segunda-feira, 20 de abril de 2009

Somos todos iguais nesta noite


Agora, resolveram pegar no pé da Luciana Genro. Tudo por causa das passagens cedidas ao Protógenes. Em princípio, não vejo maiores problemas, mas... considerando o moralismo estrito e o ranço udenista do discurso do PSOL, acaba sendo um caso parecido com o dinheiro da Gerdau. A deputada diz que recebeu muito menos que os outros partidos que concorreram, mas... esse é o melhor argumento? A festa que a mídia faz sobre esse tipo de ação do PSOL é uma resposta ao ativismo moral(ista) do partido. é difícil ficar livre de alguma acusação. A partir de qual valor, por exemplo, passa a ser inaceitável receber doação de uma empresa?
Sobre as passagens, não sei bem o que diz o regulamento, mas deveriam ser para atividades parlamentares e utilizadas por parlamentares e servidores. Até que ponto ceder passagem para alguém não parlamentar tem a ver com a atividade e deve ser pago por recursos públicos. Há diferença entre dar passagem para a Adriane Galisteu, ao Protógenes, a um líder comunitário que busca a implantação de uma estrada, ou a militantes sociais de alguma causa? Sinceramente, acho que sim. Há diferenças que um regulamento da Câmara não seria capaz de prever. Há uma diferença entre convidar amigos para passear em Brasília (tem gosto pra tudo), ou nos estados de origem dos parlamentares e promover a viagem de lideranças, ou representações que busquem algum interesse público, mesmo que não seja um interesse universal. Há diferença entre viajar com a esposa para Paris (caso do deputado Ivan Valente), ou colaborar para que um representante partidário vá a um encontro no exterior (caso do deputado Daniel Almeida)
Não é tão simples diferenciar as "causas justas", como diz a deputada, dos interesses particulares. É a história da pornografia e do erotismo. É mais fácil diferenciar um do outro quando vemos, do que explicar a diferença.
Por tudo isso, quando se fala no desgastado termo "prática republicana" deve-se pensar que ele precisa valer para todos. Não sei se é um caso exclusivamente brasileiro, mas onde há uma brecha na regra, aparece alguém para tirar proveito. Daí, a profusão de leis e regras e os relativismos e absolutivismos éticos que tomaram conta da política brasileira.
A deputada do PSOL está provando do veneno. Acontecerão mais casos, alguns justos, outros injustos. Enquanto isso, assistimos grandes debates sobre temas periféricos e pouca discussão sobre temas profundos e centrais da nossa vida política.

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