Alexis Tsipras lança seu voto em um centro de votação em Atenas Foto: AP |
Alexis Tsipras, dirigente do partido esquerdista Syriza, reconheceu sua derrota nas eleições deste domingo na Grécia, mas assegurou que seguirá rejeitando o pacto de austeridade com a União Europeia como principal partido da oposição.
"Embora o Syriza não seja o partido mais votado, é a primeira força da oposição contra o memorando" (de austeridade), anunciou o jovem dirigente progressista, advertindo que exercerá uma oposição forte e reiterou que acabar com as políticas de poupança é a única saída para a Europa.
Com 26,4% dos votos, segundo a apuração ainda em progresso, o Syriza foi a segunda força mais votada, a apenas quatro pontos dos conservadores do Nova Democracia.
Tsipras indicou que seu partido lutou para que o país e a Europa mudassem de rumo e ressaltou que o resultado eleitoral mostra que há uma consistente oposição entre os eleitores às políticas de austeridade.
"Em um mês e meio o povo desaprovou o memorando em duas ocasiões. E o governo não pode fazer o que quer sem levar o povo em conta", disse em alusão também às eleições do último dia 6 de maio.
Conservadores lideram votação na Grécia
O partido de centro-direita Nova Democracia deve
conseguir uma vitória por pouca diferença de votos em relação ao
esquerdista Syriza nas eleições realizadas neste domingo na Grécia.
Com 60% dos votos apurados, as
estimativas do Ministério do Interior afirmam que o Nova Democracia
conseguiu 30,1% dos votos (ou 130 cadeiras no Parlamento), o Syriza
obteve 26,5% dos votos (70 cadeiras), e o socialista Pasok, 12,6% (33
cadeiras).
O líder do Nova Democracia, Antonis Samaras,
pediu que todos os partidos se juntem a um governo de salvação nacional e
acrescentou que a Grécia vai cumprir seus compromissos.
"O povo grego escolheu hoje pela permanência no
caminho europeu e na zona do euro. Não haverá mais aventuras. O lugar da
Grécia na Europa não será colocado em dúvida", disse Samaras.
"Os sacrifícios do povo grego vão levar o país de volta à prosperidade."
O líder do Syriza, Alexis Tsipras, afirmou que
Samaras deve tomar a liderança na tentativa de formação de um governo de
coalizão.
Segundo o correspondente da BBC em Atenas Mark
Lowen, estas declarações de Samaras sugerem que ele quer continuar com o
programa de cortes de gastos exigidos pelos credores internacionais da
Grécia.
A eleição parlamentar deste domingo na Grécia
era vista por muitos analistas como um referendo sobre a permanência do
país na zona do euro. Este foi um dos assuntos que dominaram a campanha
política no último mês.
O outro assunto, que está interligado com a
permanência da Grécia na zona do euro, foram os pacotes de ajuda
financeira recebidos pelo país nos últimos dois anos.
A Grécia recebeu ajuda internacional de 110
bilhões de euros, em 2010, e 130 bilhões de euros, no ano passado. O
dinheiro foi usado para que o país conseguisse pagar suas dívidas, mas
grande parte da população está descontente com as condições do acordo,
que exige medidas duras de redução de gastos públicos.
A Nova Democracia apoia os pacotes de ajuda
financeira, assim como Pasok, mas defende a renegociação de alguns
termos. Já o Syriza é fortemente contra as medidas de austeridade.
Coalizão
O líder do Nova Democracia, Antonis Samaras,
disse depois da divulgação dos resultados parciais, que quer formar um
governo o mais rápido possível.
Se as projeções estiverem corretas, o Nova
Democracia deve conseguir formar uma coalizão com o partido socialista
Pasok e se beneficiar de uma regra que dá ao partido que lidera a
votação mais 50 assentos no Parlamento, que tem um total de 300.
Outro correspondente da BBC em Atenas, Matthew
Price, afirma que este governo ainda será relativamente fraco e deve
tentar negociar os termos do pacote de ajuda financeira.
O Nova Democracia também poderá convidar um
pequeno partido de esquerda, o Esquerda Democrática, para se juntar à
coalizão e refletir um pouco da desaprovação dos gregos em relação a
esta ajuda financeira, segundo Mark Lowen.
No entanto, de acordo com o correspondente da
BBC, o Syriza conseguiu muitos votos e deve conseguir muitas cadeiras no
Parlamento, o que deve dificultar a situação da futura coalizão de
governo.
Prazos e renegociações
O ministro do Exterior da Alemanha, Guido
Westerwelle, disse neste domingo que a Grécia deve manter seus acordos
com os credores internacionais, mas sugeriu que o governo grego tenha
mais tempo para cumprir estes acordos.
"Não pode haver mudanças substanciais nos acordos, mas eu consigo imaginar voltar a negociar os prazos", disse.
Já para Angel Gurria, diretor da Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o novo governo
grego deveria ter uma chance de renegociar pelo menos parte do acordo de
resgate.
"Se esta é a condição para que a Grécia fique
[na zona do euro] e siga em diante, eu diria que é provavelmente algo
que deveria ser tentado", afirmou Gurria.
Os gregos haviam eleito seus representantes no
mês passado, mas nenhum partido conseguiu formar um coalizão para
governar e por isso a nova eleição foi convocada para este domingo.
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