para o pesquisador, hoje a violência demonstrada pelos jovens começa com um ato de grau leve, como um beijo forçado, e vai aumentando gradativamente podendo chegar a estupros e brigas com agressões físicas e verbais. Segundo Bezerra, os jovens vão "testando os limites da violência" em suas relações.

Eliseu...Quadrilha

Padilha mantém o sorriso, apesar das adversidades
O título da postagem seria "Eliseu Padilha foi indiciado pela Polícia Federal por fraude em licitação e formação de Quadrilha". Como o espaço é pequeno tive que resumir.
Padilha é suspeito de ajudar a empresa MAC Engenharia a vencer concorrências para a construção de duas barragens em território gaúcho – Jaguari e Taquarembó -, cada uma orçada em R$ 70 milhões.
Padilha, para quem não lembra, foi o primeiro parlamentar gaúcho a constar no site Ficha Limpa . Ele é advogado e tem bons advogados. Vai se livrar dessa.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Ana de Hollanda e a laranjeira que se veste de prata

É somente a partir dessa constatação, fundada na história real do nosso tempo, que se torna possível retornar, de maneira concreta, a ideia de utopia e de projeto. Este será o resultado da conjunção de dois tipos de valores. De um lado, estão os valores fundamentais, essenciais, fundadores do homem, válidos em qualquer tempo e lugar, como a liberdade, a dignidade, a felicidade; do outro lado, surgem valores contingentes, devidos à história do presente, isto é, à história atual. A densidade e a factibilidade histórica do projeto, hoje, dependem da maneira como compreendamos a sua combinação”. (Milton Santos – Por uma outra globalização).
Ainda hoje me lembrei das palavras de Emir Sader sobre a escolha não simplesmente do nome, mas de projetos distintos do país que estavam em jogo nas eleições presidenciais, Dilma x Serra.
O projeto de Dilma trazia o retrato de um Brasil com avanços históricos, herança da era Lula, dos quais ela participou ativamente, sobretudo como Ministra-Chefe da Casa Civil e, portanto, com todas as condições de dar continuidade, com uma nova edição, ao mesmo projeto de avanços para seguirmos mudando.
Já o projeto de Serra, era o oposto, pois não só nasceu na beira do brejo da era FHC, mas mergulhou nele de cabeça para se nutrir de munição lamacenta e se fartar de práticas de cangaço, bolinhas de papel e guerra moral-pudico-religiosa.
Foi tensa a campanha, principalmente para os que querem seguir mudando o Brasil com Dilma, pois o medo de um retrocesso deixava em pânico todos os que tinham consciência do risco Serra, pois sabiam pra quem ele governaria o Brasil.
Serra, o candidato que serviria aos interesses das grandes corporações internacionais como foi comprovado depois com os vazamentos do Wikilieaks entregaria, entre outras estatais, a Petrobras e o pré-sal a grupos estrangeiros.
Enquanto fatos como este vão se confirmando pelas revelações do Wikileaks, vemos nascer no “pé da laranjeira” do MinC, um tipo de turista que viaja da comunhão serrista para se instalar como um vírus oportunista no corpo do Ministério da Cultura da Presidenta Dilma. O vírus do neoliberalismo cultural.
Mas quem seria, dentro do MinC, o hospedeiro desse vírus neo-conservador característico dos Demo/tucanos que vem provocando indignação crescente nas massas? Não precisamos de tanto esforço para enxergar nas reações em cadeia o que está pra lá de perceptível.
Há uma insatisfação geral com os rumos políticos que a Ministra Ana de Holanda está dando à sua pasta, por sua visão de narcisismo moral, estético e social, plasmados na ideia do neoliberalismo cultural: Produção e consumo de arte.
O discurso MinC mudou, e muito. A informação e o dinheiro estão sendo devolvidos ao benefício exclusivo dos que apoiaram como estratégia de sobrevivência, a candidatura Serra. Isto está mais que claro e começa a se tornar perigoso.
COISAS DA PAPA FINA
A ideologia do MinC de Ana é a mesma da economia neoliberal de cultura. A “cereja do bolo” volta à ribalta com esse sistema ideológico. Tanto que foi aberta uma secretaria exclusiva para regular as relações do estado com o setor privado, ou melhor, com os negociantes de cultura e, ao mesmo tempo em que o mercado ganha expressão, por outro lado, é decapitada a SID – Secretaria da Identidade e Diversidade.
A “mensagem de esperança” da secretaria de comercio cultural é a mesma que a Lei Rouanet, vem prometendo e não cumprindo há 20 anos. “Emprego e renda para os profissionais da cultura”, sem falar que caminharemos para um inferno aprofundado de competitividade da cultura/corporação e não o da comunhão das pessoas e logicamente do país.
DEFINIÇÕES

