sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Marcos Rolim e o aniversário da governadora


Meu conterrâneo Marcos Rolim fez uma postagem sobre a passagem do aniversário da governadora, que reproduzo a seguir:
“A governadora recebeu hoje à tarde - com direito à foto no site do governo e tudo - uma placa de bronze em homenagem ao seu aniversário. Quem lhe ofereceu a placa? Algum parente? A velhinha de Taubaté? Não. A homenagem lhe foi prestada pelo Tribunal de Justiça Militar. Se faltava algum argumento para a extinção do TJM, agora não há mais desculpa. Tem cabimento um Tribunal mandar confeccionar uma placa de bronze para o aniversário de alguém? Onde estamos? No Maranhão?”
Não estamos no Maranhão, mas estamos no Brasil, planeta Terra. O mito da superioridade política e ética do Rio Grande do Sul é um dos mais difundidos. É como um dos componentes do “gauchismo” que vai se desfazendo diante da visibilidade de tantos escândalos. Para alguns, que só acreditam no que veem, a política riograndense era limpa porque não viam nada, ou não queriam ver.
Aspectos da formação do estado, uma realidade social menos desigual que em outros estados (do nordeste, por exemplo) e componentes culturais (como os princípios do positivismo) funcionaram como um certo freio a práticas políticas comuns do patrimonialismo brasileiro. Porém, parece que o que temos de melhor em relação a outros estados são os ideólogos que conseguiram vender a idéia de uma superioridade étnica dos gaúchos e de seus políticos; ao menos para nós mesmos. Perguntem aos paulistas, aos mineiros, aos baianos quem são os políticos mais qualificados do Brasil, ou quais os movimentos nacionalistas, patrióticos mais significativos. Cada um desses estados terá os seus próprios. O Maranhão, provavelmente, tenha dificuldade de assumir-se como espelho da pátria, dado um certo complexo de inferioridade, mas até o Maranhão deverá ter seus próprios mitos, capazes de fundar uma teoria da “superioridade maranhense”, em relação aos demais estados da federação.
Decididamente, não estamos no Maranhão, mas o desnudamento das patranhas locais podem prestar o serviço de colocar o Rio Grande diante da sua realidade. Ou não.

Um comentário:

  1. Oi César: concordo com sua observação; quando me referi ao Maranhão, entretanto, não o fiz retoricamente, nem para insinuar alguma superioridade gauchesca. Aliás, tenho um pequeno ensaio publicado há cerca de 20 anos onde sustento a antipática idéia de que os políticos gaúchos não são melhores do que os do resto do Brasil. O que ocorre no Maranhão é que lá, como em nenhum outro estado brasileiro, as homenagens aos políticos locais - feitas com dinheiro público - são a regra. O processo está vinculado à influência nefasta da clã de Sarney e ao predomínio histórico do coronelismo. Andando por São Luis, as ruas, as escolas, os prédios públicos, até as creches levam o nome de familiares de Sarney. No ato da entrega de uma placa de bronze do Tribunal de Justiça Militar à governadora, em comemoração ao aniversário dela, identifico uma prática similar. Só isso.
    Abraço

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