“O território não é apenas o resultado da superposição de um conjunto de sistemas naturais e um conjunto de sistemas de coisas criadas pelo homem. O território é chão, e mais a população, isto é, uma identidade, o fato e o sentimento de pertencer aquilo que nos pertence. O território é a base do trabalho, da resistência das trocas materiais e espirituais e da vida, sobre os quais ele influi. Quando se fala em território deve-se, pois, de logo, entender que se está falando em território usado, utilizado por uma dada população. Um faz o outro, a maneira da célebre frase de Churchill: Primeiro fazemos nossas casas, depois elas nos fazem… A idéia de tribo, povo, nação e, depois, de Estado nacional decorre dessa relação tornada profunda”. (Milton Santos)
A definição dessa nova realidade do MinC é um inapelável retrocesso. Isso só interessa única e exclusivamente ao mercado e não ao povo brasileiro. Em particular aos barões do ECAD e da Lei Rouanet, já que Ana se diz contrária às decisões que soberanamente a sociedade tomou nas conferências de Cultura Brasil afora que propuseram novas formas para as duas leis. Lembrando que a II CNC é um modelo de construção coletiva histórica que representou todo o nosso território, mas acima de tudo, representou o presidente Lula e a figura do cidadão brasileiro.
Deste modo a geografização do debate tem um símbolo de conjuntos políticos de grande representatividade na sociedade para ser descartado e trocado por uma política neoliberal como propõem as novas declarações e ações de Ana de Hollanda jogando no lixo um debate concreto, legítimo e comprando uma abstração, uma fábula de mercado.
Para dar cor às suas palavras sobre o mercado cultural, Ana de Holanda, terá, sem dúvida, que fazer uso mágico de estatísticas, porque o poder do pensamento único não é capaz de transformar “idéias científicas de mercado” em algo de concreto. Ou seja, o governo não tem como inventar um mercado. Só poderá santificá-lo e pedir que todos rezem e acreditem que o messias estatal os salvará.
Sobre as ações individuais, o governo não terá em cada relação uma organização comprometida, pois na compartimentação, as idéias, os comportamentos, as relações e os lugares não serão atingidos. Santificar uma ciência de mercado fazendo uso de técnicas hegemônicas é mistificação de política pública de cultura. Se somado a isso, como parece, o MinC deve viver também de mistérios banais como é comportamento comum no medalhonismo, e a ministra, neste caso, também,  buscará alicerces em ciência de butiquim. Ou seja, as “elites intelectuais” em seus burgos não farão parte do conjunto da sociedade, serão uma “reserva de luz” talvez, um imperativo proclamado nas horas de crise, afinal eles têm produtores influentes na grande mídia, para tentar enfrentar uma oposição que já é evidente e crescente a este protagonismo neoliberal.
“No Egito, onde tão outra era a psíquica coletiva plasmada pela casta sacerdotal, a feição da arquitetura é hierárquica e angulosa, despida de graça e norteada sempre no sentido de sugerir o enorme e o eterno”. (Monteiro Lobato – Idéias de Jeca Tatu).